sexta-feira, março 29, 2013

Como morreu Jesus.






por Natalia Rangel




De duas, uma: sempre que a ciência se dispõe a estudar as circunstâncias da morte de Jesus Cristo, ou os pesquisadores enveredam pelo ateísmo e repetem conclusões preconcebidas ou se baseiam exclusivamente nos fundamentos teóricos dos textos bíblicos e não chegam a resultados práticos. O médico legista americano Frederick Zugibe, um dos mais conceituados peritos criminais em todo o mundo e professor da Universidade de Columbia, acaba de quebrar essa regra. Ele dissecou a morte de Jesus com a objetividade científica da medicina, o que lhe assegurou a imparcialidade do estudo. Temente a Deus e católico fervoroso, manteve ao longo do trabalho o amor, a devoção e o respeito que Cristo lhe inspira. Zugibe, 76 anos, juntou ciência e fé e atravessou meio século de sua vida debruçado sobre a questão da verdadeira causa mortis de Jesus. Escreveu três livros e mais de dois mil artigos sobre esse tema, todos publicados em revistas especializadas, nos quais revela como foi a crucificação e quais as conseqüências físicas, do ponto de vista médico, dos flagelos sofridos por Cristo durante as torturantes 18 horas de seu calvário. O interesse pelo assunto surgiu em 1948 quando ele estudava biologia e discordou de um artigo sobre as causas da morte de Jesus. Desde então, não mais deixou de pesquisar e foi reconstituindo com o máximo de fidelidade possível a crucificação de Cristo. Nunca faltaram, através dos séculos, hipóteses sobre a causa clínica de sua morte. Jesus morreu antes de ser suspenso na cruz? Morreu no momento em que lhe cravaram uma lança no coração? Morreu de infarto? O médico legista Zugibe é categórico em responder “não”. E atesta a causa mortis:Jesus morreu de parada cardiorrespiratória decorrente de hemorragia e perda de fluidos corpóreos (choque hipovolêmico), isso combinado com choque traumático decorrente dos castigos físicos a ele infligidos. Para se chegar a esse ponto é preciso, no entanto, que antes se descreva e se explique cada etapa de seu sofrimento.


Cristo Morto de Andrea Mantegna




Zugibe trabalhou empiricamente. Ele utilizou uma cruz de madeira construída nas medidas que correspondem às informações históricas sobre a cruz de Jesus (2,34 metros por 2 metros), selecionou voluntários para serem suspensos, monitorou eletronicamente cada detalhe – tudo com olhos e sentidos treinados de quem foi patologista-chefe do Instituto Médico Legal de Nova York durante 35 anos. As suas conclusões a partir dessa minuciosa investigação são agora reveladas no livro A crucificação de Jesus – as conclusões surpreendentes sobre a morte de Cristo na visão de um investigador criminal, recém-lançado no Brasil (Editora Idéia e Ação, 455 págs., R$ 49,90). “Foi como se eu estivesse conduzindo uma necrópsia ao longo dos séculos”, escreve o autor na introdução da obra. Trata-se de uma viagem pela qual ninguém passa incólume – sendo religioso, agnóstico ou ateu. O ponto de partida é o Jardim das Oliveiras, quando Jesus se dá conta do sofrimento que se avizinha: condenação, açoitamento e crucificação. Relatos bíblicos revelam que nesse momento “o seu suor se transformou em gotas de sangue que caíram ao chão”. A descrição (feita pelo apóstolo Lucas, que era médico) condiz, segundo o legista, com o fenômeno da hematidrose, raro na literatura médica, mas que pode ocorrer em indivíduos que estão sob forte stress mental, medo e sensação de pânico. As veias das glândulas sudoríparas se comprimem e depois se rompem, e o sangue mistura-se então ao suor que é expelido pelo corpo.




Fala-se sempre das dores físicas de Jesus, mas o seu tormento e sofrimento mental, segundo o autor, não costumam ser lembrados e reconhecidos pelos cristãos: “Ele foi vítima de extrema angústia mental e isso drenou e debilitou a sua força física até a exaustão total.” Zugibe cita um trecho das escrituras em que um apóstolo escreve: “Jesus caiu no chão e orou.” Ele observa que isso é uma indicação de sua extrema fraqueza física, já que era incomum um judeu ajoelhar-se durante a oração. A palidez com que Cristo é retratado enquanto está no Jardim das Oliveiras é um reflexo médico de seu medo e angústia: em situações de perigo, o sistema nervoso central é acionado e o fluxo sanguíneo é desviado das regiões periféricas para o cérebro, a fim de aguçar a percepção e permitir maior força aos músculos. É esse desvio do sangue que causa a palidez facial característica associada ao medo. Mas esse era ainda somente o começo das 18 horas de tortura. Após a condenação, Jesus é violentamente açoitado por soldados romanos por ordem de Pôncio Pilatos, o prefeito de Judeia Para descrever com precisão os ferimentos causados pelo açoite, Zugibe pesquisou os tipos de chicotes que eram usados no flagelo dos condenados. Em geral, eles tinham três tiras e cada uma possuía na ponta pedaços de ossos de carneiro ou outros objetos pontiagudos. A conclusão é que Jesus Cristo recebeu 39 chibatadas (o previsto na chamada Lei Mosaica), o que equivale na prática a 117 golpes, já que o chicote tinha três pontas. As conseqüências médicas de uma surra tão violenta são hemorragias, acúmulo de sangue e líquidos nos pulmões e possível laceração no baço e no fígado. A vítima também sofre tremores e desmaios. “A vítima era reduzida a uma massa de carne, exaurida e destroçada, ansiando por água”, diz o legista.



Ao final do açoite, uma coroa de espinhos foi cravada na cabeça de Jesus, causando sangramento no couro cabeludo, na face e na cabeça. Também nesse ponto do calvário, no entanto, interessa a explicação pela necropsia. O que essa coroa provocou no organismo de Cristo? Os espinhos atingiram ramos de nervos que provocam dores lancinantes quando são irritados. A medicina explica: é o caso do nervo trigêmeo, na parte frontal do crânio, e do grande ramo occipital, na parte de trás. As dores do trigêmeo são descritas como as mais difíceis de suportar – e há casos nos quais nem a morfina consegue amenizá-las. Em busca de precisão científica, Zugibe foi a museus de Londres, Roma e Jerusalém para se certificar da planta exata usada na confecção da coroa. Entrevistou botânicos e em Jerusalém conseguiu sementes de duas espécies de arbustos espinhosos. Ele as plantou em sua casa, elas brotaram e cresceram. O pesquisador concluiu então que a planta usada para fazer a coroa de espinhos de Jesus foi o espinheiro- de-cristo sírio, arbusto comum no Oriente Médio e que tem espinhos capazes de romper a pele do couro cabeludo. Após o suplício dessa “coroação”, amarraram nos ombros de Jesus a parte horizontal de sua cruz (cerca de 22 quilos) e penduraram em seu pescoço o título, placa com o nome e o crime cometido pelo crucificado (em grego, crucarius). Seguiu-se então uma caminhada que os cálculos de Zugibe estimam em oito quilômetros. Segundo ele, Cristo não carregou a cruz inteira, mesmo porque a estaca vertical costumava ser mantida fora dos portões da cidade, no local onde ocorriam as crucificações. Ele classifica de “improváveis” as representações artísticas que o mostram levando a cruz completa, que então pesaria entre 80 e 90 quilos.


Ao chegar ao local de sua morte, as mãos de Jesus foram pregadas à cruz com pregos de 12,5 centímetros de comprimento. Esses objetos perfuraram as palmas de suas mãos, pouco abaixo do polegar, região por onde passam os nervos medianos, que geram muita dor quando feridos. Já preso à trave horizontal, Cristo foi suspenso e essa trave, encaixada na estaca vertical. Os pés de Jesus foram pregados na cruz, um ao lado do outro, e não sobrepostos – mais uma vez, ao contrário do que a arte e as imagens representaram ao longo de séculos. Os pregos perfuraram os nervos plantares, causando dores lancinantes e contínuas.

Preso à cruz, Cristo passou a sofrer fortes impactos físicos. Para conhecê-los em detalhes, o médico legista reconstituiu a crucificação com voluntários assistidos por equipamentos médicos. Os voluntários tinham entre 25 e 35 anos e o monitoramento físico incluiu eletrocardiograma, medição da pulsação e da pressão sangüínea. Eletrodos cardíacos foram colados ao peito dos voluntários e ligados a instrumentos para testar o stress e os batimentos cardíacos. Todos os voluntários observaram que era impossível encostar as costas na cruz. Eles sentiram fortes cãibras, adormecimento das panturrilhas e das coxas e arquearam o corpo numa tentativa de esticar as pernas.



A partir desse derradeiro, corajoso e ousado experimento realizado por Zugibe, ele passou a discutir o que causou de fato a morte de Cristo. Analisou três teorias principais: asfixia, ruptura do coração e choque traumático e hipovolêmico – por isso a importância médica e fisiológica de se ter descrito, anteriormente e passo a passo, o processo de tortura física e psíquica a que Jesus foi submetido. A teoria mais propagada é a da morte por asfixia, mas ela jamais foi testada cientificamente. Essa hipótese sustenta que a posição na cruz é incompatível com a respiração, obrigando a vítima a erguer o corpo para conseguir respirar. O ato se repetiria até a exaustão e ele morreria por asfixia quando não tivesse mais forças para se mover. Defende essa causa mortis o cirurgião francês Pierre Barbet, que se baseou em enforcamentos feitos pelo Exército austro-germânico e pelos nazistas no campo de extermínio de Dachau. Zugibe classifica essa tese de “indefensável” sob a perspectiva médica. Os exemplos do Exército ou do campo de concentração não valem porque os prisioneiros eram suspensos com os braços diretamente acima da cabeça e as pernas ficavam soltas no ar. Não é possível comparar isso à crucificação, na qual o condenado é suspenso pelos braços num ângulo de 65 a 70 graus do corpo e tem os pés presos à cruz, o que lhe dá alguma sustentação. Experimentos feitos com voluntários atados com os braços para o alto da cabeça mostraram que, em poucos minutos, eles ficaram com capacidade vital diminuída, pressão sanguínea em queda e aumento na pulsação. O radiologista austríaco Ulrich Moedder também derruba o raciocínio de Barbet afirmando que esses voluntários não suportariam mais de seis minutos naquela posição sem descansar. Pois bem, Jesus passou horas na cruz.














Quanto à hipótese de Cristo ter morrido de ruptura do coração ou ataque cardíaco, Zugibe alega ser muito difícil que isso ocorra a um indivíduo jovem e saudável, mesmo após exaustiva tortura: “Arteriosclerose e infartos do miocárdio eram raros naquela parte do mundo. Só ocorriam em indivíduos idosos.” Ele descarta a hipótese por falta de provas documentais. Prefere apostar no choque causado pelos traumas e pelas hemorragias. A isso somaram-se as lancinantes dores provenientes dos nervos medianos e plantares, o trauma na caixa torácica, hemorragias pulmonares decorrentes do açoitamento, as dores da nevralgia do trigêmeo e a perda de mais sangue depois que um dos soldados lhe arremessou uma lança no peito, perfurando o átrio direito do coração. Zugibe usa sempre letras maiúsculas nos pronomes que se referem a Jesus e se vale de citações bíblicas revelando a sua fé. Indagado por ISTOÉ sobre a sua religiosidade, ele diz que os seus estudos aumentaram a sua crença em Deus: “Depois de realizar os meus experimentos, eu fui às escrituras. É espantosa a precisão das informações.” Ao final dessa viagem ao calvário, Zugibe faz o que chama de “sumário da reconstituição forense”. E chega à definitiva causa mortis de Jesus, em sua científica opinião: “Parada cardíaca e respiratória, em razão de choque traumático e hipovolêmico, resultante da crucificação.”

quinta-feira, março 28, 2013

Intelectuais e raça - o estrago incorrigível.



por Thomas Sowell.




Há tantas falácias ditas sobre raça, que é difícil escolher qual é a mais ridícula. No entanto, uma falácia que costuma se sobressair é aquela que afirma haver algo de errado com o fato de que as diferentes raças são representadas de forma numericamente desproporcional em várias instituições, carreiras ou em diferentes níveis de renda e de feitos empreendedoriais.


Cem anos atrás, o fato de pessoas de diferentes antecedentes raciais apresentarem taxas de sucesso extremamente discrepantes em termos de cultura, educação, realizações econômicas e empreendedoriais era visto como prova de que algumas raças eram geneticamente superiores a outras.

Algumas raças eram consideradas tão geneticamente inferiores, que a eugenia foi proposta como forma de reduzir sua reprodução. O antropólogo Francis Galton chegou a exortar "a gradual extinção de uma raça inferior".

E as pessoas que diziam essas coisas não eram meros lunáticos extremistas. Muitos deles eram Ph.D.s oriundos de várias universidades de ponta, lecionavam nas principais universidades do mundo e eram internacionalmente reputados.

Reitores da Universidade de Stanford e do MIT estavam entre os vários acadêmicos defensores de teorias sobre inferioridade racial — as quais eram aplicadas majoritariamente aos povos do Leste Europeu e do sul da Europa, uma vez que, à época, era dado como certo o fato de que os negros eram inferiores.

E este não era um assunto que dividia esquerda e direita. Os principais proponentes de teorias sobre superioridade e inferioridade genética eram figuras icônicas da esquerda, de ambos os lados do Atlântico.

John Maynard Keynes ajudou a criar a Sociedade Eugênica de Cambridge. Intelectuais adeptos do socialismo fabiano, como H.G. Wells e George Bernard Shaw, estavam entre os vários esquerdistas defensores da eugenia.

Foi praticamente a mesma história nos EUA. O presidente democrata Woodrow Wilson, como vários outros progressistas da época, eram sólidos defensores de noções de superioridade e inferioridade racial. Ele exibiu o filme O Nascimento de uma Nação, que glorificava a Ku Klux Klan, na Casa Branca, e convidou vários dignitários para a sessão.

Tais visões dominaram as primeiras duas décadas do século XX. 

Agora, avancemos para as últimas décadas do século XX. A esquerda política desta era já havia se movido para o lado oposto do espectro das questões raciais. No entanto, ela também considerava que as diferenças de sucesso entre grupos étnicos e raciais era algo atípico, e clamava por uma explicação única, vasta e arrebatadora.

Desta feita, em vez de os genes serem a razão predominante para as diferenças nos êxitos pessoais, oracismo se tornou o motivo que explicava tudo. Mas o dogmatismo continuava o mesmo. Aqueles que ousassem discordar, ou até mesmo questionar o dogma predominante em ambas as eras, era tachado de "sentimentalista" no início do século XX e de "racista" na era multicultural.

Tanto os progressistas do início do século XX quanto os novos progressistas do final do século XX partiram da mesma falsa premissa — a saber, que há algo de estranho quando diferentes grupos raciais e étnicos alcançam diferentes níveis de realizações.

No entanto, o fato é que minorais raciais e étnicas sempre foram as proprietárias — ou gerentes — de mais da metade de todas as principais indústrias de vários países. Dentre estas minorias bem-sucedidas, temos os chineses na Malásia, os libaneses na África Ocidental, os gregos no Império Otomano, os bretões na Argentina, os indianos em Fiji, os judeus na Polônia, os espanhóis no Chile — entre vários outros.

Não apenas diferentes grupos raciais e étnicos, como também nações e civilizações inteiras apresentaram níveis de realizações extremamente distintos ao longo dos séculos. A China do século XV era muito mais avançada do que qualquer país europeu. Com o tempo, no entanto, os europeus ultrapassaram os chineses — e não há nenhuma evidência de ter havido alterações nos genes de nenhuma destas civilizações.

Dentre os vários motivos para estes diferentes níveis de realizações está algo tão simples quanto a idade. A média de idade na Alemanha e no Japão é de mais de 40 anos, ao passo que a média de idade no Afeganistão e no Iêmen é de menos de 20 anos. Mesmo que as pessoas destes quatro países tivessem absolutamente o mesmo potencial intelectual, o mesmo histórico, a mesma cultura — e os países apresentassem rigorosamente as mesmas características geográficas —, o fato de que as pessoas de determinados países possuem 20 anos a mais de experiência do que as pessoas de outros países ainda seria o suficiente para fazer com que resultados econômicos e pessoais idênticos sejam virtualmente impossíveis.

Acrescente o fato de que diferentes raças se desenvolveram em diferentes arranjos geográficos, os quais apresentaram oportunidades e restrições extremamente diferenciadas ao seu desenvolvimento, e as conclusões serão as mesmas.

No entanto, a ideia de que diferentes níveis de realização são coisas atípicas — se não sinistras — tem sido repetida ad nauseam pelos mais diferenciados tipos de pessoas, desde o demagogo de esquina até as mais altas eminências do Supremo Tribunal.

Quando finalmente reconhecermos que as grandes diferenças de realizações entre as raças, nações e civilizações têm sido a regra, e não a exceção, ao longo de toda a história escrita, restará ao menos a esperança de que haja pensamentos mais racionais — e talvez até mesmo alguns esforços construtivos para ajudar todas as pessoas a progredirem.

Até mesmo um patriota britânico como Winston Churchill certa vez disse que "Devemos Londres a Roma" — um reconhecimento de que foram os conquistadores romanos que criaram a mais famosa cidade britânica, em uma época em que os antigos bretões eram incapazes de realizar esta façanha por conta própria.

Ninguém que conhecesse os iletrados e atrasados bretões daquela era poderia imaginar que algum dia os britânicos criariam um império vastamente maior do que o Império Romano — um império que abrangeria um quarto de toda a área terrestre do globo e um quarto dos seres humanos do planeta.

A história apresenta vários exemplos dramáticos de ascensão e queda de povos e nações, por uma variada gama de motivos conhecidos e desconhecidos. Mas há um fenômeno que não possui confirmação histórica, um fenômeno que, não obstante esta ausência de exemplos práticos, é hoje presumido como sendo a norma: igualdade de realizações grupais em um dado período do tempo.

As conquistas romanas tiveram repercussões históricas por séculos após a queda do Império Romano. Um dos vários legados da civilização romana foi o alfabeto latino, o qual gerou versões escritas dos idiomas da Europa ocidental séculos antes de os idiomas do Leste Europeu serem transformados em letras. Esta foi uma das várias razões por que a Europa ocidental se tornou mais desenvolvida que a Europa Oriental em termos econômicos, educacionais e tecnológicos.

Enquanto isso, as façanhas de outras civilizações — tanto da China quanto do Oriente Médio — ocorreram muito antes das façanhas do Ocidente, embora a China e o Oriente Médio posteriormente viessem a perder suas vantagens.

Há tantas reviravoltas documentadas ao longo da história, que é impossível acreditar que um único fator sobrepujante seja capaz de explicar tudo, ou quase tudo, do que já aconteceu ou do que está acontecendo. O que realmente se sabe é que raramente, para não dizer nunca, ocorreram façanhas iguais alcançadas por diferentes pessoas ao mesmo tempo.

No entanto, o que mais temos hoje são grupos de interesse e movimentos sociais apresentando estatísticas — que são solenemente repercutidas pela mídia — alegando que, dado que os números não são aproximadamente iguais para todos, isso seria uma prova de que alguém foi discriminatório com outro alguém.

Se os negros apresentam diferentes padrões ocupacionais ou diferentes padrões gerais em relação aos brancos, isso já basta para despertar grandes suspeitas entre os sociólogos — ainda que diferentes grupos de brancos sempre tenham apresentado diferentes padrões de realizações entre si.

Quando os soldados americanos da Primeira Guerra Mundial foram submetidos a exames mentais durante a Primeira Guerra Mundial, aqueles homens de ascendência alemã pontuaram mais alto do que aqueles de ascendência irlandesa, sendo que estes pontuaram mais alto do que aqueles que eram judeus. Carl Brigham, o pioneiro do campo da psicometria, disse à época que os resultados dos exames mentais do exército tendiam a "desmentir a popular crença de que o judeu é altamente inteligente".

Uma explicação alternativa é que a maioria dos imigrantes alemães se mudou para os EUA décadas antes da maioria dos imigrantes irlandeses, os quais por sua vez se mudaram para os EUA décadas antes da maioria dos imigrantes judeus. Alguns anos depois, Brigham viria a admitir que a maioria dos mais recentes imigrantes havia sido criada em lares onde o inglês não era a língua falada, e que suas conclusões anteriores, em suas próprias palavras, "não possuíam fundamentos".

Nessa época, os judeus já estavam pontuando acima da média nacional dos exames mentais, e não abaixo. 

Disparidades entre pessoas do mesmo grupo, em qualquer área que seja, não são obviamente uma realidade imutável. Mas uma igualdade geral de resultados raramente já foi testemunhada em qualquer período da história — seja em termos de habilidades laborais ou em termos de taxas de alcoolismo ou em termos de quaisquer outras diferenças — entre aqueles vários grupos que hoje são ajuntados e classificados como "brancos".

Sendo assim, por que então as diferenças estatísticas entre negros e brancos produzem afirmações tão dogmáticas — e geram tantas ações judiciais e trabalhistas por discriminação — sendo que a própria história mostra que sempre foi comum que diferentes grupos seguissem diferenciados padrões ocupacionais ou de comportamento?

Um dos motivos é que ações judiciais não necessitam de nada mais do que diferenças estatísticas para produzir vereditos, ou acordos fora de tribunais, no valor de vultosas somas monetárias. E o motivo de isso ocorrer é porque várias pessoas aceitam a infundada presunção de que há algo de estranho e sinistro quando diferentes pessoas apresentam diferentes graus de êxito pessoal.

O desejo de intelectuais de criar alguma grande teoria que seja capaz de explicar padrões complexos por meio de algum simples e solitário fator produziu várias ideias que não resistem a nenhum escrutínio, mas que não obstante têm aceitação generalizada — e, algumas vezes, consequências catastróficas — em vários países ao redor do mundo.

A teoria do determinismo genético, que predominou no início do século XX, levou a várias consequências desastrosas, desde a segregação racial até o Holocausto. A teoria atualmente predominante é a de que algum tipo de maldade explica as diferenças nos níveis de realizações entre os vários grupos étnicos e raciais. Se os resultados letais desta teoria hoje em voga gerariam tantas mortes quanto no Holocausto é uma pergunta cuja resposta requereria um detalhado estudo sobre a história de rompantes letais contra determinados grupos odiados por causa de seu sucesso.

Estes rompantes letais incluem a homicida violência em massa contra os judeus na Europa, os chineses no sudeste asiático, os armênios no Império Otomano, e os Ibos na Nigéria, entre outros. Exemplos de chacinas em massa baseadas em classes sociais e voltadas contra pessoas bem-sucedidas vão desde os extermínios stalisnistas do kulaks na União Soviética até a limpeza promovida por Pol Pot de pelo menos um quarto da população do Camboja pelo crime de serem pessoas cultas e de classe média, crime este que era evidenciado por sinais tão tênues quanto o uso de óculos.

Minorias que se sobressaíram e se tornaram mais bem-sucedidas do que a população geral são aquelas cujo progresso provavelmente em nada está ligado ao fato de terem ou não discriminado as maiorias politicamente dominantes. No entanto, foram exatamente estas minorias que atraíram as mais violentas perseguições ao longo dos séculos e dos países ao redor do mundo.

Todos os negros que foram linchados durante toda a história dos EUA não chegam ao mesmo número de homicídios cometidos em apenas um ano contra os judeus na Europa, contra os armênios no Império Otomano ou contra os chineses no sudeste asiático.

Há algo inerente aos sucessos de determinados grupos que inflama as massas em épocas e lugares tão distintos. O que seria? Esse fenômeno inflama não apenas as massas, como também leva a genocídios cometidos por governos, como os da Alemanha nazista ou o regime de Pol Pot no Camboja. Podemos apenas especular as razões, mas não há como fugir desta realidade.

Aqueles grupos que ficam para trás frequentemente culpam seu atraso nas malfeitorias cometidas por aqueles grupos mais bem-sucedidos. Dado que a santidade não é comum a nenhum ramo da raça humana, é óbvio que nunca haverá escassez de pecados a serem mencionados, inclusive a arrogância e a insolência daqueles que calham de estar no topo em um determinado momento. Mas a real pergunta a ser feita é se esses pecados — reais ou imaginários — são de fato o motivo destes diferentes níveis de êxitos pessoais.

O problema é que os intelectuais — pessoas de quem normalmente esperaríamos análises racionais que se contrapusessem à histeria das massas — frequentemente sempre estiveram na vanguarda daqueles movimentos que promovem a inveja e o ressentimento contra os bem-sucedidos. Tal comportamento é especialmente perceptível naquelas pessoas que possuem diplomas mas que não possuem nenhuma habilidade economicamente significativa que lhes permita obter aquele tipo de recompensa que elas esperavam ou julgavam ter o direito de auferir.

Tais pessoas sempre se destacaram como líderes e seguidoras de grupos que promoveram políticas anti-semitas na Europa entre as duas guerras mundiais, o tribalismo na África, e as mudanças sociais no Sri Lanka, um país que, outrora famoso por sua harmonia intergrupal, se rebaixou, por influência de intelectuais, à violência étnica e depois se degenerou em uma guerra civil que durou décadas e produziu indescritíveis atrocidades.

Intelectuais sempre estiveram por trás da inflamação de um grupo contra outros, promovendo a discriminação e a violência física em países tão díspares quanto Índia, Hungria, Nigéria, Tchecoslováquia e Canadá.

Tanto a teoria do determinismo genético como sendo a causa dos diferentes níveis de realizações pessoais quanto a teoria da discriminação como o motivo destas diferenças, ambas contraditórias e criadas por intelectuais, geraram apenas polarizações raciais e étnicas. O mesmo pode ser dito da ideia de que uma dessas teorias tem de ser a verdadeira.

Essa falsa dicotomia de que uma delas tem de ser a verdadeira deixa aos grupos mais bem-sucedidos duas opções: ou eles se assumem arrogantes ou se assumem culpados criminalmente. Da mesma forma, deixa aos grupos menos exitosos a opção entre acreditar que sempre foram inerentemente inferiores durante toda a história ou que são vítimas da inescrupulosa maldade de terceiros.

Quando inumeráveis fatores fazem com que a igualdade de resultados seja virtualmente impossível, reduzir estes fatores a uma questão de genes ou de maldade é a fórmula perfeita para se gerar uma desnecessária e perigosa polarização, cujas consequências frequentemente são escritas em sangue ao longo das páginas da história.

Dentre as várias e ignaras ideias a respeito de grupos raciais e étnicos que polarizaram as sociedades durante séculos e ao redor de todo o mundo, poucas foram mais irracionais e contraproducentes do que os atuais dogmas do multiculturalismo.

Aqueles intelectuais que imaginam que, ao utilizar uma retórica multicultural que redefine e até mesmo revoga o conceito de atraso, estarão ajudando grupos raciais e étnicos que ficaram para trás estão, na realidade, levando estas pessoas para um beco sem saída.

O multiculturalismo é um tentador paliativo aplicado àqueles grupos que ficaram para trás porque ele simplesmente afirma que todas as culturas são iguais, ou "igualmente válidas", em algum sentido vago e sublime. De acordo com este dogma, as características culturais de todas as etnias e raças seriam apenas diferentes — nem melhores nem piores.

No entanto, tomar emprestadas características particulares de outras culturas — como os algarismos arábicos que substituíram os algarismos romanos, mesmo nas culturas ocidentais oriundas de Roma — implica que algumas características não são simplesmente diferentes, mas sim melhores, inclusive os números utilizados. Algumas das mais avançadas culturas de toda a história pegaram emprestados comportamentos e características de outras culturas; e isso pelo simples fato de que até hoje nenhuma coleção única de seres humanos foi capaz de criar as melhores respostas para todas as questões da vida.

Todavia, dado que os multiculturalistas veem todas as culturas como sendo iguais ou "igualmente válidas", eles não veem nenhuma justificativa para as escolas insistirem, por exemplo, que as crianças negras aprendam seu idioma materno. Em vez disso, cada grupo é estimulado a se apegar ferreamente à sua própria cultura e a se orgulhar de suas próprias glórias passadas, reais ou imaginárias.

Em outras palavras, membros de grupos minoritários que são atrasados educacionalmente e economicamente devem continuar se comportando no futuro como sempre se comportaram no passado — e, se eles não conseguirem os mesmos resultados dos outros, então a culpa é da sociedade. Essa é a mensagem principal do multiculturalismo.

George Orwell certa vez disse que algumas ideias são tão insensatas, que somente um intelectual poderia acreditar nelas. O multiculturalismo é uma dessas ideias. A intelligentsia sempre irrompe em indignação e ultrajes a qualquer "diferença" ou "disparidade" de resultados educacionais, econômicos ou outros — e denuncia qualquer explicação cultural para esta diferença de resultados como sendo uma odiosa tentativa de "culpar a vítima".

Não há dúvidas de que algumas raças ou até mesmo nações inteiras foram vitimadas por terceiros, assim como não há dúvida de que câncer pode causar morte. Porém, isso é muito diferente de dizer que as mortes podem automaticamente ser imputadas ao câncer. Você pode pensar que intelectuais seriam capazes de fazer essa distinção. Mas muitos não são.

Ainda assim, intelectuais se veem a si próprios como amigos, aliados e defensores das minorias raciais, ao mesmo tempo em que empurram as minorias para a estagnação cultural. Isso permite à intelligentsia se congratular e se lisonjear de que estão ao lado dos anjos contra as forças do mal que estão conspirando para manter as minorias oprimidas.

Por que pessoas com altos níveis de capacidade mental e de talentos retóricos se entregam a este tipo de raciocínio deturpado é um mistério. Talvez seja porque elas não conseguem abrir mão de uma visão social que é extremamente lisonjeira para eles próprios, não obstante quão deletéria tal visão possa ser para as pessoas a quem elas alegam estar ajudando.

O multiculturalismo, assim como o sistema de castas, encurrala e amarra as pessoas naquele mesmo segmento cultural e social no qual elas nasceram. A diferença é que o sistema de castas ao menos não alega beneficiar aqueles que estão na extremidade inferior.

O multiculturalismo não serve apenas aos interesses ególatras dos intelectuais; ele serve também aos interesses de políticos que têm todos os incentivos para promover uma sensação de vitimização — e até mesmo de paranóia — entre grupos de cujos votos eles precisam em troca de apoio material e psicológico.

A visão multicultural do mundo também serve aos interesses daqueles que estão na mídia e que prosperam ao explorar os melodramas morais. O mesmo pode ser dito de todos os departamentos universitários voltados para estudos étnicos e sociais, bem como de toda a indústria de assistentes sociais, de especialistas em "diversidades" e da ampla gama de vigaristas que prosperam ao fazer proselitismo racial.

Os maiores perdedores de toda essa história são aqueles membros das minorias raciais que se permitem ser conduzidos para esse beco sem saída do ressentimento e da raiva, mesmo quando há várias outras avenidas de oportunidades disponíveis. E todos nós perdemos quando a sociedade fica polarizada


Fonte: www.mises.org.br

sábado, março 23, 2013

TRADIÇÃO.






por Henrique Veltman





Ma Nishtaná a Laila azé micol a leilot? 
O que diferencia esta noite de todas as outras noites?

Tradição.

Tradição é isso, costumes que vão se repetindo e viram uma regra a ser seguida. A palavra vem do latim e significa trazer, entregar, transmitir, ensinar. No caso específico desta noite, tradição é a transmissão dos costumes de pais para filhos, no decorrer dos tempos, ao sucederem-se as gerações, Le dor va dor. É a memória cultural de um povo, um conjunto de idéias, usos, memórias, recordações, símbolos conservados pelos tempos, pelas gerações.

Nos últimos dias, uma mensagem tem sido repetida na internet, lembrando um momento vivido, em 1954, por David Ben Gurion, então Primeiro Ministro de Israel. Eu e muitos dos que aqui estão reunidos com certeza lembram do episódio, mas vale a pena relembra-lo. Ben Gurión viajou aos EUA para reunir-se com o presidente Eisenhower e solicitar apoio e ajuda para os momentos difíceis pelos quais passava o jovem Estado de Israel.

Num encontro com o então secretário de estado, John Foster Dulles, conhecido por seu reacionarismo e antissemitismo latente, este o encarou com um alto grau de soberba e perguntou: – “Diga-me, Primeiro Ministro, a quem você e seu Estado representam realmente? Acaso aos judeus da Polônia, Iemen, Romênia, Marrocos, Iraque, da União Soviética ou do Brasil – são todos uma mesma coisa? Depois de 2.000 anos de Diáspora é possível falar de um só povo judeu, de uma única cultura, tradição ou costume judaico?”.

Ben Gurión respondeu, e toda essa conversa está nas memórias do Primeiro Ministro: “Veja Sr. Secretário. Há mais de 300 anos atrás zarpou da Inglaterra o navio Mayflower, que transportava os primeiros colonos que se instalaram no que hoje é a grande potência democrática dos Estados Unidos de América. Te rogo que saias a rua e pergunte a dez meninos norte-americanos o seguinte: – Qual era o nome do capitão do barco? Quanto tempo durou a travessia? O que comeram os tripulantes durante a viagem? E como se comportou o mar durante o trajeto? Seguramente não receberás respostas pontuais”.

“Agora preste atenção. Há mais de 3.000 anos que os judeus saíram do Egito. Te peço que em algumas de suas viagens pelo mundo, trate de encontrar-se com dez meninos judeus em diferentes países e pergunte-lhes como se chamava o capitão desta saída; quanto tempo durou a travessia; o que comeram durante a viagem e como se comportou o mar. Quando tiveres as respostas, e se surpreender, trate de se recordar, refletir e avaliar a pergunta que me acaba de formular”. O Senhor me entende, Secretário?”

Tradição, claro.

Pessach é a maior e mais antiga das festividades judaicas. Também festa da primavera: os frutos saem da casca, como Israel saiu do Egito.

Há alguns dias, enviei para minha mulher e minhas cunhadas uma mensagem de Chag Sameach. Nesse e-mail eu dizia que é uma tradição, recente, enviar votos de Chag Sameach, Boas e Alegres Festas, especialmente em Pessach, a Páscoa. Nesses meus votos eu salientei o espírito libertário que impregna a História por trás da ceia de Pessach.

Em primeiro lugar, é a reunião de familiares e de amigos, sempre na esperança de que a Tradição, como me dizia o meu saudoso sogro Moishe Z’L, nas muitas ocasiões em que conversamos sobre o Judaísmo, não importa sob que forma, a Tradição continue. Nosso sonho libertário estabelece que nossa liberdade só será plena se todos forem livres. Assim, viver a saída do Egito é hoje olhar à nossa volta, criar e fortalecer laços de solidariedade com os que sofrem com a pobreza, o preconceito e todas as formas de violência.


fonte: Pletz

sexta-feira, março 22, 2013

Pessach e as outras escravidões.





por Floriano Pesaro (*)



Uma das festividades mais ricas e simbólicas do calendário judaico acontece na celebração do Seder de Pessach. É quando comemoramos, ao redor de uma mesa farta e em companhia da família estendida e, por vezes, de vários amigos, a passagem da escravidão para a liberdade e a nossa constituição como comunidade no deserto.


É uma destas ocasiões que nos permite refletir sobre liberdades pessoais, sobre sociedade e sobre como tratar o outro, pois a sabedoria judaica nos insta a que recordemos que nós já fomos o estrangeiro na casa do outro.

Como cientista social, fico imaginando como devemos fazer para não nos esquecermos desta nossa traumática experiência e para que tentemos olhar ao nosso redor e ver se não estamos, por acaso, sendo hoje os egípcios de outras pessoas.

Em nossos dias, a escravidão se manifesta pelo domínio econômico, pela falta de reconhecimento do trabalho da classe mais humilde, daquele que na noite de Pessach talvez esteja apenas passando bandejas e lavando os pratos.

Simbolicamente, podemos todos ser um pouco mais gentis e reconhecer o fruto do labor daquelas pessoas que, ao lavarem nossos pratos e arrumarem nossas mesas junto com nossas famílias, possibilitam de alguma forma que esta celebração tão fundamental de nossa tradição aconteça num clima festivo e farto.

Adicionalmente, no caráter mais universalista, Pessach foi a transição dos antigos israelitas se fortalecendo e tornando-se coletivamente o povo judeu. Como povo, nessa jornada, a responsabilidade social de aceitar e lutar pela liberdade própria e de todos assumiu para sempre uma conotação relevante.

O próprio livro da narrativa de Pessach, a Hagadá, começa com o mandato para que todos os famintos venham e comam.

A fome e a miséria. Estes são temas indissociáveis da política e da sociedade desde a Antiguidade até os dias de hoje. Em Pessach, O povo judeu pode se permitir então repensar questões como estas e reavaliar suas responsabilidades sociais diante da memória de seu passado milenar.

Em nossos dias, infelizmente, ainda persiste a escravidão sexual, o tráfico humano, a opressão econômica, as guerras tribais e outras situações humilhantes que tornam o ser humano ‘o estrangeiro’.

Neste Pessach, sugiro que possamos aproveitar os vários aspectos que estas celebrações nos sugerem e que, além de relembrar nossas conquistas inabaláveis do passado, busquemos outros meios para fazer ainda mais parte desta corrente de liberdade.

Chag Sameach!



(*)Floriano Pesaro 
Sociólogo e Vereador por São Paulo

quinta-feira, março 21, 2013

Profissionais da anti-pedofilia.





por Massimo Introvigne (*)






Há poucos dias nessa coluna, propus algo politicamente incorreto sobre a associação americana SNAP (Survivors Network of those Abused by Priests), um grupo de "profissionais da anti-pedofilia" que inspirada na tragédia de sacerdotes pedófilos, passou a atacar sistematicamente a Igreja Católica e sua hierarquia, direcionando sobretudo aos cardeais norte-americanos. O artigo teve uma notável repercussão, não só na Itália, depois que a SNAP teve seus 15 minutos de fama internacional difundindo uma lista de doze cardeais papáveis e, segundo a organização, "amigos dos pedófilos".

Eu usei a expressão "profissional anti-pedofilia", no sentido em que o escritor Leonardo Sciascia (1921-1989) falou de "profissionais anti-máfia". Sciascia, claro, não afirmou que a máfia não existia ou não era perigosa. Mas ele denunciou os "profissionais" que especularam sobre a máfia, por razões políticas ou para publicidade. Exatamente da mesma maneira, eu não sustento absolutamente que todos os sacerdotes pedófilos não existam ou não sejam perigosos. Mas acho que o "profissional anti-pedofilia" especula sobre uma verdadeira tragédia por razões ideológicas e para atacar a Igreja em geral.

Nos últimos dias, o programa de televisão "Le Iene" - Cães de Aluguel, que é a versão italiana do CQC brasileiro - e as publicações do grupo "Repubblica - L'Espresso" deram um amplo espaço sobre o conclave, e a Rete L'Abuso, um pequeno grupo de "profissionais anti-pedofilia" italiano que traria de volta para Itália as glórias duvidosas da SNAP, apresentando especificamente uma sucessão de bispos da Diocese de Savona - incluindo um que é agora um cardeal, Monsenhor Domenico Calcagno - como cúmplices dos pedófilos. Temos visto investigações com o título "O Diabo em Savona" e pedidos para o cardeal Calcagno não participar do Conclave. Portanto, vale a pena jogar uma luz sobre a Rete L'Abuso e seu líder, Francesco Zanardi, que tive a oportunidade de conhecer durante transmissões de televisão.

Como os fundadores da SNAP, Zanardi foi vítima de abuso - quando ele tinha treze anos - por um sacerdote. É sem dúvida uma tragédia, e assim, Zanardi merece solidariedade. Todavia, assim como no caso dos líderes da SNAP, ter sido abusado quando criança não dá o direito de dizer e escrever qualquer coisa, generalizando para atacar a toda a Igreja ou todos os padres de uma diocese.

O que realmente aconteceu em Savona? Inquéritos - judiciais e não apenas jornalísticos - mostram que existiu há anos na diocese uma pequena subcultura de sacerdotes homossexuais, alguns deles - não todos - são culpados de abusos contra crianças. O leitor da La Nuova Bussola Quotidiana sabe quantos danos fez o homossexualismo (gayzismo) - que é um lobby e uma ideologia, e não deve ser confundida com a tendência à homossexualidade, que é um fato - entre sacerdotes católicos. Eles também sabem que os bispos não foram sempre ágeis para falar contra estas subculturas. É possível que, mesmo na Diocese de Savona as reações tenham sido tardias, embora não devam ser tomadas para formar um juízo de valor das declarações de juízes constantes nos autos judiciais que exalam típico preconceito contra a Igreja.

Ainda que com atrasos, os bispos de Savona agiram contra os sacerdotes efetivamente responsáveis por abusos. Dois, incluindo o único envolvido no tempo do caso de Zanardi, foram reduzidos ao estado de leigos, bem como um diácono responsável não por abuso sexual, mas por má gestão financeira. Trata-se de dois sacerdotes que sofreram inquéritos judiciais e contra os quais haviam sido encontrados elementos bastante graves. Outros casos permanecem em dúvida. Fala-se muito de um sacerdote paquistanês aceito na Diocese de Savona, Dominic Youssuf, falecido - mas o jornal Repubblica coloca em dúvida a sua morte - em 2009. Segundo Zanardi, seria um foragido da justiça britânica depois de uma detenção por abusos em 1996. A diocese, no entanto, reportou à polícia – após os ataques da imprensa - a preocupação sobre o assunto, colocando a disposição dom Dominic – e mais tarde no entanto foi afastado do Ministério Pastoral, sendo confinado em uma abadia beneditina - , mas recebeu do comissário policial “a certeza de que para o sacerdote paquistanês não existia nenhum mandato internacional de captura”.

Em seguida, houve o caso de dom Carlo Rebagliati, morto no início de 2013, enquanto estava sob investigação por favorecimento à prostituição, e suspenso de seus deveres pastorais em 2011. Entretanto, dom Rebagliati para Zanardi e a Rete L'Abuso é um "homem decente", quase um herói que confessou publicamente a sua homossexualidade, tendo atacado a Igreja e apoiado as iniciativas do mesmo Zanardi. Ele morreu doente, mas o clima envenenado que foi pintado em Savona é de que ele foi morto.

Há portanto, um diabo em Savona? O clero está todo podre? De modo algum. Como em outros lugares, um reduzido número de sacerdotes traiu seu próprio Ministério, e alguns - que você pode contar nos dedos de uma mão - cometeram crimes reais. Entenda bem: sendo apenas um único sacerdote, isso seria demais. Mas o jogo dos "profissionais anti-pedofilia" e das várias hienas consiste em generalizar estes casos apresentando todo o clero como corrupto, e os bispos - ou mesmo Bento XVI , que foi recebido em Savona quando foi prefeito da Congregação da Fé , com uma simples declaração sobre caso, no entanto de competência diocesana - como protetores de corruptos.

Por que Zanardi se comporta desse modo? O jornal genovês "Il Secolo XIX" atribuiu tudo a sua "personalidade histriônica". Mas há mais. Zanardi diz-se feliz por ter sido "demitido" pela Cúria de Savona, para quem trabalhava. Não era realmente um empregado, mas um consultor (informático), e cujo contrato não foi renovado desencadeando sua ira. A Cúria havia dado a mão a Zanardi, mas generosidade com ele é raramente reciproca. Conheceu o Cardeal Bagnasco, que tinha recebido Zanardi e que se encontrou com o incansável denunciante profissional da anti-pedofilia. 
E Zanardi não é só isso. Em setembro de 2009, ele ajudou a fundar o Movimento Nacional Gay Italiano, do qual é um porta-voz. É considerado "casado" com o seu companheiro e continua a promover iniciativas para o reconhecimento jurídico deste "casamento". Talvez não seja difícil imaginar porque a Cúria de Savona prefere não contar com sua consultoria. E as iniciativas de Zanardi não param por ai. Faz parte do secretariado nacional da Democrazia Atea, um partido que tem candidato nas eleições gerais de 2013.

Democrazia Atea, um partido que se ocupa quase exclusivamente em atacar a hierarquia católica, e que propõe a eliminação da objeção de consciência aos médicos que não querem praticar aborto, tem a distinção singular de ter a menor pontuação geral entre os pequenos partidos dessas eleições, tendo ganho apenas 556 votos nos três distritos em que é apresentado.



Além da astrofísica e ateísta Margherita Hack (lésbica) e Zanardi, que são líderes em Ligúria - onde ele tentou aparecer como candidato a prefeito de Gênova em 2012, mas o partido não foi bem sucedido em conseguir o número necessário de assinaturas -, Democrazia Atea candidatou para a eleição em Lázio o líder da seita Bambini di Satana (Crianças de Satanás), Marco Dimitri.

Os Bambini di Satana oferecem uma gama completa de serviços aos seus membros, divididos em 14 categorias de rituais. Entre estes estão os casamentos heterossexuais e homossexuais, e também o casamento entre três pessoas (independente do gênero) e incestuoso ("qualquer grau de parentesco e de gênero”). Para os católicos e membros de outras religiões há uma "cerimônia de anulação dos ritos batismais de qualquer culto", oferecido em várias versões e muito apreciado na democracia ateísta. Dimitri escreveu anos atrás que era um candidato para ser "o líder de todos os demônios na Terra". Teve de se contentar com uma candidatura falida em um mini-partido que tem Zanardi na sua secretaria nacional.

Francesco Zanardi não é nenhum mero ativista contra a pedofilia clerical, motivado por uma experiência traumática. Quem lê "Repubblica" ou assiste "Le Iene" muitas vezes não é exigente quando se trata dos ataques à Igreja. Mas pode avaliar melhor a credibilidade de Zanardi refletindo sobre o fato de que a personagem tem uma agenda completa à sua maneira, do ativismo homossexual ao ateísmo, este último promovido com aliados variados, até mesmo satanistas. Jornalistas que dão espaço para Zanardi deveriam, talvez, informar os seus leitores em qual companhia que se encontram viajando.



(*)Massimo Introvigne, italiano, é escritor e sociólogo. 


Tradução: Alex Pereira
Fonte: Mídia Sem Máscara

terça-feira, março 19, 2013

E o Irã?








por Deborah Srour



O resultado da reunião dos cinco membros permanentes das Nações Unidas e Alemanha (os P5+1) com o Irã no Cazaquistão no final de fevereiro foi surpreendente.

O negociador iraniano, Saed Jalili, conhecido por sua inflexibilidade sobre o programa nuclear de seu país, saiu sorridente, dizendo-se otimista pois os “Estados Unidos haviam feito concessões inesperadas tentando chegar próximos do seu ponto de vista”. E há indicações que isso realmente ocorreu. De acordo com o Wall Street Journal, Washington decidiu retirar um dos dois porta-aviões presentes no Golfo Pérsico, enfraquecendo o poder militar americano e consequentemente, sua vantagem na mesa de negociações.

Até o Washington Post, um jornal liberal pró-Obama criticou duramente a administração perguntando se os Estados Unidos estariam se curvando ao Irã. O seu editorial notou que na reunião anterior em Bagdá em maio do ano passado, os P5+1 não só exigiram que o Irã fechasse por completo a usina em Fordo, (construida embaixo de uma montanha), mas que enviasse todo o urânio enriquecido a 20% ao exterior.

Agora, os países ocidentais pediram uma simples suspensão das operações em Fordo e permitiram que o Irã retesse uma porção do urânio enriquecido a 20%.

Esta mudança em poucos meses mostra a desunião dos P5+1 sobre a linha a seguir com o Irã. O novo secretário de Estado John Kerry, em suas entrevistas antes e depois de assumir o cargo, insistiu que não havia mais tempo para negociar uma solução diplomática. Em contraste, a Europa, representada pela chefe de política da União Européia, Catherine Ashton, se recusou a colocar prazos dizendo que não cessaria os esforços para trazer o Irã para a mesa de negociação como se continuar esta farsa fosse necessário a qualquer preço.

Até aí nenhuma surpresa. O que foi diferente desta vez foi a posição da Arábia Saudita, que junto com Israel (não na mesma hora ou lugar), deixou claro que reuniões e negociações não poderiam continuar para sempre. O ministro do exterior, Príncipe Saud al-Faisal, durante a visita de Kerry, declarou que “as negociações devem terminar numa data específica pois os iranianos estão usando de uma estratégia conhecida: de negociar para continuar negociando para ganhar tempo, até que se verão frente a uma arma nuclear e isso não pode ser permitido.”

A Arábia Saudita está numa posição um pouco mais vulnerável que Israel neste momento. Ela tem o Irã do outro lado do Golfo e do seu lado está cercada por agentes de Teherã. Ao sul, o Irã está financiando os rebeldes shiitas do Yemen. Ao norte, o governo do Iraque é liderado por Nouri Al-Maliki, um shiita que viveu 8 anos no Irã e tem próximas relações com Teherã e a Hezbollah. Em Bahrain, um grupo de ilhas a 15 km da costa saudita, o governo descobriu um plano de ataques terroristas coordenados pela Guarda Revolucionária iraniana. No próprio território saudita, a minoria shiita tentou sua versão de primavera árabe com patrocinio do Irã, até agora, sem sucesso.

Assim, os sauditas são um dos poucos que entendem as táticas iranianas de postergação, de seu desinteresse em concluir um acordo com o ocidente, mas continuar negociando em negociar e ganhar mais tempo para avançar seu programa nuclear.

As próprias autoridades iranianas admitiram que “graças às negociações com a Europa, eles haviam ganhado mais um ano e mais um ano para completarem seu programa nuclear”.

A Europa não quer impor prazos e está fazendo de tudo para evitar que o Irã se torne uma outra Coréia do Norte que expulsou os inspetores e correu para produzir a bomba nuclear colocando o mundo perante um fato consumado. Se é isso que o Irã pretende fazer, com uma quantidade razoável de urânio enriquecido a 20%, estará com uma vantagem enorme cortando o tempo para a bomba no meio. E é por esta razão que Benjamin Netanyahu colocou a linha vermelha aí.

E para acumular o suficiente de urânio a 20% o mais rápido possível, o Irã está aumentando do modo substancial o número de centrífugas. Logo após o encontro no Kazaquistão, o Irã anunciou a construção de mais 3 mil centrífugas avançadas. Se a estratégia dos mullahs é de cortar as relações com o mundo, eles terão urânio enriquecido suficiente para bem mais que uma bomba nuclear.

Com os mullahs endurecendo sua posição a cada negociação, será que alguém acredita que o ocidente está às vésperas de fechar um acordo com o Irã e impedi-lo de adquirir a bomba nuclear?

Nesta altura, o interesse do Irã parece ser criar uma divisão entre os Estados Unidos e a Europa para obter mais concessões e ganhar mais tempo.

Mas do ponto de vista de Israel e da Arábia Saudita, surpreendentemente colocados do mesmo lado por um inimigo comum, a consequência do aparente e infeliz enfraquecimento das potências ocidentais só irá levar o Irã ao endurecimento e mais agressão direta e através seus agentes.

A não ser que a Europa e os Estados Unidos decidam colocar suas diferenças de lado e tomar um caminho diverso do apaziguamento usado com a Coréia do Norte, estaremos muito em breve nos deparando com um Irã liderado por um governo religiosamente messiânico, com várias bombas nucleares nas mãos, e prometendo trazer o apocalipse e o final dos tempos.

A história não irá nos perdoar pelas lições não aprendidas. O sangue de outras centenas de milhões de mortos estará em nossas mãos se não impedirmos esta catástrofe de ocorrer.


Fonte: Pletz

segunda-feira, março 18, 2013

Os guerrilheiros marxistas de outrora são hoje os jornalistas.









Por Orlando Braga (*)





Grande parte dos jornalistas atuais são analfabetos funcionais munidos de uma ideologia política.

Existe uma aliança tácita entre a plutocracia internacional e os novos guerrilheiros marxistas.


“Se observarmos, por exemplo, a mudança de opinião que vem ocorrendo na sociedade, em relação a comportamentos que antes eram tidos universalmente como reprováveis, como é o caso do homossexualismo, do divórcio, do aborto etc., é difícil acreditar que tais mudanças aconteceram espontaneamente, e não como reações provocadas por um meticuloso trabalho de engenharia social.”

Eu, que vivi (adolescente) o fenômeno da revolução marxista-maoísta em Moçambique da segunda metade da década de 1970, sou de opinião de que o que se está a passar hoje na Europa e no Ocidente é uma revolução marxista em que as Kalachnikov foram substituídas pela ação dos me®dia. Os meios de comunicação social desempenham hoje o papel dos guerrilheiros que, naquela época, obrigavam, pela ponta da baioneta, toda a gente a levantar o braço e com o punho cerrado, gritando vivas à revolução.

A revolução marxista é hoje o pensamento único do politicamente correto.

Os guerrilheiros revolucionários marxistas-maoístas, em Moçambique, faziam rusgas discricionárias em locais públicos e privados. Ninguém estava seguro na intimidade do seu lar: a qualquer momento poderia entrar pela sua casa adentro uma rusga dos guerrilheiros com intuito de revistar e intimidar os alegados “relapsos da revolução”. Os me®dia atuais desempenham uma função e um papel semelhantes, embora sem a Kalachnikov: utilizam a infâmia, o insulto, a mentira dissimulada em meias-verdades, a desinformação, a pseudo-informação [1], a sub-informação [2], e beneficiam do apoio explícito ou implícito das elites políticas e judiciais. A lei em vigor, por um lado, e por outro lado a maior parte dos juízes, dão cobertura à ação dos me®dia: são raros os processos em que jornalistas são condenados por difamação ou prevaricação.

Os guerrilheiros marxistas são hoje jornalistas.

Qualquer pessoa que não “alinhe” com o pensamento único politicamente correto, é hoje sujeito a tentativas de enxovalho irracional na praça pública pelos novos guerrilheiros marxistas — os “jornaleiros” politicamente corretos. A lógica dos argumentos é mandada às malvas, tal como não existia qualquer hipótese de argumentar com um guerrilheiro semi-analfabeto munido de uma Kalachnikov. Grande parte dos jornalistas atuais são analfabetos funcionais munidos de uma ideologia política.

O relativo sucesso dos novos guerrilheiros marxistas acontece porque as elites plutocratas internacionais (os muito ricos de todo o mundo) concordam com algumas das posições ideológicas revolucionárias: por exemplo, o aborto e o comportamento homossexual, alegadamente entendidas pela plutocracia como formas de redução da população mundial. As famílias numerosas sempre causaram o pânico entre os poderosos. Existe, portanto, uma aliança tácita entre a plutocracia internacional e os novos guerrilheiros marxistas. Em termos práticos e objetivos, e no que diz respeito à cultura antropológica, por exemplo, Bill Gates é aliado de Francisco Louçã.

O que nos resta é a resistência, tal qual existiu a resistência que derrotou o marxista-maoísmo em Moçambique. Uma ideologia política não pode definir a natureza humana, e por isso, os novos guerrilheiros estão condenados ao fracasso; é uma questão de tempo.


[1] A pseudo-informação é a propaganda política realizada através dos meios de comunicação social camuflada por uma interpretação enviesada e/ou parcial dos fatos, ou mesmo, em certos casos, mediante uma narrativa que não corresponde minimamente à realidade dos factos.


[2] A Sub-informação é a censura mitigada — censura parcial — dos fatos, realizada pelos meios de comunicação social, e que tem em vista ocultar a realidade dos factos ao público e à opinião pública.


(*)Orlando Braga edita o blog Perspectivas

domingo, março 17, 2013

Heresias, apostasias e hipocrisias.














Ricardo Gondim e Rubem Alves Convidam para um festival de heresias. Você Vai?

por Silas Figueira.

Em janeiro no Facebook um pastor divulgou com muita alegria o lançamento e mesa de debate do livro de Rubem Alves “Por uma teologia da libertação”, no dia 09 de fevereiro de 2012 (Rubem Alves, Gondim e Gouvêa convidam: LANÇAMENTO e MESA DE DEBATE 



Este livro, como diz o próprio site, é considerado por muitos teólogos como o primeiro livro escrito sobre o que então se tornaria a “Teologia da Libertação”, antes mesmo de Gustavo Gutiérrez e Leonardo Boff.


Já alguns meses já se vêm falando muita coisa a respeito dos desvios teológicos do Pastor Ricardo Gondim, desde o seu apoio ao homossexualismo a negação da volta de Cristo, isso sem contar o seu apoio ao Teísmo Aberto. O próprio Gondim disse que estava sendo considerado o herege da vez. (Entrevista dele à Carta Capital aqui)


A questão que me intriga é em que o Pastor Ricardo Gondim se assemelha com o ex-pastor da Igreja Presbiteriana Rubem Alves? Fazendo uma pequena pesquisa descobri o que Rubem Alves pensa a respeito do Céu e da Salvação.


Veja algumas frases que ele disse em um dos seus textos no seu site: “Tenho medo de morrer e ir para o céu. Eu me sentiria um estranho por lá. Sou um ser deste mundo e sinto que no meu corpo moram rios, árvores, montanhas e nuvens. Nenhum mundo além poderá consolar-me da sua perda. É certo que um espírito, por bem-aventurado que seja, não pode sentir o cheiro bom do capim gordura (que recém começa a florescer roxo nos campos). Para isso ele teria de ter um nariz. Amo este mundo. Por isso não quero ir para o céu. Nietzsche sentia o mesmo. Mas este dia, Corpus Christi, a se acreditar na tradição, diz que Deus, cansado de ser espírito, descobriu que o bom mesmo era ter corpo, e até se encarnou, segundo o testemunho do apóstolo. Preferiu nascer como corpo, a despeito de todos os riscos, inclusive o de morrer. Porque as alegrias compensavam. E nasceu, declarando que o corpo está eternamente destinado a uma dignidade divina. Curioso que os homens prefiram os céus, quando Deus prefere a terra”. 

O Pastor Ricardo Gondim está seguindo o “Teísmo Aberto”, cujo ensino se fundamenta na relativização do absoluto. Para Gondim, o Deus da Bíblia não é Soberano e em virtude disto não possui domínio e governo sobre todas as coisas, mas que nas palavras de Gondim e Rubem Alves é apresentado de forma romantizada dando a ideia de um deus pequeno e frágil que precisa tanto de mim quanto de você. Um deus carente.


Assim como Rubem Alves o Pastor Ricardo Gondim também nega o céu e a volta Cristo.  Negam a Bíblia e o que o próprio Senhor Jesus falou e os apóstolos confirmaram e que o livro do Apocalipse reitera.


Eu fico com a Bíblia e não com esses teólogos de plantão que por terem apostatado da fé tem levado muitos com eles. Alguns pastores que estão abraçando esta mesma ideia estarão lá nessa mesa de debate, falando aberrações a respeito de Deus e de Sua Palavra, dando apoio e se alegrando com tamanhas distorções teológicas. Infelizmente muitas dessas pessoas irão arrastar atrás de si uma multidão de adeptos que por discordarem de Deus e da Sua forma de agir seguirão esses falsos ensinos que o apóstolo Paulo já havia dito a Timóteo que ocorreria: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência”. 1Tm 4.1,2.


Mas da mesma forma que o apóstolo Paulo chama a atenção de Timóteo em relação à apostasia dos últimos tempos, ele também chama a atenção do seu filho na fé a agir de forma contrária a tudo isso que estaria ocorrendo. O seu conselho a Timóteo é o mesmo para nós hoje também: “Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercita-te, pessoalmente, na piedade. Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser. Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação. Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis”. 1Tm 4.8-10.


O tempo que o apóstolo Paulo profetizou nós temos vivido. Está ficado cada dia mais difícil ver pessoas abraçando a sã doutrina, mas há um número enorme de pessoas dando ouvidos a ensinos de demônios, e o pior, em vários púlpitos. Mas se nós desfalecermos e nos deixarmos levar por essas heresias, a próxima geração será uma geração totalmente descrente das verdades bíblicas. Devemos seguir o conselho de Paulo que nos diz que devemos pregar a tempo e a fora de tempo.

Que o Senhor nos ajude! 

Fonte: genizahvirtual.com

sábado, março 16, 2013

Prefeito Petista, lava as ruas da cidade com chorume.








Prefeito Petista, lava as ruas da cidade com chorume.
por Enio Noronha Raffin -(mafiadolixo.com)




O prefeito Luis Fernando Schmidt (PT) da cidade de Lajeado, no Rio Grande do Sul, escolheu a empresa privada W.K.Borges & Cia Ltda para operar a coleta de lixo e outros serviços de limpeza urbana do município, sem licitação pública, dito por emergência. O contrato chega a R$ 529.000,00 por mês com prazo de 120 dias. Um aumento de 113% em relação ao contrato anterior prestado pela empresa Urbanizadora Lenan Ltda.




O jornal “A Hora do Vale” que circula naquele município e região, publicou em 14 de março desse ano, matéria na capa do veículo de comunicação, que tem por título “Custo da limpeza urbana sobe 113% com nova empresa”






Abaixo do texto, ainda na capa desse jornal, a editoria fez inserir uma fotografia onde aparece um caminhão coletor de resíduos sólidos domiciliares (LIXO), e três colaboradores garis da empresa W.K.Borges & Cia Ltda (que pertence ao grupo K. Borges de Porto Alegre, que também é dono da Mecanicapina Limpeza Urbana Ltda), que passou a operar a coleta de lixo de Lajeado, por apenas 4 meses.

A fotografia do profissional Ricardo Moraes, inserida na capa do jornal “A Hora do Vale”, dessa quinta-feira (14) mostra que a empresa W.K.Borges & Cia Ltda já está descumprindo o contrato emergencial em diversos itens.

Vejamos a fotografia em questão.



Os trabalhadores garis que integram a equipe do caminhão coletor de lixo, com placa IBT7111, estão sem o material de proteção individual. O Ministério Público do Trabalho deve ser noticiado para que tome as devidas providências, em face da constatação da irregularidade em Lajeado.

Luvas não existem. Inacreditável!!! Colocam os garis em risco de um acidente ainda nos primeiros dias da operação da coleta de lixo na cidade de Lajeado.

Ministério Público do Trabalho deve agir rápido antes que aconteça um acidente com os trabalhadores garis (conhecidos também por coletores).

O que a FISCALIZAÇÃO da Prefeitura de Lajeado não notou, assim como também não viu o prefeito Luis Fernando Schmidt, é que a empresa W.K.Borges & Cia Ltda por meio desse caminhão coletor está lavando com CHORUME as ruas e avenidas da cidade.

CHORUME: líquido altamente poluente, de cor escura e odor nauseante, originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos.




Basta olhar para a fotografia publicada no referido jornal, e ver que no lado direito do caminhão coletor de lixo, escorre uma cascata de CHORUME, e se espalha no piso de trafegabilidade dos veículos que por lá circulam em Lajeado.

Basta consultar o Código Nacional do Trânsito para saber que já é passível de multa.

Lavar as ruas e avenidas com CHORUME é também crime ambiental, e a Lei brasileira retrata muito bem o caso em questão.

A prefeitura de Lajeado aumentou em 113% os serviços de limpeza urbana, e o prefeito Luis Fernando Schmidt justifica que se trata de uma melhora na coleta de lixo, mas permite que a empresa contratada sem licitação pública cometa monumental irregularidade?

Ora, como é que a FISCALIZAÇÃO da Prefeitura de Lajeado não detectou essa irregularidade, esse péssimo serviço que a empresa W.K. Borges & Cia Ltda está prestando para os contribuintes da cidade?

Esse veículo coletor não poderia ter iniciado a operação de coleta de lixo em Lajeado. Mas iniciou. E lavou as ruas e avenidas com CHORUME. Será que foi multada pela Prefeitura de Lajeado?






Quem concedeu a ordem de “Início de Serviço” referente ao contrato da W.K. Borges & Cia Ltda, nas condições em que está esse caminhão coletor de lixo, certamente não FISCALIZOU os veículos. Ou estou errado?

O caso não para por aí. Tem muito mais. Na próxima segunda-feira, 18 de março de 2013, vamos trazer aqui para os contribuintes de Lajeado e leitores do site Máfia do Lixo, uma notícia bombástica com relação a contratação da coleta de resíduos domiciliares e outros serviços de limpeza urbana do município. Aguardem.