sexta-feira, dezembro 08, 2017

Os discursos de Trump e Netanyahu:Jerusalém Capital de Israel



por Felipe G.Martins(*).




Discurso de Donald Trump, o presidente americano, ao declarar o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e anunciar a transferência da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém:

Muito obrigado! Quando cheguei ao governo, prometi que iria encarar os desafios globais com prudência e inventividade. Afinal, não podemos solucionar nossos problemas insistindo nos mesmos pressupostos errados ou nas mesmas estratégias equivocadas do passado.

Velhos desafios demandam novas abordagens; novas maneiras de enfrentá-los. E o anúncio que estou fazendo aqui, hoje, marca o início de uma nova forma de lidar com o conflito entre Israel e os palestinos.

Em 1995, o Congresso aprovou o Jerusalem Embassy Act, determinando que o governo federal realocasse a embaixada americana para Jerusalém e reconhecesse a cidade como capital de Israel. A proposta foi aprovada com amplo apoio bipartidário pelo braço legislativo do nosso governo; e esse apoio foi renovado e reafirmado, há apenas seis meses, com uma aprovação unânime do Senado.

Apesar disso, por mais de 20 anos, todos os presidentes americanos recorreram a medidas derrogatórias, recusando-se a realizar a transferência da embaixada americana para Jerusalém e reconhecer a cidade santa como a capital de Israel.

Os meus antecessores fizeram essa opção por acreditar que o adiamento do reconhecimento de Jerusalém beneficiaria as negociações de paz. Muitos dizem que eles não eram corajosos o suficiente, mas acredito que todos eles tentaram tomar as decisões que julgavam mais adequadas à luz do que compreendiam a respeito da situação no Oriente Médio.

Apesar disso, o histórico foi se estabelecendo. Após duas década de medidas derrogatórias, não houve nenhum avanço rumo à paz duradoura entre Israel e os palestinos. Seria uma insensatez presumir que repetir essa mesma fórmula produziria um resultado melhor e diferente.

Por essa razão, concluí que é chegada a hora de oficialmente reconhecer Jerusalém como a capital de Israel. Embora muitos dos presidentes que me precederam tenham feito essa promessa durante suas campanhas, nenhum deles a cumpriu. Hoje, eu estou cumprindo. Após refletir e analisar o problema, concluí que este é caminho a ser seguido para promover a paz entre Israel e os palestinos, sem desconsiderar os interesses nacionais americanos.

Portanto, este é um passo importante, e há muito esperado, para avançar nas negociações de paz e conseguir um acordo duradouro entre as partes. Israel é uma nação soberana e, como tal, tem o direito de escolher sua própria capital. Reconhecer esse fato é uma condição necessária para a conquista da paz.

Faz 70 anos que os Estados Unidos da América, sob a liderança do Presidente Truman, reconheceram o Estado de Israel. Desde então, Israel elegeu como sua capital a cidade de Jerusalém — que foi erguida pelos judeus na Antiguidade.

Hoje, Jerusalém serve como a sede do governo de Israel. É ali que se encontram o Knesset, o parlamento israelense, bem como a Suprema Corte de Israel; é ali também que residem tanto o Primeiro Ministro quanto o Presidente; e a cidade serve ainda como a sede de muitos ministérios governamentais.

Por décadas, os presidentes americanos, assim como os secretários de Estado e nossas lideranças militares, se encontraram com suas contrapartes israelenses em Jerusalém, exatamente como eu fiz no início deste ano.

Vale notar que Jerusalém é não apenas o coração de três grandes religiões, como o coração de uma das democracias mais bem-sucedidas do mundo. Nas últimas sete décadas, os israelenses construíram um país em que judeus, muçulmanos e cristãos, junto com pessoas de todos os credos, são livres para viver pacificamente e praticar suas religiões conforme suas consciências e suas crenças.

Jerusalém é hoje, e precisa continuar a ser, o lugar onde judeus oram de frente para o Muro das Lamentações, onde os muçulmanos cultuam na Mesquita de Al-Aqsa e onde os cristãos percorrem a Via Crucis, o caminho percorrido por Jesus rumo ao Calvário.

Apesar disso, ao longo de todos esses anos, os presidentes americanos se negaram a reconhecer oficialmente a cidade de Jerusalém como a capital de Israel. Na realidade, isso faz com que por muito tempo não reconhecêssemos nenhuma capital israelense.

Hoje, porém, nós finalmente reconheceremos o óbvio: Jerusalém é a capital de Israel. Isso nada mais é do que um reconhecimento da realidade. A coisa certa a se fazer. Algo que tem de ser feito.

É por isso que hoje, em observância ao Jerusalem Embassy Act, estou reivindicando que o Departamento de Estado inicie os preparativos para transferir a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém. O processo de contratação de arquitetos, de engenheiros e de outros profissionais necessários começa hoje mesmo, com o intuito de transformar nossa nova embaixada em um magnífico tributo à paz.

Ao fazer este anúncio, também quero deixar algo muito claro: esta decisão não tem, de modo algum, a finalidade de alterar nosso firme comprometimento e nosso ardente desejo de promover um acordo de paz duradouro e permanente. Nós desejamos um acordo que seja bom para os israelenses e que seja bom para os palestinos.

Não estamos nos posicionando sobre nenhuma das questões em disputa, incluindo aquelas que envolvem as fronteiras da soberania israelense em Jerusalém ou a resolução dos territórios disputados. Essas questões devem ser resolvidas exclusivamente pelas partes.

Deste modo, os EUA continuam determinados a facilitar um arco que seja aceitável para ambas as partes. Deixo claro que pretendo fazer tudo o que puder para construir esse acordo.

Sem dúvida, a cidade de Jerusalém continua sendo a questão mais delicada nas negociações e os EUA estão dispostos a apoiar uma solução encontrada e apoiada por ambas as partes.

Por ora, peço a todas as partes envolvidas que mantenham o status quo em todas as áreas sagradas de Jerusalém, incluindo o Monte do Templo, também conhecido como Haram al-Sharif.

Acima de tudo, nosso maior desejo e nossa maior esperança é a paz, essa aspiração universal da alma humana. Com estas ações, eu reafirmo o compromisso do meu governo com um futuro de paz e segurança para toda a região.

Evidentemente, haverá discordâncias e desencontros concernentes a este anúncio, mas temos a firme confiança de que, em última instância, quando tivermos trabalhado para harmonizar essas discordâncias, chegaremos a uma paz, a uma compreensão e uma cooperação muito maiores do que as que existem hoje.

Essa cidade santa e sagrada deveria estimular o melhor na humanidade, elevando os nossos olhos para aquilo que é possível, deixando de lado todas as disputas antigas que já se esgotaram e se tornaram previsíveis.

A paz nunca está fora do alcance daqueles que a desejam. Assim, hoje, nós pedimos que a calma, a moderação e as vozes da tolerância se sobreponham às vozes dos emissários do ódio. Nossos filhos devem herdar nossa dignidade e nosso amor, mas não os nossos conflitos.

Repito a mesma mensagem que apresentei no histórico e extraordinário encontro que tivemos na Arábia Saudita no início do ano: o Oriente Médio é uma região que possui uma inestimável riqueza histórica, cultural e espiritual; seus povos são brilhantes, dignos e diversificados, vibrantes e fortes, mas o potencial e o futuro promissor da região tem sido freado pelo derramamento de sangue, pela ignorância e pelo terror.

O Vice Presidente Mike Pence visitará o Oriente Médio nos próximos dias, para reafirmar nosso compromisso com os nossos aliados em toda a região e a nossa determinação de eliminar o extremismo que ameaça os sonhos e as esperanças das próximas gerações.

É chegada a hora em que a maioria pacífica se erguerá contra os extremistas e os expulsará de seu meio. É chegado o momento em que as nações civilizadas e todos os seus povos resolvam as discordâncias e os conflitos com debates razoáveis, sem abusar da violência.

É chegado o tempo em que os jovens moderados do Oriente Médio reclamem para si um futuro de paz e de grandes realizações. Que possamos todos nos dedicarmos a um caminho comum de compreensão e respeito. Que possamos repensar antigos pressupostos e abrir os nossos corações e as nossas mentes para novas possibilidades.

Por fim, peço aos líderes políticos e religiosos da região, israelenses e palestinos, judeus, cristãos e muçulmanos que se juntem a nós nessa nobre busca por uma paz duradora.

Muito obrigado. Que Deus os abençoe! Que Deus abençoe os palestinos! Que Deus abençoe o Estado de Israel! E que Deus abençoe os Estados Unidos da América!".



Pronunciamento do Primeiro Ministro israelense Benjamin Netanyahu, em resposta a Donald Trump:

"Este é um dia histórica. Jerusalém é a capital do Estado de Israel há setenta anos. Jerusalém é a capital dos judeus há mais de três mil anos. Foi aqui que nossos templos foram construídos. Foi aqui aqui que os nossos reis governaram. Foi aqui que nossos profetas pregaram.

Jerusalém tem sido o centro de nossas esperanças, dos nossos sonhos, das nossas orações por três milênios. De todos os cantos da terra, nosso povo clamava e anelava retornar para a cidade de Jerusalém, onde poderiam tocar suas pedras douradas e caminhar por suas ruas santas.

É rara a oportunidade de discursar sobre um marco genuinamente novo na história gloriosa dessa cidade. No entanto, o pronunciamento feito hoje pelo Presidente Donald Trump nos apresenta justamente a mais rara das oportunidades.

Estamos profundamente agradecidos ao Presidente pelo ato de bravura e justiça que ele realizou ao reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e anunciar os preparativos para transferir a embaixada americana para cá.



Essa decisão é reflexo do comprometimento do presidente com uma verdade antiga mas perene, além de uma demonstração clara de que ele está disposto a cumprir sua promessa e promover a paz. A decisão do Presidente foi um importante passo rumo à paz, uma vez que não há paz possível sem o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel.

Por isso, convoco todos os países que verdadeiramente buscam a paz a se juntarem aos Estados Unidos da América, reconhecendo Jerusalém como a capital do Estado de Israel e transferindo suas embaixadas para cá.

Eu compartilho do compromisso do Presidente Donald Trump com a promoção da paz e estou determinado a garantir uma situação pacífica entre Israel e todos os seus vizinhos, incluindo os palestinos. Esse tem sido o objetivo de Israel desde seu primeiro dia de existência e nós continuaremos a trabalhar com o presidente americano, e com sua equipe, para fazer com que o sonho da paz se torne realidade.

Eu também quero deixar claro que não haverá nenhuma mudança no status quo dos locais sagrados. Israel sempre garantirá a mesma liberdade de religião e de culto para judeus, cristãos e muçulmanos. Presidente Trump, muito obrigado por sua decisão histórica de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel. O povo judeu e o Estado judeu serão gratos a você para sempre".



Fonte: sensoincomun.org

(*)Felipe G.Martins é Professor de Política Internacional e analista político, é especialista em forecasting, análise de riscos e segurança internacional. 




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