quarta-feira, julho 18, 2012

A COMISSÃO DA VERDADE GAÚCHA.







E eu que pensei que a verdade era uma só onde dois lados de um fato deveriam expor seus motivos; pelo visto teremos em breve 5565 verdades espalhadas pelo Brasilzão: uma verdade em cada município.


Tarso Genro, fiel seguidor da filosofia do quanto pior melhor, assinou nesta terça-feira , 17 de julho de 2012, o decreto que cria a Comissão Estadual da Verdade. É bom marcar bem essa data para posteriores comemorações com chimarrão importado de Cuba e um bom churrasco de gado chinês.

Segundo Vitor Vieira no seu blog Vide Versus, o documento foi formalizado ao lado do juiz espanhol Baltasar Garzón, que foi colocado em disponibilidade de seu cargo pela Suprema Corte da Espanha, onde foi condenado por ordenar escutas telefônicas ilegais de advogados e seus clientes. Ainda não há informações sobre como funcionará a Comissão do peremptório governador petista, nem quem fará parte dessa célula. Segundo o ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça, e presidente da Comissão da Verdade de Dilma Rousseff, presente ao evento, a ação do governo gaúcho reflete um movimento geral segundo o qual todos os Estados trabalharão localmente para contribuir com a apuração dos crimes cometidos durante a ditadura militar brasileira (O Blogando Francamente chama esse período de Contra Revolução; afinal eu não queria ser comunista forçado, só para contentar uma duzia de terroristas desempregados e estúpidos)

A solenidade estava cheia de jornalistas, o governo do peremptório petista Tarso Genro fez muita publicidade do ato, mas nenhum jornalista foi capaz de ver e registrar o momento em que a advogada gaúcha Aurea Altenhofen, ao final da solenidade, aproximou-se do ministro Gilson Dipp e, muito emocionada, pediu para falar com ele. Aurea Altenhofen é neta de Kurt Kriegel, que foi assassinado na noite de 22 de setembro de 1969 em um assalto promovido por três terroristas do grupo VAR Palmares, que pretendiam realizar uma "expropriação" em benefício da revolução comunista. Kurt Kriegel morreu em seu restaurante Rembrandt, muito conhecido em Porto Alegre, assassinado pelos sete tiros que os terroristas desferiram. O ministro Gilson Dipp ouviu a breve narrativa emocionada de Áurea Altenhofen e recebeu dele o seu relato por escrito: "Exmo. Sr. Dr. Ministro Gilson Langaro Dipp - Coordenador na Comissão Nacional da Verdade - Eu sou Áurea Altenhofen, brasileira de Porto Alegre, advogada e neta de vítima de assassinato que ocorreu no dia 22.09.1969, o comerciante Kurt Kriegel. Meu avô consta como única vítima do terrorismo no Rio Grande do Sul. Na época dos fatos e alguns anos mais tarde, as investigações correram em dois inquéritos, um na Delegacia Especializada de Homicídios, outro no extinto DOPS.

Na capa dos inquéritos policiais constaram os nomes de três pessoas como suspeitos, após a anistia estas capas foram subtraídas e nelas escrito “autoria não identificada”, assim como desapareceu do Palácio da Polícia uma prova material do crime que continha fios de cabelo de um dos assassinos em um emplasto poroso utilizado como máscara e que foi deixado na fuga caído na calçada em frente ao local do crime. 

Há anos venho tentando enterrar o meu avô, esclarecer os fatos que envolveram o seu assassinato. De qualquer forma, ainda hoje, o meu avô figura em uma lista que foi divulgada pelo Comando do 3º Exército, em uma solenidade de aniversário da Revolução que foi realizada no parque da Redenção, junto ao Monumento ao Expedicionário, quando foram lidos os nomes das vítimas, o meu avô era o único “inocente”, por não ser de nenhuma organização política (exceto a maçonaria). Consta, também, no livro “Brasil Sempre” (Giordani, Marco Polo, 1986) que na página 45 informa: “KURT KRIEGEL, comerciante. Assassinado por grupo terrorista quando assaltava o bar de sua propriedade”. Depois disso buscamos esclarecimentos junto a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, o que tivemos de retorno ficamos cientes através da leitura do livro, que na página 448/9, informa: “KURT KRIEGEL (1908 – 1969) - Número do processo: 306/96 - Data e local de nascimento: 15/05/1908, Alemanha; Filiação: Maria Kriegel e Adolf Kriegel - Organização política ou atividade: não definida; Data e local da morte: 22/09/1969, Porto Alegre (RS) - Relator: Paulo Gustavo Gonet Branco ; Indeferido em: 20/06/1996. Trata-se de pedido de indenização à CEMDP que foi apresentado pela antiga companheira de Kurt Kriegel, nascido na Alemanha e estabelecido em Porto Alegre, que teria sido morto durante um assalto ao seu restaurante. Seu nome consta na lista do site de extrema-direita Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), como tendo sido morto por um grupo da esquerda". 

Com certeza para nós, familiares de Kurt Kriegel, a questão não se resume em indenização, buscamos o direito à verdade, o direito ao esclarecimento dos fatos que envolveram a morte do nosso patriarca. É uma dívida com ele, com a nossa consciência, com a história, trata-se de um direito de cidadãos que vivem em um país com Estado de Direito e segurança jurídica. 

As pessoas envolvidas em questões afetas ao caso Kurt Kriegel, quer da administração pública, policiais e militares, ou mesmo os militantes políticos, muitos estão chegando à idade avançada, alguns contam com mais de 80 anos de vida, urge que de uma vez por todas tenhamos a coragem de descortinar o passado e trazer à luz a verdade histórica dos acontecimentos que, de fato, ocorreram e atingiram os brasileiros, neste caso de forma especial a mim, aos meus familiares e amigos. Pelo exposto requeiro a inclusão nas investigações das circunstâncias fáticas e documentais que envolveram e resultaram no assassinato de Kurt Kriegel como um dos crimes a serem esclarecidos por nossa tão esperada e sonhada Comissão Nacional da Verdade. Aurea Altenhofen-OAB/RS 12899". 

O ministro Gilson Dipp recebeu o documento e assegurou a Aurea Altenhofen que serão tomadas as providências necessária. No evento também estava presente a ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, a deputada federal Maria do Rosário.


Algo me diz que Aurea Altenhofen terá que ter bem mais do que uma unica vida e deve esperar que essas providências sejam tomadas deitada; pois que até sentada cansará.

Comentário Publicado no Blog do Reinaldo Azevedo
Aurea Altenhofen - 16/09/2010 às 12:39

Muito agradecida Reinaldo, eu sou neta do Kurt Kriegel, homem comum do povo, morador de Porto Alegre e assassinado trabalhando no dia 22.09.1969. O crime foi atribuído à VAR-Palmares, dele participaram dois homens e uma mulher, ao que me lembro o codinome dela era Estela, Raul Elwanger e Carlos Araujo ( Dilma foi casada com Carlos Araujo). Na época o delegado da Dops me afirmou que foi captado uma mensagem de um aparelho (rádio) e nele informavam que o velho do bar tinha morrido.

Até HOJE eu e minha família não recebemos NENHUMA atenção ou explicação de qualquer órgão do governo, o inquérito policial foi arquivado sem indiciar réus. Sofremos a cada indenização que nós, enquanto povo, pagamos, dos impostos que nos são cobrados, para os guerrilheiros. Sentimos profunda humilhação e menor valia, é um absurdo.

No próximo dia 22.09.2010 eu e os meus familiares faremos um ato público em frente ao local onde o crime ocorreu na rua Dr. Timóteo, em Porto Alegre.
Buscamos obter reconhecimento dos direitos humanos que somos merecedores, respeito aos mortos e justiça.

Sei que a punibilidade do crime está prescrita, sei da anistia, não concordo com ignorância, urge que tenhamos conhecimento dos fatos, é a nossa história, é a história do Brasil, o povo não pode ter negado o conhecimento, anistia é uma coisa, saber o que cada um fez, é outra coisa, é inaceitável que tenhamos candidata a cargo eletivo escondida sob o véu da ignorância, do desconhecimento injustificado.


Fonte: VideVersus/Reinaldo Azevedo/

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