por Felipe Moura Brasil(*).
Hoje eu vou tomar a liberdade de contar pra vocês a verdadeira história de Gilmarzinho, o homem que entrou para o livro dos recordes como o maior soltador da República das Bruzundangas, também conhecida como Bananão.
Gilmarzinho não ficou preso na barriga da mãe por muito tempo.
A primeira pessoa que Gilmarzinho soltou foi ele próprio, nascido prematuramente com apenas 22 semanas de gravidez.
Embora muitos estranhassem seus lábios carnudos, Gilmarzinho milagrosamente escapou de qualquer sequela visível de sua soltura precoce do útero materno.
Aos cinco anos de idade, Gilmarzinho já soltava pipa.
Ninguém soltava pipa melhor do que Gilmarzinho.
Mas já naquela época, por causa dos fios da rede elétrica, era comum Gilmarzinho ficar com a rabiola presa. A rabiola era a única coisa que Gilmarzinho não conseguia soltar.
O resto, Gilmarzinho tirava de letra. Nó de oito, nó quadrado, nó de correr, nó ordinário, nó de pescador, Gilmarzinho, como bom escoteiro e marinheiro, soltava todos.
Na adolescência, começou a causar problemas na vizinhança porque não podia ver um cachorro preso que ia lá e soltava. Cachorro, cavalo, ovelha, carneiro, boi, vaca, touro, mas principalmente cobra, Gilmarzinho causava o maior tumulto soltando.
Mas quanto mais tumulto causava, mais Gilmarzinho se divertia.
Por isso é que, na hora do vestibular, não teve dúvida: escolheu fazer Direito, sonhando um dia ocupar uma vaga no STB, o Supremo Tribunal do Bananão.
Para subir na carreira, Gilmarzinho fez muitas amizades com gente poderosa, até que conseguiu ser indicado por um presidente amigo para o cargo com que sonhou.
É verdade que, quando os adversários de seus amigos subiram ao poder e se tornaram alvos da maior investigação da história do Bananão, Gilmarzinho, de birra, tornou-se menos soltador, mas quando as investigações atingiram seus amigos, Gilmarzinho virou um indulto natalino de ano inteiro.
Soltou amigos e supostos adversários dos amigos.
Soltou até uma ex-primeira dama, alegando que ela precisava cuidar do seu garotinho, o que levou casais investigados de todo o país a providenciarem e parirem mais e mais garotinhos para garantirem seu salvo-conduto também.
De tanto Gilmarzinho soltar, um laboratório farmacêutico lançou a marca Gilmarzinho de laxante para prisão de ventre.
Mas logo o Ministério da Saúde do Bananão advertiu para o efeito colateral do medicamento Gilmarzinho, que podia acabar soltando o cérebro também.
Nem preciso dizer que o povo do Bananão se revoltou com Gilmarzinho nas redes sociais. Mas ninguém conseguiu emplacar uma hashtag porque, até do símbolo da grade, o vírus Gilmarzinho soltava as palavras.
Uma coisa, no entanto, ficou clara para todo mundo que conhecia a biografia não autorizada do ministro do STB:
Gilmarzinho sempre teve a rabiola presa.
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