quarta-feira, dezembro 30, 2015

Um cristão é massacrado a cada cinco minutos.







por Raimond Ibrahim




Durante todo o mês de setembro, à medida que mais e mais cristãos foram massacrados e perseguidos por conta da religião, não só pelo Estado Islâmico, mas também pelos muçulmanos "comuns" dos quatro cantos do planeta, um contingente cada vez maior de pessoas e organizações clama para que alguma medida seja tomada. Enquanto isso, aqueles que estão em condições de fazer alguma coisa, particularmente o Presidente dos Estados Unidos Barack Obama e o Papa Francisco nada fazem.

"Por que perguntamos ao mundo ocidental, por que não levantar a voz diante de tanta crueldade e injustiça"? Essa foi a pergunta levantada pelo Cardeal Angelo Bagnasco, Presidente da Conferenza Episcopale Italiana.

Gregory III, Patriarca da Igreja Greco-Católica Melquita disse o seguinte: "Eu não entendo porque o mundo não levanta a voz diante de atos de tamanha crueldade".

Nas palavras da reportagem: "ativistas dos direitos humanos estão vendo o que está acontecendo. Líderes estrangeiros estão vendo. E mais de 80 membros do Congresso dos EUA estão vendo. Juntos eles estão pressionando o líder do mundo livre (Presidente Obama) a declarar que há um genocídio de cristãos em andamento no Oriente Médio".

Em resposta, a Casa Branca disse que estava preparando a liberação de uma declaração acusando o Estado Islâmico de cometer genocídio contra minorias religiosas, dando nome aos bois e identificando diversos grupos, como por exemplo os yazidis, como vítimas. Aparentemente os cristãos não serão incluídos como vítimas, pelo fato, segundo sustentam funcionários alto escalão da administração Obama, dos cristãos "ao que tudo indica, não se encaixarem no alto padrão estabelecido pelo tratado que trata de genocídio".

Entretanto, o Padre Behnam Benoka, iraquiano, explicou em detalhes em uma carta enviada ao Papa Francisco os horrores pelos quais os cristãos do Oriente Médio estão passando. Para sua empolgação, o Papa telefonou ao padre e lhe disse: "eu jamais o abandonarei". Nas palavras de Benoka "ele me telefonou. Ele me disse de forma bem precisa, é claro que eu estou ao seu lado, jamais o abandonarei... Farei o que estiver ao meu alcance para ajudá-lo".

No entanto, no final de setembro quando o Papa Francisco se encontrava na tribuna das Nações Unidasdiscursando para o mundo, sua energia mais uma vez foi dedicada em nome da defesa do meio ambiente. Durante todo o seu discurso, que se estendeu por cerca de 50 minutos, o Papa não mais que uma vez se referiu à perseguição dos cristãos, e mesmo assim eles não receberam uma atenção especial, tanto que sem tomar fôlego, na mesma sentença, seus sofrimentos foram mesclados com os sofrimentos supostamente iguais dos "membros da religião majoritária", ou seja, os muçulmanos sunitas (o único grupo que não deverá ser atacado pelo Estado Islâmico, uma organização sunita):


"Eu me sinto na obrigação de reiterar os apelos em relação à dolorosa situação em que se encontra todo o Oriente Médio, Norte da África e outros países africanos, onde cristãos, juntamente com outros grupos culturais ou étnicos e até mesmo membros da religião majoritária que não desejam se envolver pelo ódio e pela insensatez, foram forçados a testemunhar a destruição de seus lugares de culto, patrimônio cultural e religioso, seus lares e suas propriedades, além de se defrontarem com a opção de fugir ou pagar com a própria vida a adesão ao bem e à paz ou então pagarem com a escravidão."

Ainda assim conforme mostra o resumo do mês de setembro, "membros da religião majoritária", no caso os sunitas, não estão sendo massacrados, decapitados e estuprados por conta da sua fé, nem suas mesquitas estão sendo bombardeadas e incendiadas, eles também não estão sendo encarcerados ou assassinados por apostasia, blasfêmia ou proselitismo.

Selvageria e Massacre
Uganda: Três muçulmanos espancaram e estupraram uma cristã de 19 anos de idade. A jovem estudante estava voltando para casa da St. Mary's Teachers College em Bukedea quando ela foi emboscada por três homens mascarados. "Eu tentei gritar, mas um deles tampou a minha boca enquanto o outro me esbofeteava à medida que me arrastavam para fora do caminho", segundo a vítima. "Ouvi um deles dizer aos outros que eu deveria ser morta porque meus pais abandonaram o Islã. Um deles ainda disse: mas nós não temos certeza se essa garota é cristã". Em vez de assassiná-la, eles a estupraram e espancaram com tal violência que ela ainda está sob cuidados médicos em um hospital.

Estados Unidos da América: Freddy Akoa, um cristão de 49 anos de idade, profissional da saúde, em Portland, Maine, foi cruelmente espancado até a morte em sua própria casa por três muçulmanos. Ao lado do corpo de Akoa foi encontrada sua Bíblia manchada de sangue. O falecido apresentava cortes e ferimentos por todo o corpo além de um traumatismo craniano que o levou a morte. Ele teve 22 costelas fraturadas e o fígado dilacerado. O documento oficial da polícia atesta que Akoa "foi espancado e chutado na cabeça, também foi golpeado na cabeça com alguma peça do mobiliário durante o ataque que persistiu sem tréguas durante horas". Akoa foi atacado antes ou durante uma festa que ele estava dando em sua casa. Os três criminosos eram refugiados muçulmanos de origem somali. Ultimamente tanto nos Estados Unidos quanto na Europa ficou-se sabendo que vários "refugiados" eram na realidade terroristas islâmicos, alguns com ligações com o Estado Islâmico (ISIS). (A facção do Al Shabaab, a principal organização jihadista da Somália, recentemente jurou aliança ao ISIS).

Síria: Um cristão do vilarejo de Qaryatain na província de Homs foi executado pelo Estado Islâmico por se recusar a aceitar as condições impostas aos aldeões cristãos, a dhimmi (ser cidadão de segunda classe, ser "tolerado"). O ISIS também assassinou um sacerdote cristão, esquartejou seu corpo e enviou as partes do corpo a sua família dentro de uma caixa. Mais cedo o ISIS tinha sequestrado o padre e exigido o pagamento de um resgate no valor da US$120.000 de sua família, que depois de dois meses conseguiu juntar o dinheiro. Após o pagamento porém, o ISIS não cumpriu sua palavra assassinando o padre com requintes de crueldade.

Paquistão: A família muçulmana de uma mulher que se converteu ao cristianismo e se casou com um cristãoassassinou seu marido além de ferir a jovem. Aleem Masih de 28 anos de idade se casou com Nadia de 23 no ano passado depois dela ter se convertido ao cristianismo. Depois do casamento o casal fugiu da aldeia, uma vez que a família da moça queria "vingar a vergonha que a filha lhes trouxe por ela ter desistido do Islã e se casado com um cristão", isso segundo um advogado que cuidou do caso. Com o passar do tempo o pai de Nadia Muhammad Din Meo e seus capangas deram um jeito de sequestrar o casal levando os cônjuges a uma propriedade agrícola perto dali. "Primeiramente os muçulmanos torturaram o casal com chutes e socos, em seguida deram três tiros em Aleem Masih, uma das balas acertou o tornozelo, a segunda pegou as costelas e a terceira teve como alvo seu rosto," segundo o advogado. "Nadia levou um tiro no abdome". Os parentes muçulmanos deixaram o local acreditando que tinham assassinado o casal. "Os agressores retornaram à aldeia e proclamaram publicamente que tinham vingado a humilhação e restaurado o orgulho dos muçulmanos através do assassinato, a sangue frio, do casal". A polícia, contudo, ao chegar à propriedade agrícola encontrou Nadia ainda respirando. "Ela foi levada ao General Hospital em Lahore, onde está lutando pela vida depois de passar por uma cirurgia muito complicada na qual duas balas foram retiradas de seu abdome". Um enorme contingente de muçulmanos estava reunido em frente ao hospital quando a mulher gravemente ferida chegou. "Os baderneiros, alguns deles carregando armas, gritavam furiosamente palavras de ordem anticristãs... Eles também elogiavam Azhar por ele ter restaurado o orgulho da Ummah (comunidade) muçulmana dizendo que ele tinha garantido seu lugar no paraíso por ter assassinado um infiel".

Filipinas: Suspeita-se que terroristas islâmicos do grupo jihadista Abu Sayyaf realizaram o atentado a bombaa um ônibus na cidade predominantemente cristã de Zamboanga em 18 de setembro, que matou uma menina de 14 anos de idade e feriu outras 33. Fontes da inteligência já tinham alertado que o grupo Abu Sayyaf tinha como alvo cidades e comunidades com grandes contingentes de cristãos. Apenas 20% de Zamboanga são muçulmanos, o restante é praticamente todo formado por cristãos (em sua maioria católicos).

Egito: A mãe de um padre copta foi roubada e assassinada na cidade de Fekria em Minya.

Ataques de Muçulmanos contra Igrejas Cristãs
Estados Unidos da América: No Domingo dia 13 de setembro, Rasheed Abdul Aziz de 40 anos de idade foi preso por ameaçar a Igreja Batista Missionária de Corinto em Bullard, Texas. O americano muçulmano carregava uma arma de fogo e estava vestido com traje completo de combate usando capacete com camuflagem, calças de camuflagem, jaquetas e botas táticas, quando ingressou na igreja por volta das 13 horas. De acordo com o Pastor John Johnson, Aziz disse que Alá tinha lhe ordenado a "matar infiéis" e que "gente vai morrer hoje". O pastor acrescentou: "eu acredito que a intenção dele, quando se dirigiu à nossa igreja, era a de matar alguém".

Tanzânia: No espaço de uma semana seis igrejas foram incendiadas e reduzidas a cinzas. Em 23 de setembro três igrejas foram incendiadas: a Living Waters International Church, Buyekera Pentecostal Assemblies of God e a Evangelical Assemblies of God Tanzania Church. Três dias depois, em 26 de setembro mais três igrejas foram incendiadas: a Evangelical Lutheran Church, Kitundu Roman Catholic Church e a Katoro Pentecostal Assemblies of God Church. De acordo com fontes locais, "as pessoas acordaram no dia 27 de setembro e se deparam com seus santuários reduzidos a cinzas... Os cenários são sempre os mesmos, desconhecidos arrombam a porta, empilham objetos no altar, jogam gasolina em cima e ateiam fogo. Eles fugiram sem que ninguém tivesse visto nada, de modo que continuam como desconhecidos". As nações da África Oriental são compostas, em sua maioria por cristãos e muçulmanos, embora haja controvérsias em relação à proporção de cada um deles.

Belém: Muçulmanos atearam fogo no Mosteiro de São Charbel. Sobhy Makhoul, Chanceler do Patriarcado Maronita de Jerusalém disse que se "trata de um incêndio criminoso, não de um incêndio causado por uma falha elétrica (como querem as autoridades locais), trata-se de vandalismo sectário perpetrado por radicais muçulmanos". O fogo não causou fatalidades nem ferimentos, felizmente o edifício estava desocupado e em reformas, mas os estragos são evidentes e a comunidade cristã local obviamente teme mais violência. O líder maronita acrescentou: "o ataque é anticristão, assim como muitos outros incidentes que ocorrem em todo o Oriente Médio. Grupos extremistas operam na região, incluindo células do Hamas".

Iraque: Um relatório que examina o massacre de um cristão a cada cinco minutos no Iraque, complementa que "militantes do Estado Islâmico no Iraque estão utilizando igrejas cristãs como câmaras de tortura, onde cristãos são forçados a se converter ao Islã ou morrer".

Síria: Poucos dias depois de capturar a cidade de Qaryatain, o Estado Islâmico destruiu um mosteiro católico da antiguidade e jogou fora os restos de um santo reverenciado. O grupo terrorista sunita emitiu um ultimato aos cristãos de Qaryatain para que pagassem a jizya (dinheiro da extorsão), se convertessem ao Islã ou deixassem a cidade.

Iêmen: Um dia depois que a igreja católica em Aden foi destruída, um grupo de criminosos não identificados "" em um edifício cristão, segundo palavras de uma testemunha. Das 22 igrejas em funcionamento em Aden antes de 1967, quando a cidade era uma colônia britânica, poucas permanecem abertas, são raramente utilizadas por trabalhadores estrangeiros e refugiados africanos. A Igreja St. Joseph, incendiada, é uma delas.

Indonésia: No Domingo dia 27 de setembro, a Igreja GKI Yasmin em Bogor realizou o centésimo serviço ao ar livre desde 2008, quando os muçulmanos locais começaram a reclamar da existência da igreja. Muito embora a igreja estivesse em situação totalmente regular, as autoridades condescendentemente a fecharam. Em dezembro de 2010, o Supremo Tribunal da Indonésia determinou que a igreja fosse reaberta, mas o prefeito de Bogor se recusou a cumprir a ordem e a manteve fechada. Desde então a congregação realiza os serviços dominicais nas residências dos membros e de vez em quando na rua, diante da zombaria e dos ataques das turbas muçulmanas.

Ataques Muçulmanos contra a Liberdade Cristã
(Apostasia, Blasfêmia e Proselitismo)

Uganda: Uma senhora de 36 anos de idade, mãe de oito filhos requisitou uma reza depois que muçulmanos daquela região forçaram-na a retornar ao Islã ou perder os filhos e ser morta. Apesar de Madina ter se mantido fiel ao cristianismo depois que seu marido a abandonou há uma década por ela renunciar o Islã, ela voltou ao Islã em setembro: "os parentes do meu marido ameaçaram me matar e tirar meus filhos de mim se eu me recusasse a voltar ao Islã. Eles disseram: nós não vamos perder nossas crianças para o cristianismo.Preferimos te matar e trazer as crianças de volta... Eu não tenho para onde ir com meus filhos, de modo que resolvi voltar ao Islã para salvar meus filhos e a mim mesma. Eu sei que um dia Issa (Jesus) se lembrará de mim".

Reino Unido: Um paquistanês, sua esposa e seus seis filhos estão passando por "um pavoroso suplício nas mãos dos vizinhos que os consideraram blasfemos". O "crime" deles é terem se convertido ao cristianismo, isso há mais de 20 anos. Apesar de serem "prisioneiros em sua própria casa após serem atacados na rua, terem o para-brisa estilhaçado repetidamente e ovos arremessados contra as janelas" a família cristã disse que tanto a polícia quanto a igreja anglicana não providenciaram nenhum apoio razoável e "relutam em tratar o problema como crime de intolerância religiosa". Nissar Hussain, o padre, disse: "nossas vidas estão sendo sabotadas e isso não deveria acontecer no Reino Unido. Nós vivemos em uma sociedade livre e democrática e o que eles estão fazendo contra nós é abominável".

Turquia: Desde 27 de agosto nada menos que 15 igrejas receberam ameaças de morte por "negarem Alá". Mesmo assim, "ameaças não são nenhuma novidade para a comunidade protestante que vive nesse país e quer educar seus filhos aqui," segundo líderes da igreja. Tanto que ex-muçulmanos, muitos deles participantes desta congregação, apóstatas do Islã, já foram ameaçados com a decapitação. As mensagens acusam os cristãos de terem "escolhido o caminho que nega Alá" e "de terem arrastado outros a acreditarem no mesmo que vocês... Sendo hereges vocês cresceram em número graças a seguidores ignorantes". Uma das mensagens retratava a bandeira do Estado Islâmico com as seguintes palavras: "infiéis pervertidos, a hora em que nós iremos cortar suas cabeças está próxima. Que Alá receba a glória e o louvor".

Paquistão: A polícia prendeu Pervaiz Masih, um funcionário cristão de uma olaria no Distrito Kasur na província de Punjab, depois que um homem de negócios muçulmano, concorrente seu, o acusou falsamente de insultar Maomé, o profeta do Islã. Pervaiz, pai de quatro filhos, incluindo um nenê de sete meses, fugiu de sua casa depois que Muhammad Kahlid prestou queixa, dizendo que ele havia feito comentários ofensivos sobre Maomé durante uma discussão. Os policiais detiveram quatro parentes de Pervaiz, em seguida arrastaram sua esposa para o meio da rua, rasgaram suas vestes enquanto tentavam arrancar informações sobre o paradeiro de seu marido. Os policiais também espancaram cristãos locais e invadiram residências na cidade de Pervaiz para obter informações. No final Pervaiz acabou se entregando à polícia para que seus parentes fossem soltos.

Etiópia: Um grupo de 15 cristãos adolescentes foi atacado e preso por se dedicar à evangelização no leste da Etiópia. Paralelamente seis líderes cristãos foram considerados culpados por incitarem distúrbios, destruírem a confiança do povo nas autoridades governamentais e disseminarem o ódio. Os seis homens, membros do comitê administrativo da igreja, escreveram uma carta à liderança nacional da igreja em 11 de março, descrevendo a perseguição que estavam sofrendo por serem cristãos que vivem na zona Silte de maioria muçulmana. Eles reclamaram da discriminação nas oportunidades de emprego, demissão sem justa causa, tratamento hostil no ambiente de trabalho, incêndio de igrejas, ataques contra a pessoa e ameaças de morte. O teor da carta foi vazada para a mídia local e amplamente difundida, provocando a prisão e condenação dos seis.

Dhimmitude:
Alemanha: De acordo com um relatório, "muitos cristãos refugiados da Síria, Iraque e Curdistão estão sendo intimidados e atacados por refugiados muçulmanos. Em diversos centros para refugiados estabelecidos por autoridades locais, a lei da Sharia está sendo imposta sobre a minoria cristã, vítima de bullying." Gottfried Martens, pastor de uma igreja ao sul de Berlim, disse que "muçulmanos muito religiosos estão espalhado a seguinte ideia nos centros para refugiados: a lei da Sharia rege onde quer que nos encontremos". Martens expressa uma preocupação em especial em relação aos muçulmanos que se convertem ao cristianismo, apóstatas, que de acordo com a lei islâmica podem ser mortos: "há uma chance de 100% que essas pessoas serão atacadas".

Líbano: os cristãos estão sendo ultrapassados em número pelos refugiados muçulmanos da Síria e do Iraque e correm perigo de perderem seu lugar em seu próprio país, segundo o Ministro das Relações Exteriores do Líbano Gebran Bassil: "o que está acontecendo no Líbano é uma tentativa de substituir a população existente pelos sírios e palestinos (muçulmanos)". Pelo fato da população cristã do Líbano ser, e assim tem sido historicamente, minoria, Bassil diz que seus direitos estão sendo ameaçados porque "alguns estão procurando impor os muçulmanos sobre os cristãos" (um cenário que também está ocorrendo nos EUA). Mais cedo em uma entrevista, Bassil disse que a comunidade cristã do Oriente Médio como um todo está sendo corroída "em larga escala": "no Iraque isso aconteceu durante mais de 20 anos e vimos que 90% dos cristãos saíram do Iraque. Na Síria não dispomos de levantamentos atualizados por conta do caos que está acontecendo naquele país. Não temos condições de avaliar. Sabemos que houve e que está havendo muita imigração interna e externa, fora os deslocamentos... Mas o que é certo é que igrejas foram destruídas e muitos já partiram".

Reino Unido: Noureden Mallaky-Soodmand, um iraniano de 41 anos de idade, deveria ser deportado para o Irã após ser preso por fazer ameaças e brandir armas nas ruas de Londres. Mesmo assim ele não foi deportado, ao que tudo indica porque a embaixada iraniana estava fechada. Mas não, ele foi realojado a 400 km em Stockton-on-Tees. Anteriormente, em 2 de abril, empunhando uma faca encurvada ele saiu correndo atacando pessoas, às cegas, feito um louco gritando: "eu sou muçulmano e vou cortar a m*** das suas cabeças , fdp***... Eu sou Isis e minha gente vai cortar seus sa*** fora, cristãos... Eu vou matar vocês, eu vou matar todos vocês. Eu vou cortar a cabeça de vocês e f*** vocês".

Dhimmitude Egípcia
Ataques de muçulmanos contra cristãos foram desencadeados em dois vilarejos separados em Samalout, ao norte do distrito de Minya. Um dos ataques, aparentemente ocorreu em "represália" à construção de uma pequena igreja. Em um vilarejo, cinco coptas ficaram feridos, em outro vilarejo, muçulmanos amontoados em uma série de carros atacaram uma cerimônia cristã de casamento. Três coptas ficaram feridos e nas redondezas mocinhas cristãs sofreram assédio sexual.

Paralelamente, em 20 de setembro, um grupo de muçulmanos do vilarejo de al-Oula, perto de Alexandria, atacou residências cristãs e uma igreja, depois que a polícia tentou devolver terras roubadas por um muçulmano ao proprietário legítimo, um cristão. Assim que a polícia chegou ao local para executar a ordem, ela foi atacada e fugiu. "Após a fuga das forças de segurança", segundo um líder da igreja, "uma enorme multidão cercou a igreja e começou a atirar pedras contra ela. Em seguida atacaran quatro residências de propriedade dos cristãos". Pelo menos dois cristãos ficaram gravemente feridos, um deles teve a coluna vertebral fraturada. "A família El Houty (a família muçulmana que se apropriou de terras cristãs) usou microfones na mesquita local e em vilarejos vizinhos para conclamar os muçulmanos das redondezas, dizendo que a polícia veio para desapropriar as terras e entregá-las aos cristãos".

Mariam, uma estudante cristã copta, que sofreu discriminação, virou manchete na grande mídia egípcia e criou um escândalo. Conhecida como "Estudante Zero", ela foi descrita por ex-professores como uma "estudante brilhante" que tinha planos de se tornar médica. O aproveitamento dela atingiu 97% nos primeiros dois anos de estudo e a expectativa era de resultados semelhantes no último ano, pasma porém, descobriu que tinha fracassado, não tinha passado: sua nota final foi zero. Ela fez questão de ver os resultados das provas, o que lhe foi negado. Quando o caso veio à tona e virou manchete, ela conseguiu ver as provas. Tanto ela quanto outros, incluindo especialistas em caligrafia, disseram que a caligrafia dos exames não era dela.

Dhimmitude Paquistanesa
Uma família cristã foi quase queimada viva em uma tentativa de "grilagem" de sua casa por muçulmanos. Pelo fato de Boota Masih de 38 anos de idade, juntamente com sua esposa e família terem se recusado a abandonar sua casa e propriedade e entregá-la a alguns muçulmanos, eles foram violentamente espancados. Em seguida os muçulmanos derramaram gasolina nos cômodos da casa e atearam fogo, e trancaram Boota e sua família em um quarto. Os Masihs quebraram uma janela e conseguiram escapar através dela. Apesar de haver testemunhas, a polícia local relutou em fazer um boletim de ocorrência e como se isso não bastasse, de acordo com os advogados, prendeu Masih com acusações falsas.

Os trabalhos mais degradantes continuam a ser reservados aos cristãos e a outras minorias. O exemplo mais recente vem de um anúncio de vagas do Instituto de Cardiologia de Punjab em Lahore. Na lista de vagas todos os postos de trabalho estão abertos a todos, menos os de "serviços sanitários", como por exemplo a manutenção de toaletes: somente candidatos não-muçulmanos são qualificados para esse posto de trabalho. De acordo com advogados trabalhistas, "trata-se de uma forma de opressão direta, racismo e preconceito contra as minorias religiosas do país", acima de tudo cristãos, hindus e muçulmanos não-sunitas.


Sobre essa Série de Artigos
Embora nem todos, nem mesmo a maioria dos muçulmanos esteja envolvida, a perseguição aos cristãos está aumentando. A série "Perseguição Muçulmana aos Cristãos" foi desenvolvida para reunir algumas, nem todas, as instâncias de perseguição que aparecem a cada mês.

Ela documenta o que a grande mídia frequentemente deixa de noticiar.

Ela postula que esse tipo de perseguição não é aleatória e sim sistemática, e que ocorre em todos os idiomas, etnias e lugares.


Raymond Ibrahim é o autor de Crucified Again: Exposing Islam's New War in Christians (publicado por Regnery em cooperação com o Gatestone Institute, abril de 2013).

Tradução: Joseph Skilnik 


Publicado no site do Gatestone Institute.

domingo, dezembro 27, 2015

A teologia do estado no Novo Testamento – Romanos 13 e a “submissão” aos governos.





por Norman Horn (*)




Na primeira parte deste artigo, foi examinada a natureza do estado nos Evangelhos, com especial atenção às tentações de Cristo e à famosa passagem do "Dai a César". Nesta parte final, o objeto da análise será Romanos 13. Ao final, uma aplicação possível será proposta.

Os ensinamentos de Paulo sobre o Estado





Ao passo que os Evangelhos pressionam o leitor a desenvolver por conta própria uma teologia completa e meticulosa sobre como os cristãos deveriam interagir com o estado, as epístolas de Pedro e Paulo tratam dessas questões de forma mais aprofundada.

Romanos 13:1-7 é a exposição mais explícita no que diz respeito ao governo civil. Outras escrituras importantes incluem Tito 3:1-3, 1 Timóteo 2:1-3 e 1 Pedro 2:11-17. Contudo, em nome da brevidade, somente Romanos 13 será examinada em detalhe. A seguinte análise beneficiou-se grandemente da obra do Dr. John Cobin, especificamente dos livros Bible and Government (tradução livre: "Bíblia e Governo") e Christian Theology of Public Policy (tradução livre: "A Teologia Cristã da Política Pública"), os quais, na opinião deste autor, oferecem a melhor e mais completa tentativa de integrar essa passagem (Romanos 13) a uma compreensão consistente da teologia da política pública.

Paulo era um cidadão romano de nascimento, e chegou até mesmo a usar sua cidadania a seu favor em uma ocasião em Atos 22 e 23. Ainda assim, ele era o "hebreu dos hebreus" e um fariseu no que tange à lei de Deus (Filipenses 3:5). Por isso, era de se esperar que ele, como os fariseus nos Evangelhos, fosse um tanto rancoroso com relação aos romanos por causa de seu domínio sobre as terras de Israel. No entanto, em Romanos 13, Paulo parece ser bastante positivo em relação ao domínio romano. Uma leitura "desatenta" do texto pode levar uma pessoa a acreditar que o estado é uma força muito positiva na sociedade e talvez mesmo uma instituição divinamente ordenada, da mesma forma que a família e a igreja o são.

Todavia, não creio que esse tipo de interpretação seja justificável. Exortações apostólicas com relação ao governo civil não podem ser facilmente conciliadas com uma leitura direta dos textos do Novo Testamento. Caso contrário, a conclusão seria a de que os apóstolos ou estavam errados — falando dentro de um contexto cultural irrelevante — ou eram simplesmente loucos. Quando se considera o verdadeiro contexto histórico de Romanos 13 — em vez de fazer apenas uma leitura descontextualizada das escrituras —, uma leitura totalmente diferente emerge.

Para ilustrar esse ponto, como seria a interpretação caso os termos "autoridades governamentais", "governantes" e os pronomes pessoais fossem substituídos pelos nomes do imperador e dos reis daquele tempo, a saber, Nero, Herodes e Agrippa? O texto diria o seguinte:




Todos devem sujeitar-se a Nero e Herodes, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra Nero e Herodes está se opondo contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos. Pois Nero e Herodes não devem ser temidos, a não ser por aqueles que praticam o mal.

Você quer viver livre do medo de Nero e Herodes? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. Pois são de Deus para o seu bem. Mas, se você praticar o mal, tenha medo, pois elesnão portam a espada sem motivo. São servos de Deus, agentes da justiça para punir quem pratica o mal.

Portanto, é necessário que sejamos submissos a Nero e Herodes, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência. É por isso também que vocês pagam imposto, pois eles estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho. Deem a cada um deles o que lhe é devido: se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se honra, honra. (Romanos 13:1-7)

Como os cristãos atuais interpretariam esse trecho sabendo que Nero estava no poder nos tempos dos escritos de Paulo? Como lidar com o problema de que Nero matou boas pessoas — a saber, cristãos — e, ao mesmo tempo, tal passagem claramente diz que o governo civil recompensa e protege aqueles que fazem o bem? Claramente, o problema de interpretação não pode ser resolvido recorrendo a uma máxima tão simplista quanto "faça o que o governo ordena". Tanto o Velho quanto o Novo Testamento manifestam que isso não é certo ou verdadeiro em várias ocasiões. Alguns exemplos incluem:
  • Hebreus desafiando os decretos do Faraó ordenando o assassinato dos recém-nascidos (Êxodo 1)
  • Rahab mentindo para o Rei de Jericó sobre os espiões hebreus (Josué 2)
  • Ehud enganando os ministros do rei e assassinando o próprio rei (Juízes 3)
  • Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego recusando-se a cumprir os decretos do rei, e sendo miraculosamente salvos duas vezes (Daniel 3 e 6)
  • Os Reis Magos do Oriente desobedecendo às ordens diretas de Herodes (Mateus 2)
  • Pedro e João escolhendo obedecer a Deus em vez dos homens (Atos 5)
O texto de Romanos 13 pode ser mais bem compreendido ao se entender o contexto histórico e a razão evidenciada por meio das escrituras e da experiência, em vez de se fazer uma interpretação "crua" como a maioria dos cristãos costuma fazer.

1 Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas.



O verso 1 diz que as autoridades governamentais são instituídas por Deus. A mensagem principal de Paulo aos cristãos, todavia, não é que os governos/estados são especialmente instituídos da mesma forma que o são a família e a igreja, mas sim que o estado não está operando fora dos planos de Deus. Nesse sentido, o estado é divinamente instituído da mesma foram que Satã é divinamente instituído. Deus não é surpreendido quando os estados agem da forma como agem. Como notado, especificamente nos Evangelhos, o estado é entendido, no decorrer de todos os livros, como sendo intimamente ligado a Satã e a seu reino, e patentemente oposto ao Reino de Deus. O status do estado dentro do plano final de Deus não legitima o mal que ele comete.

Uma submissão ao governo civil, portanto, é permitida. A ordem é obedecer em termos gerais; mas em ocasiões iremos desobedecer a algumas políticas públicas por causa de nossas convicções pessoais e religiosas. Os cristãos devem obedecer à maioria das políticas sempre e quando diretamente solicitados a fazê-lo, mas não devem prometer uma submissão ativa a toda e qualquer política pública. A submissão pode ser feita sempre que for conveniente, vantajosa e prática com relação aos homens, e glorificante perante Deus.

O doutor John Cobin explica que, "qualquer pecado de desobediência surge somente quando uma ação não é prudente, envolve má administração, requer a negação dos deveres familiares ou prejudica o principal propósito do cristão em sua vida". (Christian Theology of Public Policy, 120).

2 Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se opondo ao que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos. 3 Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser por aqueles que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. 4 Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas, se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal.



Os versos 2-4 indicam que, se você lutar contra o estado, você despertará a sua ira, mas se você se comportar da maneira como o estado desejar, você será protegido. Em muitos pontos, o que o estado define como bom e mau pode ser diametralmente opostos ao que Deus define como bom e mau. Mas o que Paulo está falando aos cristãos de Roma é que, se você fizer algo que o governo romano define como mau, então provavelmente você será punido.

Não podemos abstrair esse verso do seu contexto cultural e torná-lo um requisito absoluto para todas as culturas, em qualquer época da história. Fazê-lo significaria tornar os cristãos submissos a políticas públicas ruins. Não existe uma razão convincente para pensar que Paulo estava deliberadamente escrevendo a respeito de outros governantes senão aqueles do Império Romano.

Paulo sabia muito bem do poder de Nero e do potencial estrago que ele poderia causar aos cristãos de Roma — Paulo o chama de "a espada" —, de modo que ele não quer que os cristãos sejam perseguidos por qualquer outra coisa que não seja o nome de Cristo e o que Ele defende. Paulo, no entanto, recorda aos cristãos romanos que até mesmo o temível poder do estado não está acima do poder de Deus. Sua mensagem a eles é a mesma deRomanos 8:28, que diz que "Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que O amam, dos que foram chamados de acordo com o Seu propósito". O estado pode, com efeito, ser um meio de santificação para a igreja do Senhor.

5 Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência. 6 É por isso também que vocês pagam imposto, pois as autoridades estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho. 7 Deem a cada um o que lhe é devido: Se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se honra, honra.




Os versos 5-7 expandem as razões para submeter-se e inclui razões práticas pelas quais os cristãos romanos deveriam responder à mensagem de Paulo. Cobin diz, "a razão pela qual devemos nos submeter ao governo é para evitar a violência ou a preocupação de ser agredido pela autoridade estatal. Deus não deseja que nos misturemos com as questões desse mundo a ponto de que tal envolvimento nos desvie da nossa missão principal". (Christian Theology of Public Policy, 125).

A palavra "consciência" no verso deveria ser interpretada de forma similar a 1 Coríntios 10 (que trata de sacrifícios de alimentos a ídolos). Os cristãos estavam preocupados com a possibilidade de o estado romano encontrar alguma razão legal para persegui-los. Não se pode utilizar esse verso em um sentido absoluto para dizer que os cristãos nunca poderão participar de um movimento para remover uma autoridade do poder, tal como, por exemplo, a Revolução Americana. Paulo também encoraja os cristãos "a vencer o mal com o bem" como entendido em Romanos 12:21 (isso inclui uma autoridade maligna), e trabalhar para ser livres sempre que possível (1 Coríntios 7:20-23)

Paulo também aconselha submeter-se a pagar tributos pela mesma razão: evitar a fúria do estado e assim poder viver para Deus. O indivíduo não gosta de pagar tributos, mas, para não ser perseguido pelo estado, paga. Da mesma forma "paga a quem for o que lhe for de direito" é ordenado pelo mesmo propósito, especialmente considerando o tumulto político daquele tempo.

Mas isso significa que uma pessoa peca se cometer um erro na declaração do IR? Paulo provavelmente diria que não. Os tributos modernos são muito diferentes dos romanos. Na verdade, a palavra grega para "impostos" no verso 7 é mais próxima de "tributo", mais especificamente o imposto de capitação (ou "por cabeça") do censo distrital romano. Os romanos enviavam soldados de cada em casa, contavam os moradores, calculavam o tributo e demandavam pagamento imediato. Se o cristão não consentisse, então ele, sua família, e possivelmente mesmo seus companheiros crentes enfrentariam sérios problemas.

Paulo pediu que não houvesse resistência contra esses homens quando fizessem isso; que os impostos simplesmente fossem pagos. Recusar-se a pagar faria apenas com que os cristãos fossem identificados como parte dos rebeldes e dos trapaceiros daquele dia, e daria aos Romanos razões para perseguir os cristãos em Roma e talvez em todo o Império. Paulo queria que os cristãos romanos evitassem chamar a atenção e se tornassem alvos governamentais.

Como princípio geral, os cristãos modernos deveriam fazer o mesmo quando há uma ameaça imediata da coerção estatal, seja na forma de tributos ou de qualquer outra intimidação. Contudo, os tributos modernos não têm sempre essa característica; tributos e tarifas não são formas culturalmente transcendentes de pagamentos ao estado. Por isso, uma pessoa não está pecando se cometer um erro em sua declaração do IR. Cobin vai ainda mais longe e diz que alguns tributos podem ser completamente desconsiderados sem culpa. (Christian Theology of Public Policy, 129).

Romanos 13 não é uma declaração abstrata e universal que demanda submissão a todos os tipos de leis estatais, em todos os lugares, em todas as circunstâncias, em todos os momentos. Tampouco é uma prescrição para qual forma particular de governo é sancionada por Deus ou sobre como os estados deveriam agir. O contexto e o fraseado histórico requerem mais cuidados daqueles que se propõe a discursar sobre como deve ser a submissão de um cristão ao estado.

A obediência cristã ao governo tem como objetivo a vivência pacífica e a manutenção da honra do nome de Deus. Cristãos não são obrigados a seguir todos os tipos de políticas públicas. No que mais, cristãos não devem seguir alguma lei que vá contra a lei de Deus. Se os cristãos forem perseguidos, que isso ocorra em nome de Cristo e daquilo que ele representa, e não pela recusa a seguir alguma lei quando ela acarreta ameaça direta de ação estatal. 

Conclusão

Desenvolver uma teologia do estado baseando-se em uma análise do Novo Testamente é compreensivelmente difícil. Examinando os evangelhos, vemos que o Estado não é relacionado ao Reino de Deus de nenhuma maneira; com efeito, o estado alia-se a Satã em direta oposição a Deus.


Finalmente, uma compreensão completa de Romanos 13, sob o seu devido contexto, nos ajuda a tomar melhores decisões dentro da estrutura governamental na qual nos encontramos.

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Observação:

Alguns acadêmicos não estão convencidos de que Romanos 13 está verdadeiramente falando do governo civil. Mark Nanos argumenta que Paulo na verdade está falando da obrigação dos cristãos — particularmente os cristãos gentios que se associaram às sinagogas judaicas de Roma — de "se subordinarem aos líderes das sinagogas e às "leis de comportamento" tradicionais que haviam sido desenvolvidas nas sinagogas no período da Diáspora, as quais definiam o comportamento apropriado dos "gentios corretos" que procuravam se aproximar dos Judeus e de seu Deus (Nanos, 291)



(*)Norman Horn é o fundador e editor do site LibertarianChristians.com. É Ph.D. em engenharia química pela Universidade de Austin, Texas, e possui mestrado em Estudos Teológicos pela Austin Graduate School of Theology.



sábado, dezembro 26, 2015

Mensagem de Natal às vítimas de 2015.






por Paulo Briguet(*)





2015 foi um ano que fez vítimas. Penso nos 9 milhões de desempregados, nos 70 mil assassinados, na volta da inflação, nos que foram às ruas contra a corrupção, nos que não aguentam mais a mentira e o crime estabelecidos como método de governo.


Neste Natal recebi inúmeros cumprimentos e manifestações de apoio por parte de leitores, amigos, cidadãos que acompanharam meu trabalho no Jornal de Londrina -- que, como todos sabem, circulou pela última vez no dia 18, uma semana atrás. É impossível agradecer aqui a cada um dos que se manifestaram. Mas o faço, com o coração nas mãos, a todos. Muito obrigado!

Eis que, no dia 23, recebo um comentário diferente. Veio de um professor da universidade, o Sr. Jaime Sant'Anna, a quem eu carinhosamente chamo de Santa. Do alto de sua estabilidade no emprego e de seu polpudo salário, pago com o dinheiro dos nossos impostos, Santa declarou-se satisfeito com o meu dissabor:

"Chupa, sr. Briguet. Acho que o senhor devia voltar a estudar -- coisa que abandonou há muito tempo -- e dar novo rumo pra sua vida. Quem sabe, ainda dá tempo de recomeçar numa outra área".

Ao ler o comentário de Santa, lembrei-me de uma frase de Bernanos: "O Inferno é não poder amar nunca mais". Fiquei pensando nos motivos que levam um professor universitário, com mais de 40 anos e um doutorado nas costas, a procurar o site de um cronista só para dizer que está feliz com a sua dor. Não devem ser motivos muito nobres. Talvez tenham alguma relação com problemas de consciência. Mal sabe ele que, em breve, terá uma notícia inesperada a meu respeito.

Alguns podem estranhar que eu tenha escolhido justamente o comentário de Santa para esta mensagem natalina. Mas eu acredito que não haja escolha mais apropriada. Jesus veio ao mundo exatamente porque a maioria dos homens agia -- e ainda age -- como o nosso professor universitário.

2015 foi um ano que fez vítimas. Penso nos 9 milhões de desempregados, nos 70 mil assassinados, na volta da inflação, nos que foram às ruas contra a corrupção, nos que não aguentam mais a mentira e o crime estabelecidos como método de governo. Penso no senhor de 102 anos que ficou sem o JL, nas mães que perderam seus filhos, no porteiro Claudinei que morreu trabalhando. Penso no golpe do AI-13, desferido nos últimos dias do ano. Penso até nos que aguardam, cheios de tremor e temor, a visita do japonês da Federal. Quero que a vida seja misericordiosa e justa com cada um deles. Não desejo a dor, nem a tristeza de ninguém. Desejo a verdade, a beleza e o bem.

2015 não foi um ano que nós vivemos, foi um ano que nós sofremos. Mas a existência da dor é o melhor caminho para descobrimos a existência da graça. "Cruz, esperança única", escreveu Edith Stein. Mesmo quando alguém se regozija com o nosso sofrimento -- como fez o professor Santa --, a melhor resposta é voltar a outra face. Voltar a outra face, ao contrário do que supõem os leitores apressados do Evangelho, não é aceitar passivamente o golpe: é expor a natureza absurda do mal. É dizer que existe outro caminho, e que seguiremos por ele, ainda que seja preciso carregar uma cruz.

Feliz Natal, Santa. Feliz Natal, amigos.


(*)Paulo Briguet é jornalista e escritor.

sexta-feira, dezembro 25, 2015

Capitalismo nos Dez Mandamentos?






por Alberto Mansueti (*)



Por isso votar nas esquerdas é tão imoral quanto o próprio sistema socialista, porque valida todas as faltas citadas à lei de Deus, e porque a cobiça manda o Estado roubar “dos ricos” para repartir “com o povo”.





“Em que parte da Bíblia há apoio para o capitalismo?”, me perguntam no rádio. Digo que principalmente nos Dez Mandamentos, o resumo da lei de Deus, ao condenar e proibir severamente todo tipo de abuso de poder e idolatria, incluindo a que se rende ao Estado. Porém, vamos por partes.




Primeiro, o que é o capitalismo? É o nome dado pelos comunistas ao “sistema de economia natural” ou de livre mercado que surgiu de maneira espontânea quando havia “governo limitado”, o sistema político que Deus ordena na Bíblia: em seus cinco primeiros livros, especialmente Deuteronômio. Ele já não existe porque em quase toda parte as esquerdas impuseram um governo totalitário e socialista sem limites, contrário à natureza das coisas, que o substituiu.

E o socialismo? É o oposto do capitalismo, e a forma atual de estatismo ou estatolatria. Como toda tirania, histórica ou atual, é uma transgressão completa e gravíssima de cada um dos dez mandamentos. Veja Êxodo 20 e compare:


1-Não ter outros deuses. O socialismo é uma falsa religião, que nos impõe um falso deus: o mega-Estado totalitário, no qual se deposita toda a fé e esperança de salvação terrena, e ao qual se confere todos os atributos do Deus da verdade: sabedoria e providência, onipotência, onipresença, e plenitude de caridade e misericórdia. Exige-se para ele obediência incondicional, honra, glória e culto a partir da educação pública, que é sua catequese e discipulado.


2-Não fazer imagens de escultura. Como era, por exemplo, o desfile de 1º de maio em Moscou? Com bandeiras gigantes de Marx e Engels, e do líder supremo da vez, sumo-sacerdote da liturgia. E os enormes mísseis, evidentes símbolos fálicos e do poder militar do deus-Estado. Com bandeiras e escudos, entoando hinos e cantos solenes, como no “Dia do Partido” da Alemanha nacional-socialista.


3-Não tomar o nome de Deus em vão, para usá-lo com algum propósito periférico. É o que fazem as esquerdas religiosas, por exemplo, o socialismo sionista disfarçado de judaísmo; a “teologia da libertação” marxista disfarçada de catolicismo; o “evangelho social” travestido de protestantismo; e a “jihad” ou guerra santa política, como se fosse o genuíno islã.


4-Guardar o dia do Senhor. Por que no domingo os socialistas fazem eleições, e as esquerdas “verdes” fecham ruas e interrompem o trânsito? Para dificultar os cultos, e as reuniões familiares; porque o socialismo é contra a igreja, a família, e contra tudo o que Deus abençoa.


5-Honrar pai e mãe. Este Estado é “um deus ciumento”: rouba da família funções, liberdades e bens, a empobrece e anula; a destrói para ocupar seu lugar. O feminismo, criado pelo socialismo, põe o Estado como marido de todas as mulheres, e pai de todos os filhos, separados de suas famílias pela escola 
pública, onde o comunismo ensina a delatar aos pais “contrarrevolucionários”.


6-Não matar. É um deus cruel e assassino. “O livro negro do comunismo”, editado na França (1997) por Stephane Courtois, registrou até agora uns cem milhões de mortos. E a conta segue...


7-Não cometer imoralidade sexual. Ao marxismo clássico ou econômico do século 20, o “socialismo do século 21”, soma-se hoje o “marxismo cultural”, que em sua feroz investida contra a família, legitima o aborto e todo tipo de união sexual imaginável e inimaginável.


8-Não roubar. O socialismo é um roubo. “Redistribuir a riqueza” é tomá-la de seus donos legítimos, todos nós que trabalhamos, com impostos excessivos, moedas sem lastro metálico e inflação galopante, crédito sem base em depósitos, dívida selvagem, pirâmides financeiras do tipo “seguro social” e outros confiscos.


9-Não mentir. A mentira aparece sempre na lista pois serve para ocultar e dissimular ou justificar assassinatos, imoralidade e roubos. O socialismo é uma grande falsidade, para encobrir todos os seus delitos, montada sobre uma “teologia” estatista costurada em sofismas grosseiros, evidências e testemunhos truncados ou escamoteados, teorias forjadas, e especulações improváveis ou impossíveis.


10-Não cobiçar. Os mandamentos anteriores protegem a vida, a família, a propriedade e trabalho, e a verdade; são os pilares e valores do capitalismo. E este, o décimo mandamento, põe uma proteção adicional, porque a maioria dos crimes começa pela cobiça, que é o princípio e a base ética do socialismo, assim como o trabalho produtivo e o desenvolvimento são princípio e base do capitalismo.


Por isso votar nas esquerdas é tão imoral quanto o próprio sistema socialista, porque valida todas as faltas citadas à lei de Deus, e porque a cobiça manda o Estado roubar “dos ricos” para repartir “com o povo”. Ainda que a realidade seja que os chefes e burocratas socialistas são deixados com todo o espojo e nada sobre para o povo; porém, esse é o castigo trazido pelas consequências do pecado!

Os socialistas “cristãos” dizem que a lei de Deus e, portanto, o capitalismo, são coisas do Antigo Testamento, não do Novo. Ah, é?! Pois assim se inverte o ônus da prova, e eles é que têm de mostrar no Novo Testamento onde se revogam os mandamentos, ou onde Jesus e seus apóstolos apoiam ou praticam o “cesarismo”, ou o socialismo. Somente um o pratica: aquele que “roubava da bolsa” (João 12.6).


(*)Alberto Mansueti é advogado e cientista político.

Tradução: Márcio Santana Sobrinho

O WhatsApp, a desobediência civil, a tecnologia e a liberdade.








por Fernando Ulrich (*).




Após a suspensão inesperada do WhatsApp, na semana passada, o presidente do Instituto Mises Brasil Helio Beltrão afirmou:




O pessoal entusiasmado com tecnologia e que acha que esta pode nos proteger do estado tomou uma ducha de água fria com o bloqueio do WhatsApp com uma mera canetada de uma juíza.


Esta foi uma 'chamada para o despertar'. A tecnologia não pode nos proteger do estado, pois as pessoas (os dirigentes da tecnologia, os intermediários e provedores que possibilitam o serviço, e as contrapartes que utilizam o serviço) estão sempre localizadas em algum lugar e podem ser punidas pelo estado.



Curiosamente, tão logo o bloqueio legal foi colocado em prática pelas operadoras de celular, os brasileiros usaram a própria tecnologia — como VPNs e o Telegram — para contornar as imposições estatais. Talvez a tecnologia possa, enfim, nos proteger do estado.

Esse episódio é tão emblemático que merece uma reflexão por diferentes prismas. Deixarei a parte da tecnologia para o final. Antes, tratemos da desobediência civil maciça ocorrida em escala nacional na semana que passou.

Desobediência civil

Depois do efetivo bloqueio do WhatsApp, muitos prontamente escolheram burlar a suspensão do aplicativo. Alguns cidadãos manifestaram sua desaprovação por essa atitude, chegando a considerar o ato uma contravenção, pois os burladores estavam infringindo a lei.

Outros, mais brandos, afirmaram que se tratava meramente de mais um exemplo do rotineiro "jeitinho brasileiro", aquela corrupção nossa do dia-a-dia.

Confesso que essas colocações me fizeram refletir. Será que têm razão de fato? Ou estaríamos apenas cumprindo nosso dever moral — e seguindo a máxima de Martin Luther King Jr. — de rechaçar e desobedecer leis injustas?

De acordo com alguns advogados, a decisão da juíza foi desproporcional, injusta e feriu os próprios princípios da Constituição Federal. Mais por sentimento e razão do que conhecimento jurídico, creio que a desobediência civil praticada por milhares (talvez milhões?) de brasileiros tenha sido plenamente justificada.

Contudo, essa distinção nem sempre é fácil. Como saber quando uma lei é injusta? Como discernir se um ato legislativo é correto? Qual deveria ser o critério? Especialmente nos dias de hoje, em que a lei tornou-se um artifício recorrido por uma minoria para fazer uma espoliação coletiva, distinguir entre o que é coreto e justo do que é errado e injusto é uma tarefa inglória.

Para o famoso liberal clássico Frédéric Bastiat, as leis não podem ter outra finalidade, outra missão que não a de proteger a vida, a liberdade e a propriedade dos indivíduos, uma vez que "A vida, a liberdade e a propriedade não existem pelo simples fato de os homens terem feito leis. Ao contrário, foi pelo fato de a vida, a liberdade e a propriedade existirem antes, que os homens foram levados a fazer as leis". A lei, portanto, deve fazer imperar entre todos a justiça.

Sob esse critério, qualquer lei que agrida a vida e a propriedade de terceiros deveria ser considerada injusta e inaceitável. Se analisarmos, sob essa ótica, o arcabouço legal vigente, consideraríamos 99% de todo o emaranhado de legislações e regulações existente no Brasil um grave atentado à propriedade privada. Se cumprirmos todas as leis, não reinará a justiça, mas triunfará o esbulho da propriedade alheia. Cumpre-se a lei, mas não se faz justiça.

Então, se uma lei é injusta e atenta contra a nossa propriedade, deveríamos acatá-la? Estaria realmente justificada a desobediência civil diante de leis injustas? Seria legítimo criar mecanismos para praticar a desobediência civil? E se uma tecnologia nos fornecesse meios de contornar leis injustas, seria correto adotá-la? Por fim, e se, por meio da tecnologia, tornássemos completamente inócua a ameaça de violência estatal ao simplesmente impossibilitá-la na prática, blindando os indivíduos da agressão institucionalizada? Deveríamos fazer uso de tais tecnologias? Ou as julgaríamos ilegítimas?

As perguntas abundam e as respostas frequentemente adentram uma área cinzenta; o preto e o branco não são facilmente discerníveis. A era digital tem nos submetido à reflexão ao quebrar uma série de paradigmas antes inimagináveis.

A tecnologia irá, sim, nos libertar

Por exemplo, devido à evolução tecnológica, a liberdade de expressão hoje não mais depende da concessão estatal, assim como a liberdade e privacidade de comunicação. Já temos tecnologia plenamente funcional para preservar a privacidade de comunicação entre duas partes, independentemente de localização geográfica, vedando a qualquer agente — inclusive aos estados — o acesso não consentido. Se algum estado, sob qualquer justificativa, decretar que a utilização dessa tecnologia é ilícita, tal lei seria injusta ou seria o meio de comunicação realmente ilegítimo?

A criptografia é um exemplo de evolução tecnológica que, aliada à era digital da internet, tem um potencial extraordinário. Não surpreende, portanto, as recorrentes tentativas de governos de banir o uso da "criptografia inquebrável" pelas empresas de tecnologia como o Google e a Apple — sob o pretexto de combate ao terrorismo, governos querem ter a possibilidade de exigir das empresas que provêm serviços de comunicação acesso às trocas de mensagens privadas de determinados usuários.

O fato é que a tecnologia pode proteger os indivíduos não apenas de governos autoritários ou de leis injustas, mas também de qualquer ator mal intencionado. A visão de que a tecnologia é incapaz de resguardar as liberdades individuais advém do puro desconhecimento da potencialidade da criptografia moderna e das redes descentralizadas (ou P2P, peer-to-peer).

Poucos libertários têm consciência do poder dessas tecnologias. Estes, em sua vasta maioria, costumam se especializar em economia, direito, filosofia e política; mas pouquíssimos dominam a ciência da computação e da criptografia. E ao não terem plena compreensão desse campo do conhecimento científico, acabam concedendo que, perante o estado, somos todos impotentes.

Mas isso não é verdade. A própria realidade é prova disso.

Hoje temos pelos menos dois exemplos de tecnologias em ampla utilização no mundo, contra as quais o estado nada pode fazer: o BitTorrent e o Bitcoin. 

Ambas as tecnologias são resultado de décadas de pesquisa em ciência da computação e criptografia. Ambas são adaptações e evoluções de modelos de rede e segurança ultrapassados, os quais tinham como vulnerabilidade a centralização — justamente o tendão de Aquiles que permitiu à juíza lograr a efetiva proibição do WhatsApp.

Ao fim dos anos 1990, o Napster era um dos grandes propulsores das redes P2P. Mas seu sistema não prescindia de um servidor central e por isso sucumbiu. Redes como a do Napster possuem uma debilidade chamada "ponto único de falha" (single point of failure). A sofisticação das redes efetivamente descentralizadas está precisamente na ausência de um "ponto único de falha".

Os protocolos do BitTorrent e do Bitcoin adotam justamente esse modelo de rede. Não há servidores, não há um ponto central, não há uma empresa encarregada do funcionamento do protocolo. Cada cliente se conecta diretamente a outros clientes. Até hoje o BitTorrent não foi derrubado simplesmente porque não há o que derrubar. Não há quem cercear porque não há ninguém para ser intimado ou intimidado. Tampouco tiveram êxito as tentativas de censurar a rede do Bitcoin. Resiliência é a palavra chave desse modelo de redes.

Mas não seria possível alcançar algum intermediário para bloquear essas tecnologias? Devido ao uso engenhoso da criptografia, a resposta é não, não é factível localizar nenhum dirigente de empresa — até mesmo porque não há uma —, nem intermediários, contrapartes ou provedores de internet porque é virtualmente impossível obstruir o tráfego desses dados. A criptografia se encarrega também de preservar a privacidade dos usuários, inviabilizando a identificação dos participantes.

A não ser que derrubem toda a internet, bloquear essas tecnologias é um feito quase irrealizável. A desintermediação dos serviços, a remoção de diversos terceiros e intermediários é uma proeza cuja realização foi somente possível depois da invenção da internet. É uma força quase imparável.

E o próprio estado tem ajudado nesse processo evolutivo. De que forma? A Terceira Lei de Newton explica: para cada ação, há uma reação de mesma intensidade em sentido contrário. Quando governos proibiram o Napster, os usuários migraram para o Kazaa. Quando este teve problemas, surgiu o LimeWire, baseado na rede descentralizada Gnutella. Em paralelo, estava sendo criado o protocolo BitTorrent, o qual é, hoje em dia, usado por diversos aplicativos para compartilhamento de tudo que é tipo de arquivos digitais — não apenas conteúdo "pirata".

Como alternativa ao sistema monetário centralmente planejado que hoje vigora, Satoshi Nakamoto inventou oBitcoin, uma moeda digital baseada em um protocolo com software de código-fonte aberto.

E quando decidirem controlar e amordaçar a internet, uma consequência — real e presente — não intencionada da famigerada lei do Marco Civil da Internet, o que faremos? A internet em si já é relativamente descentralizada, mas há iniciativas para aprofundar ainda mais essa descentralização, como é o caso da MaidSafe.

Muitos libertários internalizam a visão pessimista de mundo em que a liberdade é cada vez mais solapada e o estado avança inabalável. E há pouco o que podemos fazer senão alertar e educar os indivíduos.

Francamente, não subscrevo a essa visão. Não sou alheio aos males feitos pelo estado todos os dias, longe disso. Mas confio na inata e infinita criatividade do ser humano para encontrar soluções aos grandes problemas do nosso mundo, e por isso sou um eterno otimista.

Quando lograrem a efetiva proibição do Uber — o que não descarto —, surgirá o SuperUber, um aplicativo totalmente descentralizado, de código-fonte aberto, autorregulado e sem nenhuma empresa por trás. Sem intermediários. A tecnologia, que nada mais é do que a aplicação prática do conhecimento e da criatividade humana, prevalecerá.

Tudo isso nos leva a uma constatação importante: as façanhas em prol da liberdade que os nerds estão conseguindo realizar — por mero divertimento, talento ou ofício — ofuscam décadas de ativismo dos libertários.

O que nos remete a uma lição igualmente importante: a defesa da liberdade deve ser uma luta tanto teórica e intelectual quanto prática. Até porque a efetiva prática da liberdade, a experiência de liberdade, catalisa e reforça o próprio entendimento teórico e intelectual do porquê de sua defesa.

Nem todo mundo é a favor da livre concorrência, mas quase todos defendem o direito de usar o Uber com unhas e dentes. Poucos são contra as agências reguladoras, mas certamente muitos ficariam indignados se a ANATEL ordenasse as empresas de telecomunicações a bloquear o WhatsApp. O Banco Central é tido pela opinião pública como essencial, um sinal de modernidade; mas, no fim do dia, o trabalhador vai escolher a moeda que mais bem mantiver o seu poder de compra.

A tecnologia pode não apenas nos proteger do estado, como pode também tornar mais evidente o quão injustas são certas leis, e isso, por si só, já é um grande ensinamento. Não tenho a pretensão de saber todas as respostas às perguntas feitas acima. Tenho mais dúvidas que certezas. Mas tenho uma convicção: a de que a tecnologia está nos fazendo repensar o próprio papel do estado e isso é um passo fundamental para o triunfo da liberdade.

Conclusão

Por fim, deixo mais uma reflexão: se a tecnologia pode tornar a agressão institucionalizada impossível, isso demonstra que a violência estatal é de fato ilegítima? Ou será que deveríamos nos submeter voluntariamente a ela?

Alguns anarcocapitalistas acreditam que o fim do estado ocorrerá apenas quando acabar o seu apoio moral pelos indivíduos. Mas isso requer um esforço descomunal de convencimento teórico e intelectual da sociedade como um todo. A tecnologia pode ajudar — e talvez abreviar — nesse processo, demonstrando na prática a evidente ilegitimidade da violência estatal.


(*)Fernando Ulrich é mestre em Economia da Escola Austríaca, com experiência mundial na indústria de elevadores e nos mercados financeiro e imobiliário brasileiros. É conselheiro do Instituto Mises Brasil, estudioso de teoria monetária, entusiasta de moedas digitais, e mantém um blog no portal InfoMoney chamado "Moeda na era digital". Também é autor do livro "Bitcoin - a moeda na era digital".

quinta-feira, dezembro 24, 2015

‪#‎ChicoRouanetDeHavana‬.










Você pode discordar da redução da maioridade; do casamento entre pessoas do mesmo sexo; do casamento entre três, quatro ou cinco pessoas; da nomeação de membros do STF pelo executivo; da escolha do Procurador Geral da República por quem vai cometer ilícitos; enfim você pode discordar de um sem número de problemas que afetam o nosso pais.


O que eu não admito é que quem discorda de minhas convicções receba dinheiro (via lei rouanet) para defender o ponto de vista do governante.

O que eu mão posso admitir é que alguém defenda um regime que matou - e continua matando - mais de cem milhões de seres humanos só porque esses seres discordavam do governo.

Qualquer um que defenda o comunismo é meu inimigo!.

terça-feira, dezembro 22, 2015

O preço da tolerância: ISIS trouxe armas de destruição em massa para a Europa.








por Darren Boyle 

Especialistas alertam que armas de destruição em massa "foram trazidas sem serem detectadas" para a União Européia.




O ISIS recrutou especialistas com formação em química, física e ciência da computação para travar uma guerra com armas de destruição em massa contra o Ocidente, afirmou um chocante relatório do Parlamento Europeu.

A organização terrorista, de acordo com o documento informativo, "pode estar planejando tentar usar armas de destruição em massa proibidas internacionalmente em ataques futuros".

O documento, que foi elaborado na sequência dos ataques mortais em Paris, alegou que o ISIS já contrabandeou material de WMD (armas de destruição em massa) para a Europa.

Especialistas temem que o ISIS poderá explorar uma falha dos governos da UE ao compartilhar informações sobre possíveis terroristas.

Ultimamente, as forças policiais britânicas têm realizado exercícios sobre como lidar com vários tipos de ataque terrorista. Mas o relatório da UE afirma que o governo deveria "considerar abordar publicamente a possibilidade de um ataque terrorista usando armas químicas, biológicas, radiológicas ou até mesmo materiais nucleares.

O relatório, "ISIL/Daesh e armas ‘não-convencionais’ do terror" adverte: "No momento, os cidadãos europeus não estão contemplando seriamente a possibilidade de que grupos extremistas possam utilizar, materiais químicos, biológicos, radiológicos ou nucleares (CBRN), durante os ataques na Europa. Nestas circunstâncias, o impacto desse tipo de ataque, se ocorrer, seria ainda mais desestabilizador. "

Rob Wainwright, diretor da Europol disse após os atentados de Paris: "Estamos lidando com um perigo muito sério, com uma organização terrorista internacional determinada e bem provida de recursos, que agora está ativa nas ruas da Europa.

"Isso representa a mais séria ameaça terrorista enfrentada na Europa por 10 anos."

Sr. Wainwright advertiu que o ISIS tem considerável potencial em termos de recursos materiais e humanos.

Nomi Bar-Yaacov, membro associado no Departamento de Segurança Internacional da Chatham House disse: "Há um risco muito real de o ISIS usar armas não-convencionais na Europa, e além dela."

Wolfgang Rudischhauser, diretor do Centro de Não-Proliferação de Armas de Destruição em Massa da Otan disse: "O ISIS, na verdade, já adquiriu os conhecimentos e, em alguns casos, a experiência humana, que lhes permitiria usar materiais CBRN como armas do terror."

O relatório afirma que o ISIL/Daesh recrutou e continua a recrutar centenas de combatentes estrangeiros, incluindo alguns com formação em física, química e ciência da computação, que os especialistas acreditam que são capacitados para fabricar armas letais a partir de matérias primas.

Os governos da UE foram advertidos para investigar outros indivíduos radicalizados que têm acesso ou trabalham em áreas sensíveis’.

Os serviços de inteligência também foram advertidos para fazer uma triagem nos combatentes jihadistas para verificar se têm conhecimento especializado de CBRN.

O estudo afirma que 150 casos de tráfico nuclear ou radiológico são relatados anualmente.

Pior ainda: substâncias CBRN têm sido transportadas sem serem detectadas para a União Européia.

Relatórios mensais de inteligência sobre CBRN da Interpol mostram numerosos exemplos de tentativas de aquisição, contrabando ou utilização de materiais CBRN ("Chemical, Biological, Radiological and Nuclear Materials": Materiais químicos, biológicos, radiológicos e nucleares).


Publicado no DailyMail.

Tradução: William Uchoa