sexta-feira, novembro 30, 2012

Terrorismo legitimado.






por Antônio Machado de Carvalho 


Imagine o leitor se ele tivesse um vizinho que, dia após dia, derrubasse a cerca que os separa e tentasse invadir sua propriedade. Sendo repelido judicialmente, passasse então a jogar pedras e bombas contra o objeto de sua ira e cobiça. Nenhum apelo, nenhum acordo, conseguem demover o agressor de suas intenções.



Tal hipotética situação no âmbito das relações privadas admite que, em última instância, a vítima possa apelar para medidas extremas de defesa. Se no campo civil o direito natural à auto-tutela tem legitimidade, muito mais haveria quando se tratasse de relações entre agrupamentos humanos envolvendo direitos potestativos de estados soberanos. Esta é claramente a situação vivida por Israel, com seu povo sob constante agressão ou ameaça de sofrê-la por parte de seus belicosos vizinhos, notadamente ao norte – na fronteira com o Líbano e a Síria – e ao centro e ao sul de suas divisas – com os terroristas do Hamas e de outros grupos mais sectários e mais violentos ainda.

O fanatismo totalitário é o ponto de concordância que os une, quer estejam próximos da fronteira israelense, que estejam mais distantes, como é o caso das teocracias medievais do Irã, da Arábia Saudita e seus simpatizantes espalhados por outras regiões do planeta. No meio de tão profunda escuridão civilizatória, Israel é um ponto de luz a sinalizar o sentido do apoio que deveria ser dado por todos os homens de bem da face da Terra. Ao contrário do que ocorre na democrática sociedade israelense, a truculência, a bestialidade, a homofobia, a misoginia e outras deformações de caráter têm ampla guarida entre aqueles que censuram e que querem ver destruído o estado e o povo hebreus. Hitler e seus acólitos dialogariam bem com tantos aiatolás, príncipes, reis, xeques, ímãs, irmandades muçulmanas bem como outros ditadores de feitio laico espalhados por todo o oriente médio e norte da África, ressalvadas raras e honrosas exceções.

O atual governo brasileiro, de quem se esperaria um mínimo de lucidez, no entanto, repete em sua política externa a má lição dada pelos palestinos – nunca perde a oportunidade de perder a oportunidade. Despreocupada com os mais profundos valores que deveriam orientar a ação pública, a liderança do país pelo menos tem uma coerência: apóia sempre aqueles que navegam nas águas turvas do terrorismo, estando este do outro lado de nossas fronteiras, como as Farc colombianas, ou em qualquer lugar do globo onde a barbárie se faça presente e queira impor às suas vítimas, a ferro e fogo, suas concepções totalitárias, as quais sempre resultam nas mais graves violações aos princípios universais dos direitos humanos. Realmente, soa grotesco falar em direitos e dignidade humana para gente que, não só dá vivas à morte, como pratica o apedrejamento de adúlteros, a mutilação genital feminina, o enforcamento de homossexuais e outras transgressões tão ou mais cruéis.

Antônio Machado de Carvalho é sociólogo
Fonte: Coluna do Augusto Nunes na Veja
via Pletz.

quinta-feira, novembro 29, 2012

A natureza do Fórum Palestina Livre













por Luis Milmann 



Dentre os objetivos dos apoiadores do terrorismo disfarçados de pacifistas está acabar com a parceira entre Israel e o Brasil, que precisa manter-se atualizado em tecnologia de ponta na área militar. A acusação feita contra Israel de prática de apartheid é infame. O que os organizadores deste Fórum não aceitam é a própria existência do estado judeu.

O encontro internacional de milhares de militantes anti-israelenses, que ocorrerá em Porto Alegre, com o patrocínio do governo Tarso Genro e do PT, no final deste mês, não deve ser compreendido apenas sob uma ótica ideológica. É certo que uma das finalidades do Fórum Mundial Palestina Livre é apresentar Israel como um estado criminoso e racista, de acordo com o histórico cânone da propaganda oficial palestina, difundido por partidos e organizações esquerdistas de todo o mundo há décadas e reverberado no documento de referência do Fórum. É seguro, também, que, no momento em que Israel lança uma ofensiva militar na Faixa de Gaza, para proteger sua população contra as centenas de mísseis disparados pelo Hamas e outros grupos terroristas palestinos, a organização do tal Fórum fará de Porto Alegre um centro difusor de mistificações e distorções antissemitas ainda mais intensas.


Ninguém pode esperar menos que a satanização de Israel e a exaltação da “resistência” dos terroristas palestinos islâmicos da Faixa de Gaza, num contexto mais amplo de denúncias e demandas alucinadas, que têm alimentado o imaginário esquerdista desde o final da Guerra dos Seis Dias, em 1967. Estas constatações são suficientes para repudiar o apoio que Tarso Genro está emprestando ao Fórum Palestino, transformado por ele num evento oficial do estado. Mas os problemas que decorrem da realização deste encontro mundial em Porto Alegre são ainda mais graves do que se poderia esperar de uma algaravia de inimigos de Israel, ainda que disfarçados de pacifistas e moderados. Entre as exigências que os organizadores do Fórum anunciam como decisivas para a pressão junto a governos da Europa, Ásia e América Latina, está a adoção de medidas BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) contra Israel, em conformidade com o que apregoa a própria Organização para a Libertação da Palestina.


As medidas BDS destinam-se às populações e aos governos. Na Europa e nos Estados Unidos, há ONGs especializadas na pregação do boicote ao consumo de produtos israelenses. No Brasil, uma ala considerável do PT tenta convencer o governo a adotar as medidas BDS e persuadir a presidente Dilma Rousseff a agir, na cena internacional, no sentido de isolar Israel. Os organizadores do Fórum Palestina Livre e os grupos políticos internacionais de esquerda que lhes dão sustentação, entre eles a parte do PT a que pertence Tarso Genro, consideram o Brasil um país chave para sua atuação. Na América do Sul, o Brasil é o maior parceiro comercial de Israel. Os dois países mantêm acordos de cooperação tecnológica e de segurança importantes e, mais ainda, várias empresas israelenses estão instaladas no Brasil, inclusive no Rio Grande do Sul.


A Elbit Systems, por exemplo, uma das grandes indústrias de tecnologia militar de Israel, possui contratos de cooperação com as Forças Armadas brasileiras e fornece equipamentos militares para a Marinha e a Aeronáutica. Sua subsidiária, a Aeroeletrônica Indústria de Componentes Aviônicos S.A (AEL) tem sede em Porto Alegre e atua como centro de produção e apoio logístico de equipamentos eletrônicos de defesa avançada. A AEL é fornecedora de produtos para programas militares e de segurança no Brasil e em vários outros países. Além disso, atua com a Embraer para produzir sistemas de aeronaves não tripuladas de uso militar, como o Harpia Sistemas, que tem sede em Brasília. São empresas estratégicas para o Brasil manter-se atualizado em tecnologia de ponta na área militar.


A organização do Fórum Palestina Livre afirma que principalmente as parcerias das empresas israelenses com o setor militar brasileiro contribuem para manter o que eles chamam de “regime de apartheid” de Israel. Por isso, prepara a denúncia da presença destas empresas no Brasil, como forma de auxiliar, segundo os organizadores do Fórum Palestina Livre, na luta maior contra a “limpeza étnica” praticada por Israel. Não há mentira maior. A acusação feita contra Israel de prática de apartheid é infame. O que os organizadores deste Fórum não aceitam é a própria existência do estado judeu. A sua agenda de propaganda anti-israelense é, também, uma agenda política previamente delineada para influenciar a opinião pública e pressionar o governo brasileiro, de modo a fazer com que se altere a percepção diplomática e negocial tradicionalmente construtiva com relação aos israelenses.


Tudo isto faz parte de um movimento global degradante que, há muito tempo, dedica-se a deformar a imagem de Israel e das comunidades judaicas que o apoiam. Porto Alegre, que colhe os benefícios de possuir uma empresa israelense de ponta e com inserção global, no final das contas, receberá impostores, profissionais da fraude, militantes islamitas e comunistas do mundo inteiro, num Fórum preparado para atacar Israel de todas as formas. É o novo antissemitismo cínico aportando por aqui, com o patrocínio de Tarso Genro.


Luis Milmann é jornalista



quarta-feira, novembro 28, 2012

Não vou conseguir dormir.










por André Gostynski

Hoje foi um dia muito duro para mim, um de muitos que tem se passado desde a última semana. As pessoas por aqui, em São Paulo, vivem como se tudo estivesse perfeito, se adaptam as restrições cotidianas impostas pela sociedade e seus governantes. Por outro lado, lá, em Israel, onde tive a sorte e o prazer de estar há alguns meses, as coisas não funcionam assim.



A realidade não é uma mera sucessão e aceitação de fatos. Lá um exército e seu governo tentam garantir a máxima proteção a seus habitantes, mas seu vizinho bem ao lado, que prefere muitas vezes nem se identificar, não pensa assim e prefere sujeitar os que vivem ao seu lado, os seus próprios irmãos por uma causa, à destruição ou à morte. Por outro lado, eu, como um judeu que vive a muitos quilômetros desse caos não me sinto confortável em ver tudo isso e me calar no meu lar, em trancar minha porta e não ler aos jornais.

Hoje eu fui para a rua, para protestar contra a situação, mas não foi suficiente. Não consegui me conformar em não ver a maioria de meus amigos lá. Muitos estiveram comigo em Israel há alguns meses, se deleitaram nos prazeres e na maravilhosa vida de turista no Estado de Israel, mas hoje eles não lembraram que isso tudo tem um preço, o preço é bem alto e é pago por alguns.

Por sorte temos o melhor exército do mundo e ele é o melhor porque ele defende a seus habitantes, ele é o melhor porque ele se inspira nos seus ideais, nos ideais de seus familiares. Hoje eu queria me manifestar e dizer para todos eles OBRIGADO, obrigado por defender tão bem o que é nosso e o mínimo que eu, que usufruí disso tudo, poderia expressar e fazer. Mas meus amigos não estavam lá…

Tenho certeza que muitos vão acordar amanhã e rumar em direção aos seus trabalhos e escolas como se nada tivesse ocorrido, mas para mim não, estou inconformado e não vou dormir bem. Minha função está longe de ser concluída, só quando a maioria deles estiver às ruas comigo eu vou dormir um pouco melhor. Além disso, nessa manifestação duas pessoas que se diziam ligadas ao Movimento Feminino xingaram a todos ali de ASSASSINOS. Pesado. Injusto. Cruel. Parcial.

Não sei qual a melhor definição. Muito ódio veio a tona, mas, após filosofar, percebi que a culpa não era delas, era minha, era nossa. Não é a toa, basta pegar o jornal dos últimos 7 dias em São Paulo. A grotesca parcialidade da mídia nacional na relação Israel-Palestina é cruel, pesada e injusta! Por que? O que aconteceu por aqui para tamanha parcialidade? Alguma divida da Comunidade Judaica Mundial ou Local para com nossa sociedade? Com certeza não… Não consigo encontrar a razão. O que fazer?

Não vou conseguir dormir por não ver meus amigos lá mas também não vou conseguir porque não sei onde a mídia vai levar nossa sociedade. Ódio gratuito, preconceito, imoralidade. É isso que se prega na mídia nacional? É assim que os jornalistas querem ser taxados? Não quero ser injusto e irresponsável por uma generalização, mas gostaria de respostas às minhas perguntas… Não vou conseguir dormir…


Fonte: Pletz.

terça-feira, novembro 27, 2012

27 de novembro — Dia Nacional de Luta contra o Comunismo





Dr. Rodrigo Pedroso






O dia 27 de novembro é uma data que nunca deve ser esquecida pelos brasileiros. Nesta data, comemoramos a vitória sobre os traidores que, a soldo de uma potência estrangeira, intentaram transformar o Brasil em uma República comunista, e prestamos homenagens às vítimas dessa sangrenta insurreição. Durante aquela que ficou conhecida como a “Intentona Comunista”, oficiais legalistas foram apunhalados por colegas de farda enquanto dormiam. Moças foram estupradas. Civis foram roubados e mortos.

Trata-se de um caso real, ocorrido no Brasil, e não de informações relativas a terras longínquas.

Na década de 1930, o comunismo dominava apenas dois países em todo o mundo: a União Soviética e seu satélite inexpressivo, a Mongólia. Para o movimento comunista internacional, era vital tirar a Rússia do isolamento e expandir a revolução socialista, conforme o princípio marxista de que o comunismo deve ser implantado em escala mundial. Nesses anos, todavia, abriu-se a possibilidade de “exportar” a revolução: Luiz Carlos Prestes e seus companheiros do PCB (Partido Comunista do Brasil) convenceram o governo de Moscou de que o Brasil estava “maduro” para a revolução comunista.
Brasil foi um dos primeiros países do mundo a se tornar alvo do comunismo soviético



O imperialismo soviético tinha especial interesse pelo Brasil, o país mais importante da América ibérica e do Atlântico Sul, além de contar com imensas reservas de recursos naturais. Num relatório datado de 20.09.1930, enviado a Moscou por Abraham Guralski, então chefe do escritório sul-americano do Komintern, constava que “o Brasil é e continuará sendo o centro de gravidade de todas as batalhas futuras” (cf. WAACK, William. Camaradas; A história secreta da revolução brasileira de 1935 nos arquivos de Moscou. São Paulo, Companhia das Letras, 1993. p. 39).

Margarete Buber-Neumann relata que, antes da realização do VII Congresso da Internacional Comunista, houve em Moscou uma reunião da alta cúpula do Komintern, com a participação de Dmitri Manuilski (Presidente do Komintern), Georgi Dimitrov, Palmiro Togliatti (Itália), Ho Chi Minh (Vietnã), Maurice Thorez (França), Van Min (China) e Luiz Carlos Prestes (Brasil). Nesta reunião decidiu-se que Prestes deveria preparar uma revolução comunista no Brasil (cf. BUBER-NEUMANN, Margarete. La Révolution Mondiale. Paris, Casterman, 1971. p. 349).

O Komintern (abreviatura de Kommunistítcheski Internatsional, Internacional Comunista — IC) era uma organização de revolucionários profissionais, criada por Lênin em 1919 para implantar o comunismo em todas as nações e impor aos partidos comunistas de todo o mundo uma única direção e orientação. Os partidos comunistas que funcionavam nos diversos países deveriam existir apenas como secções destacadas do Komintern. O PCB, fundado em 1922, seguiu à risca essa determinação, adotando a denominação oficial de “Partido Communista do Brasil — Secção Brasileira da Internacional Communista”. A 5a das 21 condições impostas pelo Komintern aos partidos comunistas nacionais era a seguinte: “Todos os partidos comunistas devem renunciar não somente ao patriotismo como também ao pacifismo social”.

Na verdade, o Komintern nada mais foi que uma extensão do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) no plano internacional, um instrumento para manter os líderes comunistas do mundo todo subordinados aos interesses imperialistas de Moscou. Desde cedo, o Komintern foi rigorosamente controlado não só pelo PCUS, mas também pelas agências secretas e órgãos de repressão soviéticos.

O Komintern era dirigido por um Comitê Executivo, o EKKI, composto de 50 membros. Luiz Carlos Prestes foi incluído como membro desse Comitê Executivo em 8 de junho de 1934.

Os agentes do Komintern tinham poderes praticamente ilimitados de intervenção nos partidos comunistas dos diversos países, bem como instruções muito precisas sobre como levar adiante as planejadas ações revolucionárias.

Através do Komintern, o Partido Comunista da União Soviética (PCUS) mantinha sobre estrito controle a direção política do Partido Comunista do Brasil, o modo como eram escolhidas as suas lideranças e seus processos de formação ideológica. O PCB era totalmente submisso aos ditames do PCUS, de quem adotava os símbolos, as bandeiras e as palavras-de-ordem, e nada fazia sem o aval e o financiamento de Moscou. Agora perguntemos: Que valor pode ter aos olhos de um patriota, de alguém que ama a terra em que nasceu e quer o bem da sua gente, uma organização que adota os símbolos e as bandeiras de um partido estrangeiro, e professa uma ideologia exótica, materialista e internacionalista, inimiga de Deus, da Pátria e da família?

Foi decidido em Moscou que Luiz Carlos Prestes deveria preparar uma revolução comunista no Brasil. Para assessorar o planejamento do levante, o Komintern passou a enviar agentes estrangeiros para o nosso País.

Nomes dos agentes comunistas a serviço de Moscou no Brasil

Com a abertura dos arquivos de Moscou soube-se que não eram apenas nove, como inicialmente se pensou, os estrangeiros pertencentes ao Serviço de Relações Internacionais do Komintern que se encontravam no Brasil preparando a revolução socialista, mas sim vinte e dois! O jornalista brasileiro William Waak, que pesquisou os arquivos do Komintern após a desintegração da União Soviética, publicou os seus nomes no livro Camaradas, editado em 1993:


Pavel Vladimirovich Stuchevski, soviético. Usava os nomes de guerra de “Leon Jules Vallée”, “Paul” e “René. Foi deslocado para o Brasil pelo Komintern em 1935. Chefiava o único serviço do Komintern instalado na América Latina. Esse serviço chegou a utilizar 7 pessoas no Rio de Janeiro, 2 em São Paulo e 2 em Buenos Aires, onde funcionava o Birô Sul-Americano (BSA). Foi executado em 1938, em Moscou, pela NKVD, a polícia secreta do governo soviético, depois chamada KGB.

Sofia Semionova Stuchskaia, soviética. Usava os codinomes de “Sofia Semionova Morgulian” e “Alphonsine Vallée”. Casada com Pavel Vladimirovich Stuchevski. Executada em 1938, em Moscou, pela NKVD.

Arthur Ernst Ewert, alemão. Usava os nomes de guerra de “Harry Berger”, “Albert”, “Castro” e “Negro”. Desembarcou no Rio de Janeiro em março de 1934. Após a Intentona foi preso no Rio, sendo libertado em 1945 em decorrência da anistia concedida em abril desse ano pelo Presidente Vargas, viajando para a Alemanha Oriental, onde, em 1959, morreu.

Elise Saborovsky, alemã, também conhecida pelo apelido de Sabo, mulher de Arthur Ewert. Foi presa após a Intentona e, em 1936, deportada para a Alemanha, juntamente com Olga Benário.

Victor Allan Baron, norte-americano. Usava os codinomes de “James Martin” e “Raimond”. Encontrado morto após ser preso pela polícia, em 1935, sendo a morte dada como suicídio.

Rodolpho José Ghioldi, argentino. Usava os codinomes de “Autobelli”, “Luciano Busteros”, “Índio” e “Quiroga”. Membro do escritório sul-americano do Komintern. Foi deslocado para o Brasil em dezembro de 1934, junto com sua mulher Carmen de Alfaya. Após a Intentona foi preso e após a II Guerra Mundial deportado para a Argentina, onde morreu em 1985.

Carmen de Alfaya, argentina, casada com Rodolpho Jose Ghioldi. Após a Intentona foi presa e, durante a II Guerra Mundial, deportada para a Argentina.

Abraham Guralsky, soviético. Codinomes: “Boris Heifetz” e “Rústico”. Foi chefe do escritório sul-americano do Komintern, no início da década de 1930. Em dezembro de 1934 foi deslocado para o Brasil, procedente de Moscou.

Inês Tulchniska, soviética, mulher de Abraham Guralski. Utilizava o codinomes de “Tanina”.

Pierre, não identificado. Enviado ao Brasil em 1930 com a missão de reformular a direção do PCB.

Jan Jolles, alemão. Codinomes: “Alonso”, “Emílio”, “Eoles”, “Cazon” e “Macário”. Deslocado para o Brasil em abril de 1933. Saiu do País em abril de 1935, por incompatibilidade com Rodolpho Ghioldi.

Boris Kraevsky, soviético; atuou no Rio Grande do Sul no início dos anos 1930 com a tarefa de dar assistência política à Juventude Comunista do PCB.

Olga Benário, alemã. Codinomes: “Frida Leuschner”, “Ana Baum de Revidor”, “Olga Sinek”, “Maria Bergner Villar” e “Zarkovich”. Membro do IV Departamento do Exército Vermelho (Inteligência Externa), viajou ao Brasil, em dezembro de 1934, acompanhando Luiz Carlos Prestes, cumprindo missão que lhe fora atribuída pelo Comitê Executivo do Komintern. Foi presa no Brasil em 6 de março de 1936, juntamente com Luiz Carlos Prestes, sendo deportada para a Alemanha, onde morreu, em 1942, em um campo de concentração;

Johann de Graaf, alemão. Codinomes: “Jonny”, “Mattern”, “Franz Gruber”, “Pedro” e “Richard Walter”. Deslocado para o Brasil em 1935. Foi executado em Moscou, em 1938, pela NKVD, polícia secreta do governo soviético.

Helena Kruger, alemã, mulher de Johann de Graaf. Codinomes: “Ema Gruber”, “Lena” e “Lee”. Deslocada para o Brasil junto com seu marido. Teria se suicidado em Buenos Aires, em dezembro de 1936, após receber ordem para voltar a Moscou;

Amleto Locatelli, italiano. Codinomes: “Adolphe Hala”, “Walter” e “Bruno”. Deslocado para o Brasil em outubro de 1935. Morreu em março de 1937, participando da Guerra Civil Espanhola;

Marga, alemã, não identificada; secretária de Arthur Ernst Ewert;

Mendel Mirochevski, polonês. Codinomes: “Losovski”, “lovski” e “Juan”. Deslocado para o Brasil em setembro de 1935;

Steban Peano, argentino. Codinome: “Gras”. Assistente político do Comitê Regional do PCB em São Paulo a partir de 1934;

Maria Banejas, argentina. Codinome “Antonia”. Concubina do brasileiro Honório de Freitas Guimarães (“Martins”), Secretário de Organização do Comitê Central do PCB;

Marcos Youbman, argentino. Codinome: Arias. Correio pessoal de Pavel Vladimirovich;

Carmen, argentina, servia de correio pessoal de Pavel Vladimirovich (não era a mulher de Rodolpho Ghioldi).


O livro de Waack dá detalhes inéditos da história secreta da Intentona Comunista, com base nos documentos dos arquivos de Moscou a que teve acesso.
Olga Benário e Luís Carlos Prestes: a verdade por trás do mito criado por comunistas

A judia alemã Olga Benário nunca foi casada com Prestes, foi apenas sua concubina. Ela era casada em Moscou com um integrante da Academia Militar Frunze, chamado B. P. Nikitin, e acompanhou Prestes ao Brasil cumprindo uma tarefa que lhe fora determinada pelo IV Departamento do Estado-Maior do Exército Vermelho, órgão do serviço secreto militar da União Soviética, hoje conhecido pela sigla GRU. Olga nunca foi uma heroína, mas uma agente estrangeira que veio para o Brasil organizar uma revolução para instaurar um governo comunista e submeter nosso País ao imperialismo da União Soviética.

A abertura dos arquivos de Moscou, após a dissolução da União Soviética, também comprovou que, desde 1935, Luís Carlos Prestes era um assalariado dos soviéticos, um mercenário do movimento comunista internacional, situação que perdurou durante toda a sua vida, visto que nunca desempenhou qualquer atividade remunerada. A quantia de US$ 1.714,00, 11,9% das despesas do Komintern com a conspiração no Brasil, no período de abril a setembro de 1935, representava o salário de Prestes.

Em dezembro de 1934, Prestes saiu da União Soviética para liderar a revolução no Brasil, onde chegou com passaporte português, com o nome falso de “Antônio Villar”. O traidor vinha com a missão que lhe impusera o Komintern: chefiar o movimento armado que se preparava no Brasil. Prestes, que se dizia em Barcelona, estava oculto em lugar ignorado no Rio de Janeiro. De seu esconderijo enviava ordens e manifestos, controlando, passo a passo, o desenrolar dos trabalhos.

Quem realmente dirigia o Partido Comunista no Brasil eram três estrangeiros: o soviético Pavel Vladimirovich Stuchevski, o judeu alemão Arthur Ernest Ewert (que adotava o nome de guerra de “Harry Berger”) e o norte-americano Victor Allan Baron. Eram os homens que mandavam no Prestes, que era um executor das decisões deles.

Prestes e o PCB contavam com simpatizantes em importantes unidades do Exército. O levante dos quartéis seria o sinal para uma greve geral e o início da revolução. Como outras instituições da sociedade brasileira, as Forças Armadas também sofreram a infiltração de agentes do movimento comunista. Células comunistas, envolvendo oficiais e sargentos, funcionavam no Exército e na Marinha.

O Partido Comunista Brasileiro (PCB), com a ajuda financeira do Komintern, e a adesão de simpatizantes em importantes unidades do Exército, dava seguimento aos preparativos finais no planejamento da rebelião político-militar. A intenção era derrubar o Presidente Getúlio Vargas e instalar um governo controlado pelos comunistas. O levante nos quartéis seria o sinal para uma greve geral e o início da Revolução. A ordem para a sua deflagração viria diretamente de Moscou.

Para se ter idéia do que os comunistas pretendiam com a Intentona, basta dar uma lida no anteprojeto de Constituição que o Partido Comunista aprovou em 1932: o artigo XVI proclamava “a liberdade de uniões sexuaes” (ou seja, a abolição da família); o artigo XVII determinava “a expropriação de toda propriedade privada sobre casas, terras, fábricas, minas, quédas d’agua, materiaes de transporte” e a “libertação imediata de (...) todos os presos communs com mais de 2 annos de detenção” (esse negócio de comunista defender bandido não é de hoje...); e, finalmente, o artigo XI proclamava “o não-reconhecimento das igrejas e confissões religiosas” (fonte: A Exposição Anticomunista. Revista O Observador Econômico, n. 36, jan. 1939).

A Intentona em Natal — RN
A Intentona Comunista teve início em Natal, Estado do Rio Grande do Norte.

Tudo estava planejado para o irrompimento simultâneo do levante armado em todo o País. A insurreição deveria eclodir de forma sincronizada, num único movimento. Entretanto, em Natal, a precipitação dos conspiradores acabou por antecipar o levante. Pelas 19h30 de sábado, dia 23 de novembro de 1935, militares ligados ao Partido Comunista assumiram o controle do 21º Batalhão de Caçadores.

O 21º Batalhão, sublevado, e militantes do Partido Comunista armados com material bélico tomado do Exército, distribuíram-se em grupos e assumiram o controle dos pontos estratégicos da cidade. O Governador do Estado, Dr. Rafael Fernandes, sob o tiroteio dos rebeldes, refugiou-se inicialmente no Consulado da Itália, e em seguida em um navio de bandeira francesa.

O Coronel José Otaviano Pinto Soares, comandante do 21º Batalhão de Caçadores, juntamente com o Major Luís Júlio, Comandante do Batalhão de Polícia, organizaram a resistência no quartel da Polícia Militar, que ficou sitiado sob fogo cruzado. O Batalhão da Polícia Militar resistiu durante 19 horas, até queimar o último cartucho, rendendo-se às 15h de domingo. Depois de tomado o quartel da Polícia, foi morto o soldado Luís Gonzaga, considerado hoje um herói da reação ao movimento.

Os revolucionários ocuparam o palácio do governo e instalaram um “Comitê Popular Revolucionário”, que foi o primeiro governo comunista das Américas. Nesse comitê se destacavam Lauro Cortez do Lago (“Ministro do Interior”), o Sargento Quintino Clementino de Barros (“Ministro da Defesa”), José Praxedes de Andrade (“Ministro do Abastecimento”) e João Batista Galvão (“Ministro da Viação”). José Praxedes, posteriormente, foi afastado do próprio Partido Comunista, por ter praticado irregularidades na administração das finanças do partido.

O primeiro ato do “governo revolucionário popular” foi determinar o arrombamento dos cofres do Banco do Brasil, do Banco do Rio Grande do Norte, da Delegacia Fiscal e da Recebedoria de Rendas, o que foi efetuado a maçarico. Calcula-se que os rebeldes se apoderaram de quantia superior a 5 mil contos de réis (algo em torno de 350 mil dólares). Em entrevista publicada no jornal “O Poti”, em 30.06.1985, Giocondo Dias, um dos participantes da Intentona em Natal e sucessor de Prestes na Secretaria-Geral do PCB, confirmou que o dinheiro retirado do Banco do Brasil foi repartido entre participantes do “governo revolucionário”, o que teria sido um “erro” do movimento... Na terceira parte da entrevista, publicada no mesmo jornal em 07.07.1985, Giocondo reconheceu que também ordenou prisões e fuzilamentos.

Outra decisão notável do governo comunista foi determinar a soltura de centenas de criminosos comuns que estavam na Casa de Detenção.

Um clima de terror foi estabelecido em toda a cidade. Moças foram estupradas. Dois civis, o Sr. Otacílio Werneck de Castro e o funcionário de uma companhia de navegação, foram covardemente executados, sob a acusação de que teriam ridicularizado a “Revolução”. Estabelecimentos comerciais e residências particulares foram saqueadas e depredadas. Navios no porto foram ocupados. Pilhagens e roubos se generalizaram. Caminhões e automóveis particulares eram “requisitados” pelos revolucionários. Cenas jamais vistas de crueldade e vandalismo tiveram lugar. A cidade virou terra de ninguém. A população, apavorada, permanecia em casa, com medo de sair à rua.

Rapidamente, o movimento comunista procurou controlar o interior do Estado. Os rebeldes organizaram três colunas, que deveriam partir, respectivamente, em direção de Recife, Mossoró e Caicó. As colunas revolucionárias conseguiram ocupar as localidades de Ceará-Mirim, São José de Mipibu, Santa Cruz e Canguaretama, mas encontraram resistência.

A população do interior imediatamente começou a organizar-se para reagir aos comunistas. O comerciante Dinarte Mariz e o advogado Dr. Enoch Garcia, cada um com uma metralhadora de mão, chegaram em Caicó e passaram a fazer discursos, conclamando o povo a pegar em armas para defender a sociedade contra o comunismo. Em poucas horas Dinarte conseguiu formar uma coluna com 180 decididos sertanejos. O Padre Walfredo Gurgel, de Acari, também foi um dos que tomaram a frente na reação contra os comunistas, organizando um corpo de cerca de trinta voluntários.

Em 25 de novembro, em Serra Caiada, ocorre o primeiro embate entre os soldados revoltosos e os sertanejos de Dinarte Mariz, que vencem a luta e ainda ficam com boa parte do armamento dos soldados. No dia 26, ocorrem combates no povoado de Panelas e na Serra do Doutor, ambos vencidos pelos sertanejos. Da luta na Serra do Doutor participaram os trinta voluntários do valente Padre Walfredo, que comandou os serviços preparatórios do combate.

Enquanto isso, na capital, os comunistas recebiam a notícia de que tropas da Paraíba e de Pernambuco estavam chegando para reprimir o movimento. O tal ”Comitê Popular Revolucionário” dissolveu-se rapidamente, sem a menor resistência. Todos os “comissários do povo” debandaram covardemente, levando o que podiam, ao mesmo tempo em que se desfaziam de tudo o que pudesse comprometê-los.

No dia seguinte, os sertanejos com as tropas legalistas, vindas de Recife e João Pessoa, entravam em Natal, sem encontrar resistência.
A Intentona no Recife

Em Recife, a Intentona eclodiu na manhã do dia 25 de novembro, quando chegaram à cidade as notícias do levante de Natal. Aproveitando-se da ausência do Governador do Estado, Dr. Carlos Lima Cavalcanti, do Comandante da Região Militar do Exército e do Comandante da Polícia Militar, que encontravam-se fora do Estado, os oficiais comunistas Lamartine Correia de Oliveira e Roberto Bomilcar Besouchet conseguiram sublevar o 29º Batalhão de Caçadores.

O Secretário de Segurança Pública, Capitão Malvino Reis Neto, e o Subcomandante da Brigada Militar, Afonso Albuquerque de Lima, organizaram a reação contra a Intentona. No dia seguinte, chegaram reforços de tropas legalistas, vindas de João Pessoa e Maceió. Em 26 de novembro, Recife já estava completamente dominada pelas forças legais e os comunistas, derrotados, debandaram para o interior. Seus principais líderes foram presos.

O levante em Recife foi dominado em apenas um dia.

As tropas legalistas foram em seguida deslocadas para Natal, onde puseram fim ao “Comitê Popular Revolucionário”.
A Intentona no Rio de Janeiro

Notícias confusas e alarmantes chegavam ao Rio de Janeiro (na época, a capital federal) sobre os acontecimentos de Natal e Recife. Esperava-se que uma ação comunista se desencadeasse a qualquer momento, sem que se pudesse precisar onde surgiria. Em 26 de novembro o Presidente Getúlio Vargas declarava em estado de sítio todo o território nacional.

As autoridades não ignoravam que elementos comunistas infiltrados em vários quartéis estavam na iminência de uma insurreição. Mesmo assim, houve surpresas. Muitos dos comprometidos não figuravam nas listas de suspeitos.

No dia 26 de novembro, Luiz Carlos Prestes, Arthur Ernst Ewert e “Miranda” (codinome de Antônio Maciel Bonfim, Secretário-Geral do Partido Comunista do Brasil) se reuniram e decidiram deflagrar o movimento armado em outras unidades militares, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, na madrugada do dia seguinte. Prestes marcou a hora H para o desencadeamento das ações, conforme a mensagem enviada ao Capitão Agildo Barata, encarregado de comandar o levante no 3º Regimento de Infantaria:


“O 3º Regimento Popular Revolucionário deverá levantar-se às duas da madrugada de 27 de novembro e a partir de 3 horas deslocar tropas para as proximidades do Arsenal de Marinha e do Palácio do Catete, devendo outras impedir a ação da Polícia Especial e do Batalhão da Polícia Militar da rua São Clemente.”



Prestes redigiu um manifesto que foi distribuído à população, convocando-a para a revolta. Com isso foi admitida pela primeira vez a presença dele no país. À noite do dia 26 de novembro, Barron ligou a estação de rádio e transmitiu ao Comintern a desencadeação do levante. A revolução comunista brasileira iria começar no Rio às 3 horas da madrugada do dia 27 de novembro.

No Rio de Janeiro os comunistas prepararam a insurreição em várias unidades militares. Prestes despachou mensageiros para todas as guarnições onde havia oficiais comunistas, esperando pela ordem dele para iniciar o levante. No momento que os revoltosos tomassem as unidades, bastariam poucos minutos para que Prestes assumisse, da Vila Militar, o comando do País. Todavia, apesar das previsões otimistas dos revoltosos, o movimento ficou restrito ao 3º Regimento de Infantaria e à Escola de Aviação Militar, falhando os planos de ampliá-la para outras unidades do Exército.

No 3º Regimento de Infantaria (3º RI), na Praia Vermelha, os Capitães Agildo Barata e Álvaro de Souza e o Tenente Leivas Otero iniciaram o levante na hora prevista, chegando a aprisionar os oficiais legalistas e a dominar quase totalmente o quartel. O Regimento possuía 1.700 homens, dos quais cerca de dois terços aderiram aos oficiais revoltosos.

A reação dos legalistas do próprio 3o Regimento teve grande importância, pois impediu que a unidade rebelada atacasse o Palácio do Catete (na época, a sede do Governo Federal), conforme Prestes havia determinado no plano da insurreição.

O Comandante da 1ª Região Militar, General Eurico Gaspar Dutra, estava com sua tropa de prontidão e mobilizou-a contra os revoltosos, dirigindo e coordenando pessoalmente o assalto à unidade rebelada. As primeiras tentativas dos rebeldes de sair do quartel foram frustradas pelas tropas legalistas. O quartel foi bombardeado por canhões da Marinha de Guerra e pela aviação. Finalmente, às 13h30, bandeiras brancas improvisadas foram agitadas nas janelas do edifício, parcialmente destruído.

Na Escola de Aviação Militar, no Campo dos Afonsos, os oficiais comunistas Sócrates Gonçalves da Silva, Ivan Ribeiro, Dinarco Reis e Agliberto Vieira de Azevedo iniciaram o levante. Na ocasião, o Major Armando de Souza e Melo, e outros oficiais legalistas, foram covardemente apunhalados e mortos enquanto dormiam (cf. CARNEIRO, Glauco. História das Revoluções Brasileiras. Rio de Janeiro, Edições O Cruzeiro). O Capitão Agliberto ainda matou friamente o seu amigo Capitão Benedito Lopes Bragança, quando este já se encontrava preso, desarmado e incapaz de qualquer reação.

Em seguida, os rebeldes passaram a atacar o 1º Regimento de Aviação, para tomar os hangares a fim de acionar os aviões e com isso alastrar o movimento. O comandante do 1º Regimento, o Tenente-Coronel Eduardo Gomes enfrentou-os, no primeiro momento sozinho, tendo sido ferido na mão; logo após outros oficiais e soldados se juntaram a ele. A rápida intervenção das tropas legalistas determinou a rendição dos revoltosos, após algumas horas de violenta fuzilaria e bombardeio.

Dentro das Forças Armadas, no balanço geral em todo o País, os acontecimentos de Natal, Recife e Rio de Janeiro, somados, custaram a vida de 28 militares legalistas, entre oficiais e soldados.

Do plano do PCB constava a deflagração de greves em todo o país para dar cobertura aos levantes armados. Entretanto, as greves não tiveram a dimensão que delas esperavam os chefes revolucionários.
Depois da Intentona

Devido à reação enérgica do Presidente Getúlio Vargas a Intentona foi prontamente dominada e os responsáveis foram presos, julgados e condenados. O arquivo do Partido Comunista foi apreendido, e bem assim grande parte dos relatórios e esquemas elaborados pelo secretariado sul-americano da Internacional Comunista.

Luiz Carlos Prestes precisava encontrar um bode expiatório para o seu fracasso revolucionário. E este foi encontrado na pessoa de “Elza Fernandes”, namorada de “Miranda”, Secretário-Geral do Partido Comunista.

“Elza”, na verdade se chamava Elvira Cupelo Coloni, tinha cerca de 15 ou 16 anos, era pouco politizada e analfabeta. De família operária, três de seus irmãos também participaram do Partido Comunista. Foi presa juntamente com “Miranda”, em 13 de janeiro de 1936. Por ser menor de idade e não poder ser processada criminalmente foi liberada pela Polícia, enquanto “Miranda” continuou preso. “Elza”, ao ser solta, ainda teve tempo de queimar e destruir muitos papéis comprometedores, livrando muita gente da prisão.

A direção do Partido entendeu que Elza punha em risco a segurança da organização e, depois de alguma vacilação, tomou a decisão extrema de eliminar a moça. Um “tribunal revolucionário” condenou à morte a companheira do Secretário-Geral do PCB, que continuava preso e sem saber do que se passava. Participaram do “tribunal revolucionário”: Honório de Freitas Guimarães (o “Milionário” ou “Martins”), Lauro Reginaldo da Rocha (o “Bangu”), Deicola dos Santos, Eduardo Ribeiro Xavier (o “Abóbora”), Francisco Natividade Lira (o “Cabeção”) e José Cavalcanti (o “Gaguinho”). O “Cabeção”, que era do “corpo de segurança” do Partido Comunista foi encarregado de executar a “sentença”. De acordo com Affonso Henriques, que foi diretor-tesoureiro da Aliança Nacional Libertadora (frente ampla formada pelo Partido Comunista com outras correntes de esquerda, em 1935), “Elza” foi morta a machadadas (cf. HENRIQUES, Affonso. Ascensão e Queda de Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, Record, 1966. I vol. p. 350), tendo sido seu corpo enterrado no quintal da residência de um militante do Partido.

Honório de Freitas Guimarães (que usava os codinomes de “Milionário” e “Martins”) foi condenado a trinta anos de prisão pela morte de “Elza”, aos quais se somaram mais trinta pela eliminação de outro membro do Partido, Tobias Warchawiski (cf. LEVINE, Robert. The Vargas Regime. New York, Columbia University Press, 1970. pp. 63 a 65).

Houve no Partido quem se opusesse à execução de “Elza”. A reação de Luiz Carlos Prestes foi imediata: escreveu uma carta aos membros do “tribunal revolucionário” tachando-os de medrosos e sentimentalistas, e exigindo o cumprimento da sentença:


“Fui dolorosamente surpreendido pela falta de resolução e vacilação de vocês. Assim não se pode dirigir o partido do proletariado, da classe revolucionária. (...) Por que modificar a decisão a respeito da ‘garota’? Que tem a ver uma coisa com a outra? Há ou não uma traição por parte dela? É ou não é ela perigosíssima ao Partido, como elemento inteiramente a serviço do adversário, conhecedora de muita coisa e testemunha única contra um grande número de companheiros e simpatizantes? (...) Com plena consciência de minha responsabilidade, desde os primeiros instantes tenho dado a vocês a minha opinião sobre o que fazer com ela. Em minha carta de 16, sou categórico e nada mais tenho a acrescentar, nem creio que os últimos bilhetes possam modificar uma tal decisão (...). Uma tal linguagem não é digna dos chefes do nosso partido, porque é a linguagem dos medrosos, incapazes de uma decisão, temerosos ante a responsabilidade. Ou bem que vocês concordam com as medidas extremas e neste caso já as deviam ter resolutamente posto em prática, ou então discordam mas não defendem como devem tal opinião”.

Em bilhete anterior ao julgamento de “Elza”, Prestes já teria escrito:


“Revolução tem que ser implacável. Não há que ter piedade, há que julgá-la para servir de exemplo.”



Esse era o “romântico” Luiz Carlos Prestes, que o cinema não mostrou. Comunismo é isso.

O assassinato de “Elza” não foi o único. Na mesma época, outros militantes comunistas foram executados por não serem mais considerados merecedores da confiança do Partido: Tobias Warschavski, Bernardino Pinto de Almeida, Afonso José dos Santos, Maria Silveira e Domingos Antunes Azevedo. Estranho como a vida de nenhuma dessas vítimas do comunismo foi parar nas telas do cinema.

Ao que parece, o verdadeiro traidor do Partido, que teria passado informações secretas à polícia brasileira a respeito dos revolucionários, seria um dos agentes estrangeiros enviados pelo Komintern: Johann de Graaf, que usava o codinome de “Franz Gruber”, e seria um agente duplo do serviço secreto britânico. Gruber era estrangeiro e pela lei em vigor só conseguiria atestado de residente no Brasil quem estivesse aqui há mais de cinco anos ou então “quem tivesse prestado um grande serviço à Nação”. “Gruber”, que não estava há cinco anos no Brasil, ganhou o atestado logo após a prisão de Arthur Ewert. Ademais, quando os policiais invadiram a casa de Prestes e abriram o cofre em que estavam os documentos comprometedores do partido, falharam as dinamites colocadas para explodi-lo em caso de arrombamento — as quais foram instaladas por Graaf, dito “Gruber”.

A partir desse momento, Antônio Maciel Bonfim, o “Miranda”, o namorado de “Elza”, passou a ser alvo de calúnias e de difamação por parte do Partido Comunista, numa verdadeira perseguição. Antônio posteriormente converteu-se ao catolicismo e empregou-se como funcionário de um sindicato de fabricantes ou comerciantes de materiais de construção no Rio de Janeiro. Num evento realizado neste sindicato, ele foi encontrado pelo jornalista e político Carlos Lacerda, que em seu depoimento autobiográfico, registrou a declaração de Antônio Bonfim, o ex-“Miranda” do PCB:


“Eu quero informá-lo de que hoje sou católico apostólico romano e, como sabe, sou considerado traidor pelo Partido Comunista que matou minha companheira. Sou funcionário do sindicato”. (LACERDA, Carlos.Depoimento. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1977. p. 45-46).

O comunismo hoje

Depois da desintegração da União Soviética, alguns ingênuos pensam que o comunismo morreu. Ele se finge de morto, mas continua muito vivo. O comunismo ainda domina a China, Cuba, a Coréia do Norte e Laos, o que equivale a mais de um quinto da população mundial. Na Colômbia, vizinha do Brasil, a guerrilha comunista das FARC, ligada ao narcotráfico, domina mais de 40% do território do país. Na Venezuela, também vizinha, o regime do Coronel Hugo Chávez, através da promoção da luta de classes e da demagogia, tem levado o país ao caos e dividido a sociedade, criando condições propícias para a instauração do comunismo. Não se pode dizer que a influência do comunismo tenha acabado nem mesmo na Rússia, onde o Presidente, Vladimir Putin, fez carreira na KGB, antiga polícia secreta do governo comunista.

No Brasil, os comunistas não apenas existem, como estão no governo. O PCdoB (Partido Comunista do Brasil), apesar de minúsculo e de não ter a mínima representatividade eleitoral, logo no começo do governo Lula ganharam dois Ministérios, entre eles o estratégico Ministério da Articulação Política, sob Aldo Rebelo, o mesmo que foi responsável pela emenda da permissão da clonagem no projeto de lei da biossegurança. O próprio Presidente Lula é amicíssimo do ditador comunista Fidel Castro. Há poucos anos, a então Deputada comunista Jandira Feghali (PCdoB/RJ) apresentou projeto de lei na Câmara Federal para permitir o abortamento das crianças anencéfalas  Os comunistas continuam inimigos de Deus, da Pátria e da família.

O comunismo conduz inelutavelmente à estagnação econômica. Como esclareceu o Papa Leão XIII: a teoria socialista da propriedade coletiva deve absolutamente repudiar-se como prejudicial àqueles mesmos a que se quer socorrer, contrária aos direitos naturais dos indivíduos, como desnaturando as funções do estado e perturbando a tranqüilidade pública. (...) Mas, além da injustiça do seu sistema, vêem-se bem todas as suas funestas conseqüências: a perturbação em todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão a todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos; o talento e a habilidade privados dos seus estímulos, e, como conseqüência necessária, as riquezas estancadas na sua fonte; enfim, em lugar dessa igualdade tão sonhada, a igualdade na nudez, na indigência e na miséria.” (Rerum Novarum, 22)
Por tender necessariamente à estagnação econômica, o comunismo precisa se sustentar de outras forças econômicas para sobreviver. A China, por exemplo, permitiu a introdução de mecanismos de mercado em certas regiões do país unicamente para impedir a morte do socialismo.
É aí que entra o Brasil no plano dos comunistas. Nenhuma outra nação foi mais bem aquinhoada de recursos naturais pelo Criador. O Brasil é o país que possui o maior índice de minérios no subsolo, a maior extensão de terras aráveis, o maior rebanho bovino comercial e a maior biodiversidade do planeta. E seria de extremo interesse para o movimento comunista internacional usar as riquezas do Brasil para sustentar esse sistema falido nos cantos do planeta em que ele ainda mantém-se de pé.
Infelizmente, parece que a política de relações econômicas internacionais do atual governo tende nesse sentido: prejudicar os interesses nacionais do Brasil para favorecer os países comunistas. Em outubro de 2003, o Diário do Comércio denunciou que verbas do SEBRAE, criado para fortalecer a micro e a pequena empresa brasileira, estavam sendo desviadas para Cuba, para desenvolver o turismo naquele país — isso enquanto milhões de famílias brasileiras sofrem com o drama do desemprego. Imediatamente após a viagem do Presidente Lula à China Comunista, supostamente para incrementar as relações comerciais entre os dois países (só não se sabe em benefício de quem), o governo chinês embargou as importações de soja brasileira, só suspendendo o embargo após o preço do produto desabar no mercado internacional (China suspendeu embargo após forte baixa no preço da soja). O embargo chinês causou um prejuízo de US$ 1 bilhão para a agricultura do Brasil. Na oportunidade, o Governador do Estado do Mato Grosso, Blairo Maggi declarou que o Governo Federal foi passivo em relação às exigências descabidas da ditadura comunista chinesa, abrindo um péssimo precedente (Rei da soja afirma que governo foi "passivo" no caso do veto chinês). Mais recentemente, sabe-se lá por que, o Governo Lula concedeu à China o reconhecimento do status de “economia de mercado” (!?), dando passe livre ao dumping chinês: mais uma decisão do Governo que prejudica os interesses da economia nacional:Para Eletros, acordo com China pode prejudicar indústria nacional
Em 5 de dezembro de 2.003, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça premiou o militante comunista Apolônio Pinto de Carvalho, um dos traidores que participaram da Intentona Comunista, com uma pensão mensal perpétua de R$ 8.000,00, além de uma indenização retroativa. Esse foi o prêmio que Apolônio recebeu do atual governo por ter traído a Pátria em 1935. Eu gostaria de saber quantos brasileiros têm o privilégio de receber R$ 8.000,00, todos os meses, sem precisar trabalhar nem nada. E ele mereceu isso por ter traído a Pátria. Que governo é esse que premia os traidores? Premiar os maus é castigar os bons. Esta decisão do Ministério da Justiça é uma afronta aos trabalhadores e aposentados brasileiros.
Quando você vir a bandeira vermelha dos comunistas, medite nisso. Ela está tingida com o sangue de brasileiros.

segunda-feira, novembro 26, 2012

Ressurge o antissemitismo ostensivo na Hungria.







por Heitor de Paola


Csatlakozz a Harchoz!: una-se à luta, em Húngaro, cartaz espalhado aos milhares na Hugria (março de 2012)

Ataques a rabinos e cemitérios judaicos tornam-se cada vez mais comuns, embora a resposta do governo húngaro seja dura. Vários já foram condenados.


Desde que recebi notícias de uma organização húngara chamada Pax Hungarica Mozgalon (PHM) e publiquei em meu blog passei a investigar mais detalhes e descobri que o que já cheirava mal é muito pior. O título deste artigo se refere ao ressurgimento do antissemitismo ostensivo, não um renascimento, pois o antissemitismo nunca morreu, mas desde o Holocausto há certa vergonha em promovê-lo ostensivamente. Não mais! Os dados não são abundantes, já que tais organizações mantêm grande parte de sua estrutura ‘invisível’.


Por enquanto limitei minha investigação à Hungria e o fato de quase todo o material ser em húngaro e poucos têm tradução para o inglês dificulta o entendimento. Com a ajuda de uma amiga húngara e usando o tradutor do Google, com todas suas limitações, foi possível levantar muita coisa das quais só posso aqui fazer um breve resumo.
Outra dificuldade é que o PHM não está oficialmente registrado na Hungria, talvez seu registro esteja em outro país, mas é um movimento tolerado e de nenhuma forma proibido. No entanto, não existe nenhum registro a respeito dos membros (nomes, quantidade, posição dentro do movimento), só se sabe que não aceitam homossexuais, judeus, ciganos (a Hungria é dos países com maior quantidade de Ciganos) e membros que não sejam católicos. São três os pilares sobre os quais se assenta: cristianismo, socialismo e nacionalismo, que na Hungria se chama hungarismo. Não há referência de estímulo à erradicação violenta de outras nacionalidades e etnias, mas veladamente está voltado para expulsão do país de duas: judeus e ciganos. Seu programa deixa explícito que os húngaros não podem conviver com judeus e ciganos. Usam o mesmo uniforme dos antigos hungaristas: botas militares negras, calças (ou saias) idem, camisas verdes, gravata marrom com uma braçadeira vermelha contendo a letra H sobreposta a um quadrado girado para a direita e cercados de ramos verdes. A maioria dos homens raspa a cabeça (skinhead).

O PHM é uma organização claramente fascista, parte do assim chamado movimento hungarista fundado antes da II Guerra por Ferenc Szálasi. Seu fundamento é: "só há um caminho para nós, a luta incondicional pela vitória do hungarismo. Lutaremos em quaisquer circunstâncias e a qualquer preço, enfrentaremos a morte e seremos perseguidos, mas não podemos descansar até a vitória final do hungarismo."

Outro movimento similar é o 'Sangue e Honestidade', organização extremamente radical e violenta. Foi banida, porém existem laços claros entre as duas, pois o porta-voz desta última, Endre Janos Domokos, tornou-se o presidente do PHM.

Uma terceira é a Guarda Negra, que freqüentemente atacava ciganos, até mesmo fisicamente. É preciso constar que os ciganos são os maiores responsáveis por violências e homicídios contra pessoas de idade e de 90% dos assaltos e furtos nas últimas duas décadas, o que reforça o apoio popular às organizações fascistas.
Embora oficialmente banida, possui conexões com um pequeno partido nacionalista radical, Jobbik Magyarországért Mozgalom (Movimento dos Melhores Húngaros).

Os partidos atualmente no poder, FIDESZ (Aliança dos Jovens Democratas) e KDNP (Partido Popular Democrata Cristão) aparentemente mantêm relações de colaboração com o Jobbik, inclusive alguns poucos membros do Parlamento são abertamente membros deste partido, como Tamás Gaudy-Nágy que já fez discursos antissemitas no Parlamento, ainda que desautorizado pela direção dos partidos.

Das 360 religiões e seitas existentes na Hungria, somente 18 foram licenciadas pelo Ato das Religiões e Igrejas recentemente aprovado contrariando a Carta da União Européia que defende a liberdade religiosa. A religião judaica, uma das aprovadas, tem atuação totalmente livre. Um forte antissemitismo existe dentro da Igreja Católica, principalmente na classe média, embora represente uma minoria. A grande maioria dos católicos rejeita o antissemitismo, mas as minorias, como sempre, são as mais ruidosas.

A população mais suscetível às pregações fascistas são os pobres com educação deficitária e a camada mais radical dos operários. Ataques a rabinos e cemitérios judaicos tornam-se cada vez mais comuns, embora a resposta do governo húngaro seja dura. Vários já foram condenados. Recentemente o Memorial do Holocausto foi alvo de pichação ofendendo os judeus e exigindo sua expulsão. Como o espaço é curto deixo para depois outras informações.


Publicado no jornal Visão Judaica, de Curitiba/Mídia Sem Máscara


domingo, novembro 25, 2012

A responsabilidade nasce dos sonhos.





por Paulo Rosenbaum (*)


Por que um dos julgamentos mais importantes da história contemporânea aconteceu em Nuremberg? E por que ao processo que envolveu os genocidas nazis foi selado sob o nome de “tribunal de exceção”?

A cidade era uma escolha simbólica, e os fatos, sem paralelo na história contemporânea. Em 1935, naquele histórico sítio alemão, foram editadas as leis raciais e de “proteção do sangue” que inauguraram um dos períodos de sombra da humanidade. Sancionadas pelo chanceler eleito e pelos ministros do interior e da justiça a promulgação daquela legislação tornou-se prova de que a manipulação da razão pode tomar destinos equivocadíssimos, mesmo na democracia. Se esta razão vier escoltada por alguma ideologia então, é mesmo para tremer e esperar pelo pior, sempre! Dito e feito!

Se índios, negros e outras etnias não tem alma porque os respeitaríamos rezava o consenso dos juízes da Inquisição. Por que povos inferiores devem ter os mesmos direitos que brancos europeus civilizados, reafirmavam os higienistas. Medições de crânios, a chamada “craniometria” dos cientistas que trabalharam pela e para a ideologia nazista apresentaram suas “evidencias empíricas”: o encéfalo dos não arianos “era menos evoluído e tendia à degeneração”. Os arianos, “intrinsecamente superiores”, representavam a “raça pura, de ascendência sem vícios ou corrupção genética”.

Era o apogeu político da eugenia, uma doutrina que embora encontrasse raízes pré-existentes nas ciências naturais, tomou corpo e se fortaleceu graças à causa organizada pelo terceiro Reich. Foi assim que profissionais liberais especialmente médicos, pequenos comerciantes, o grande capital e professores universitários da Alemanha começaram a achar que poderiam acertar as contas com a humilhação decorrente do tratado de Versalhes e se safar da crise econômica com hiperinflação do final nos anos 20.

Finalmente, os juízes se prestaram ao papel e começaram a definir novas regras para a sociedade alemã: judeus, ciganos, homossexuais, negros, doentes mentais, mestiços – e alguém se lembrou de incluir gente politicamente desviada – mereciam tratamento especial. O cólume desta arquitetura, todos sabem, resultou no maior drama da história ocidental e, provavelmente, o mais sistemático e sem paralelo massacre da história recente.

A ideologia ariana forçou os cofres do Estado alemão a desembolsar milhões para divulgar e patrocinar a doutrina do Führer, e ali, muitos dizem, o berço da mentira como indústria e, portanto, do marketing político moderno. Centenas de milhões do opúsculo raivoso de Hitler circularam e não possuir um exemplar de “Mein Kampft” era tomado como séria ofensa ao Estado. A palavra nazista originária de nazional sozialism – literalmente nacional socialista, diferentemente de matizes à direita e à esquerda do fascismo, comporta uma designação precisa. Trata-se de um termo em franca vulgarização, que tem evocado banalmente o mal genérico e universal. A linguagem não costuma trair. Hoje em dia, se bobear, qualquer porteiro mal educado, jornalista independente ou sujeito crítico corre o risco.

Quando o Estado, centralizado em poucas cabeças, obriga todos os outros a segui-las, e há obediência civil, está aberta uma trilha ao abismo. Na lista de aberrações, temos o livro vermelho de Mao, o livro verde de Khadafi, a obra marrom de Pol Pot, fora as outras tonalidades de muitos outros. O mínimo múltiplo comum é que todos eles se auto-intitulam salvadores; sim, claro, de si mesmos. Pois nascem, crescem e morrem com um só objetivo, narcísico, o culto à própria personalidade.

Pulo para o nada sóbrio relatório do diretório do partido governista acusando o STF de “tribunal de exceção” e comparando ambos, processo e julgamento, aos procedimentos nazistas. Dado o respaldo popular e apoio maciço aos juízes deixaram para emitir a nota depois das eleições. Professores universitários e jornalistas decanos emprestaram suas habilidades e estilos à causa, dando os retoques finais ao documento. É aqui que nos perguntamos se a isso chamam honestidade intelectual?

Bastou para a enxurrada de pseudo-artigos na web, e na grande, média e minúscula imprensa, classificando o julgamento da ação penal 470, “erro jurídico rotundo”. Depois espalharam rumores e insinuações gravíssimas contra a corte jurídica e o procurador geral da República. Além das calúnias, exageros retóricos e grotesca falta de acurácia terminológica esses dirigentes partidários ficaram devendo às novas gerações uma versão verossímil dos fatos.

Poderiam ter afirmado, por exemplo, que as penas foram desproporcionais, que as provas deveriam ser mais consistentes, e até esbravejar para discordar da decisão do tribunal. Aliás, ninguém duvidaria que fosse esse o papel do partido. Infelizmente, veio a imprecisão panfletária, a palavra de ordem, a conclamação das massas, o intransigente desrespeito à constituição. Já que uma virada humanista e um governo de coalização parecem alternativas impensáveis, o único e involuntário aspecto favorável da ação dos dirigentes do partido hegemônico talvez tenha sido acelerar sua decadência.

Os magnatas do poder podem estar se aposentando coletivamente. Que durmam bem e nem precisam mais mandar notícias. Não custa sonhar que nos novos postos de trabalho, gente mais crítica e mais disposta a ir além do sectarismo ranzinza, assuma responsabilidades e conceda nada além do que deveriam ser nossos direitos naturais: plena cidadania e direito à vida.

Viajei, sei que viajei! Mas, como escreveu o poeta irlandês Willian Butler Yeats, é nos sonhos que começa a responsabilidade.

(*)Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo” (Ed. Record)
Fonte: Pletz


sábado, novembro 24, 2012

A eficiência da segurança do PT.








Primeiramente o mapa da violência no Brasil real:


mortos por 100 mil
Mapa da violência no Brasil
Em segundo lugar o mapa da violência que a mídia, incentivada pelo governo que precisa dominar São Paulo (como se não fosse fácil para quem conta os votos), não mostra.

Na Bahia:


O petista Jaques Wagner governa o estado desde 2007. Em 2006, houve no estado 23,5 mortos por 100 mil habitantes. Nesse mesmo ano, São Paulo já tinha um índice inferior: 19,9. Na gestão do companheiro Wagner: 25,7; 32,9; 37,7 e 37,7. Entre 2006 e 2010, sua política de segurança pública exemplar conseguiu aumentar o número de homicídios em 60,4%! No mesmo período, São Paulo baixou a sua em 30%.

No Pará:


Gestão de Ana Júlia Carepa, entre 2007 e 2010. Também ali o partido teve a chance de pôr para funcionar as suas ideias verdadeiramente revolucionárias na área de segurança pública. Um ano antes de a petista chegar ao poder, houve 29,6 mortos por 100 mil no estado. Vamos ver os números que os petistas conseguiram produzir entre 2007 e 2010: 30,4; 39,2; 40,2 e 45,9. Isto mesmo: houve uma elevação de 55,06%!

Em Sergipe:

O PeTê é poder desde 2007. Em 2006, ultimo ano do governo não-petista, a taxa já era alta: 29,8 por 100 mil. Em 2007, teve-se a impressão de algo de bom poderia estar em curso na área: a taxa caiu um pouco; foi para 25,9. Engano! De 2008 a 2010, foram estes os números: 25,9; 28,7; 32,6 e 33,3 — aumento de 11,74%. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública traz o número de 2011: 33,9! E olhem que eles são considerados de “baixa qualidade”. Vale dizer: pode haver subnotificação.

No Piauí:

Associado ao PSB, o PT está no governo do Piauí desde 2003 (duas gestões cada um, com o outro de vice). Pois bem: em 2002, o estado teve 10,9 homicídios por 100 mil habitantes. Vejamos, então, o desempenho dos companheiros entre 2003 e 2010: 10,8; 11,8; 12,8; 14,4; 13,2; 12,4; 12,8 e 13,7!
Em oito anos no poder, os companheiros conseguiram elevar a taxa de homicídios em 25,68%. E olhem que o Anuário da Segurança Pública, por exemplo, não leva a sério os dados fornecidos pelo governo do Piauí porque os considera também de “baixa qualidade”.

No Acre:


Os petistas governam o Acre desde 1999 — o grupo de Marina Silva também é poder e, no estado, não se distingue dos petistas. Vejam o quadro. De 2000 a 2010, eis a taxa de mortos por 100 mil do Acre segundo o Mapa da Violência:19,4; 21,2; 25,7; 22,5; 18,7; 18,7; 22,6; 18,9; 19,6 21,5 e 19,6. É praticamente o dobro da de São Paulo. Mas os petistas insistem em dar aulas sobre segurança pública. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública não traz números sobre o Acre porque o Estado não fornece de modo adequado os dados para o Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal (SINESPJC). Após dez anos de gestão petista, os mortos por 100 mil habitantes no Estado cresceram, com alguns picos de violência em 2001, 2002, 2003 e 2009.

Mato Grosso do Sul:

Zeca do Petê governou entre 1999 e 2007, surpreendentemente foi o único caso positivo. Em 2000, havia 31 mortos/ 100 mil habitantes,no último ano de sua gestão, 30/100 mil.

 taxas piores Brasil afora, a maior parte oriundas de estados governados pela chamada “base aliada”. (fonte:Reinaldo Azevedo)

É evidente que uma única morte por assassinato (sem contar as que o  nosso trânsito mata em números que poucas guerras conseguem igualar) já seria o suficiente para produzir manchetes calorosas numa Suiça, por exemplo, mas daí a esconder todas as mortes que acontecem diariamente pelo Brasil e execrar o Estado de São Paulo (leia-se governador Alckmin) é um tanto estranho.

Os noticiários se tornaram hábeis em dar destaque às mortes perpetradas pelo crime organizado e, é bem verdade, que nem todas as mortes devem ser contabilizadas para a facção criminosa. Exatamente pelo destaque desproporcional, outros bandidos que estão à solta e mais os "iniciantes" vêm a grande oportunidade de eliminarem desafetos ou mesmo "treinar" suas pontarias em pessoas que nada têm a ver com o crime organizado ou com tráfico.

E como já era esperado, a população como que anestesiada e incapaz de pensar além, exige segurança, como se fosse possível colocar-se uma viatura policial à porta de cada boteco de periferia para fazer a guarda pessoal de cada um dos cidadãos que "merecem" encher a cara todos os dias. Policia ostensiva é necessária e ajuda a inibir o crime, mas nem tanto assim:
O número de policiais por cem mil habitantes de São Paulo é bem inferior ao de Alagoas. Apesar disso, o número de homicídios de Alagoas é setenta vezes maior do que o de São Paulo. O número de homicídios de São Paulo, hoje em dia é dos menores do Brasil: 10 homicídios por 100.000 habitantes. Já o de Alagoas é de 70 homicídios por 100.000 habitantes; "Um dos mitos da segurança pública refere-se à máxima ‘para se ter mais segurança, é preciso ter mais policiais nas ruas’”, afirma o juiz Luiz Flavio Gomes.  E como se pode ver, dificilmente algum noticiário dá destaque à essa verdadeira carnificina perpetrada em Alagoas: não interessa, não há interesse em apear o governador do poder e dar lugar ao petê.

Em todo o noticiário, um tanto orquestrado e que esconde os assassinatos em outros lugares mais perigosos, o que se entende é que definitivamente só há solução para conter a violência se a aliança governo federal/estado estiver funcionando; como se a criminalidade no Rio tivesse desaparecido, o tráfico banido e as facções criminosas cariocas tivessem se convertido e estivessem hoje em monastérios orando pela salvação espiritual da humanidade. De resto nem uma única linha sobre as leis fracas e ridículas que mais parecem incentivar crimes e criminosos, não há o menor interesse em exigir que os benefícios (progressão de penas) sejam retirados ou diminuídos substancialmente . Não é minimamente inteligente deixar um líder de facção criminosa sair para visitar a mãe e não voltar:



A Polícia Militar anunciou nesta segunda-feira (27/10/2012) a prisão do traficante conhecido como Piauí. Ele atuava na favela de Paraisópolis e é apontado como mandante de assassinatos cometidos contra policiais militares ocorridos na Zona Sul de São Paulo nos meses de junho e julho de 2012.

Piauí estava foragido por não ter retornado de saída temporária do Dia das Mães deste ano e foi preso domingo (26) em Itajaí (SC). Ele é acusado de homicídio, extorsão mediante sequestro, porte ilegal de arma, falsa identidade, lesão corporal, dano e formação de quadrilha.(fonte G1)

...A primeira notícia trata de uma pessoa que foi flagrado cometendo assaltos em Abreu e Lima, Pernambuco, logo depois de receber o indulto de Natal. Ele aproveitou o benefício para roubar veículos e motoristas. Em poucas horas, já havia realizado três assaltos. No último deles, durante a fuga, o criminoso provocou uma colisão entre um Celta, que estava sendo roubado, e um ônibus, no km 49 da BR 101. A Polícia Rodoviária Federal foi acionada e, durante o atendimento do acidente, o presidiário foi descoberto...(Fonte:folhabv.com)

E como a provar que a população está anestesiada, basta ver que as passeatas e os protestos nas redes sociais apenas pedem PAZ, quanto à lei nada é citado. Esquecem-se que está em curso um novo código penal que, se aprovado, fará, no dia seguinte à aprovação, sentirmos uma saudade imensa do velho código. Nesse novo código um cão tem valor muitas vezes superior ao de um ser humano em formação. Quando o efeito da anestesia passar, quando não se puder conter os casos de pedofilia, estupros e agressões à mulher; talvez seja tarde demais. 

População Carcerária e Impunidade:

Um relatório do Departamento de Justiça norte-americano afirma que um recorde de 7 milhões (sete milhões) de americanos (1 em cada 32 pessoas) estavam atrás das grades ou em liberdade condicional ao final do ano passado. Desse total, 2,2 milhões estavam em prisões ou cadeias.

De acordo com o Centro Internacional para Estudos Carcerários, do King’s College (Londres) mais pessoas estão atrás das grades nos Estados Unidos do que em qualquer país do mundo. A China está em segundo lugar, com 1,5 milhão de prisioneiros, seguida da Rússia, com 870 mil.



A população carcerária no Brasil chega a quase 500 mil presos, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apresentados na manhã desta terça-feira (6) em São Paulo pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Apenas três Estados registraram queda no número de presos.


 No total, o número de encarcerados no País chegou a 471.254 em 2011, contra 445.705 do ano anterior.Apesar desse número, há 295,41 mil vagas no sistema penitenciário, ou um total de 1,6 detento por vaga. Em alguns Estados, porém, esse cálculo é ainda mais preocupante. Alagoas, Pernambuco, Acre, Amapá e Maranhão têm, respectivamente, 2,6; 2,4; 2,2; 2,2 e 2 presos por vaga.(Fonte: R7)
Pelos números acima poderíamos imaginar que Os EUA é um país extremamente violento, campeão em assassinatos, todavia é preciso mostrar:
O homicídio foi superado na décima quinta posição pela pneumonia por aspiração, um tipo de doença pulmonar causada pela inalação de comida, líquido ou vômito, segundo o relatório feito pelo Centro Nacional de Estatística Sanitária, que analisou as causas de mortes no país em 2010.

As duas causas principais de morte nos Estados Unidos continuaram sendo as doenças cardíacas e o câncer. As duas somaram 47% de todos os óbitos.(fonte: d24am.com)

E antes que um engraçadinho defensor dos direitos humanos e a favor do desarmamento faça considerações, vai aqui o comparativo:

7 milhões de armas de fogo estariam em circulação no Brasil, conforme estimativa divulgada pela ONG Viva Rio. Dessas, só 49% são legais; 28% seriam armas ilegais de uso informal e 23%, armas ilegais de uso criminal.

270 milhões de armas em poder de civis circulam nos Estados Unidos




A violência só é contida quando existem leis que sejam cumpridas.



Fonte: Reinaldo Azevedo/G1/R7/d24am/