sábado, dezembro 31, 2016

Cristãos teriam a obrigação de ajudar refugiados?



por Adolfo Sashida






Nesse Natal um post no Facebook de Carlos Goes me deixou intrigado. Lá, na noite de Natal, podia-se ler:

“Tonight many of you celebrate the story of undocumented Middle Eastern refugees who fled their homeland running away from a tyrannical government. Would you have let them into your country?“, ou numa tradução livre “Nessa noite muitos de vocês celebram a história de refugiados sem documentos do Oriente Médio que partiram de sua terra natal fugindo de um governo tirânico. Vocês os deixariam entrar em seu país?”.

Confesso que tenho dúvidas sobre a adequação dessa analogia. Creio que outras poderiam representar melhor o ponto do autor, que em sua essência me parece muito bom. Para evitar controvérsias desnecessárias, vamos ao ponto mais central do cristianismo: amar a Deus, e amar ao próximo. Essa é sem sombra de dúvidas o centro nervoso do Cristianismo: a necessidade de amar a Deus, e como Deus é o criador de todos os Homens devemos amá-los também. A implicação disso é que um cristão deve amar inclusive seus inimigos. Ora se devemos amar ao próximo, e seguindo a parábola do bom samaritano, não deveríamos ser favoráveis ao acolhimento de refugiados em nosso país? Foi isso que me deixou intrigado, pois creio que a política de migração de alguns países europeus (de portas abertas aos refugiados) é um erro. Isto é, será que sou um cristão que se encontra em oposição direta a um mandamento de Deus?

Isso me deixou pensativo. E creio que vale a reflexão de todos os cristãos. Claro que como ser humano sou repleto de falhas, sou um pecador daí a necessidade de nossa confissão. Entre os meus pecados estão sem sobra de dúvidas minha incapacidade de amar bandidos, terroristas, e canalhas, mas também falho ao ser incapaz de amar pessoas que não conheço. Claro que sinto uma dor enorme vendo a precária situação dos refugiados islâmicos que tentam entrar na Europa. Claro que me choquei com a imagem da criança síria morta afogada quando a balsa de seus pais afundou. Mesmo assim continuo contrário a política de portas abertas para a imigração ilegal e para refugiados que não possam comprovar documentos básicos, ou sobre os quais pesem dúvidas honestas em relação a sua capacidade de aceitar as liberdades e diversidade do mundo ocidental.

Quando Deus nos pediu para amar ao próximo como se fosse a nós mesmos ele nos deu também um dever: o dever de proteger o próximo. E aqui a lição sobre refugiados é dúbia. Devemos proteger os refugiados ao custo de nossa própria sociedade? Devemos abrir as nossas fronteiras para que terroristas disfarçados de refugiados entrem e disseminem o terror em nossa sociedade? Claro que a absoluta maioria dos refugiados é composta por pessoas de bem, mas aquela minoria de terroristas tem potencial de causar estragos grandes.

O post de Carlos Goes nos alerta para um problema sério: ao barrarmos refugiados islâmicos sem documentos podemos estar cometendo injustiças, podemos estar falhando em nosso dever de cristãos. Contudo, é igualmente verdade que aceitar tais refugiados não é isento de custos. E é igualmente verdade que ao aceitar refugiados poderemos estar falhando igualmente em nosso dever cristão de proteger ao próximo. Cristo nos diz para darmos a outra face quando formos agredidos, mas em momento algum ele nos manda dar a outra face mediante injustiças perpetradas a terceiros.

Creio que, de maneira geral, o cristão tem todo direito de ser contrário a política de portas abertas a refugiados. Como ser humano quero proteger minha família e a sociedade na qual vivo, e estou disposto a fazer sacrifícios em sua defesa. Se devo amar meu inimigo isso não significa que devo amar menos minha família. Se devo amar o refugiado islâmico isso não significa que devo aceitar de bom grado a destruição dos valores e do legado cristão. Em minha modesta opinião é isso que ocorre hoje: os terroristas islâmicos ameaçam destruir nossa sociedade, nosso modo de vida, e nossa liberdade. Sendo assim, é nosso direito nos defender de tal ameaça. Infelizmente, em minha opinião, tal defesa nos leva a restringirmos a política de portas abertas a imigração.

Os inimigos da sociedade aberta tentam usar o que temos de melhor (nossa liberdade e tolerância) para nos destruir. É necessário não cair na armadilha do terrorista que tenta usar nossos valores mais nobres para nos destruir. Não existe mérito, e nem nobreza, em ser tolerante para com os intolerantes.

Fonte: Instituto Liberal




Doutor em Economia (UnB) e Pós-Doutor (University of Alabama) orientado pelo Prof. Walter Enders. Lecionou economia na University of Texas - Pan American e foi consultor short-term do Banco Mundial para Angola. Atualmente é pesquisador do IPEA. Publicou vários artigos nacional e internacionalmente, sendo de acordo com Faria et al. (2007) um dos pesquisadores brasileiros mais produtivos na área de economia.





quarta-feira, dezembro 28, 2016

Politicamente Correto: Uma estupidez sem fim





por Giulio Meotti
Titulo Original: A ditadura politicamente correta cegou o Ocidente

O trabalho da artista Mimsy, satirizando a crueldade do ISIS, (Imagem à direita)foi retirado da Mall Galleries de Londres depois que a polícia britânica o definiu como "incendiário". (imagem: Mimsy)


O Twitter, um dos veículos desta nova intolerância até formou um "Conselho de Segurança e Confiança." Ele faz lembrar o "Conselho para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício" da Arábia Saudita.


Pode até parecer uma era dourada para a liberdade de expressão: mais de um bilhão de tuítes, postagens no Facebook e blogs todo santo dia. Mas, abaixo dessa camada superficial, a liberdade de expressão está recuando dramaticamente.

Estudantes da City University of London, domicílio de uma das escolas de jornalismo mais respeitadas da Grã-Bretanha, votaram a favor de banir três jornais de seu campus: The Sun, Daily Mail e o Express. O "crime" daqueles jornais, de acordo com a moção aprovada, é o de terem publicado histórias que criticavam migrantes, artigos "islamofóbicos" e tornar "as classes trabalhadoras, que tão orgulhosamente dizem representar, em bodes expiatórios". A University City, teoricamente um local dedicado à abertura e ao questionamento, se tornou a primeira instituição educacional ocidental a votar a favor da censura e do banimento de "jornais de direita".

Após o massacre na redação da revista Charlie Hebdo o cineasta David Cronenberg chamou assim essa autocensura: " uma grotesca e sinuosa correção política. "É um dos venenos ideológicos mais letais do Século XXI. Não se trata apenas de ser uma atitude de mente tacanha e ridícula, nos cega diante do Islã radical que está afadigando as nossas defesas mentais e culturais.

Os inúmeros ataques perpetrados por extremistas muçulmanos são testemunho de que o mundo multicultural no qual nos engajaram é uma ficção. O politicamente correto simplesmente encoraja os islamistas a elevarem ainda mais a importância de vencerem a guerra de autoria deles próprios. A tensão resultante foi e é alimentada pelas elites ocidentais, através de seu sentimento de culpa por conta do "colonialismo" imposto ao Terceiro Mundo.

"ISIS ameaça Sylvania"- uma exposição de arte destaca bichinhos fofinhos de pelúcia fazendo piquenique em um gramado, sem saber da presença de outros bichinhos de pelúcia, só que desta vez vestidos de terroristas carregando fuzis automáticos em uma colina logo atrás deles - é o trabalho da artista conhecida como Mimsy (sua verdadeira identidade não pode ser revelada). Os protagonistas desta série de quadros de caixas de luz compreendem uma família de bonecas representadas por bichinhos de pelúcia que habitam um vale encantado. Homens armados, vestidos de capangas do Estado islâmico, atacam os inocentes habitantes do vale, na escola e na praia, em um piquenique ou em uma parada do orgulho gay. Parece uma versão atualizada do Maus de Art Spiegelman, uma história em quadrinhos que retrata gatos nazistas e camundongos judeus durante o Holocausto.

Os que desejam ver aquele painel artístico na Mall Galleries, em Londres, terão que se consolar com o trabalho de Jamie McCartney, "The Great Wall Vagina", nove metros de órgãos genitais femininos, menos importantes e menos provocadores.

A corajosa obra de Mimsy, depois que a polícia britânica a definiu como "incendiária", foi retirada do programa deste evento cultural de Londres. Seus organizadores informaram aos proprietários da galeria que se eles quiserem colocar os quadros em exposição, terão que desembolsar US$46.000 para "proteger o local" durante os seis dias da exposição.

Sob esta ditadura politicamente correta, a cultura ocidental estabeleceu dois princípios. Em primeiro lugar, a liberdade de expressão pode ser restringida a qualquer momento se alguém afirmar que uma opinião é um "insulto". Em segundo lugar, há um malévolo padrão de dois pesos e duas medidas: as minorias, especialmente as muçulmanas, podem dizer livremente o que bem entenderem contra judeus e cristãos.

E assim veio a calhar que o time mais famoso do futebol espanhol, Real Madrid, retirou a cruz de seu emblema depois de um acordo comercial com o emirado de Abu Dabi. O símbolo cristão foi rapidamente descartado com o objetivo de agradar os patrocinadores islâmicos do Golfo.


Talvez em breve será requisitado que o Ocidente mude a bandeira da União Europeia - doze estrelas amarelas sobre um fundo azul - pelo fato de conter uma mensagem cristã em seus preceitos. Arsène Heitz, que a projetou em 1955, se inspirou na iconografia cristã da Virgem Maria com uma coroa e doze estrelas na cabeça: que mensagem desumana da "supremacia cristã ocidental"!

A correção política também está impingindo um imenso impacto sobre a atividade comercial em grande escala: a Kellogg's retirou a publicidade da Breitbart por "não estar alinhada com os nossos valores" e a Lego cancelou a publicidade no jornal Daily Mail, só para dar alguns exemplos.

Não deveria causar nenhum alarme o fato das empresas decidirem como bem entenderem onde anunciar seus produtos, mas é muito alarmante quando isso se dá por conta da "ideologia". Nós nunca ouvimos falar de empresas que tenham abandonado um jornal ou um Website por ele ser demasiado liberal ou de "esquerda". Se os regimes árabes-islâmicos seguissem esses pontos de vista, eles não deveriam então pedir as suas empresas que parem de fazer publicidade em jornais ocidentais que publicam artigos críticos ao Islã ou fotos de mulheres seminuas?

Bibliotecas dos campi americanos já estão afixando "advertências expressas" em obras da literatura: os alunos são alertados por exemplo, que a sublime Metamorfose de Ovídio "justifica" o estupro. A Universidade de Stanford até conseguiu dar um jeito de excluir Dante, Homero, Platão, Aristóteles, Shakespeare e outros gigantes da cultura ocidental do currículo acadêmico em 1988: ao que tudo indica, porque muitas de suas obras-primas são "racistas, machistas, reacionárias e repressivas". Este é o vocabulário da rendição ocidental diante do fundamentalismo totalitário islâmico.

A França removeu grandes expoentes como Carlos Magno, Henrique IV, Luís XIV e Napoleão, das escolas, para substituí-los por exemplo, pelo estudo da história do Mali e de outros reinos africanos. Na escola, as crianças são ensinadas que os ocidentais são Cruzados, colonizadores e "maus". Na tentativa de justificar o repúdio à França e à sua cultura judaico-cristã, as escolas têm fertilizado o solo no qual o extremismo islâmico se desenvolve e floresce sem obstáculos.

É uma questão de prioridades: ninguém pode negar que a França está sob cerco islamista. Na semana passada o serviço de inteligência da França descobriu mais uma conspiração terrorista. Mas qual é a prioridade do governo socialista? Restringir a liberdade de expressão dos "militantes" pró-vida. O Wall Street Journal chamou isso de "Guerra da França Contra o Discurso Antiaborto. "A França já conta com um conjunto de leis mais lenientes e liberais no tocante ao aborto. Mas o politicamente correto torna o indivíduo cego e ideológico". Em quatro anos e meio os socialistas reduziram a nossa liberdade de expressão e atacaram as liberdades públicas", assinalou Riposte Laïque (Website e movimento político).

Nos EUA, o mundo acadêmico está rapidamente fechando as portas a qualquer tipo de debate. Hoje em dia na Universidade de Yale professores e estudantes estão debruçados sob uma nova emergência cultural: "renomeação". Eles estão mudando o nome de edifícios com o intuito de apagar quaisquer vestígios da escravidão e do colonialismo - um revisionismo no estilo da Revolução Bolchevique da Rússia.

Em todos os cantos dos EUA e do Reino Unido, um ar de hostilidade está se espalhando em relação a opiniões e ideias que poderiam causar até mesmo uma pitada de angústia nos estudantes. O resultado é a ascensão do que um escritor como Bret Easton Ellis chamou de "Geração Fracote".

Os jihadistas estão obviamente sorrindo de orelha a orelha diante dessa correção política ocidental, uma vez que o resultado desta ideologia será a abolição do espírito crítico ocidental e uma reeducação surreal das massas através do aniquilamento da nossa história e um ódio ao nosso passado verdadeiramente liberal.

A Universidade de Bristol no Reino Unido acaba de ser alvo de duras críticas por tentar aplicar o "No Platform" (Política da União Nacional dos Estudantes do Reino Unido que impõe que nenhuma organização ou indivíduo proscrito possa discursar num palanque) em Roger Scruton devido aos seus pontos de vista sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Enquanto isso as universidades britânicas estão oferecendo palanques a pregadores islâmicos radicais. No universo politicamente correto, pensadores conservadores são mais perigosos do que defensores do ISIS. Boris Johnson, ex-prefeito de Londres, chamou esta distopia de "o Boko Haram do politicamente correto. "

Estudantes e professores da Universidade Rutgers em Nova Jersey cancelaram um discurso da ex-secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice. Estudantes e professores da Scripps College na Califórnia protestaram contra a presença de outra ex-secretária de Estado, Madeleine Albright, que de acordo com os manifestantes, é uma "criminosa de guerra".

O professor da Universidade de Nova York Michael Rectenwald, que atacou o politicamente correto e o mimo dos estudantes, foi recentemente expulso da sala de aula porque seus colegas se queixaram sobre a sua "incivilidade". O professor de estudos liberais foi forçado a se submeter à licença remunerada. "É uma alarmante restrição da liberdade de expressão que chega a ponto de não se poder nem fingir ser algo sem que as autoridades venham atrás de você nas universidades" ressaltou Rectenwald ao New York Post.

Não há melhor aliado do extremismo islâmico do que essa hipocrisia da censura liberal: na verdade, os dois querem suprimir qualquer tipo de crítica ao Islã, bem como qualquer defesa conceituada do Iluminismo Ocidental ou da cultura judaico-cristã.

A censura acontece não apenas nos enclaves liberais na orla marítima dos Estados Unidos, mas também na França. O Eagles of Death Metal - conjunto americano que estava se apresentando na casa de espetáculos Bataclan em Paris quando terroristas do ISIS invadiram o teatro e assassinaram 89 pessoas em 13 de novembro de 2015 - foi banido de dois festivais de música: Rock en Seine e Cabaret Vert. O motivo? Jesse Hughes, vocalista da banda, concedeu uma entrevista politica extremamente incorreta:

"Será que o controle de armas francês evitou que um único infeliz morresse? Eu acho que a única coisa que interrompeu o massacre foi a intervenção de alguns dos homens mais valentes que eu já vi na minha vida se atirando de cabeça no palco da morte com suas armas de fogo. Ao meu ver a única coisa que mudou na minha maneira de pensar é que talvez, até que ninguém mais tenha armas, todo mundo deveria tê-las. Porque eu nunca vi que alguém que tivesse uma fosse morto e eu gostaria que todos tivessem acesso a elas, eu vi pessoas morrendo que talvez pudessem estar vivas, não sei".

Depois do massacre cometido por jihadistas na boate gay Pulse em Orlando, o Facebook emitiu uma ordem pró-islâmica e baniu uma página da revista Gaystream, por ela ter publicado um artigo crítico ao Islã na esteira do banho de sangue. O diretor da Gaystream, David Berger, criticou duramente o diretor do Gay Museum em Colônia, Birgit Bosold, que disse à imprensa alemã que os gays deveriam ter mais medo dos brancos fanáticos do que dos extremistas islâmicos.

Jim Hoft jornalista gay, criador do blog Gateway Pundit, muito popular, foi suspenso do YouTube. O Twitter, um dos veículos desta nova intolerância, suspendeu a conta de Milo Yiannopoulos, um proeminente crítico gay do fundamentalismo islâmico - mas provavelmente não as contas de fundamentalistas islâmicos que criticam gays. O Twitter ainda formou um "Conselho de Segurança e Confiança." Ele faz lembrar o "Conselho para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício" da Arábia Saudita. Isso poderia ser uma inspiração para os mulás liberais?



Com efeito, poderia parecer uma era dourada para a liberdade de expressão. Mas debaixo dessa ditadura do politicamente correto, o único que "sai ganhando" é o Islã político.


Giulio Meotti, editor cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.

Publicado no site do Gatestone Institute.


Fonte Mídia Sem Mascara
Tradução: Joseph Skilnik





terça-feira, dezembro 27, 2016

A “esperança” de Michelle Obama










A primeira dama americana, Michelle Obama, comenta o legado do marido e a esperança americana diante de Donald Trump. Onde está o erro?


Enquanto o mundo se preparava para comemorar o Natal e já trata Donald Trump como presidente americano (até mesmo já o culpando por bombardeios protagonizados por Barack Obama e Hillary Clinton), Michelle Obama deu uma entrevista a Oprah Winfrey na semana passada falando sobre a presidência de seu marido e sobre Donald Trump.

Oprah é uma das maiores doadoras de campanha de Barack Obama e, naturalmente, apenas permite a visão da assessoria de imprensa do Partido Democrata na TV. A entrevista e seus efeitos não foram comentadas na mídia brasileira.

Em um dado momento, Oprah pergunta à primeira dama se ela acredita que Barack Obama, que se elegeu com o slogan de “Hope” (esperança), deu esperança aos americanos. Michelle Obama respondeu, titubeando tanto quanto Dilma Rousseff envidando seus melhores esforços para terminar uma frase, que acredita que sim. Afinal, “podemos ver a diferença agora. Veja, agora nós sabemos como é não ter esperança”.

Michelle Obama ainda disse que a “[e]sperança é necessária. É um conceito necessário e Barack não falou apenas sobre esperança porque ele pensou que era um slogan legal para ganhar votos”.

A CNN reportou apenas a frase de Michelle Obama em sua manchete, com os comentários sem gagueira da primeira-dama, seguido por uma pesquisa do Pew Research Center dizendo que “mais do que um em cada três — 38% — dos americanos acha que Trump será um presidente ‘ruim ou péssimo'” (o que alguém sem diploma em estatística e filosofia lógica também pode notar que é uma minoria: 35% acham que será bom ou ótimo, 18% médio, e os números são ainda melhores do que na época da campanha).

Já a Fox News, além da fala de Michelle, comentou a resposta do próprio Donald Trump, em um evento no Alabama: “Michele Obama disse que não há esperança. Eu presumo que ela esteja falando do passado, não do futuro. Eu acredito honestamente que ela quis dizer algo diferente do que acabou dizendo”. Um tom extremamente conciliador, apesar das palavras confusas.

O silêncio da imprensa brasileira, sempre incensando o Partido Democrata, tem explicação, mesmo no caso de Michelle Obama, cotada por alguns como a sucessora óbvia de Hillary, enquanto ela era “favas contadas” e “favoritíssima” ao pleito, tornando a América uma espécie de oligarquia familiar, máfia ou tribo. Além de se expressar em uma língua cheia de recortes desconexos a la Dilma Rousseff, o que se apreende da fala de Trump está correto, e Michelle Obama, Oprah e a CNN tentam fazer as pessoas viverem com uma contradição que até uma criança percebe como óbvia ululante.

Afinal, esperança é algo que aponta para o futuro (“Forward”, adiante, foi outro slogan usado por Obama). Se Barack Obama, após 8 anos na presidência, fez o povo americano preferir Donald Trump e os Republicanos, como alguém pode bendizer tanto um partido e um presidente simbólico, mas oco, se quem vive sua política 24 horas por dia prefere justamente se livrar dela? A esperança do americano, afinal, está em tornar a América grande de novo, pulando justamente o período Democrata.

Por isso Donald Trump venceu: tornar a América tão boa quanto era e não é mais é algo que toca o coração americano. Apenas dizer “I stand with her” (“Eu fico com ela!”), como o anódino bordão de Hillary Clinton, é apenas proferir uma frase vazia e auto-referente. Mas adivinhe qual dos dois últimos candidatos é considerado “narcisista” por toda a mídia, com toda a população no mundo, que da realidade só conhece as manchetes da CNN, concordando?


Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs" (ed. Record). No Twitter: @flaviomorgen


segunda-feira, dezembro 26, 2016

Politicamente Correto: Um estúpido com outras palavras



Título Original: O que significa o “Politicamente Correto”?

por Adolfo Sachsida(*)


Seus defensores argumentam que o politicamente correto é uma forma de tornar menos conflituosa a convivência em sociedade. Por exemplo, não faz sentido ofender as pessoas usando termos inapropriados de linguagem. Contudo, não ofender pessoas é apenas uma regra de boa educação que nada tem a ver com o politicamente correto.


A rigor, o politicamente correto é uma forma de se limitar o debate e a livre circulação de ideias em uma sociedade. Pior do que isso, o politicamente correto busca a implementação de uma agenda progressista numa sociedade que, de outra maneira, não aceitaria tal agenda. Abaixo listo alguns exemplos:

1) Um terrorista do Estado Islâmico mata 12 pessoas fazendo uso de um caminhão para atropelá-las. A manchete da Folha de São Paulo foi: “Caminhão atinge mercado de Natal em Berlim e mata pelo menos 12 pessoas“. Quem lê a manchete tem a impressão de que um caminhão desgovernado matou acidentalmente 12 pessoas. Isso ocorre pois o politicamente correto impede que se de destaque ao fato de que mais um ataque terrorista foi levado a cabo por um seguidor do islã.

2) Experimente dizer que a politica de cotas raciais é ineficiente ou injusta. Ou ainda experimente dizer de que nem tudo que se atribui a discriminação contra a mulher não é exatamente discriminação. Ou tente dizer que a taxa de homicídios específica de determinado grupo social não representa, por si só, indícios de perseguição àquele grupo. Você será imediatamente taxado de racista, fascista, homofóbico, misógino, e coisas bem piores. Isso ocorre pois o politicamente correto impede a discussão aberta e franca de termos que são sensíveis a minorias barulhentas e bem organizadas.

3) Na sua opinião qual a maior dificuldade para uma criança ser adotada? Você foi bombardeado com tantas informações erradas que provavelmente responderá dizendo algo do tipo “As pessoas só querem adotar crianças brancas e novas, uma criança negra com mais de 10 anos ninguém quer adotar”. ERRADO! Esse simplesmente não é o problema. A rigor existem muito mais pessoas querendo adotar crianças brancas e novas do que crianças negras e de mais idade. CONTUDO, o número de pessoas querendo adotar crianças negras de mais idade É MAIOR do que o número de crianças negras disponíveis para adoção. No que se refere a adoção existem três problemas reais: a) poucas pessoas aceitam adotar crianças deficientes ou doentes; b) a maioria das pessoas quer adotar apenas uma única criança, dessa maneira crianças com muitos irmãos tem dificuldade de serem adotadas; e c) a gigantesca demora na burocracia referente a adoção da criança. São esses três pontos que deveriam estar sendo atacados para resolver o problema referente a adoção. Mas o politicamente correto gasta um tempo gigantesco querendo discutir um ponto que simplesmente não é a restrição real desse terrível problema social.

4) Vários grupos pressionam para que o governo combata a violência contra a mulher, justificam inclusive a criação de um tipo criminal chamado de “Feminicídio” para alertar que a violência é perpetuada por homens contra mulheres. Bom, vamos aos dados: a taxa de homicídios entre mulheres é de 4 a cada 100 mil habitantes, para os homens esse taxa é de 50. Em resumo, a taxa de homicídios entre homens é 12 vezes maior do que a taxa de homicídios entre mulheres. O real problema é a violência absurda que assola o Brasil, aqui homens e mulheres são covardemente assassinados todos os anos. Esse é o problema real a ser combatido.

5) Experimente ir numa aula de direito penal e dizer que prender bandidos diminui a criminalidade. Você será olhado de lado e dirão que você é mais um radical de direita fascista. Contudo, TODOS os estudos econométricos que conheço mostram que prender bandidos é uma das mais eficientes maneiras de se combater o crime. Mas sempre haverá um professor, um jornalista, um intelectual, ou um estudante para dizer “Eu prefiro construir escolas a construir presídios”…. como se isso fosse o ponto do debate! Óbvio que todos preferem construir escolas a cadeias, mas existem situações que nos obrigam a construir cadeias (a alternativa seria a aplicação de uma pena física ao infrator, será que é isso que os defensores do politicamente correto querem?). Para os defensores do politicamente correto prender bandidos não resolve o problema, para eles o problema é estrutural. Logo prender seria inócuo para combater o crime. Mas se prender não resolve qual é a sugestão, devemos não prender? Eles irão argumentar que a solução está na educação, numa melhor distribuição de oportunidades, de mais consciência social, etc. OK, todos concordamos com isso. Mas o fato é que prender bandidos não impede nada disso. Mas confrontados com essa lógica implacável eles nunca respondem.

6) Cristãos são perseguidos e assassinados ao redor do mundo, mas a imprensa em vez de noticiar isso prefere se preocupar com um provável crescimento da islamofobia. Ora como se não fosse natural temer aqueles que prometem nos exterminar se assim tiverem a chance, como é o caso de vários grupos radicais islâmicos. O crescimento da islamofobia se deve não ao preconceito, mas ao simples fato de que diversos grupos radicais islâmicos tem realizado ataques terroristas. Mas o politicamente correto impede que isso seja sequer discutido nos grandes meios de comunicação.

7) A esmagadora maioria da população é contra o aborto. Então o que faz o politicamente correto? Muda o nome de aborto para “direito de escolha”. Como se uma escolha já não houvesse sido feita quando o casal decidiu ter sexo sem proteção (o estupro é exceção a essa regra).

8) Quantas pessoas você já viu defenderem o porte de arma na grande mídia? São 60 mil homicídios por ano no Brasil, um fracasso incrível de nossas políticas de segurança pública, mas mesmo assim tirando o heroico Bene Barbosa é muito difícil ver pessoas defendendo o direito ao porte de armas com acesso a grandes veículos de comunicação. Isso ocorre pois o politicamente correto já estabeleceu que apenas radicais de direita defendem o direito do cidadão comum ter acesso a armas de fogo.

9)Diga que você apoia o Trump, pronto você virou ultra radical conservador. Diga que você apoia o Brexit, pronto você é um xenófobo imbecil. O politicamente correto é assim, ele bloqueia qualquer discussão honesta e a substitui por rótulos. Os que defendem as pautas do politicamente correto são taxados de pessoas boas, sofisticadas, inteligentes, moderadas, etc. Já os que não defendem tal pauta são radicais, ultra conservadores, xenófobos, intolerantes, golpistas, e outras coisas ruins.

10) No Brasil a esmagadora maioria das crianças não sabe ler e nem escrever, e são incapazes de fazer contas simples. Mas defenda que as aulas de sociologia, filosofia, e artes sejam trocadas por aulas de português e matemática e você automaticamente vira um canalha que quer criar um exército industrial de reserva, um radical que não quer que as crianças aprendam, e que sejam escravas do sistema.

11) Os índios brasileiros estão na miséria e cheios de áreas reservadas a eles. Sugira que não resolveremos o problema indígena dando mais terras aos índios e você será rotulado de um branco que não aceita que os índios são felizes passando frio e fome.

O grande problema do politicamente correto é que ao impedir o livre trânsito de ideias, e o livre debate, políticas públicas passam a ser direcionadas para corrigir problemas que não necessariamente são os mais importantes para aquela sociedade. Em resumo, desperdiçam-se recursos públicos em políticas que nem de perto são as mais necessárias. Pior, em muitos casos o politicamente correto cria problemas que sequer existiam na sociedade. Por exemplo, o Brasil é um exemplo no que se refere a miscigenação. Não digo que não exista preconceito, mas o fato é que a política de cotas raciais pode perfeitamente estar criando atritos raciais que antes eram inexistentes. Mas, se alguém sugerir isso será imediatamente taxado de imbecil ou coisa pior. Contudo, o livro de Thomas Sowell (Ação Afirmativa ao Redor do Mundo) mostra que após a implementação de cotas o atrito entre grupos distintos costuma aumentar em todas as sociedade que implementaram ações afirmativas.

Chamar terrorista de terrorista, bandido de bandido, e aborto de aborto é uma regra simples de qualquer debate honesto. Ao se proibir o uso de termos bem definidos, o politicamente correto confunde e bagunça completamente o debate. O vídeo logo abaixo, ilustra meu ponto: nele um negro gordo e homossexual conversa com alguns estudantes que seguem a cartilha do politicamente correto. Quando o negro sai o entrevistador pede aos jovens para descreverem a pessoa que saiu. O resultado é assustador! Os alunos simplesmente NÃO CONSEGUEM dizer que conversavam com uma pessoa negra, gorda e homossexual.



Entendeu a dimensão do problema? A cartilha do politicamente correto impede a correta descrição do mundo real. As pessoas passam a ser incapazes de descrever situações simples do seu cotidiano. No lugar de descrever situações o politicamente correto estabelece apenas rótulos. O politicamente correto não debate, ele rotula. Se você é incapaz de sequer descrever uma situação de seu cotidiano como você será capaz de entender problemas mais complexos? O politicamente correto é a ditadura do pensamento único, e geralmente errado.




(*)Adolfo Sachsida - Doutor em Economia (UnB) e Pós-Doutor (University of Alabama) orientado pelo Prof. Walter Enders. Lecionou economia na University of Texas - Pan American e foi consultor short-term do Banco Mundial para Angola. Atualmente é pesquisador do IPEA. Publicou vários artigos nacional e internacionalmente, sendo de acordo com Faria et al. (2007) um dos pesquisadores brasileiros mais produtivos na área de economia.


domingo, dezembro 25, 2016

O último Natal da Romênia comunista






Como Chuck Norris ajudou a derrubar o regime.
por Carmen Elena Dorobat 

Em cada Natal dos últimos 27 anos, os romenos relembram a revolução ocorrida em 25 de dezembro de 1989, quando o regime comunista foi derrubado. 

O ditador Nicolae Ceausescu e sua mulher Elena Ceausescu foram capturados e fuzilados, com o evento sendo transmitido ao vivo pela televisão.

Alerta: cenas fortes:






São poucos os romenos que se lembram com algum afeto da era comunista. A maioria se lembra do regime como ele realmente foi: uma época de pobreza, medo, e ausência de liberdade.

No início da década de 1980, Ceausescu já havia exaurido todo o capital que a Romênia acumulara. A população romena sofreu severas privações quando o governo tentou quitar de uma só vez toda a dívida externa do país (de aproximadamente 13 bilhões de dólares). As privações incluíam racionamento de eletricidade e de água quente (sob invernos rigorosos).

Talvez uma das privações mais penosas foi o "programa científico de alimentação", o qual estipulava quantidades máximas de produtos que uma pessoa podia comprar por mês.

A alimentação "cientificamente" controlada pelo governo

É interessante constatar como os fracassos do socialismo não apenas se originam das mesmas causas, como também tendem a se manifestar de maneiras incrivelmente similares. Assim como os venezuelanos de hoje enfrentam escassez e longas filas, aproximadamente 30 anos atrás, do outro lado do Oceano Atlântico, os romenos também tinham o hábito de passar várias horas parados em filas que se formavam perante prateleiras vazias. 

A diferença é que, para os romenos, tal situação rotineira já havia deixado de ser uma mera "crise temporária", que é como a atual situação da Venezuela ainda é descrita pelo governo. Tudo já era tristemente rotineiro.

E, assim como o governo da Venezuela se gaba de sua "boa organização" para controlar as filas dos supermercados e impedir que as pessoas comprem duas vezes na mesma semana, o regime comunista da Romênia, que já estava no poder havia mais de duas décadas, dizia que o racionamento de alimentos era uma medida voltada para promover a saúde e melhorar a qualidade de vida! 

Em 1982, Nicolau Ceausescu instituiu um "programa científico de alimentação" para o país, no qual quantidades de leite, ovos, carne, peixe etc. eram listadas, ao mesmo tempo, como recomendações de dieta e como quotas permitidas para a compra. À medida que o tempo foi passando, essas rações se tornaram cada vez mais escassas.

As compras podiam ser feitas somente por meio de um cartão de racionamento, no qual tais quantidades eram marcadas. A ração incluía as seguintes quantidades mensais:

Frango — 1 kg

Carne suína ou bovina — 500g (não havendo, deve ser substituída por carne enlatada da URSS)

Frios ou patê de fígado — 800g

Queijo - 500g (a cada 3 meses)

Manteiga — 100g

Azeite - 1 litro

Açúcar - 1 kg

Farinha - 1 kg (a cada 3 meses)

Ovos — 8-12

Pão - 300g/dia




O governo tinha várias explicações para essas limitações. Além de dizer que o estado estava preocupado em fornecer aos cidadãos uma dieta equilibrada e saudável, também havia a justificativa de que se estava combatendo os "especuladores" que estavam estocando comida.

O cartão de racionamento, no entanto, não garantia que os alimentos de fato estariam disponíveis, de modo que a maioria desses produtos só era obtida se você fosse um dos primeiros da fila. Com o tempo, isso gerou o ditado que dizia que, no comunismo, uma boa relação — ser amigo de um funcionário de uma mercearia estatal, que garantiria que você conseguisse todos os itens do cartão — era mais valiosa do que ter um imóvel no capitalismo.

Além dos alimentos, a gasolina também foi racionada em apenas 25 litros por mês, e a fila para conseguir o combustível frequentemente envolvia um esforço conjunto, no qual dois amigos se revezavam na fila em turnos diários, dentro do mesmo carro, esperando seu momento para abastecer. Enquanto um ficava na fila, o outro ia trabalhar. 

E para garantir que os romenos não iriam consumir muita gasolina, o governo adotou um rodízio, segundo o qual os carros não poderiam circular nos fins de semana dependendo do número final de suas respectivas placas. 

Adicionalmente, para sobreviver ao inverno, aquecimento e água quente só estavam disponíveis durante algumas horas do dia. Assim como televisão e eletricidade.

À época, as autoridades comunistas gostavam de se gabar dizendo que os cidadãos romenos usufruíam todos os benefícios da vida moderna, mas nenhuma de suas injustiças

Uma revolução silenciosa

Em paralelo a tudo isso, um contrabandista de fitas VHS e uma tradutora de inglês contrabandearam para a Romênia e dublaram para o romeno milhares de filmes ocidentais, especialmente filmes de ação. Estes filmes foram então distribuídos e ilegalmente exibidos para grupos de 20 a 30 pessoas de cada vez. 

Desta maneira, amontoados perante uma televisão que lhes mostrava amenidades básicas com as quais nem sonhavam existir, os romenos foram se tornando dolorosamente cientes de sua pobreza e isolamento. As revoltas populares foram se intensificando e a queda do regime comunista, algo inevitável, ocorreu antes do fim da década.

Essa história virou um documentário lançado este ano, intitulado "Chuck Norris contra o Comunismo" 


Aqui o site oficial do filme: http://www.chucknorrisvscommunism.co.uk/ 

Aqui uma reportagem visual sobre o filme (NYT):



Um Natal normal

Após 1990, os cardápios para a ceia de Natal dos romenos não mais foram submetidos a concessões institucionais — e nem os cardápios de nenhuma outra refeição.

Mas talvez o fato em relação ao qual eles estão mais felizes é o de poder celebrar o Natal sem o temor de serem denunciados pelos vizinhos para a polícia secreta.


Fonte: Instituto Liberal

sábado, dezembro 24, 2016

Feliz Natal 2016










Soneto de Natal

Machado de Assis


Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço no Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"







#JesusIsMyChristmas #JesusÉOMeuNatal

sexta-feira, dezembro 23, 2016

Trump: O Exorcista do Politicamente Correto


por Cliff Kincaid







É revigorante ver o presidente eleito Trump em sua turnê "Thank You", falando de um pódio no qual que proclama "Feliz Natal". A vitória de Trump foi uma revolta contra o Marxismo Cultural, também conhecido como politicamente correto. Nesse mundo, Merry Christmas é diluído em "Boas Festas".


Na verdade, diz um analista estratégico, "Trump ganhou porque ele ficou ao lado um grande segmento da população que esteve sob ataque furioso e brutal por mais de 50 anos pela correção política do marxismo cultural. Esse ataque cultural e sociológico dos marxistas culturais foi extremamente intenso e conduzido em alta velocidade nos oito anos do regime de Obama com sua grande engenharia social e remake cultural do país".


Ron Aledo, ex-oficial do Exército dos EUA e ex-analista sênior da CIA e da Agência de Inteligência de Defesa (DIA), escreveu uma análise provocadora dos resultados das eleições americanas, dizendo que a vitória de Trump podia até ser econômica, mas é também cultural.


Ele diz que a vitória de Trump foi "não só um milagre incrível, como ele ganhou basicamente contra tudo e todos, desde a CNN até furiosos ataques incessantes (e algo ridículos) do Washington Post, do New York Times, da ABC, da CBS, da MSNBC , Hollywood, 90% de todos os jornalistas norte-americanos e europeus, o establishment de partidos democratas e republicanos e milhões de "fazedores de cabeça" dos jovens americanos nascidos neste século (Millennials). Mas além disso, a vitória de Trump é uma verdadeira contra-revolução da Maioria Silenciosa contra a brutalidade da caça às bruxas do Marxismo Cultural e do Politicamente Correto".


Aledo diz que uma rebelião contra o Marxismo Cultural, que está associada à Escola de Teoria Crítica de Frankfurt que passou a dominar a academia, foi o grande fator na vitória de Trump.


Acrescenta que, embora a promessa de revogar o Obamacare e renegociar acordos comerciais fosse parte da vitória, havia outra coisa em ação na reação da população: a "Maioria Silenciosa", definida como "as pessoas simples que vivem longe da ditadura da Escola de Frankfurt das grandes cidades, estavam desesperadas por alguém que falasse com eles e por eles. Que as pessoas, livres da infecção viral do marxismo cultural das grandes cidades, quisessem manter seu estilo de vida tradicional e estivessem cansadas dos produtos fecais que as redes de TV, Hollywood, a mídia e a cultura pop continuavam a lançar sobre eles."


"Essas pessoas simples, com bom senso, estavam cansadas de Black Lives Matter, boas festas em vez de Feliz Natal, cabelo curto feio e mulheres sem camisa protestando pelo "direito" de matar bebês, Lady Gaga, paradas de orgulho gay - na verdade desfiles de orgulho de homens nus andando pelas ruas - o programa de TV da Modern Family, repórteres da CNN fazendo lavagem mental, a remoção de cruzes e cenas da Natividade, Miley Cyrus e os jovens de aparência feminina nas ruas, entre outros ".


"Foi uma revolução que levou 50 anos para avançar, mas está finalmente aqui", diz Aledo. Ele cita o historiador cristão H. W. Crocker dizendo que Trump é um verdadeiro exorcista de correção política.


Em uma entrevista realizada antes das eleições, Crocker, editor executivo da Regnery Publishing, disse que o que Trump estava fazendo era "o que qualquer republicano esperto precisava fazer: construir uma nova coalizão com operários (blue collar) conservadores". “Não pode vencer em nível nacional a não ser quem redesenhe o mapa eleitoral - ele fez isso. Ele é o único que pode fazer isso".


Crocker disse que após a derrota de Romney em 2012, ele recomendou ao ex-senador Rick Santorum que escrevesse um livro um livro chamado Blue Collar Conservatives, que mostrasse o que precisava ser feito. "Trump aparentemente leu aquele livro e colocou-o em jogo", disse ele.


Explicando a abordagem de Trump, Crocker disse: "Os republicanos costumam deixar os democratas, responsáveis pelo politicamente correto, definir a agenda, até mesmo aceitam seu fundamento moral - e então jogam no campo do adversário, com as armas do adversário, se defendendo ou tentando moderar as propostas democratas". 


Trump define sua própria agenda - e faz o contrário da maneira republicana dos últimos candidatos: define o campo e as armas da batalha. Ele planta sua bandeira à direita e, em seguida, caminha de volta se necessário, movendo o centro para a direita. “Essa é uma enorme vantagem - e nós não tivemos um presidente que pudesse fazer isso desde Ronald Reagan".


"Neste momento", acrescenta Aledo, "só podemos esperar que a contra-revolução se torne mais forte".



Fonte: heitordepaola.com
Tradução: Heitor De Paola




quinta-feira, dezembro 22, 2016

Sobre o Comunista Evaristo Arns: O que a Veja não disse


por Thiago Kistenmacher
Título Original: Dom Evaristo Arns: o que a VEJA não disse




Na Veja desta semana (21/12/2016) a revista dedica algumas páginas à morte do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. A matéria, cujo título é “Adeus ao Gigante”, resume a trajetória deste homem que, apesar de tudo, foi uma figura marcante na história contemporânea do Brasil. A reportagem, assinada por Pedro Dias Leite, tenta ser neutra, mas não parece, e o vocabulário empregado não difere muito da mídia “progressista”. Feita a introdução, vamos ao que de fato interessa.

Dom Evaristo Arns foi um religioso muito próximo de Dom Hélder Câmara, o “arcebispo vermelho”, e do frei Leonardo Boff, católicos da Teologia da Libertação, doutrina que une o cristianismo ao marxismo. Ademais, de acordo com a própria Veja, além de denunciar as torturas e desaparecimentos que realmente ocorriam naquele momento, Dom Evaristo Arns “Apoiou o movimento grevista no ABC (e seu principal líder, Luiz Inácio Lula da Silva)”. Com isso, o texto também alude ao fato de que “Se fosse hoje, dom Paulo provavelmente teria no papa Francisco, também ele um franciscano, um aliado”. Afinal de contas, no período de maior atuação de Dom Evaristo, o papa era um polonês que conheceu de perto as mazelas causadas pelo comunismo e pelas ideias chamadas “progressistas”, quer dizer, o papa era João Paulo II.

Mas afinal, o que é que a Veja não disse?

Se a matéria a qual me refiro abordou temas como tortura, censura, violência, repressão, etc., mas sempre com suas críticas – legítimas, vale dizer – voltadas a ditadura militar, deveria também explorar o outro lado da moeda, mas não o fez. O porquê eu não sei…>

A Veja cita um discurso feito pelo cardeal no dia 31 de outubro de 1975 no qual ele diz: “Ninguém toca impunemente no homem, que nasceu do coração de Deus para ser fonte de amor. Não matarás. Quem mata entrega a si próprio nas mãos do Senhor da história e não será apenas maldito na memória dos homens, mas também no julgamento de Deus.” Até aí tudo bem, já que este é um discurso que se espera de um cristão, porém, existe uma contradição nisso tudo.

Não haveria problema algum no discurso se o cardeal não tivesse, em 1969, ajudado dominicanos comunistas que entraram para a ALN (Ação Libertadora Nacional), um grupo terrorista chefiado por Carlos Marighella. (Se o leitor acredita que Marighella não foi um terrorista, recomendo o texto que trata sobre o livro Manual do Guerrilheiro Urbano, escrito pelo líder da ALN). Curioso é que no mesmo ano do discurso, um panfleto escrito por militantes da ALN declarava: “Todos nós somos guerrilheiros, terroristas e assaltantes e não homens que dependem de votos de outros revolucionários ou de quem quer que seja para se desempenharem do dever de fazer a revolução.” Um pouco disso pode ser encontrado no livro e no filme Batismo de Sangue que, embora tenha sido escrito por alguém não insuspeito como Frei Betto, dá uma dimensão do envolvimento dos religiosos dominicanos na luta armada e em ações extremistas. Se Dom Evaristo foi a favor dos direitos humanos, de uma forma ou de outra também foi a favor do terrorismo.

No discurso citado acima o cardeal defende a vida, relembra o quinto mandamento cristão, entretanto, defendeu guerrilheiros que, em suma, a partir de 1967, iniciaram seus assaltos a bancos, sequestros, entre outras ações criminosas. O próprio autor do Manual do Guerrilheiro Urbano, isto é, Marighella, logo no início de seu texto, aponta que um dos objetivos essenciais do guerrilheiro urbano é “A exterminação física dos chefes e assistentes das forças armadas e da polícia.” Também aponta que “todo guerrilheiro urbano tenha em mente que somente poderá sobreviver se está disposto a matar os policiais e todos àqueles dedicados à repressão.”

E tem mais. Marighella, um comunista obcecado e que aos olhos de muitos apaixonados é visto como alguém que lutava pela democracia, assinala que “matar um espião norte-americano, um agente da ditadura” deve ser uma ação realizada por um atirador “operando absolutamente secreto e a sangue-frio.” Enfim, dentre tantas instruções bizarras, Marighella afirma que “o terrorismo é uma arma que o revolucionário não pode abandonar.” Dentre os quatro sequestros de diplomatas realizados no Brasil, a ALN tomou parte na ação de dois. Foram eles: o sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick e do alemão Ehrefried Von Holleben.

Nas palavras de Stédile – o comandante do “exército” do PT, ou seja, do MST -, “Arns impulsionou o surgimento dos movimentos populares rurais que surgiram no país nas últimas décadas.” Ele complementa: “A maioria dos movimentos do campo que hoje existem – MST, MAB [Movimento dos Atingidos por Barragens], Movimento dos Pequenos Agricultores, Comissão Pastoral da Terra, Cimi [Conselho Indigenista Missionário] -, nascemos orientados por vossa sabedoria, que pregava: Deus só ajuda quem se organiza.” Sabemos que Stédile não é alguém muito simpático a democracia. E não para por aí, mas creio que por ora seja o suficiente.



quarta-feira, dezembro 21, 2016

Como entender a ética de alguns advogados criminalistas?





por Alice Queiroz(*)

Richard Gere e Edward Norton em "As duas faces de um Crime"


Sou advogada por amor. Entrei na faculdade por amor, me dediquei e me dedico aos estudos por amor, enfrento os obstáculos infindáveis do Direito por amor, porque, diferente de muitos, fui agraciada com o privilégio de trabalhar com o que amo.

Nessa minha trajetória, peguei algumas causas só por necessidade. Ou necessidade alheia, porque um amigo ou um familiar precisou de mim, ou necessidade própria, porque queria fazer mais um dinheirinho.

Minha área do coração é Penal. Sempre gostei do crime. Sempre gostei de ler sobre a barbaridade dos piores crimes já cometidos, de seriados e romances policiais, de filmes de investigação e principalmente daqueles que se passam em tribunais. Muito antes de entrar na faculdade já gostava, e depois de mergulhar nas páginas do meu primeiro Código Penal, aos 18 anos, como se fosse um livro de cabeceira, constatei que essa era realmente a paixão da minha vida.

Apesar disso, não sou criminalista. Atuo em outras áreas, mas nunca na criminal. Meu amor por Penal é público, mas sempre que aparece algum caso na minha mão, declino. Ninguém consegue entender o porquê, mas só o que importa é que eu mesma me entendo perfeitamente nos meus porquês.

De qualquer forma, mesmo na iminência de uma tempestade de críticas, tive vontade de dividir:

Outro dia, assistindo novamente a uma parte de “As Duas Faces de um Crime”, filme brilhantemente estrelado por Edward Norton, em que interpreta um suspeito por assassinato, e por Richard Gere, que interpreta seu advogado de defesa, me chamou a atenção a fala de Martin, o personagem de Richard, que era algo como: “As pessoas não nos respeitam como advogados de defesa. Elas acham que também somos maus porque andamos perto dos maus.“

Este é exatamente o cerne da questão. Indo direto ao ponto: o que te faz menos “mau” que aquele que foi cúmplice de um crime junto ao criminoso, já que você deixa seus próprios princípios de lado pra livrá-lo da punição que a lei prevê? Você é menos criminoso que aquele que defende só porque carrega consigo uma carteirinha vermelha que te intitula advogado?

Eu consigo compreender, apesar de não me enxergar num lugar como esse, a atuação do advogado de defesa que luta pelo abrandamento da punição do acusado, pelos direitos que a Constituição prevê, pela aplicação da lei penal em favor dele, pelo respeito a todas as garantias que o sistema lhe dá. Mas, desculpem a franqueza, não consigo compreender ou respeitar o advogado que nega o cometimento do crime por parte de seu cliente mesmo que tenha a plena consciência de que ele o cometeu.

Não consigo. Não me desce. Essa história de separar o Direito da moral pra mim tem limites muito bem definidos, e minha linha limítrofe entre os dois é realmente muito delicada. Se isso é uma virtude ou um defeito, não sei. Só sei que penso assim e mesmo após cinco anos de faculdade e quase dois de profissão, ainda não mudei.

Não consigo respeitar o advogado que apresenta uma tese de absolvição num plenário de Júri, de cara pra família da vítima, sabendo que foi covardemente assassinada pelo cliente que ele ganha dinheiro pra defender.

Não consigo respeitar o advogado que tenta desclassificar um delito cometido com violência pra um delito sem violência sabendo que a vítima de fato foi agredida.

Não consigo respeitar o advogado que defende o marido estressado que bateu na esposa mesmo sabendo que ela de fato apanhou.

Não consigo entender o advogado que defende o parlamentar corrupto que desviou milhões de reais que deveriam ser aplicados em saúde ou educação.

Não consigo entender ou respeitar o advogado que defende um cliente de uma acusação de estupro de vulnerável, mesmo quando sabe que uma criança foi violentada.

Não consigo. Não alcanço. É mais forte que eu.

Quando falo sobre isso, o que ouço de outros advogados costuma ser “é a área que paga melhor” ou ainda “mas uma coisa é minha vida, outra coisa é minha profissão”. Mas, não, sabemos que não é assim que funciona.

Sabemos que você pode estar sendo pago com dinheiro público desviado, com dinheiro obtido através do tráfico de armas, drogas ou pessoas ou com dinheiro do inocente que foi assaltado pelo seu cliente.

Como você dorme tranquilo na sua “vida pessoal” sabendo que aquela vítima de estupro poderia ser sua filha? Ou que aquela senhorinha que foi assaltada a facadas poderia ser sua mãe? Ou que aquele rapaz assassinado num latrocínio poderia ser seu irmão?

A sua “vida pessoal” é diferente da “vida pessoal” das famílias das vítimas dos seus clientes? Por quê?

Minha leitura atual é a história de como Antônio Bonfim Lopes, vulgo “Nem da Rocinha”, chegou ao tráfico e se tornou “o Dono”. Me surpreendi quando li que, na noite de sua prisão, época em que era considerado o traficante mais procurado do Brasil, três advogados tentavam fugir com ele na mala de um carro. Não eram três outros traficantes: eram três advogados. Ganhando uma fortuna pra defender (e fugir com) o traficante mais procurado do Brasil.

Essa ausência de empatia, que separa com a força de uma muralha o Direito da moral, a vida pessoal da profissional, é o que me impede de conseguir atuar na defesa de criminosos, e infelizmente de entender quem o faça. Meu amor por Direito Penal e pela minha profissão nunca será mais forte que as convicções de honestidade que construí e aprendi ao longo da vida, dentre as quais me nego veementemente a participar ou contribuir pra qualquer conduta que prejudique um ser humano inocente.

A advogada que sou, portanto, não é alguém diferente da pessoa que eu era antes de me formar. Não sou a personificação pura e simples do bocado de leis e doutrinas que fui obrigada a ler durante a faculdade pra passar nas provas: permaneço valorizando os mesmos princípios e aplicando minha experiência enquanto ser humano não só na minha vida pessoal, mas também e principalmente na minha profissão.

(*) Alice Queiroz é advogada pela AMPERJ – Escola de Direito do Ministério Público.