domingo, dezembro 31, 2017

Judeus ajudando cristãos que estão ajudando os muçulmanos na Siria





por Jarbas Aragão(*).



A CBN News fez uma reportagem especial, mostrando como, secretamente, um grupo de médicos cristãos juntou-se às forças israelenses para uma missão arriscada na Síria.

A história começa nas Colinas de Golan, quando soldados israelenses entraram na Síria para darem cobertura à missão cristã Frontier Alliance International, ou FAI. O país vizinho está em guerra desde 2011 e muitas pessoas não possuem acesso a hospitais. Os soldados garantem a segurança e os missionários atendem as pessoas feridas e doentes.

Nós apoiamos o Estado de Israel e amamos o povo judeu. Por isso, podemos intervir nessa grande crise humanitária da Síria em cooperação com o exército de Israel é um grande privilégio para nós como uma organização”, comemorou Dalton Thomas, da FAI.

A doutora Sally Parsons e a enfermeira Debbie Dennison ficaram cerca de sete semanas em uma aldeia síria, onde improvisaram uma clínica médica. “O Senhor nos chama para todas as nações, mas eu senti especificamente ele me dizer que era isso o que eu deveria fazer”, conta a médica.



Ela tem mais de 30 anos de carreira de clínica geral, mas precisou realizar procedimentos que nunca havia feito antes. Quando a equipe não sabia o que fazer, oravam e até pesquisavam no YouTube. “Nós baixamos um vídeo do YouTube mostrando uma cesariana e fizemos um parto. Ali, eu orei muito mais do que o normal”, revela.

Durante sua carreira nos EUA, Parsons nunca precisou fazer uma cesária. Na Síria, acabou realizando seis. “Quando eu ajudava um bebê a nascer, podia sentir suas mãos nas minhas. Foi o que nos sustentou, vermos uma nova vida em meio a uma guerra terrível. Foi uma benção incrível”, disse Parsons.



Durante a missão, eles enfrentaram cerca de 60 bombardeios e tiveram de se refugiar muitas vezes. “Eu pensei que poderia perder minha vida lá, mas pensava que, se Deus me chamou, iria me sustentar e tudo ficaria bem”, diz Parsons.

“Você precisa considerar o custo. É preciso dizer: eu te amo tanto que estou disposta a entregar a minha vida. Claro, minha resposta foi sim”, diz a enfermeira Dennison.

O diretor da FAI as chama de heroínas. “Essas pessoas estão dispostas, são altruístas, se parecem com Cristo. O autor de Hebreus disse que o mundo não é digno de pessoas assim”, diz Thomas.


A guerra na Síria não tem uma previsão de acabar e o projeto que une cristãos e soldados de Israel está crescendo. Thomas diz que todos os cristãos podem ajudar.


“Antes de mais nada, ore, interceda, peça que o Senhor da seara envie trabalhadores. Em segundo lugar, se você é um médico profissional, que ama o Senhor e consegue lidar com essas circunstâncias… nós precisamos de você”, explica.

“Podemos dizer que esse é o verdadeiro plano de paz no Oriente Médio… Judeus ajudando os cristãos que estão ajudando os muçulmanos. Mas pessoas são pessoas, não importa como as rotulemos: muçulmanos, cristãos ou judeus. Todos temos as mesmas necessidades e as mesmas doenças, precisamos de compaixão e amor, independentemente das barreiras”, conclui Dennison.

(*)Jarbas Aragão - noticias.gospelprimecom.br

sábado, dezembro 30, 2017

Uma típica mentira Abortista







por Hélio Angotti Neto (*)



Nas conversas entre aquelas pessoas a favor da vida humana e aquelas a favor do direito de decidir ou, em termos mais diretos, nas brigas entre os que são contra e os que são a favor do aborto, respectivamente, alguém do último grupo sempre costuma apelar para um dado curioso. Segundo a sabedoria abortista, proibir o aborto aumenta o número de casos. Se o aborto fosse legalizado, segundo eles, os casos de aborto tendem a diminuir.

Para muitos isso pode parecer contraditório. E, na maioria dos casos, é pura contradição mesmo!

Essa é mais uma das muitas mentiras a respeito do aborto que são veiculadas por iluminadas cabeças pensantes em meio à sociedade. Se continuarem pensando com essa qualidade, há de se questionar onde chegarão, senão na aniquilação da inteligência e da capacidade de apreender a realidade.

Abortistas de todos os tipos citam artigos produzidos por institutos claramente comprometidos com a causa abortista para defender a ideia de que os abortos são reduzidos com a legalização. Tais artigos, publicados em importantes revistas, são utilizados como porretes da autoridade científica para calar o adversário em um pretenso debate.

➤Vamos esclarecer algumas coisas desde já.

O que se chama debate, no Brasil, de regra é um reforço da mesma opinião previamente desejada, pertencente a uma elite progressista que se acha dona da verdade e considera o povo brasileiro retrógrado e incômodo. Como descreve Francisco Razzo em seu livro Contra o Aborto, o debate de regra é entre diversas opiniões a favor do aborto enquanto os contrários ao aborto são excluídos dos meios chiques da sociedade e da mídia de massas.[1] Melhor assim, para os detentores do futuro melhor de nosso país. Que esses evangélicos e católicos conservadores sumam de nossa frente ou, como diria certo professor universitário brasileiro, que sejam abordados em conversa na ponta de uma espingarda.[2]

Segundo ponto: os trabalhos que de regra são citados pertencem a Organizações Não Governamentais abortistas que recebem verbas milionárias de fundações internacionais abortistas e megaclínicas de aborto. O exemplo mais famoso é o Instituto Guttmacher, que publica nas badaladas revistas médicas como a Lancet, e recebe dinheiro da maior rede de clínicas abortistas do mundo, a Planned Parenthood, além de receber verbas da Bill and Melinda Gates Foundation. E tal instituto ainda tem a pachorra de afirmar que não há conflito de interesses em suas publicações. E, verdade seja dita, quando revistas como a Lancet ou o New England Journal of Medicine falam de política, é perceptível a agressiva agenda ideológica subscrita pelos autores e editores.

Terceiro ponto: há uma série de distorções estatísticas nesses trabalhos usados como fonte de autoridade científica. Mas, de regra, são citados por pessoas sem o menor preparo em Medicina Baseada em Evidências ou Bioestatística, funcionando como instrumentos de apelo à autoridade científica. Resumindo, esses artigos repletos de manipulação e conflitos de interesse são exemplos do uso burro de uma ciência deturpada por razões políticas e ideológicas.

➤E o que dizem os abortistas e os artigos? E qual é a realidade? Vamos aos fatos.

➽A distorção estatística e o caso dos Estado Unidos

De certa forma, os abortistas contam com a preguiça intelectual, a falta de competência em avaliar artigos ou a pressa do leitor. Esperam que alguém leia a conclusão que é lançada após páginas de expressões técnicas como Bayesiano e Teste de Kolmogorov-Smirnov e aceite tudo como a verdade divina descendo como maná dos céus. E na maioria das vezes é justamente isso que acontece.

Pessoas sem formação alguma na área de Medicina Baseada em Evidências se aventuram a ler conclusões ideológicas citadas em artigos distorcidos para fundamentarem suas crenças prévias.

Recentemente, um trabalho foi citado como prova de que liberar o aborto reduziria a prática.[3] Esse trabalho, relativamente recente, afirma que o número de abortos em países ricos, que em sua maioria legalizaram a prática, está caindo desde 1990, e que permanece alto em países em desenvolvimento, que ainda não legalizaram o aborto em sua maioria.[4] O que você entende? Que a legalização reduziu o número de abortos, certo? Vejamos com um olhar mais acurado.

Na década de noventa do século XX, a grande maioria dos países desenvolvidos já tinha legalizado o aborto há muitos anos. E as medidas do número de abortos realizados em países em desenvolvimento que não legalizaram a prática são expostas a diversos vieses e cálculos de correção dos dados que inflacionam a casuística formidavelmente.

Se queremos concluir sobre a legalização aumentar ou reduzir o número de abortos, o que devemos fazer? Voltar ao momento em que o aborto foi legalizado e acompanhar, ano a ano, a mudança no número de abortos. Isto significa checar os números antes e após a decisão do famoso caso Roe vs Wade, em 1973, nos Estados Unidos, por exemplo.

Antes da decisão, já se observava um aumento contínuo no número de abortos relatados, sem dúvida por causa da militância pró-aborto e das mudanças culturais dos anos sessenta, conforme relatado por Bernard Nathanson.[5] Foram reportados 390 casos de aborto para cerca de 4 milhões de nascimentos nos Estados Unidos em 1963. Ano a ano, o número de abortos aumentou, chegando em 1973 a 744.610 abortos em uma população de 3.136.965 nascidos vivos. O aborto ainda não fora liberado nos moldes pós Roe vs Wade, mas a pressão ideológica para sua liberação era intensa.

Neste momento os abortistas falarão que o número de abortos é muito maior, só que não é relatado. O que se conclui é que, uma vez legalizado, as mulheres procurarão um serviço dentro da legalidade no qual realizarão o procedimento sem o risco aumentado de uma intervenção clandestina, e o número real de abortamentos será revelado.

Em 1974, um ano após a decisão do tribunal no caso Roe vs Wade, o número de nascidos vivos foi de 3.159.958 e o número de abortos relatados foi de 898.570. Isso apontaria para um aumento de cerca de 150.000 casos teoricamente creditados aos casos não relatados, se admitíssemos uma estabilidade no número real de abortos realizados de 1973 para 1974.

➤Todavia, eis o que acontece com a casuística de abortos nos anos seguintes.[6]



Há uma clara tendência de aumento contínuo nos casos de aborto com certa estabilização após alguns anos da liberação dos casos. Essa tendência não é exclusividade dos Estados Unidos, repetindo-se em diversas outras casuísticas, às vezes com um crescimento muito mais prolongado ao longo dos anos seguintes à legalização.

Como o trabalho previamente citado verificou a casuística após a década de noventa, temos um cenário completamente diferente do exposto inicialmente. A distância temporal entre a legalização e os dados observados insere fatores de confusão que tornam a tentativa de estabelecer nexos causais extremamente frágil. Deve ser lembrado também que foi no ano de 1990 que se registrou o pico no número de abortos nos Estados Unidos. Contabilizar a partir desse pico obviamente demonstrará uma queda no número de abortos.

E há um agravante raramente lembrado: muitos estados americanos tem falhado em reportar a casuística de abortos realizados, o que gera um número subestimado. Um dos mais recentes relatórios dos Estados Unidos, publicado em 2017, informa uma casuística subestimada de abortos no ano de 2014 de 652.639 abortos.[7]

Há ainda outras características a serem observadas no campo cultural e político dos Estados Unidos. A recente ascensão da direita conservadora, a militância cristã pró-vida fazendo frente à antiga militância pró-escolha da revolução cultural e as alterações jurídicas que removem verbas bilionárias da indústria abortista no governo de Donald Trump irão gerar um profundo impacto nos próximos anos, salvando milhões de vidas e reduzindo ainda mais o número de abortos.

Tudo isso nos autoriza a compreender que o número de abortos realizados após a legalização sobe de forma catastrófica para décadas após ter a chance de começar a reduzir, caso o ambiente cultural e político se altere significativamente.

➤Abortando mundo afora

Em outros países o aumento de abortos após a legalização também é observado. No reino Unido, a legalização ocorreu em 1967. No ano seguinte, o número de abortos contabilizados foi de 23.461, 72% maior do que o registro de dez anos antes, que era de 13.570 abortos. Dez anos após a legalização, o número de abortos registrados foi de 141.558, um aumento de 945% em relação ao registro de 1958. Em 2008, o registro apresentou o explosivo aumento de 1480%, gerando uma casuística de 202.158 abortos. A população do Reino Unido, nos mais de quarenta anos contabilizados na série histórica do aborto, subiu somente 10%. É o genocídio de um povo e, consequentemente, de seu legado humano e cultural.[8]

Na Suécia, onde a legalização ocorreu em 1938, o número de abortos subiu em cerca de 9.000%, indo de 220 casos registrados para mais de 38.000 casos em 2015.[9]

Na Espanha, quando o aborto foi parcialmente legalizado em 1985, foram contabilizados 6.344 abortos. Somente dois anos após a legalização, o número de abortos já alcançava 16.766, quase o triplo de casos. O crescimento no número de casos de aborto ocorreu de forma contínua até 1996, quando foram registrados 51.002 abortos, um número aproximadamente oito vezes maior do que o registrado no primeiro ano. Só para se ter uma idéia, em 2010, quando uma nova legislação ainda mais liberal foi aprovada na Espanha, ocorreram 113.031 abortos.[10]

Analisando o reverso da moeda, um caso ilustrativo é o do Chile, no qual a restrição do aborto reduziu o número de casos e, para o desespero da militância abortista e aborteira, sempre à busca das evidências glorificadoras do extermínio de fetos, apresentou uma redução na mortalidade materna. Tal exemplo revela claramente que, se alguém deseja proteger a vida das mulheres, o caminho não é se oferecer para matar seus filhos.[11]

Outro país que conseguiu reduzir o número de abortos com a proibição foi a Polônia. Em 1956, após a legalização, o número de abortos também começou a crescer de forma descontrolada por anos seguidos, alcançando a marca de cerca de 272.000 casos em 1962. Cinco anos após a restrição legal em 1990, no ano de 1995, o número de abortos caiu para 570.[12]

Dados mais recentes publicados na Dinamarca, onde o aborto é legalizado, mostram, por fim, uma perturbadora realidade. A mortalidade entre mulheres que cometem o aborto é até três vezes maior do que a mortalidade entre as mulheres que não abortam.[13]Sacrificar o próprio filho tem suas consequências, e é uma cicatriz que a mulher levará por toda a vida e marcará profundamente a cultura de todo um povo.

(*)Hélio Angotti Neto – Professor e Coordenador do Curso de Medicina do UNESC. Médico formado pela UFES com residência em Oftalmologia e Doutorado em Ciências pela USP. Membro de Comitê de Ética em Pesquisa, Diretor da Mirabilia Medicinae (revista internacional especializada em Humanidades Médicas) e criador do Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina. Presidente do Capítulo de História da Medicina da Sociedade Brasileira de Clínica Médica – Diretoria Triênio 2017-2020.

Fonte: medicinaefilosofia.blogspot.com.br
midiasemmascara.org.



Notas:

[1] RAZZO, Francisco. Contra o Aborto. Rio de Janeiro & São Paulo: Editora Record, 2017.

[2] Como afirmou Mauro Iasi, professor universitário ganhador do Prêmio Stálin da Paz, isso mesmo, não ria, um prêmio da paz com o nome do assassino genocida e tirano Stálin: “tal pessoa é um ‘inimigo’ e deveríamos estar dispostos a lhe oferecer ‘um bom paredão’, o encontro com uma ‘boa espingarda’, uma ‘boa bala’, e por fim, ‘depois de uma boa pá, uma boa cova’. Afinal, ufana-se ele, ‘com a direita e o conservadorismo, nenhum diálogo, luta!’. BERLANZA, Lucas. Por que o “paredão” comunista pode e o golpe militar não pode? Instituto Liberal. Internet, https://www.institutoliberal.org.br/blog/por-que-o-paredao-comunista-pode-e-o-golpe-militar-nao-pode/

[3] Como descrito na série de artigos intitulada “O Extermínio do Amanhã”.

[4] Gilda Sedgh, Jonathan Bearak, Susheela Singh, Akinrinola Bankole, Anna Popinchalk, Bela Ganatra, Clémentine Rossier, Caitlin Gerdts,Özge Tunçalp, Brooke Ronald Johnson Jr, Heidi Bart Johnston, Leontine Alkema. ‘Abortion incidence between 1990 and 2014: global, regional, and subregional levels and trends’. Lancet, vol. 388, 2016, p. 258-267.

[5] NATHANSON, Bernard N. The Hand of God: A Journey from Death to Life by the Abortion Doctor Who Changed His Mind. Washington, DC: Regnery Publishing, Inc., 1996; NATHANSON, Bernard N. Aborting America: A Doctor’s Personal Report on the Agonizing Issue of Abortion. Fort Collins, CO: Life Cycle Books, 1979.

[6] JOHNSTON, Robert. Historical abortion statistics, United States. Last updated 23 February 2017. Internet, http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/ab-unitedstates.html

[7] Jatlaoui TC, Shah J, Mandel MG, et al. Abortion Surveillance — United States, 2014. MMWR Surveill Summ 2017;66(No. SS-24):1–48. DOI: http://dx.doi.org/10.15585/mmwr.ss6624a1

[8] JOHNSTON, Robert. Historical abortion statistics, England and Wales (UK). Last updated 22 October 2017. Internet, http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/uk/ab-ukenglandwales.html

[9] Estudos sobre Aborto. Estudos Nacionais. Internet, http://estudosnacionais.com/numeros-na-suecia/

[10] JOHNSTON, Robert. Historical abortion statistics, Spain. Last updated 25 February 2017. Internet, http://johnstonsarchive.net/policy/abortion/ab-spain.html

[11] Koch E (2014) Epidemiología del aborto y su prevención en Chile [Epidemiology of abortion and its prevention in Chile]. Rev Chil Obstet Ginecol 7(5):351-360. Internet, http://www.revistasochog.cl/files/pdf/EDITORIAL50-e0.pdf ; Koch E, Thorp J, Bravo M, Gatica S, Romero CX, Aguilera H, Ahlers I (2012) Women’s education level, maternal health facilities, abortion legislation and maternal deaths: a natural experiment in Chile from 1957 to 2007. PLoS ONE 7(5):e36613. DOI:10.1371/journal.pone.0036613. Internet, http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0036613

[12] JOHNSTON, Robert. Historical abortion statistics, Poland. Last updated 23 February 2017. Internet, http://johnstonsarchive.net/policy/abortion/ab-poland.html

[13] Gissler, M., et. al., “Pregnancy-associated deaths in Finland 1987-1994 — definition problems and benefits of record linkage,” Acta Obsetricia et Gynecolgica Scandinavica 76:651-657 (1997).






sexta-feira, dezembro 29, 2017

O pior “investimento” que alguém pode fazer no Brasil




por Christian Deon(*)






Nenhuma pirâmide financeira consegue dar mais prejuízo para alguém do que esse nosso sistema de previdência social. Sabe por quê?

Previdência Social é o pior “investimento” que alguém pode fazer no Brasil.

Quando alguém entra em um negócio de esquema financeiro (de base piramidal), certamente sabe o risco em que está incorrendo. Até porque esse tipo de mazela tende a acabar rápido e, se alguém busca algum benefício (que no final se tornará em malefício para os últimos que entrarem), precisa agir rápido.

Já na previdência social (também vergonhosamente piramidal), o risco deveria ser zero, porque não tem prazo final de atuação, é uma jogada de longo prazo e você “contribui” (falácia, já que ninguém tem a opção de não contribuir) para ter algo no final. Deveria ser o ganha-ganha, mas não é.


No nosso sistema previdenciário os jovens têm a obrigação de sustentar os mais velhos (que já contribuíram), mesmo sem saber se no futuro haverá alguém para sustentá-los. É, de fato, um esquema insustentável, ao contrário de um fundo de investimento onde o dinheiro fica rendendo. Para piorar, a má administração é tão grande que consegue te dar prejuízo no final.

Portanto, é melhor colocar seu dinheiro suado em uma poupança (que rende menos que a inflação), do que dar de bandeja para burocratas irresponsáveis “administrarem”, sem saber se terá algo lá para sacar no futuro e ainda depender de algum tipo de autorização estatal para ter o seu dinheiro de volta.

Pelo menos na poupança privada você sabe que vai ter alguma coisa lá quando decidir se aposentar!

PS: Se aceitar um conselho, melhor ainda é procurar fundos de investimento, para que seu dinheiro trabalhe para você, enquanto goza de uma velhice tranquila, sem mais grandes preocupações.

“PESSOAS QUE NÃO SE PREPARAM PARA O FUTURO, DEVEM ACEITAR O QUE VIER”.

(*)Christian Deon - Empreendedor, escritor, estudante de Economia pela UFMT e de Gestão Financeira pela Unicesumar, defensor das liberdades individuais.

Fonte: ilmt.com.br

quinta-feira, dezembro 28, 2017

Seis passos rápidos para ser um cineasta brasileiro de sucesso













por Daniel Moreno (*).






Se você quer virar um cineasta de sucesso e ter uma carreira bem-sucedida no Brasil, especialmente no chamado “circuito de festivais”, é fundamental que você consiga realizar um filme sintonizado com a agenda da esquerda. Afinal, é o “jet set”esquerdista quem manda não só na indústria, mas especialmente na comunidade formada por críticos, intelectuais e burocratas do cinema: é este pessoal quem define quem ganha prêmios e verbas para fazer novos filmes.

Esqueça a ideia de que é preciso “estudar muito”, conhecer a técnica cinematográfica e a história dos filmes. Há um caminho muito mais rápido para queimar etapas e sair do estágio de total diletantismo ao de celebridade empoderada da sétima arte. A “fórmula” de sucesso do filme esquerdista foi forjada década após década e hoje pode ser resumida em seis passos muito simples de compreender, conforme descrevo a seguir.

1- Não use o seu dinheiro para produzir o filme, use o dinheiro dos pagadores de impostos.






Pode parecer heróico usar a própria grana para produzir seu filme, mas você não está num romance de Ayn Rand. O povo de cinema simplesmente não se importa com isso. Além de poder usar seu próprio dinheiro para fazer outras coisas menos arriscadas, usar dinheiro dos pagadores de impostos para produzir seu filme traz uma vantagem adicional: festivais preferem filmes feitos com dinheiro público. O motivo é simples: é o governo que, de uma forma ou de outra, patrocina festivais e faz a roda do cinema “de arte” girar. Os burocratas do cinema esperam que o uso do dinheiro dos pagadores de impostos pelos cineastas seja “justificada” com o “sucesso” desses filmes nos festivais. Nada como um prêmio em festival para disfarçar o investimento em um tremendo abacaxi que ninguém quer ver. Fazer um filme com dinheiro público significa que você pode contar com o lobby da burocracia para defender que seu filme tenha uma “carreira” no circuito de festivais. Todo mundo estaria se lixando se o seu filme tivesse usado recursos puramente privados para ser financiado.

2 – Tenha um roteiro “sociológico”



Não saia por aí “tendo ideias” para filmes ainda que elas pareçam Shakespeare. É imprescindível que o enredo de seu filme tenha um pano de fundo que possa ser observado do ponto de vista sociológico com um ou mais personagens de grupo(s) humano(s) de fácil identificação. Pode ser um povo, uma etnia, uma identidade marginalizada, uma tribo urbana alternativa. Não importa: não são “personagens”, são tipos compreensíveis pela abordagem acadêmica e pela militância organizada o que realmente importa. Se você levar isto a sério, um monte de desconhecidos defenderá seu filme nas redes sociais. Você vai precisar disto mais cedo ou mais tarde.

3 – Choque a “burguesia” com um elemento de impacto







Lembre-se de que o bom filme esquerdista é, na verdade, uma ferramenta da revolução proletária, ou seja, um tapa na cara da “burguesia”. É preciso assustar a audiência tocando-lhe algum ponto fraco. O jeito mais fácil de fazer isto é ferindo sua sensibilidade com uma cena de violência gráfica: morte de um animal, assassinato sangrento, canibalismo, etc. Outra maneira é mostrar nudez e/ou sexo: se for explícito, melhor ainda. Se for possível juntar as duas coisas (violência com sexo), sua pontuação vai lá pro alto. Caso contrário, se você também for muito sensível, é possível simplesmente introduzir o “elemento de impacto” dentro da trama, sem mostrar nada. Por exemplo: sugerir um caso de amor entre pai e filha. O importante é causar.

4 – Aposte em personagem(s) “maluco-beleza”



Lógica dramatúrgica é uma convenção burguesa. Seu filme precisa é de situações que possibilitem aos personagens reagirem de forma errática, incompreensível ou francamente idiota. Seu roteiro precisa de pelo menos um personagem doido ou de uma cena absolutamente sem sentido. Muitos cinéfilos acabam se identificando e isto sempre ajuda nas votações populares dos festivais. Essa natureza “errática” da trama pode contaminar a própria estrutura da história (subvertendo a linearidade, por exemplo), o que também não será má ideia.

5 – Estabeleça seu filme como um produto da “contracultura”




Um filme de esquerda não é simplesmente um filme, ele é antes de tudo uma tomada de posição, um comprometimento político. Pense em todos os inimigos possíveis para a esquerda, em suas inúmeras variações, disfarces e roupagens. Lembre o que é a “cultura” ocidental judaico-cristã. Dê a ela uma valoração negativa em seu filme. Agora, pegue tudo que confronta tal cultura e dê uma valoração positiva. Seu filme tornou-se “contracultural”, o que significa que ele estará se contrapondo a instituições burguesas como família, casamento tradicional, igreja, divisão do trabalho, propriedade, etc. Você pode estar com uma tremenda preguiça e simplesmente colocar um personagem gritando “a propriedade é um roubo!” para a câmera – isto servirá. Ou ser mais “artístico” e sutil, relacionando os valores burgueses a toda sorte de perversão e patologia (o trabalho cansa, o lucro corrompe, a fé cristã é falsa, a propriedade não deve ser respeitada, etc.). Lacre em dobro.

6 – Prepare seu filme para a leitura marxista esquemática



Ninguém está esperando que você se torne o novo Stanley Kubrick – você só quer se dar bem fazendo um filme esquerdista. Então, produza um filme esquemático e maniqueísta para facilitar a leitura marxista padronizada que predomina entre os críticos e jurados de festivais. Não exija demais desse pessoal: mastigue bem a coisa toda na tela. Menos é menos mesmo. Melhor sobrar ideologia do que faltar. Isto significa que seu enredo tem obrigatoriamente que vestir seus personagens com as máscaras habituais do conto de fadas marxista: “opressores” de um lado, “oprimidos” de outro. As possibilidades dentro de tal contraposição são muitas: patrão contra empregado, homem contra mulher, polícia contra bandido, cristão contra muçulmano, machão contra feminista, hétero contra gay, empresário contra sindicalista, branco contra qualquer outra etnia, etc. Dedique ao primeiro grupo acidez e criticismo em escala industrial; ao segundo, observe com olhar de uma criança, sem nuances ou problematizações. Funciona sempre.

Se você está achando tudo isso uma mera caricatura, faça o teste: pegue um filme de sucesso do circuito de festivais. Confira se ele se encaixa de alguma maneira nesta fórmula. Você irá se surpreender com a quantidade de vezes em que ela se aplica precisamente. E não pense que isso só vale para produções de segunda categoria. Aplique o teste aos clássicos. Não poupe alguns dos grandes filmes do cinema europeu dos anos 1950 até hoje. O que costuma variar é o talento envolvido, a intensidade da experiência, a elaboração visual, a sobreposição de camadas de leitura e percepção. Mas a fórmula está lá: basta olhar atentamente. E fazer seu próprio filme esquerdista, se for o caso…

(*)Daniel Moreno - Produtor e diretor de filmes e documentários como “Reparação”, disponível no Youtube.
Fonte: ilisp.org

quarta-feira, dezembro 27, 2017

O último Natal da Romênia comunista




por Carmen Elena Dorobat(*).



Como Chuck Norris ajudou a derrubar o regime.


Em cada Natal dos últimos 27 anos, os romenos relembram a revolução ocorrida em 25 de dezembro de 1989, quando o regime comunista foi derrubado. 

O ditador Nicolae Ceausescu e sua mulher Elena Ceausescu foram capturados e fuzilados, com o evento sendo transmitido ao vivo pela televisão:



São poucos os romenos que se lembram com algum afeto da era comunista. A maioria se lembra do regime como ele realmente foi: uma época de pobreza, medo, e ausência de liberdade.

No início da década de 1980, Ceausescu já havia exaurido todo o capital que a Romênia acumulara. A população romena sofreu severas privações quando o governo tentou quitar de uma só vez toda a dívida externa do país (de aproximadamente 13 bilhões de dólares). As privações incluíam racionamento de eletricidade e de água quente (sob invernos rigorosos).

Talvez uma das privações mais penosas foi o "programa científico de alimentação", o qual estipulava quantidades máximas de produtos que uma pessoa podia comprar por mês.

A alimentação "cientificamente" controlada pelo governo

É interessante constatar como os fracassos do socialismo não apenas se originam das mesmas causas, como também tendem a se manifestar de maneiras incrivelmente similares. Assim como os venezuelanos de hoje enfrentam escassez e longas filas, aproximadamente 30 anos atrás, do outro lado do Oceano Atlântico, os romenos também tinham o hábito de passar várias horas parados em filas que se formavam perante prateleiras vazias. 



A diferença é que, para os romenos, tal situação rotineira já havia deixado de ser uma mera "crise temporária", que é como a atual situação da Venezuela ainda é descrita pelo governo. Tudo já era tristemente rotineiro.

E, assim como o governo da Venezuela se gaba de sua "boa organização" para controlar as filas dos supermercados e impedir que as pessoas comprem duas vezes na mesma semana, o regime comunista da Romênia, que já estava no poder havia mais de duas décadas, dizia que o racionamento de alimentos era uma medida voltada para promover a saúde e melhorar a qualidade de vida! 

Em 1982, Nicolau Ceausescu instituiu um "programa científico de alimentação" para o país, no qual quantidades de leite, ovos, carne, peixe etc. eram listadas, ao mesmo tempo, como recomendações de dieta e como quotas permitidas para a compra. À medida que o tempo foi passando, essas rações se tornaram cada vez mais escassas.

As compras podiam ser feitas somente por meio de um cartão de racionamento, no qual tais quantidades eram marcadas. A ração incluía as seguintes quantidades mensais:

Frango — 1 kgCarne suína ou bovina — 500g (não havendo,deve ser substituída
por carne enlatada da URSS)Frios ou patê de fígado — 800gQueijo - 500g (a cada 3 meses)Manteiga — 100gAzeite - 1 litroAçúcar - 1 kgFarinha - 1 kg (a cada 3 meses)Ovos — 8-12Pão - 300g/dia


O governo tinha várias explicações para essas limitações. Além de dizer que o estado estava preocupado em fornecer aos cidadãos uma dieta equilibrada e saudável, também havia a justificativa de que se estava combatendo os "especuladores" que estavam estocando comida.

O cartão de racionamento, no entanto, não garantia que os alimentos de fato estariam disponíveis, de modo que a maioria desses produtos só era obtida se você fosse um dos primeiros da fila. Com o tempo, isso gerou o ditado que dizia que, no comunismo, uma boa relação — ser amigo de um funcionário de uma mercearia estatal, que garantiria que você conseguisse todos os itens do cartão — era mais valiosa do que ter um imóvel no capitalismo.

Além dos alimentos, a gasolina também foi racionada em apenas 25 litros por mês, e a fila para conseguir o combustível frequentemente envolvia um esforço conjunto, no qual dois amigos se revezavam na fila em turnos diários, dentro do mesmo carro, esperando seu momento para abastecer. Enquanto um ficava na fila, o outro ia trabalhar. 

E para garantir que os romenos não iriam consumir muita gasolina, o governo adotou um rodízio, segundo o qual os carros não poderiam circular nos fins de semana dependendo do número final de suas respectivas placas. 

Adicionalmente, para sobreviver ao inverno, aquecimento e água quente só estavam disponíveis durante algumas horas do dia. Assim como televisão e eletricidade.

À época, as autoridades comunistas gostavam de se gabar dizendo que os cidadãos romenos usufruíam todos os benefícios da vida moderna, mas nenhuma de suas injustiças

Uma revolução silenciosa

Em paralelo a tudo isso, um contrabandista de fitas VHS e uma tradutora de inglês contrabandearam para a Romênia e dublaram para o romeno milhares de filmes ocidentais, especialmente filmes de ação. Estes filmes foram então distribuídos e ilegalmente exibidos para grupos de 20 a 30 pessoas de cada vez. 

Desta maneira, amontoados perante uma televisão que lhes mostrava amenidades básicas com as quais nem sonhavam existir, os romenos foram se tornando dolorosamente cientes de sua pobreza e isolamento. As revoltas populares foram se intensificando e a queda do regime comunista, algo inevitável, ocorreu antes do fim da década.

Essa história virou um documentário lançado este ano, intitulado "Chuck Norris contra o Comunismo" (aqui o website).


Aqui o Teaser:

Reportagem Visual do NY Times


Um Natal normal

Após 1990, os cardápios para a ceia de Natal dos romenos não mais foram submetidos a concessões institucionais — e nem os cardápios de nenhuma outra refeição.

Mas talvez o fato em relação ao qual eles estão mais felizes é o de poder celebrar o Natal sem o temor de serem denunciados pelos vizinhos para a polícia secreta.

(*)Carmen Elena Dorobat  é pós-doutoranda em economia na Universidade de Angers, na França, e professora na Bucharest Academy of Economic Studies.

Fonte: mises.org.br

terça-feira, dezembro 26, 2017

Trump ganha batalha na Suprema Corte sobre proibição de viagens




por Everthon Garcia(*).





Banimento total entra em vigor enquanto tribunais inferiores apreciam recursos.

O Supremo Tribunal dos Estados Unidos decidiu que a mais nova proibição do presidente americano Donald Trump de viagens para os EUA de sete países propensos ao terror pode entrar em pleno vigor. Sete dos nove juízes da Suprema Corte decidiram a favor da proclamação de Trump de 24 de setembro de que quase todos os cidadãos do Chade, Irã, Líbia, Coreia do Norte, Síria, Somália e Iêmen estão proibidos indefinidamente de entrar nos Estados Unidos a partir de 18 de outubro.

Citando ameaças à segurança nacional, Trump também colocou restrições a alguns cidadãos venezuelanos e exigências de escrutínio para cidadãos iraquianos. O Sudão foi colocado na lista inicial de proibição de viagem, mas depois foi removido.

Os juízes Ruth Bader Ginsburg e Sonia Sotomayor discordaram do entendimento. A decisão diz que a proibição pode entrar em vigor enquanto os tribunais inferiores resolvem os recursos que tramitam contra ela.

Tribunais inferiores disseram que pessoas dos países afetados que mantêm relacionamento “de boa fé” com alguém nos Estados Unidos não podiam ser proibidas de entrar no país ─ incluindo avós e primos.

O vice-secretário de imprensa da Casa Branca, Hogan Gidley, disse que o presidente não ficou surpreso com a decisão do Supremo Tribunal.

“A proclamação é lícita e essencial para proteger a nossa pátria. Estamos ansiosos para apresentar uma defesa mais completa da proclamação, pois os processos pendentes tramitam nos tribunais”, disse Gidley.

O Ato de Imigração e Nacionalidade determina que o presidente pode “suspender a entrada de todos os estrangeiros ou qualquer tipo de estrangeiros” sempre que ele achar que “a entrada de qualquer estrangeiro ou de qualquer tipo de estrangeiros para os Estados Unidos prejudicaria os interesses de os Estados Unidos”.



As restrições de viagem de Trump em setembro foram sua terceira tentativa e foram adaptadas aos países envolvidos, com base em uma revisão de quase 200 países entre março e julho pelo Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês).

“Não podemos nos dar ao luxo de continuar as políticas fracassadas do passado, que apresentam um perigo inaceitável para o nosso país. Minha maior obrigação é garantir a segurança do povo americano”, afirmou Trump em um comunicado à época.

“As restrições e limitações impostas por esta proclamação são, a meu ver, necessárias para evitar a entrada de estrangeiros sobre quem o governo dos Estados Unidos não possui informações suficientes para avaliar os riscos que representam para os Estados Unidos.”

As novas regras não se aplicam aos residentes permanentes legais nos Estados Unidos, mas os vistos já emitidos para cidadãos desses países foram revogados. Uma vez que os vistos de não imigrantes expiram, no entanto, estão sujeitos às novas restrições. Os cidadãos da maioria dos países listados não poderão emigrar sob a nova proibição.

A revisão do DHS também listou países que precisam fornecer mais informações para os pedidos de visto para satisfazer as autoridades dos EUA de que o indivíduo não é uma ameaça à segurança ou à segurança pública.

Cada país também foi examinado quanto a ser um refúgio terrorista conhecido ou potencial; ser participante do programa de isenção de visto; e se recusa regularmente a receber de volta seus cidadãos que estão sujeitos a deportação dos Estados Unidos.

O DHS inicialmente identificou 16 países como “inadequados” e 31 países adicionais como “em risco” de se tornarem “inadequados”, com base em seus critérios. O Departamento de Estado passou então 50 dias mobilizando esses países para ajudá-los a cumprir os critérios e evitar restrições de viagem.

“Esses compromissos renderam melhorias significativas em muitos países”, afirmou a proclamação em setembro. “Vinte e nove países, por exemplo, forneceram exemplares de documento de viagem para uso dos funcionários do Departamento de Segurança Interna para combater fraudes. Onze países concordaram em compartilhar informações sobre terroristas conhecidos ou suspeitos.”

O Supremo Tribunal declarou que espera que todas as decisões de recursos sejam processadas rapidamente.


(*) Everthon Garcia - conservadorismodobrasil.com.br

segunda-feira, dezembro 25, 2017

Jesus pobre ou rico?






por Anderson Manilha(*).



Fomos ensinados a ser pobres porque, dizem, "Jesus era pobre". Essa é uma ideia que ultrapassa muitas gerações e tem a sua razão de ser. Esse conceito está arraigado em nossa mente tanto em função de toda uma perspectiva de dominação social da igreja cristã ao longo dos séculos, como também advinda de interpretações erradas que em geral não foram suficientemente questionadas. 

No natal, quando cantamos "Noite Feliz", dizemos: "Pobrezinho, nascido em Belém", em relação a Jesus, e isto nos basta. Em função disso, quantos de nós fomos ensinados que Jesus era pobre e vivia de favores? Como todos nós ouvimos e aprendemos desde criança que Jesus era pobre em função disso desenvolvemos a ideia de que Ele era realmente pobre. A nossa imagem interior de Jesus é, portanto, a de um homem sem dinheiro, sem casa e que achava errado ter posses ou dinheiro. A própria arte retrata um Jesus pálido, com uma tristeza profunda no rosto, um corpo esquálido e fraco. Parece mesmo um "pobrezinho" a inspirar cuidados. Mas esse Jesus está longe do que é mostrado nos evangelhos. - um homem vigoroso que fazia longas caminhadas, subia montanhas para orar, que enfrentava de chicote em punho os vendilhões no templo, e ainda jejuou quarenta dias num deserto. Não obstante toda essa clareza bíblica, na maioria das vezes o que prevalece é essa imagem deturpada, gerando de certa forma deformidades de comportamento naqueles que tentam imitá-lo. 

É assim também com a situação financeira de Jesus. Uma vez que entendemos que Jesus viveu em enorme pobreza, isso tem reflexos de algum modo na nossa vida pessoal e na vida da igreja. Se temos posses ou dinheiro, desenvolvemos um relativo complexo de culpa por possuirmos bens. Se não temos nada ou temos de modo insuficiente, conformamo-nos porque, se admitimos que Jesus que era Jesus não teve nada, então nós não temos o direito de ter coisa alguma. Por conta disso, anuviamos nossas culpas com cânticos que expressam o nosso conformismo em não ter, achando talvez que não ter é a melhor opção para quem quer ser. Não ter se torna combustível psicológico alternativo para aqueles que desejam ser humildes, fiéis e tementes a Deus. Jesus não era um pobretão e tampouco vivia de favores, como historicamente tem pregado a tradição católico-cristã. Ele também não era rico e tampouco tinha uma vida de ostentação, como querem fazer parecer alguns mestres da teologia da prosperidade e do movimento da fé. Sua vida financeira era equilibrada e Ele tinha uma vida próspera. Jesus, como nenhum outro, ensinou como lidar com o dinheiro, e cerca de dois terços de seus ensinos sobre a nossa interação social versaram sobre finanças. 

Se alguém afirmar que "Jesus não era pobre", possivelmente isso resultará em imediata oposição ou simplesmente em rotulação de que tal pessoa é um apologista da teologia da prosperidade. Gostaria que vocês evitassem por um momento qualquer posição extremada, para que possamos debater juntos, passagens da historicidade de Jesus quanto ao aspecto financeiro. O nascimento e os reis Magos. Que Jesus nasceu numa estrebaria, é inegável. Mas isso aconteceu tão-somente porque em Belém não havia lugar para José e Maria se hospedarem. Foi uma circunstância temporária que ficou fora do controle de José. 

A verdade é que a cidade estava cheia. os hotéis e pousadas (que provavelmente não eram muitos) estavam todos ocupados - as pessoas, como você sabe, em decorrência de um decreto do Império Romano, foram obrigadas a irem à sua cidade de origem para se alistar. A história toda desse episódio está descrita no Evangelho de Lucas (2.1-7). Nada é dito ali a respeito de José não ter dinheiro para pagar a hospedagem da própria família. O que o texto diz é: "... não havia lugar para eles na estalagem" (v.7). O episódio sugere que ele tanto tinha com que pagar que, inclusive, procurou alugar um quarto, mas não tinha nenhum local disponível, porque todos estavam alugados. A situação, porém, não continuou dessa mesma forma. Mateus sugere que, assim que puderam, eles se mudaram para uma casa, porque foi este o lugar onde os magos do Oriente chegaram para visitar Jesus. Como está escrito: "E, entrando na casa, [os magos] acharam o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se, o adoraram... " O texto diz que eles entraram na casa e não no estábulo. 

A tradição natalina crista comete uma série de equívocos em não saber diferençar a visita dos magos da dos pastores. Nos presépios normalmente os magos oferecem seus presentes enquanto o mesmo Jesus ainda se encontra na estrebaria, mas essa versão não é a correta. Na verdade, quando os pastores visitaram Jesus, eles o fizeram provavelmente no mesmo dia do nascimento, na estrebaria. O anjo do Senhor disse aos pastores: "... na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor". Eles então resolveram ir até Belém. O texto diz: "E foram apressadamente e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura". A visita dos magos, porém, deu-se longo tempo após esse primeiro evento. Se nos basearmos pela ordem dada por Herodes - Mandar matar todos os meninos de dois anos para baixo - veremos que Jesus deveria estar nessa mesma faixa de idade. Quando os magos chegaram na casa, o mesmo texto nos indica o que eles fizeram em seguida: 

"...prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra". 

Aqueles homens eram magos e trouxeram presentes caros que só eram dados para um rei. 

Em termos modernos, eles eram conselheiros de cortes reais; eram parte da elite de sua época e portanto, ricos e influentes. O que você pensa pode ser o presente de homens ricos e poderosos que sabem estar adorando ao Rei dos reis? Não há nenhuma indicação ao certo de quantos magos eram. Russel Champlim. autor de O Novo Testamento versículo por versículo, expõe o seguinte: "O registro da Bíblia não diz quantos magos vieram ver o bebê em Belém". "As igrejas primitivas argumentavam sobre esse ponto. Os cristãos orientais têm uma tradição de doze sábios, cada um deles representando uma das doze tribos. Alguns antigos mosaicos mostram apenas dois magos, ao passo que outros exibem sete ou mesmo onze."

Por serem três tipos de presentes muitos creem se tratar de três magos. Quanto ao presente, eles ofereceram "ouro, incenso e mirra". Quando um rei nascia, o costume no Oriente era oferecer "presente de rei". O presente fala de quem o dá e de quem o recebe. De um lado, isso refletia o que o presenteados pensava do rei presenteado; do outro, indicava o que pensava o rei que recebia o presente acerca do rei que o ofertou. O presente estabelecia a qualidade do reinado e também o seu domínio, de modo que não poderia ser um presentinho qualquer, uma vez que aqueles magos estavam adorando ao Rei. 

Há alguns exemplos bíblicos de "presente de rei". O presente de Hirão a Salomão: 

"Hirão, rei de Tiro, trouxera a Salomão madeira de cedro e de faia e ouro... E enviara Hirão ao rei cento e vinte talentos de ouro"
O presente da rainha de Sabá a Salomão: 

"E ouvindo a rainha de Sabá a fama de Salomão... veio a Jerusalém com um mui grande exército, com camelos carregados de especiarias, e muitíssimo ouro, e pedras preciosas". 

O presente mostra a admiração que um rei tem pelo outro rei. Os exemplos acima, conquanto não valham como referências diretas que determinem o que Jesus recebeu como presente, servem para identificar o elemento motivador de um presente de rei. Os presentes que Jesus recebeu eram, provavelmente, substanciais e valiosos. Assim, se você acha que Jesus era pobre, financeiramente falando, então considere se essa é uma maneira de um "menino pobre" começar a vida. Qual de nós começou a vida com ouro, incenso e mirra?

Afinal: você começou a vida dessa forma, com uma poupança em ouro, incenso e mirra? Note que não estou afirmando que Jesus era rico e vivia uma vida de ostentação. O que estou dizendo é que Ele não era pobre em termos financeiros, como tem sido argumentado historicamente. 
O que quero mostrar em seguida é que Jesus não tinha um ministério desprovido de recursos financeiros, mas que Ele vivia na plenitude da bênção de Deus, (você sabe o que é isso!) inclusive nesta área. Ele tinha um estilo de vida simples, mas não pobre. Jesus era, para todos os efeitos, era um homem próspero! Eu gostaria de antecipar a definição de prosperidade da seguinte forma: 
"Prosperidade é ter mais do que suficiente para suprir suas próprias necessidades, e ainda ter sobras para investir no reino de Deus e ajudar aos pobres" 

É neste contexto que procuro demonstrar a prosperidade na vida de Jesus. Com pensamentos baseados em uma lavagem cerebral religiosa, tirada sabe-se lá de onde, pessoas e igrejas usam como base principal para a pobreza de Jesus o Fato dele ter vindo de Nazaré. Independente de qualquer conceito absurdo que você tenha, devemos nos lembrar que isso foi para que se cumprisse uma profecia. Quanto ele ser carpinteiro, Mateus registra que Jesus era filho de carpinteiro: 

"Não é este o filho do carpinteiro?" 

Marcos acrescenta que Jesus mesmo exercia a profissão de carpinteiro: "Não é este o carpinteiro...?" Mas o que quer dizer isso? Seria, porventura, uma prova irrefutável de que Jesus era pobre? O fato de que Jesus era um carpinteiro serve perfeitamente para provar que Ele não era rico, mas jamais poderá alicerçar o argumento de que, em função disso, era pobre. 

Naquele tempo se contavam nos dedos das duas mãos o número de profissões. Hoje já passa de três centenas o número de profissões registradas. Quem tinha uma profissão e, como Jesus, exercia a carpintaria, era o que se poderia chamar, guardadas as devidas proporções, de um profissional liberal. Era um componente da "classe média" trabalhadora da época. Não poderia de maneira alguma ser contado na categoria de pobre. Essas perguntas que identificam Jesus como carpinteiro, surgiram no contexto da perplexidade popular diante da autoridade de Jesus ao ensinar na sinagoga, e pelos milagres poderosos que efetuava rotineiramente. Mas de maneira nenhuma refere-se a um julgamento de posição social ou da capacidade econômica de Jesus. Com isso concorda Russel Champlim quando diz; O uso do termo "carpinteiro" aplicado a Jesus não significa que Ele fosse inferior a seus críticos, e sim, que dificilmente esperariam que tal homem fosse grande autoridade religiosa e operador de milagres, e, menos ainda, o próprio Messias. Ao referir-se a Jesus como "carpinteiro", o povo não pretendia dizer que Jesus lhes fosse inferior. 

Dizem alguns comentaristas que a palavra grega que foi traduzida como carpinteiro - tektõn - é a mesma utilizada para construtor, indicando que a profissão correspondia a algo mais do que um mero artesão da madeira. O doutor F. Davidson, editor de O novo comentário da Bíblia, diz o seguinte a respeito dessa questão: José é chamado de carpinteiro, traduzido do gr. tektõn, que significa tanto "pedreiro" como "carpinteiro". Pesquisas recentes revelam que Belém era o centro dum grêmio de pedreiros que praticavam sua profissão em todo o país. Esse fato pode explicar a conexão que José tinha com Belém... Russel Champlim, de forma análoga, afirma o seguinte: No grego, a palavra traduzida como carpinteiro é um vocábulo antigo, que pode significar uma pessoa que trabalha com madeira, metal ou pedras. Veja que é surpreendente o fato de que Jesus cita em suas parábolas vários exemplos a respeito de construção e nenhum sobre carpintaria. 

De qualquer maneira, era mais provável que a sua profissão abrangesse as duas atividades. Hoje talvez até fosse possível identificar um carpinteiro ou construtor como alguém pobre, mas não naquele tempo. Jesus certamente não era rico, mas a sua profissão o colocava na situação de poder viver uma vida economicamente estável. Outro ponto muito usado para dar base a suposta pobreza de Jesus é a oferta de Maria. A lei cerimonial dada por Moisés deixava bem claro que tipo de sacrifícios deveriam ser feitos e que procedimentos em cada situação. No caso específico da purificação da mulher após o parto, que acontecia no quadragésimo dia após o nascimento da criança, havia dois tipos de oferta possíveis para o sacrifício. Veja o que dizia a lei: 

"E quando forem cumpridos os dias da sua purificação por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano por holocausto e um pombinho ou uma rola para expiação do pecado... Mas, se a sua mão não alcançar assaz para um cordeiro, então, tomará duas rolas ou dois pombinhos..."

Maria foi protagonista dessa última oferta. Em razão disso, a maioria das pessoas utiliza este fato para provar que Jesus era pobre e viveu toda sua vida em extrema pobreza e dependência dos outros. Mas uma vez é bom lembrar que este fato serve perfeitamente para lembrar que Jesus não era rico. No entanto, utiliza-lo para provar que Jesus permaneceu a vida toda pobre, é no mínimo, ferir as principais regras de hermenêutica. Vejamos alguns aspectos que devem ser considerados.

Primeiro o nascimento de uma criança, envolve sempre gastos adicionais, e com Jesus não seria diferente. Além do mais, José e Maria fizeram uma longa viajem em decorrência do decreto de recenseamento de César Augusto, imperador de Roma. Eles saíram da Galileia para a Judeia, de Nazaré para Belém, o que significa viajar praticamente metade de todo o território de Israel naquela época. As despesas não devem ter sido pequenas para esse empreendimento.Em Belém, após o nascimento de Jesus, eles provavelmente tiveram que reorganizar suas vidas, semelhantemente ao que acontece numa mudança, com todas as suas implicações, e tiveram de encontrar casa para morar, cuidar do bebê ,etc. O evangelista Mateus indica que eles estavam morando numa casa,o que significa que haviam deixado a estrebaria. O texto não acrescenta nada mais quanto a isso, mas podemos presumir que tiveram algumas despesas com essa mudança. 

Segundo:há contundentes evidências de que a situação da família de Jesus não continuou a mesma. Depois da visita dos magos, o mesmo texto indica que eles possuíam "ouro, incenso e mirra" , o que com certeza ajudou a garantir o seu sustento, inclusive durante o exílio no Egito. Mas lembre-se que até a purificação, provavelmente os magos ainda não haviam chegado. Em suma, o que facultou a oferta de Maria ser a mesma dos despossuídos foi uma situação meramente circunstancial e temporária. Ou ela podia dar um cordeiro ou não podia, mas a oferta tinha de ser oferecida no quadragésimo dia. Essa era a lei. Como ela não dispunha de um cordeiro de um ano, ofereceu apenas o que podia, dois pombinhos ou duas rolinhas. isso, no entanto, não prova que Jesus era pobre, financeiramente falando, ou que tenha vivido a vida toda em pobreza. Prova, sim, que a família passou par certas dificuldades como qualquer outra família na face da terra que tenha enfrentado as mesmas circunstâncias. Além disso, há todo um mistério por traz desta oferta que não vou comentar agora pois daria um livro, e não temos espaço pra isso. Não estou dizendo que Jesus era rico, estou dizendo que não era o pobre que nos mostraram. 

Quanto a ser esta mais uma tentativa da teologia da prosperidade em alicerçar suas doutrinas nada Bíblicas,quero dizer que não prego a prosperidade, prego o abandono da miséria,eu seria do diabo se concordasse com ela que é fruto do maligno. Muitas pessoas estão passando por situações difíceis, por falta de discernimento bíblico não basta estudar a bíblia,lembre-se que em parte sabemos e em parte profetizamos,é preciso que o esclarecimento venha de Deus, e é isso que tenho buscado, não com base em doutrinas de homens, mas na palavra de Deus. Não seja do tipo que vive uma vida miserável, toda enrolada, e tenta se convencer que tudo isso é plano de Deus, pra esconder sua própria incompetência. 

Sei que este conceito precisa ser mudado, é preciso crer num Deus que ama, não num Deus que leva o filho, que quebra a perna e mata os pais, Deus é amor, e Jesus seu filho é manso e humilde de coração. Muitos creem num Deus que faz negociatas cósmicas com Satanás, a respeito de nossas vidas pra provar que somos fiéis, e também que Ele dá, depois toma, pra em seguida dar em dobro. Apresentam isso como parte do jogo da fé, uma espécie de seleção natural da nossa espiritualidade, na qual somente os mais fortes sobrevivem. Temos portanto, que provar para Deus que somos aptos e merecedores de andar com Ele. Mas tudo isso à custa de muito sofrimento e privações. Qual é sua idéia sobre Deus? 

Creia num Deus que sara que cura e que é Galardoador dos que o buscam, pois isso é necessário para que se receba a Vitória, e não sou eu quem disse isso, foi a bíblia, ou seja Deus. Um amigo de Teologia do orkut, me enviou uma mensagem dizendo que ao estudar a bíblia viu uma passagem onde Jesus diz que não tinha onde reclinar a cabeça, por conta disso, parei tudo e resolvi responder essa questão. Em função desta passagem bíblica, muitos acham que Jesus tinha muito mal suas sandálias, e nenhuma outra posse. Não pensam que ele tinha inclusive uma casa pra viver. Para provarem isso, citam fora de seu contexto a passagem na qual Jesus diz: 
"As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça"

Não compreendem , assim, a situação que Jesus enfrentou e que o motivou a dizer isso. Veja o que diz o texto introdutório de todo o contexto desta história. "E aconteceu que completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém. E mandou mensageiros diante da sua face, e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe prepararem pousada. Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia para Jerusalém. 

Vejamos então o que ocorreu: Jesus tinha programado ir para Jerusalém, incluindo uma parada estratégica para descanso numa aldeia samaritana. Por isso enviara uma equipe à frente para preparar tudo, como seria razoável e normal fazer. Quando ele chegou a cidade, descobriu que aqueles samaritanos não iriam recebe-lo porque viram que Jesus estava se dirigindo para Jerusalém, e os samaritanos não se davam com os Judeus. Por causa deste preconceito, eles não o receberam. Vamos continuar a história: 

"Indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores. e disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça". 

Qualquer pessoa de bom senso pode verificar que, em decorrência de não ter podido ficar na cidade, Jesus e os discípulos, rejeitados que foram, estavam se encaminhando para um outro lugar. No caminho um homem lhe diz que queria segui-lo para onde Jesus fosse. Como era pequena aquela aldeia, certamente não havia pousada em cada quarteirão para a sua equipe. Diante da possibilidade de passar toda aquela jornada pelos muitos quilômetros na terra dos samaritanos até chegar a Jerusalém, sem um lugar para poder dormir a noite, Jesus não tinha obviamente "onde reclinar a cabeça". Jesus estava falando de uma situação temporária de um homem que fora rejeitado com sua equipe. Ele estava falando de não ter sido aceito naquela cidade e provavelmente ser rejeitado durante toda a viajem em cidades samaritanas. Uma regra áurea de interpretação das escrituras, é comparar o que está escrito, com o que também está escrito. Dessa leitura superficial do que está escrito, que Jesus não tinha onde reclinar a cabeça, surgem interpretações de que Jesus não tinha sequer uma casa para morar, que morava na casa de Pedro. Essas anotações podem ser vistas em notas de rodapé de principais bíblias de estudo. Gostaria de falar sobre isso , mas isso é uma outra história... 

Fiquem com Deus, e não se guiem pelo que os homens e as bíblias de estudo ensinam, peça discernimento a Deus. 

"Lembre-se que em parte sabemos e em parte profetizamos".

domingo, dezembro 24, 2017

Seu Jorge e a Previência





por Pedro Fernando Nery(*).



Aos 77 anos, Giorgos não imaginava passar por aquela situação. Após trabalhar por anos na mina de carvão e na fundição, ele saíra naquela manhã de verão para sacar a aposentadoria da mulher. Sensibilizou-se com os pedintes que viu pelo caminho. Lembrou-se dos suicídios: não suportava mais ver o seu país assim. Tentou o saque da aposentadoria em uma agência, não conseguiu. Depois foi a mais um banco, nada. Insistiu em fazer o saque em mais outro, mas novamente sem sucesso. Na quarta vez que não conseguiu receber o benefício, Seu Giorgos não aguentou. Sentou no meio da calçada e chorou.

Um ano depois, talvez tivesse algum conhecido seu entre os que manifestavam contra o 15º corte no valor das aposentadorias, que ocorria mesmo após um ano da posse do primeiro-ministro Tsipras, do partido que chegara ao poder com discurso antiausteridade. Naquela ocasião, os manifestantes de cabelos brancos toparam com um ônibus da polícia no meio de sua passeata. Juntaram-se para tentar retirá-lo do caminho. A polícia respondeu à investida dos idosos. Com spray de pimenta.

Irresponsabilidade fiscal e contabilidade criativa foram alguns dos causadores da complicada crise da Grécia. Em um dos países mais envelhecidos da Europa, a crise levou a cortes de aposentadorias e até a feriados bancários, como o que Seu Giorgos Chatzifotiadis enfrentou. A foto do seu pesadelo, “O homem que chora”, correu o mundo.

***

Em alguns anos, Seu Giorgos pode ser Seu Jorge. Um idoso de mesmo nome que acreditou na mesma promessa de seu país de pagar a ele uma aposentadoria como pagou a de outros. Seu Jorge está desesperado com a sua aposentadoria cortada. A idade avançada não lhe permite mais trabalhar, e ele não consegue tratar suas doenças crônicas no SUS, cada dia mais sem dinheiro. É arrimo de família, uma vez que seus parentes jovens estão desempregados. Seu país vive uma crise grega, só que com sua renda per capita de Turquemenistão. Antes dos cortes, Seu Jorge já ganhava a metade do que ganhava Seu Giorgos.

Não acredita no que acontece. Vários anos antes ouviu de novo aquela ladainha de reforma da Previdência, mas recebeu no Whatsapp o vídeo explicando que tudo era mentira: a Previdência não tinha déficit, sobrava dinheiro que o governo desviava pra alguma coisa que Seu Jorge não entendeu muito bem o que era.

Seu Jorge não sabia que o vídeo fora criado por Nelson. Nelson ganhava bem mais que Seu Jorge, tinha direito a uma aposentadoria muito maior e com aumentos mais generosos, custeados não por suas próprias contribuições, mas pelas de pessoas como Seu Jorge. Nelson perderia esses direitos se o governo fizesse uma reforma.

Nelson era um orgulhoso servidor público, membro da associação que representava a sua carreira. Seu Jorge confiou na informação do vídeo que recebeu porque tinha o selo de uma associação nacional de auditores. É coisa de doutor, pensou. Seu Jorge não sabia que cabia a associação de Nelson representar a carreira de elite com maior número de aposentados e pensionistas da União, 20 mil.

Entre as pautas da associação de Nelson, publicamente apresentadas em seu site em 2017, estavam o direito aos aumentos generosos, o fim da contribuição de servidores aposentados e até o direito desses aposentados receberem bônus de produtividade – de acordo com o aumento da arrecadação de impostos. No momento em que Seu Jorge recebeu o vídeo, este bônus era inclusive negociado pela associação de Nelson com o governo no meio de uma medida provisória. Insatisfeita com a proposta, a associação de Nelson contratou até um ex-presidente do Supremo Tribunal Federal para levar o pleito à Justiça. A associação também mobilizava seus recursos em 2017 para a campanha mostrando que não existia déficit na Previdência ou na Seguridade Social.

Nelson tinha um ponto de vista claro sobre como devem ser apresentadas as contas da Seguridade, mas Seu Jorge não tinha a mesma clareza. No vídeo que produziu, Nelson omitiu que a contabilidade de sua associação exclui as despesas com as aposentadorias e pensões dos próprios servidores públicos, e também não achou necessário mostrar que ainda assim havia um déficit já para o ano de 2016.

Seu Jorge não dava bola para o papo de crise na Previdência. Além do vídeo, ficou tranquilo ao ler no jornal que uma importante entidade da sociedade civil alertava que a reforma do governo era baseada em premissas equivocadas. Não entendia do assunto, mas novamente quem estava afirmando era doutor.

Seu Jorge também não percebia que cabia a esta outra entidade defender advogados como Miguel. O escritório de Miguel lucra ao conseguir benefícios do INSS para seus clientes, retendo em honorários uma parte do pagamento de aposentadorias rurais, aposentadorias especiais e aposentadorias por invalidez. Preocupado não só com seus clientes, mas também com seu negócio, Miguel, como outros advogados, acionou a entidade a que pertence e ela se manifestou contra a reforma da Previdência, pelos seus abusos sociais.

Em uma tarde daquele 2017, Seu Jorge perdeu tempo no trânsito com uma passeata. Porém, ficou resignado e a apoiou, porque se solidarizou com a causa dos trabalhadores do campo prejudicados pela reforma da Previdência. O protesto foi organizado por José. Como Miguel, José também ficou preocupado com as mudanças na aposentadoria rural. José é presidente de um sindicato rural cuja maior parte do filiados só se registrou para conseguir uma declaração atestando anos de trabalho no campo. Essa declaração é essencial para que recebam a aposentadoria rural.

Após a filiação para receber a aposentadoria, parte desses filiados terá mensalmente, e para sempre, descontos nos benefícios para financiar a atividade sindical, conforme autorizaram. José não é o único presidente de sindicato rural preocupado com a reforma: ao todo, são cerca de 4 mil. Apesar da urbanização das décadas anteriores, existiam no Brasil em 2017 mais sindicatos de trabalhadores do campo do que sindicatos urbanos filiados à CUT e à Força Sindical, juntas. Caso fosse aprovada a reforma do governo, a comprovação de trabalho rural para aposentadoria seria feita com contribuições ao INSS ao longo da vida do trabalhador, e não apenas no momento de pedir da aposentadoria com intermédio de um sindicato como o de José ou de um advogado como Miguel.

***

Prosperando a mobilização de entidades com interesses como os de Miguel e José, sob a desinformação disseminada por entidades como a de Nelson, nenhuma reforma da Previdência será feita. Apesar das aposentadorias serem extremamente protegidas em nosso sistema jurídico, o absurdo cenário de relativização do direito adquirido e corte de benefícios pode aparecer no horizonte. Ele ocorrerá depois da redução em despesas não obrigatórias (mas não desimportantes) e do aumento de impostos, bem como do aumento do endividamento público que reprimirá a economia com juros altos. A outra saída é a hiperinflação.

Tem sido assim no Rio de Janeiro e foi assim em países europeus, como a Grécia de Seu Giorgos, o outro Seu Jorge. O duro corte de aposentadorias nesses países foi de tal forma imperativo que terminou validado pela Corte Europeia de Direitos Humanos. O tribunal foi provocado pela servidora pública portuguesa Maria Alfredina, que não aceitava o desconto da ‘contribuição extraordinária de solidariedade’, que é como se diz corte de aposentadorias em português de Portugal.

O córtex pré-frontal ventromedial é uma região de nossos cérebros que fica ativada quanto pensamos em nós próprios. Estudos mostram que quando pensamos em nós no futuro, porém, a região não se ativa: nossa incapacidade de pensar em nosso amanhã seria tal que é como se o cérebro estivesse pensando em outra pessoa. Enquanto país, talvez enfrentemos dificuldade semelhante. Encaramos uma reforma da Previdência como desnecessária e sequer questionamos a atividade dos grupos de interesse que atuam no debate. Fazer reforma da Previdência é ruim. A questão que devemos nos indagar é se não fazê-la é ainda pior, dando a Seu Jorge o destino de Seu Giorgos. Vamos deixá-lo chorando na calçada?



(*)Pedro Fernando Nery Mestre e Doutorando em Economia pela Universidade de Brasília. Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade de Brasília, com período sanduíche na Università degli Studi di Siena. É Consultor Legislativo do Senado Federal na área de Economia. Agraciado com o Edgardo Buscaglia Award on Empirical Research in Law and Economics (2013), conferido pela Associação Latino Americana e Ibérica de Direito e Economia (ALACDE). Editor do blog Brasil, Economia e Governo. Possui interesse em previdência social, economia do trabalho, economia do setor público e economia comportamental. 

Nota do Blogando - Pedro Fernando Nery é funcionário púbico concursado, apesar disso tem consciência plena de que as reformas são urgentemente necessárias.