sábado, junho 30, 2012

Rio + 20 Intelectuais e déspotas.




por Paulo Rosenbaum (*)

Amós 3:3 - Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?

Não foi um caso isolado da Rio + 20. Às cotoveladas sessenta intelectuais (sempre bom recorrer à etimologia para saber se a atribuição ainda bate com o significado: intelecto – ação de compreender) se apertaram para assistir a explanação do ditador iraniano.

Uma possível compreensão, nesse caso legítima, seria que os doutores tivessem ido até lá para saciar a curiosidade frente a um homem deselegante, que já negou o holocausto, considera mulheres seres de terceira categoria, persegue minorias como Bahai e Sufis e prega a reforma “por bem ou por mal” dos homossexuais. Sem contar os criminosos atos contra os protestos da oposição nas comprovadas fraudes eleitorais que o levaram a reeleição. Eleição é modo de dizer, sufrágio indireto, que só se concretiza com aval do líder supremo.

Ninguém duvida que é sempre interessante ter a oportunidade de ver uma “criminal mind” ao vivo, tudo para tentar entender como funciona a mente onipotente, como raciocina o fanático, e sentir a astúcia do mitômano. Mas parece que não é isso que tem levado intelectuais do mundo a aderir ao pensamento monológico e ao culto dos déspotas que se proliferam pelo mundo. Talvez, cansados da anomia e do fracasso crônico das experiências com os projetos sociais pelos quais se batem, só encontrem recompensa naqueles que prometem implantar a justiça plena na Terra.

Com o fim das doutrinas e a morte dos heróis, só um ungido pode saciar os intelectuais de nossos tempos. A perplexidade máxima aflora quando se identifica na plateia herdeiros de tradições ideológicas consistentes, a maior parte daquela vertente que um dia convencionou-se chamar de esquerda. A adesão se dá basicamente por uma única afinidade: a postura antiamericana. Ficou fácil conclamar fiéis, bastando para isso desfraldar a bandeira “morte à América”.

No caso de professores e gente esclarecida e com tanto currículo na bagagem, que espontaneamente escolheu ir ao encontro o fato nos deixa à deriva. Melhor dizendo, à lona! O fenômeno transcende a razão e como evitamos a parapsicologia, precisamos nos contentar com a velha psicopatologia. Alguém pode explicar como o carisma agressivo e non-sense entorpeceu tantas cabeças a ponto de asfixiar a região onde se aloja a capacidade critica?

Pode ser que seja inevitável que chefes de partidos ou figuras do executivo tenham que ciceronear ditadores e gente que, para conquistar o poder, deixou rastro de cadáveres. Costuma-se aturar isso dignamente com a ajuda de autocontrole, respiração yogue e banhos frios. O fenômeno leva o nome de pragmatismo selvagem, o que conduz inevitavelmente a uma espécie de esquizofrenia política.

Basta um exemplo: sabe-se que o regime teocrático do Irã apoia abertamente o regime Sírio de Assad e sua atual política genocida. Pois decerto alguns dos bem pensantes que sentaram nas cadeiras da frente assinaram petições, ao menos devem ter pensando nisso, contra o massacre do povo sírio. Pois é o que a selvageria política faz com as pessoas: produz incoerências seriadas. Ninguém tem compromisso com a coerência nem com a lucidez, mas há uma ambivalência ética que é capaz de dissolver o caráter.

Esta fusão de ideologia tosca com pragmatismo já foi o estuário de desastres políticos importantes em outros continentes. A adesão de extensas camadas da população universitária na Alemanha nazista – o maior apoio vinha dos profissionais liberais com 50% dos médicos alemães dando endosso à ideologia ariana do Fuhrer.

E não é que persiste a maldição dos “formadores de opinião”? As massas finalmente aderiram e produziu-se um consenso perto do absoluto, a favor do expansionismo belicista germânico.

O mesmo apoio das camadas intelectualmente mais esclarecidas marcou nos primórdios a Revolução Soviética. Até que testemunhando o desvirtuamento e a implantação de um regime tão sanguinário e opressor quanto o de seus antecessores, os intelectuais mais críticos começaram a ser internados em hospitais com ajuda de um sistema nosológico criado sob encomenda aos psiquiatras comunistas. Dissidentes começaram a ser diagnosticados como insanos: refusiniks. Para um regime totalitário só um doente mental pode recusar o sistema perfeito.

Foi Hanna Arendt quem escreveu que quando “termina a autoridade começa o autoritarismo”. Agora que a autoridade natural no Brasil está no início do declínio já que sua sustentação depende da bonança econômica e a inadimplência chegou a um patamar perigoso, o desespero já começou: alianças desastradas, chantagens e ameaças institucionais chegando ao destempero com promessas de mordidas.

Nossa sorte é que hoje o homem comum no Brasil deixou de ser bobo e já sabe como deve sair de casa: discreto, sem lenço, cheque ou documento e, se possível, com caneleiras à prova de predadores.

(*)Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A verdade Lançada ao solo” (Ed. Record)

sexta-feira, junho 29, 2012

VOCÊ É VIRGEM? JÁ FEZ SEXO ORAL?




Do site escolasempartido.org


A direção do Centro de Ensino Médio 9 de Ceilândia, no Distrito Federal, vai convidar os pais e responsáveis pelos 1.510 alunos dos turnos matutino e vespertino para discutir como abordar sexualidade dentro da instituição. A ideia surgiu após a reclamação de um pai, nesta quinta-feira (16/06/2012), insatisfeito com a maneira como um professor das disciplinas Parte Diversificada e Educação Física abordava a questão.

Entre as brincadeiras feitas em aula pelo professor Fábio Conrado, houve uma em que os jovens respondiam perguntas sobre suas experiências sexuais. "Quem marcasse gol ou errasse um saque respondia as questões dos colegas. O professor até exemplificou com 'você é virgem?' e 'já fez sexo oral em fulano de tal'?", contou um estudante do 1º ano.

O professor chegou a escrever no quadro da classe frases com palavrão e expressões como "mulheres aprisionam a piriquita perseguida". O professor chegou a pedir aos alunos uma pesquisa sobre o Kama Sutra, obra milenar indiana que trata de sexo.

O pai do menino, Plinio Gama, diz que esta não é a maneira correta de abordar o assunto. "Eu, como pai, não aceito. Não acho que está na hora do meu filho ficar vivendo essas coisas”, afirma.

Aluno do 2º ano na escola, outro garoto conta que no ano passado o professor levou uma banana para a sala e questionou quais lembranças a fruta instigava nos alunos. "Para ele é brincadeira, mas nem sempre a gente vê assim", disse ao G1.

Após conversar com o diretor da escola, José Gadelha, e o professor, Gama disse ter ficado satisfeito. “Eles se retrataram e ficaram de me ligar para a gente ter essa reunião com todos os pais. Acho que é bom aproximar família da escola”, afirmou.

O professor Conrado disse ao G1 que exagerou na forma como tratou o tema, mas afirmou que a intenção era abordar um assunto importante de forma criativa. “É um desafio como educador manter a atenção dos estudantes."

Ele afirmou que, quando adolescente, não teve oportunidade de conversar abertamente com os pais a respeito do assunto e que a intenção é permitir que os jovens se sintam à vontade para se expressar e refletir sobre diversos temas. Os outros assuntos trabalhados pelo professor são transcendência, vitalidade, criatividade e afetividade.

O educador afirma ainda que ex-alunos o procuram para agradecer pelas lições e dizer que foram “aulas inesquecíveis”. Ele diz que também divide suas experiências com os estudantes durante as aulas e que já fez diversos cursos para aprimorar a maneira de abordar os temas.

O diretor da escola, José Gadelha, disse que não tinha conhecimento sobre a forma "irreverente" como o assunto é tratado pelo professor. Ele destacou, porém, a importância de tratar com humor e leveza temas delicados para atrair a atenção dos jovens.

De acordo com o diretor, a instituição trabalha sexualidade nas aulas de biologia. Além disso, o assunto esteve presente nos debates promovidos pela instituição entre 9 e 13 de maio, na Semana de Educação para a Vida.

O diretor afirmou que o encontro na escola tem um significado importante. “Traz os pais para a escola para que, juntos, possamos descobrir a melhor maneira de tratar um assunto tão relevante”, disse.

A Secretaria de Educação do Distrito Federal disse ao G1 que vai entrar em contato com a Diretoria Regional de Ensino de Ceilândia para apurar a forma como o tema tem sido abordado na instituição. De acordo com a pasta, se houver comprovação de que o professor se excedeu, ele será orientado a mudar a maneira como trabalha o assunto.

“Os professores podem trabalhar de forma irreverente, mas sempre responsável”, disse a diretora de Ensino Médio da Secretaria de Educação do DF, Cláudia Amaral.

Fonte: Portal G1, matéria publicada em 17 de junho de 2011.

quarta-feira, junho 27, 2012



por Carlos Malamud do Infolatam.(*)

A destituição de Fernando Lugo depois do fulminante julgamento político do Parlamento paraguaio provocou um terremoto em seu país, assim como no resto do continente. Uma vez mais, como em Honduras e Equador, ressoam acusações de estado. Também se constroem boatos de golpes, vinculando alguns processos com outros para estruturar um relato. Na linguagem kirchnerista, seria um processo “destituinte” manipulado por poderosas e escuras mãos negras, e de forma conspiratória fala-se de um complô de Monsanto e dos transgênicos.

A ação do Congresso e do Senado paraguaios, acusador e juiz do processo, responde ao artigo 225 da Constituição, que estabelece o julgamento político para um presidente por “mau desempenho de suas funções”. Enquanto a fórmula é ruim, assim o quiseram os constituintes, que também não fixaram os mecanismos para sua implementação, deixando-a nas mãos do Congresso. Nesse ponto concordo com Carlos Gervasoni, que define o processo contra Lugo de “incomum e imprudente, mas não ilegal”.

A destituição de Lugo provocou ao menos três reações. A primeira, complacente e minoritária com sua saída, como se fosse do Paraguai. A segunda, preocupada com os fatos e centrada na proteção do “devido processo” que Lugo merecia, representada pelos EUA, a UE e alguns países latino-americanos como México e Guatemala, mas nenhum da Unasul. A terceira, mais agressiva, caracteriza a destituição como antidemocrática e como um golpe de estado. É liderada pelos países da Unasul e seu secretário geral, o venezuelano Alí Rodríguez.

Alguns presidentes sul-americanos (Bolívia, Equador, Venezuela e Argentina) negaram-se a reconhecer o novo governo, enquanto outros (Brasil) falam de sanções e eventuais expulsões (do Mercosul e da Unasul). Um caso que chama a atenção é o do presidente uruguaio, José Mujica, que falou da destituição e do “apoio dos países do Mercosul à democracia” com o premiê chinês Wen Jiabao, muito preocupado com o que ocorria em Assunção. Na realidade, Wen deve ter se interessado pelo tema, porque o Paraguai é o único país da América do Sul que tem relações com Taiwan.

A dureza estrangeira e vizinha surpreendem, mais “bipista do que o bispo”, maior que a do próprio Lugo. Antes do julgamento, Lugo falou de um “golpe de estado”. Quando ficou sabendo o veredito do Senado, decidiu aceitá-lo sem adotar uma postura firme, convocar as massas para protestar e muito menos não reconhecer o novo governo como “ilegítimo”. Apesar de falar do “golpe” recebido e das debilidades da democracia paraguaia, aceitou, sem reclamar, a sua sorte.

A falta de queixas em suas primeiras declarações não as anulam. No dia seguinte, disse que o ocorrido foi “um golpe de estado, um golpe parlamentar, um golpe contra a cidadania, a democracia”. Deve estar recebendo grandes pressões de seus antigos aliados regionais. Não se trata de falar sobre intromissão nos assuntos internos do Paraguai, já que existem normas regionais que permitem fazê-lo, mas seria boa a reciprocidade, especialmente dos países mais zelosos em relação aos assuntos internos, considerados privados.

Boa parte das reações governamentais latino-americanas, começando por Cristina Fernández, contêm um excesso de presidencialismo. Parece que o único poder legítimo do estado é o executivo, que apenas os votos que recebidos pelos presidentes são válidos e qualquer comportamento de controle dos poderes legislativo e judicial pode desembocar em atitudes golpistas e destituintes. Por isso, seria bom perguntar se os mesmos presidentes que se mobilizam pela destituição de um colega fariam o mesmo (o fizeram antes?) frente à dissolução ilegal do parlamento ou à saída de juízes de Tribunais Supremos.

Uma vez mais, e isto é lamentável, o Paraguai só existe quando enfrenta problemas dramáticos. O Paraguai é um dos países mais pobres da América do Sul, com uma concentração da propriedade da terra totalmente a favor dos poderosos. Em épocas comuns, isto não interessa a quase ninguém. Por isso, por cauda de sua debilidade, muitos se metem com o Paraguai, mas não com outros. Se isso tivesse ocorrido em algum país sul-americano? E se tivessem criticado o Brasil pelo impeachment contra Collor de Mello? E que não digam que o trâmite parlamentar durou meses, porque as baterias da Unasul já apontavam antes que seus ministros do Exterior haviam partido do Rio rumo a Assunção para ditar a sentença, sua sentença, algo que não puderam fazer.

(*) Carlos Malamud, perfil no facebook (https://www.facebook.com/carlos.malamud)

domingo, junho 24, 2012

O lulomalufismo e o colapso moral.




Uma imagem impensável? Só para quem não conhece as três figuras

por Marcos Guterman, no Estadão


Ainda há o que dizer sobre o histórico aperto de mão entre Lula e Maluf, mas, sobretudo, ainda há muito a dizer sobre a defesa que a vanguarda petista fez desse gesto. O argumento mais usado é que os tucanos também queriam a aliança com Maluf; logo, se o PSDB pode se rebaixar a esse ponto, por que o PT não poderia? Outro argumento é ainda mais impressionante: o afago em Maluf é algo “natural”, uma vez que o PP já está na base do governo de Dilma, e ademais faz parte da estratégia petista de “ampliar o arco de alianças” para ganhar o poder em São Paulo, de modo a implantar aqui o revolucionário projeto salvacionista de Lula.

Todo esse esforço retórico mal esconde o colapso moral da política brasileira, que se tornou definitivo com a rendição do PT, antes orgulhoso de sua retidão, à desmoralização das alianças ideológicas ou programáticas. Mas não foi apenas isso: o lulismo transformou aquilo que deveria ser exceção em regra, ao sugerir que o crime de corrupção, de que Maluf é símbolo máximo, é a norma no Brasil. Ora, estão a dizer os petistas, se todos são corruptos, por que o PT não pode abraçar o maior deles?
Trata-se de uma estratégia manjada. Ao se generalizar a culpa, chega-se à conclusão de que ninguém pode ser responsabilizado por nada, de modo que a corrupção se “naturaliza”, como se fosse um dado incontornável da realidade. Ao tentar convencer os brasileiros a aceitar o “mal menor”, isto é, a aliança com notórios corruptos, em nome de um projeto nacional, o lulismo quer abrir caminho para que se aceite o mal em si mesmo, em qualquer dimensão. Nesse cenário, Lula é o Líder que a todos redime – é ele que aperta a mão de Maluf, pessoalmente, sacrificando-se para que seus seguidores possam manter intacta a sua “higiene moral”. É ele, Lula, quem assume toda a responsabilidade pelo trabalho sujo da política.

Ao agir de acordo com sua consciência e abandonar a chapa lulo-malufista à Prefeitura de São Paulo, a deputada Luiza Erundina tentou recolocar as coisas em termos morais, renunciando ao “mal menor”, simplesmente porque não poderia conviver consigo mesma se aceitasse a companhia de Maluf. Ela lembrou que Maluf não poderia estar numa chapa da esquerda progressista porque ele representa todos os crimes que essa chapa deveria, por princípio, combater. Foi o bastante para que a deputada fosse considerada irresponsável pela tropa petista – isto é, à luz da narrativa histórica do lulismo, era Erundina que estava cometendo um crime, ao prejudicar a manutenção do projeto redentor de Lula. O mesmo se aplica à imprensa que expõe a roubalheira e é, por essa razão, tratada como “golpista”.
Sob o lulismo, a corrupção é considerada não só aceitável, como legal; inaceitável e ilegal é denunciá-la. Gente supostamente bem informada aceita alegremente esse postulado e empresta seu verniz intelectual para cristalizá-lo como verdade eterna, reduzindo os códigos morais a letra morta. É como se nada do que sabemos sobre o certo e o errado tivesse mais valor.

O “nunca antes”, portanto, não é uma piada. É precisamente a essência desse colapso ético, sustentado pela falácia de que a popularidade do Grande Eleitor a tudo justifica.

sábado, junho 23, 2012

Crueldade imoral.




por Herman Glanz –

Quando se fala em crueldade todos pensam em assassinatos bárbaros, terroristas, homens-bomba e, acima de tudo, o Holocausto, que ocupa lugar único na história da barbárie mundial. Todavia, estamos diante de uma crueldade imoral, e não chamamos tal situação de crueldade moral, talvez pensando em assédio moral.

A campanha que se observa no mundo de demonização de Israel, de deslegitimação de Israel, de diabolização do sionismo, tudo formas de antissemitismo disfarçado ou explícito, são os exemplos de hoje em dia, ao lado do antissemitismo explícito quando jovens judeus são atacados na França, na Bélgica e quando vemos falar contra judeus, simplesmente por o serem. Quando se fala contra um cidadão traficante não se complementa com a sua fé. Mas no caso judaico fica patente o ódio que impera, tanto pelos nazistas da direita, como nazistas da esquerda predatória, uma parte da esquerda que se junta aos nazistas e aos fundamentalistas para ir contra judeus e Israel, que se tornou o judeu das nações.

Essa campanha de deslegitimação, de boicote, de demonização não passa de uma crueldade imoral, que planta as bases para os ataques e assassinatos, na Europa, nos Estados Unidos e Canadá, na América do Sul e, é claro, em Israel. Hanna Arendt falou em “banalidade do mal”, com o que não concordamos. Nada de banal – é uma crueldade imoral. São as crueldades desse tipo que descambam para a indústria da morte, um Holocausto em processo, um Holocausto em marcha em busca de poder.

O ensino do Holocausto nas escolas alemãs se tornou obrigatório. Mas se observa, hoje, uma mudança de atitude, crescendo a reação a essa possível expiação de culpa, como se o fosse possível. Alunos não mais querem saber que os antepassados fizeram coisas horríveis. E diante da crueldade imoral do ódio que se espalha com propaganda cínica e mentirosa, passam a se voltar contra judeus, novamente, em contraponto à culpa pelo Holocausto.

Fala-se em nazismo, mas se omite que se trata de “nacional-socialismo”, ou “socialismo nacionalista”, traduzindo do alemão. Tudo para evitar confundir o socialismo com os alemães. O fator judeu selou as relações de Hitler e Stalin de 1933 a 1941, quando, na semana que vem, lembraremos os 69 anos da invasão da antiga União Soviética pela Alemanha, rompendo o Pacto existente entre aqueles dois países, Pacto que permitiu a Segunda Guerra e toda a tragédia provocada pelos nazistas. Stalin também foi cruel. Stalin também matou judeus, mas nada se compara à crueldade alemã.

A crueldade imoral de hoje utiliza requintes de crueldade da propaganda e marketing. Isto deve ser combatido para não lamentarmos as desgraças que a história nos ensina. Os palestinos de hoje (antes palestinos eram os judeus, onde estivessem) dizem que Jesus era palestino(*), os antissemitas dizem que o sionismo é nazismo, para tocar no ponto mais sensível para os judeus. A crueldade imoral não tem limites. Quando se atacam os países capitalistas, se busca granjear poder para o próprio lado, lado que é totalitário. Quem não protesta e não vê a hora da queda do ditador da Síria apenas quer manter a sua pretensa forma de buscar o poder, e o dinheiro, para o próprio lado. O bem passou as ser moeda de dois pesos e duas medidas.

É por isso que devemos conhecer e combater essa crueldade imoral.

(*) Adendo do Blogandofrancamente:
Pela Bíblia e pela história Jesus não nasceu na Palestina, mas na Terra de Israel, na então cidade israelense de Belém, tendo vivido a maior parte da sua vida em Nazaré, cidade também israelense, e exercido o seu Ministério na Judéia, Samaria e Galiléia, regiões totalmente dentro dos limites da Terra de Israel que, na época, estava debaixo do domínio colonizador de Roma e não de nenhum grupo palestino;

Pela Bíblia e pela história Jesus não é palestino ou de origem árabe, mas judeu, nascido de mãe judia, Mirian, traduzido por Maria e na família de Yossef (José), descendente de David e de Abraão, Isaque e Jacó e viveu como judeu todos os dias de sua vida. (Rede Sepal)

sexta-feira, junho 22, 2012

O direito de Israel a Jerusalém.




por Deborah Srour –



As eleições no Egito não resultaram em surpresas. O candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsi está na frente. Em um rally no dia 1o. de maio Morsi prometeu liderar o Egito na formação do novo Califato Muçulmano com sua capital em Jerusalém. Morsi também prometeu expulsar todos os cristãos coptas do Egito se não se converterem ao islamismo ou a reduzi-los a cidadãos de segunda classe, ou dhimmis.

Em vez dele se concentrar em como irá arrumar a economia do Egito que está em frangalhos, ele une o povo através de um discurso absurdo de unir todo o povo árabe e muçulmano da região para destruir Israel. Aonde vimos isto antes? E porque Jerusalém? Ela nunca foi capital de qualquer coisa islâmica na história da humanidade. É porque Jerusalém se tornou o símbolo do fracasso guerreiro islâmico e só sua reconquista irá reabilitar os muçulmanos aos seus próprios olhos.

E foi na semana passada, 45 anos atrás, que o exército de Israel libertou a Cidade Velha e reunificou a capital do país. A maioria das batalhas travadas hoje são só uma lembrança distante descritas em livros de história. Quando se visita Jerusalém é difícil visualizar que o exército jordaniano se encontrava alí, no coração da cidade, cercando as muralhas em três flancos. As forças iraquianas estavam do outro lado do Jordão prontas a mandar reforços. Quando os jordanianos abriram fogo, mais de 6 mil projéteis de artilharia choveram sobre os residentes judeus da cidade, deixando mais de mil feridos.

Depois de vários avisos aos jordanianos, o exército de Israel finalmente não teve outra opção senão atravessar a linha de cessar-fogo de 1949 e capturar os territórios usados pelos árabes para atacar o estado judeu. Logo após a Guerra dos Seis Dias, a ONU discutiu o direito das partes que reclamavam Jerusalém e para tanto teve que analisar as circunstâncias de como cada uma delas tomou posse da cidade.

A captura de Jerusalém em 1948 pela Jordânia, foi na época descrita pelo secretário geral da ONU, Trygve Lie, como o primeiro caso de “agressão armada” desde a Segunda Guerra Mundial. Em contraste, a entrada de Israel nas porções leste da cidade em 1967, foi descrita como uma ação em defesa própria. Esta distinção ficou ainda mais aparente quando a União Soviética não conseguiu, apesar de repetidos esforços, rotular Israel de “agressor” no Conselho de Segurança em Junho de 1967 e depois na Assembléia Geral da ONU.

O grande jurista americano Stephen Schwebel, que se tornou presidente da Corte Internacional de Justiça de Haia, escreveu em 1970 que “quando um ocupador anterior de um território, o tomou de forma ilegal, o estado que subsequentemente toma aquele território exercendo auto-defesa, tem um título de propriedade melhor que o ocupador anterior”.

Israel tem um direito histórico milenar sobre Jerusalém, reconhecido pelo Mandato Britânico. Mas isto infelizmente sumiu do discurso internacional depois de 1967. Pelo direito internacional, Israel tem mais direito sobre Jerusalém que a Jordânia. Hoje, depois de qualquer guerra, o mundo tenta restaurar o status quo territorial anterior ao conflito. Mas isto não pode ser feito com Jerusalém já que a ocupação da cidade pela Jordânia foi considerada ilegal pela comunidade internacional.

O fato das Nações Unidas não terem enviado forças para proteger Jerusalém em 1948, e evitar a expulsão dos judeus que lá viviam, fez com que as clausas de internacionalização da cidade do Plano de Partilha, se tornassem inviáveis. Assim, quando o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para discutir um plano de paz após a Guerra dos Seis Dias, havia muita ambivalência sobre o que deveria ocorrer com o território e especialmente Jerusalém. A linha de cessar-fogo de 1949 não era sacrossanta. Nunca fora uma fronteira internacional reconhecida. Era apenas e tão somente a linha de trégua separando dois exércitos inimigos após a Guerra da Independência de Israel.

Quando finalmente o Conselho de Segurança da ONU adotou a Resolução 242, se absteve de exigir que Israel se retirasse de “todos os territórios” que havia capturado, como queria a União Soviética, mas chamou para que novas fronteiras seguras e reconhecidas, fossem delineadas. É o que hoje chamamos o direito de Israel a fronteiras defensáveis.

A resolução 242 não só não pediu para Israel se retirar para trás das linhas de 1967, mas nem se referiu a Jerusalém. E essa omissão foi proposital. O presidente americano da época Lyndon Johnson deixou aparente seu entendimento, nunca se referindo à Jerusalém do Leste como “território ocupado” e insistindo que as linhas de armistício que dividiam Jerusalém não eram mais viáveis. Estas declarações tinham implicações legais muito claras.

Desde 1988, os palestinos dizem que substituiram os jordanianos na arena diplomática e procuram ter reconhecida uma soberania sobre Jerusalém à qual nem a Jordânia teria direito.

Para corroer o direito de Israel, eles começaram a introduzir linguagem nas resoluções da ONU sobre “territórios palestinos ocupados”, incluindo Jerusalém do Leste. Em 1994, a administração do president Clinton se colocou firmemente contra estas tentativas quando a embaixadora americana na ONU Madeleine Albright explicou o veto americano no Conselho de Segurança dizendo que “hoje estamos votando contra uma resolução exatamente porque ela implica o fato que Jerusalém seja um território palestino ocupado”.

A estratégia diplomática dos árabes e palestinos tem sido fazer a comunidade internacional adotar seu discurso e terminologia legal mentirosa. Infelizmente, muitos israelenses levantaram as mãos fazendo com que a nova geração de isralenses não conheça seus direitos legais e históricos à cidade de Jerusalém, à Judéia e à Samária. Direitos infinitamente mais fortes que os reclamados pelo lado árabe.

Estes detalhes ainda são muito importantes 45 anos depois. Em março deste ano, os palestinos conseguiram aprovar uma resolução no Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, descrevendo Jerusalém como “território palestino ocupado”.

Numa época em que o ataque à legitimidade dos direitos de Israel está no centro da agenda dos seus inimigos, precisamos levar à frente a verdade histórica do que ocorreu 45 anos atrás e não deixar esta narrativa mentirosa e deturpada tornar-se o discurso oficial dos árabes, da mídia e das Nações Unidas.

No Pletz

terça-feira, junho 19, 2012

A Síria e o fim da ONU.




por Deborah Srour


Mais uma vez estamos diante de uma crise em que milhares de pessoas são massacradas e outra vez a ONU nos prova que está aí como um cabide de empregos de alta escala. A crise na Síria é só o mais recente caso de assassinato em massa em que a ONU decidiu não agir e não cumprir o mandato para o qual ela foi criada.

A Organização das Nações Unidas foi estabelecida em 1945 para impedir que os horrores do Holocausto se repetissem. Um dos seus documentos mais fundamentais é a Declaração Universal dos Direitos do Homem aprovada em 1948 que falava dos “atos bárbaros que escandalizaram a consciência da humanidade”. Junto com a Declaração, a Assembléia Geral adotou a Convenção Contra o Genocídio. Na época estava claro para todos que a ONU havia sido criada para prevenir que este tipo de assassinato em massa acontecesse outra vez.

Mas nos anos 90, a ONU provou ser completamente incompetente para impedir os atos de genocídio.

Em 1994, o comandante das forças da ONU em Rwanda, General Romeo Dallaire, enviou uma mensagem para a sede da organização em Nova Iorque dizendo que os Hutus estavam planejando um massacre dos Tutsis. Dallaire informou então que iria destruir os depósitos de armas das milícias Hutus. O chefe da força de paz da ONU na época era Kofi Annan e ele ordenou ao general não interferir. Nos três meses que se seguiram, nada menos que 800 mil Tutsis foram abatidos como gado.

Aí o Conselho de Segurança da ONU fez reuniões para decidir que ação tomar e no final não fez absolutamente nada. O cúmulo foi ter o representante do regime de Rwanda sentado no Conselho como parceiro legítimo dos debates.

Depois tivemos a Bósnia. Em 95 o Conselho de Segurança criou uma “area de segurança” para os muçulmanos da cidade de Srebrenica. O comandante das forças da ONU prometeu que nunca os abandonaria. Mas em Julho de 1995 o exército sérbio atacou e matou mais de 8 mil muçulmanos que viviam na cidade. O batalhão holandês da ONU que havia fugido dias antes, estava numa festa da cerveja em Zaghreb, capital da Croácia, durante os massacres.

A cada vez que foi testada, a ONU fracassou em sua missão. No ano passado, os conselheiros de Barack Obama disseram que se o ocidente não agisse na Líbia, Srebrenica iria parecer um passeio no parque na frente do que Khadafi iria fazer com Benghazi. E aí Obama acionou as forças da OTAN para fazer o trabalho.

Hoje o mundo está frente à uma nova Srebrenica. A revolução na Síria começou em Março de 2011. Todos os dias centenas de civis morrem enquanto o Conselho de Segurança continua a fazer reuniões que não levam a nada. Uma resolução proposta em outubro do ano passado foi vetada pela Russia e China. No final de maio deste ano, o Conselho de Segurança finalmente condenou o governo sírio pela morte de 108 civis em Houla. Mas nenhuma ação concreta foi aprovada.

Outra vez o gênio das forças de paz, Kofi Annan, foi nomeado como enviado especial da ONU e da Liga Árabe para lidar com a crise na Síria. Em março ele anunciou um plano de 6 pontos que resultou em nada! Mas enquanto Annan ia e vinha a Damascos, o ocidente tinha uma boa desculpa para lavar as mãos e não tomar qualquer medida concreta contra Bashar Al-Assad. Nesse meio tempo, 14 mil sírios perderam suas vidas. E mais uma vez, a ONU falhou no seu maior objetivo: prevenir o assassinato em massa de civis inocentes.

A razão pela qual a ONU fracassa a cada vez que tem que tomar uma atitude para evitar um genocídio é por que a organização perdeu foco de seu objetivo em favor dos interesses dos estados membros. A ONU se recusa a tomar qualquer posição moral firme condenando aqueles que cometem massacres ou impondo medidas efetivas contra eles – com exceção de Israel.

No caso da rebelião de Darfur que começou em 2003, quando os Estados Unidos pediram para a ONU agir contra o genocídio praticado pelo exército sudanês, ela simplesmente recusou reconhecer que estava ocorrendo um genocídio e deixou meio milhão de pessoas serem mortas nos oito anos que se seguiram.

Há duas lições para Israel aprender da falta de resposta da comunidade internacional para a crise na Síria: primeiro, o comportamento da organização prova mais uma vez, que Israel nunca deve comprometer sua doutrina de contar consigo própria quando sua segurança estiver em jogo e nunca deve contar com a proteção de forças internacionais.

Em 29 de maio, o Wall Street Journal acusou a organização de ser “cúmplice” do massacre de Houla. Isto pode ter sido uma crítica dura mas contém uma verdade que não pode ser ignorada: as Nações Unidas dizem que irão proteger as pessoas ameaçadas de extermínio, e ao final, não fazem absolutamente nada além de dar um assento de primeira fila às suas forças de paz para assistirem as agressões e massacres.

E esta é a segunda lição: Israel deve responder de modo diferente às constantes críticas que ela recebe de vários órgãos da organização.
Se a ONU é um corpo paralisado, que não pode tomar decisões sobre genocídios, que trata os agressores e suas vítimas da mesma forma, então Israel deve se recusar a aceitar julgamentos morais sobre o seu conflito com os palestinos. Quem são eles para emitirem dia após dia, declarações contra Israel?

A crise na Síria é só o último exemplo de como a ONU perdeu a autoridade moral que tinha quando foi fundada. De fato, ela perdeu qualquer função prática além de causar congestionamentos em Nova Iorque e empilhar multas de estacionamento dos seus diplomatas.

Acho que Israel precisa mudar sua atitude para com a ONU e responder à altura a próxima vez que for “condenada” por um outro funcionário de cabide.

sexta-feira, junho 15, 2012

As escolhas de Lula

As escolhas de Lula.


Lula negocia fim de chuvas em feriados.

(do The i-pPiaui Herald)




PARAÍSO - Animado com sua canonização em vida, o ex-presidente Lula marcou uma audiência com São Pedro para negociar o fim das chuvas nos feriados prolongados. "Nunca antes na história desse cosmos, dois santos barbudos se sentaram à mesma mesa para chegar a um acordo que melhore a vida do povo brasileiro", discursou o ex-presidente em exercício, enquanto tentava operar o milagre de ressurreição da CPMF. Em seguida, Lula atribuiu ao sucesso de seu governo o fato de não existirem furacões no Brasil. "Somos o país da eterna marolinha", repetiu, sorridente.

Contrariado, São Pedro despejou chuvas e trovoadas em São Bernardo do Campo para denunciar a atitude do ex-presidente. "Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece. Um social-comunista-cristão vem me oferecer blindagem na CPI em troca de um cargo no Ministério da Pesca. Tenha Santa Paciência!", relampejou o Sumo Meteorologista.

Após doze horas de intensas negociações, Lula conseguiu convencer São Pedro a retirar a nuvem negra que paira sobre a cabeça de José Dirceu.


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É claro que pessoas que usem o cérebro para pensar, saberão que essa "noticia" é uma piada. Será?

A duvida fica, pois um sujeito tão repugnante tem seguidores; daquela espécie de seguidores que não querem realmente saber quem é o sujeito que o Partido manda apoiar. O Petê é uma religião de fanáticos; tão fanáticos que são capazes de negar a própria existência em favor do líder da vez.Lula já passou. No popular, Lula já era. Agora é a vez da Dilma; uma criação primeira de Marcio Thomaz Bastos que foi incorporada por Lula; aceita pela maioria do partido; trabalhada pelas pesquisas - pagas evidentemente -; divulgada pela NovImprensa e cuspida pelas incontroláveis URNAS ELETRÔNICAS.

Hoje fica difícil ouvir um pronunciamento da presidentE em exercício. São palavras desconexas que muitos psiquiatras diagnosticariam como ditas por alguém mentalmente não evoluído; pura maldade psiquiátrica; mentalmente involuídos são os que lhe dão crédito.
No tempo do presidente anterior, seus pronunciamentos causavam muitas reações - nenhuma positiva - mas causavam acima de tudo uma espécie de humor - sádico talvez - mas era até divertido ver a que ponto pode uma mente chegar; quanto de insanidade pode haver em quem "na boa" disse que Pelotas era polo exportador de viados. E os mais insanos foram os pelotenses que não o processaram.

Creio que nem o maior puxa saco do presidente anterior acreditava realmente no que ele dizia: seria preciso ter um QI muito abaixo dele para tanto, algo próximo da inteligência de uma ameba. O próprio Lula - creio eu - sabia e ainda sabe analisar bem os seus "seguidores". Ele pode ser tudo - de negativo - mas não é bobo. Então vejamos a classificação que Lula, provavelmente, faz dos seus "adeptos":

1 - Puxa sacos oportunistas.
Nessa categoria Lula sabe bem que existem aqueles que apenas querem se dar bem na vida e por isso o apoiaram desde o começo, mas Lula jamais lhes deu uma colocação de destaque. Nessa categoria estão o Trevisan e o Luis Nassif por exemplo. Trevisan, por conta própria (Será mesmo?), viajou ao exterior divulgando Lula logo após as eleições de 2002. Sempre cotado a assumir um ministério, jamais foi sequer convidado para tomar uma cachaça ou comer um churrasquinho na granja do torto. Já o Luis Nassif nunca foi cogitado a um ministério mas,  lá no fundo da sua alma vendida, certamente ele esperava ser indicado, nem que fosse para o Ministério do Puxa Saquismo.

2 - Puxa sacos ideologistas oportunistas.
Aqui se enquandram perfeitamente o Mino Carta. Puxa sacos do governo militar, critico do Lula mas, que mudou surpreendentemente assim que Lula subiu ao poder e, não coincidentemente o Brasil começou a cair. Quem diria que ele, o Mino,  pudesse ter dito em 1994:
-"O principal defeito de Lula é a laborfobia. Lula não é suficientemente aplicado. Ele teve tempo para aprender algumas coisas e não o fez. Por exemplo, a falar melhor, a organizar seu raciocínio de forma sintaticamente mais consistente. Isso teria implicado leituras, estudo. Mas, a julgar pelo Lula que está aí hoje, ele não se aplicou. O melhor mesmo para ele é bater uma caixa no bar da esquina tomando uma pinga com cambuci".

3 - Puxa sacos apenas ideologistas.
Esses até conseguiram ter uma oportunidade em ministérios mas a porção ladina os tirou fora rapidamente; como o Zé Dirceu, por exemplo. O Zé,  é claro não é um estrategista se o fosse não teria sido "Vencido pelo padeiro de Ibiúna em 68" (frase lapidar de Augusto Nunes), mas tem um know how incrível quando o assunto é cooptar e se houver algum incentivo monetário...Nessa categoria Dilma apareceu e por ser tão igual a Lula foi alçada à condição de sucessora. Mas foi determinante a indicação do então ministro da Justiça, Marcio Thomaz, este devidamente inserido na categoria a seguir.

4 - Puxa sacos idiotas
Embora seja difícil imaginar que Lula (e hoje a Dilma) sejam capazes de visualizar um idiota,  eles os conhecem - um fanho reconhece o outro - e a esses dão sempre uma oportunidade ministerial; como o Mantega, por exemplo. Em que outro lugar do mundo um sujeito que não consegue acertar as projeções de inflação e crescimento do PIB nos últimos dez anos estaria empregado por tanto tempo? São absolutamente necessários para o folclore político petralha; dão um certo ar de deboche sério. Nessa categoria se encaixa o Mercadante mas, ele teve que se expor idiotamente ao longo de oito anos para finalmente ter reconhecido o seu valor.


5 - Puxa Sacos Raivosos
Esses são praticamente o alicerce de todo governo petralha; sem eles, o que chamam de ideologia seria esquecido e tudo viraria um imenso buteco sem controle. Nessa categoria estão Marco Aurélio Top top , Gilberto Carvalho e Celso Amorim. É claro que lidar com eles é uma eterna aventura, digna de treinador de serpentes: a qualquer momento se passa de todo poderoso a vítima.


6 - Absolutamente Isentos, apartidários e necessários
Alguém pensou que existiu ou existirá alguém assim no governo? Se pensou assim você é sério candidato a Ministro. Cuidado.


Resumindo, o governo é formado - e apoiado - por toda espécie de ser humano (desculpem-me os verdadeiramente humanos que se ofenderam) mas, é condição indispensável que sejam puxa-sacos. Mas não é só; Lula cada vez mais se convence que é necessário não mais ao Brasil, mas ao mundo. Lula tem certeza de ser o ultimo grãozinho de sal do Mar Morto.




terça-feira, junho 12, 2012

Mais do que uma Guerra.




por Herman Glanz

No mundo islâmico a facção sunita domina as nações árabes em geral, enquanto a xiita está com não árabes. Daí termos também confrontos entre facções. No Egito, sunita, a condenação do ex-presidente Osni Mubarak a prisão perpétua trouxe confrontos. Enquanto isso, o segundo turno das eleições no mesmo Egito prognostica vitória do candidato da Irmandade Muçulmana, entidade sunita radical, que vai conseguindo espaço nos países árabes. Na Jordânia, a Irmandade Muçulmana busca derrubar a monarquia. Aliás, a Irmandade busca expulsar governantes moderados e que promovem governos laicos em todas as nações islâmicas. Os árabes consideram que o presidente americano, Obama, tem dado apoio a essa Irmandade Muçulmana.

Na Síria, os Estados Unidos fornecem armas ao grupo rebelde “Amigos da Síria”, que lutam, junto com outros grupos, para derrubar o governo de Bashir Assad, mas esse grupo pretende entronizar no governo a Irmandade Muçulmana. Também devemos observar que, enquanto o governo americano expulsa diplomatas sírios, recebe em Washington o Príncipe governante Salman bin Hamad Al-Khalifa, do Bahrein. O Príncipe não esteve com Obama, para evitar, talvez, algum constrangimento, mas prometeram-lhe armas sofisticadas, ainda não vendidas, porque o Congresso não autorizou. Todavia o apoio ao Bahrein se dá porque interessa aos sauditas, que mandaram tanques reprimir as revoltas locais no Bahrein. Os americanos se entendem com a Arábia Saudita: é o dinheiro saudita que conta. No caso do Yemen, apoiaram a mudança do dirigente porque interessava aos sauditas.

As críticas ao presidente americano, Obama, pela ausência de uma ação mais dura contra a Síria e contra o Irã são entendidas, mas Obama está em ano de eleições que ocorrerão em novembro próximo. O presidente americano não pode embarcar numa guerra, a não ser que haja um motivo muito forte. Do contrário pode perder as eleições, porque os americanos não querem seus filhos morrendo em terras estranhas. Por isso Obama vai empurrando qualquer solução agressiva para depois das eleições falando em soluções diplomáticas e forçando Israel a permanecer isolado.

Mas o tempo pode ser fatal no caso iraniano. A Síria já está removendo sua fronteira com o Líbano, tomando conta deste país, com apoio do Hizbollah, e onde já morreram 8 em confrontos. E diante da situação interna de guerra civil na Síria, Assad está mandando para o Hizbollah os foguetes e mísseis mais avançados de seu estoque de armas, e daí poderão atingir qualquer ponto de Israel e países vizinhos. Hizbollah e Síria estão pretendendo, ainda, fazer chegar tais armas à Faixa de Gaza. A ameaça a Israel fica mais séria.

O ódio continua sendo o “molho bem apimentado que faz o povo engolir e digerir as políticas”, disse Jabotinsky, ainda em 1940. Dirigentes americanos e também israelenses não entendem o sucesso que faz a propaganda do ódio aos judeus, e, porque não dizer, aos próprios americanos. Os homens têm instintos bárbaros para matar seus semelhantes. Parece que nada foi aprendido com as guerras e genocídios, e os massacres no século passado, não só da Alemanha nazista, não só na ex-União Soviética como denunciado na Declaração de Praga, bem como na antiga Iugoslávia, Ruanda, Bangladesh, Iraque, Sudão, este ainda fazendo seus massacres, sem esquecer Pol Pot.

A barbárie continua, e se não houver uma forma de estancar genocidas, o povo judeu enfrentará novos perigos. Todavia algo se move e pode tudo mudar, porque a ameaça do Irã continua e as potências estão inquietas. Segundo noticia a mídia, Obama autorizou ataque com vírus às instalações nucleares iranianas, como é o caso do vírus Flame, que furta informações, um vírus espião; e já se fala em intervenção militar na Síria.


Fonte: www.pletz.com

domingo, junho 10, 2012

Brasil vive "epidemia descontrolada" de Aids


Presidente do Grupo Pela Vidda, organização não-governamental dedicada ao combate à Aids, o psicanalista George Gouvea vem denunciando as falhas do programa DST/Aids do Ministério da Saúde. Para ele, o Brasil vive uma “epidemia descontrolada”, ao contrário da palavra oficial do Ministério que reafirma controle da doença.


Os números oficiais dão essa certeza ao presidente do Pela Vidda. Nos últimos dez anos, pelo menos 102 mil soropositivos morreram no país e 311 mil novos casos foram notificados (dados consolidados até 2010). Apesar de os números anuais não sofrerem grandes variações (média de 11 mil mortes e 34 mil novos casos por ano), Gouvea critica o uso do termo "estabilidade" para classificar os números no Brasil. "Seria o mesmo que considerar 10 mil mortes de judeus por ano no holocausto um número estável", diz.

Em recente publicação, a Fiocruz, órgão do Governo Federal, pediu uma "correção de rumo" para o programa DST/Aids no país. "Ao contrário do que se tem observado em outros países que também instituíram programas de acesso universal ao tratamento e têm observado queda na incidência de novas infecções, o Brasil não tem conseguido diminuir a incidência do HIV/Aids", aponta o documento.

Para o presidente da ONG, campanhas de prevenção à Aids devem contar com a participação do público-alvo para a obtenção de resultados positivos.“Não tem como eu ir para uma esquina falar com uma travesti sobre prevenção, a travesti vai rir da minha cara e tem toda a razão de fazer isso”. O Grupo Pela Vidda atende cerca de 300 pessoas por mês e realiza assistência jurídica, reuniões de acolhimento e palestras, entre outras atividades.

UOL - Por que você afirma que vivemos uma “epidemia descontrolada” de Aids no país?

George Gouvea - A gente não pode admitir que existam aproximadamente 35 mil novos casos de infecção pelo vírus HIV por ano. Em dados apurados em 10 anos, até 2010, a gente vai encontrar quase 350 mil novos casos de pessoas se descobrindo soropositivas. Eu não sei que estabilidade é essa. É a estabilidade da vergonha. A gente não pode se acomodar e achar que 35 mil novos casos por ano são poucos casos. A gente não pode achar que quase 12 mil óbitos por ano seja um número interessante. Que estabilidade é essa que o governo, que o Ministério da Saúde diz? É a estabilidade da morte?

UOL - O que está errado no programa DST/Aids?

Gouvea - Muita coisa está errada. Nós temos um bom programa de Aids, ninguém pode dizer o contrário. A distribuição de retrovirais como política pública de saúde é realmente um marco, a gente não pode deixar de reconhecer. Mas não pode ser só isso. Não se pode apenas disponibilizar o remédio na boca da farmácia e dizer tchau, até logo. É preciso a criação de programas permanentes de prevenção, políticas, estratégias, esclarecimentos, tudo isso junto com a sociedade. Não é possível que a gente ouça a palavra Aids quando chega o verão e durante o Carnaval. É preciso se falar de Aids durante o ano todo, todos os dias. Eu deveria entrar no metrô e ver todos os dias um pôster falando de HIV. As crianças e os jovens precisam entrar nas escolas e ouvir sobre HIV. Eu fico imaginando a quantidade de pessoas que sequer ouvem a palavra Aids por meses. O assunto HIV deveria fazer parte do cotidiano da sociedade. O governo tem parcela de responsabilidade porque ele é um incentivador. Obviamente não pode fazer tudo, mas tem um papel de fomentar de provocar, de instigar e isso não está sendo feito.

UOL - No recente livro publicado pela Fiocruz, um dos problemas apontados é a questão do diagnóstico tardio.

Gouvea - Nós temos hoje no Brasil um índice de quase 50% de diagnóstico tardio, que é quando o sujeito se descobre com HIV já doente. Ele vai gerar uma série de custos por conta do diagnóstico tardio. Esse sujeito, quando interna, gera um custo com a permanência no hospital. Ele vai pedir licença do trabalho gerando custo para a previdência social. Mas o pior de todas essas coisas que eu acabei de falar é o sofrimento humano ao adoecer. Isso tudo poderia ser resolvido com um plano de testagem eficiente. Por que hoje nós não temos nenhum plano de testagem? Hoje existem centros de testagem a penas nas grandes cidades. É uma questão política, um cinismo para parecer que tudo funciona bem.

UOL - Não é interessante para o governo a criação de mais centros de testagem?

Gouvea - Se mais polos de testagem forem criados, vai demandar mais assistência porque mais pessoas serão diagnosticadas e essa demanda de pessoas soropositivas não vai encontrar atendimento. Se o número de testagens aumentar nós vamos ter o caos no atendimento.

UOL - A epidemia teve um crescimento espantoso na Região Norte. De 1998 a 2010 a incidência da Aids aumentou em 237,7%...

Gouvea - A tendência de uma epidemia descontrolada é que vá para o interior, é a interiorização. Se olharmos o mapa do HIV no Brasil se verifica essa tendência. Se nós já temos problemas nas grandes capitais eu fico imaginando o que será do interior.

UOL - O último boletim epidemiológico do governo federal apontou preocupação com a incidência de Aids no segmento jovem gay. Entretanto, a presidente Dilma Rousseff vetou a campanha de prevenção a Aids voltada ao público homossexual. Na propaganda vetada, um casal homoafetivo troca carícias, sequer há um beijo. Censura como essa não torna mais difícil a prevenção do crescimento do HIV no país?

Gouvea - O que a gente percebe é que nos últimos 10 anos a política nacional para DST/Aids tem sofrido alguns percalços. Isso tem nos preocupado muito. Há uma intromissão em políticas públicas de saúde no Estado laico de determinados setores religiosos. Se o Estado é laico, o nosso ordenamento político, com todo respeito, não é a Bíblia, é a Constituição. Nas últimas campanhas houve uma interferência de setores conservadores. Isso tudo foi muito triste para o movimento. Mas é importante ressaltar que essas intromissões acontecem nas esferas superiores. Porque aquele gestor que est á lá na ponta, que é nosso parceiro, que está em um determinado nível para baixo dentro do governo do Estado ou município ou governo federal, essas pessoas são parceiras. Mas acontece que elas têm limites de atuação. Por isso é preciso uma política de governo que atenda a todos os segmentos da população em parceria com a sociedade civil organizada.

UOL - E como você interpreta a vulnerabilidade do jovem gay apontada no boletim do Ministério da Saúde?

Gouvea - É comum a gente ler reportagens que dizem que está tendo mais casos com uma parcela da população. Mulheres, idosos, jovens gays. Na verdade essa é uma forma estranha de ver as coisas. O que existe é o HIV se espalhando por todo o tecido social, essa que é a realidade. Por esse motivo a gente deve ter políticas que atendam as demandas de todos os segmentos de todas as regiões do país. Eu não posso falar de HIV com um jovem gay da mesma forma que eu falo com uma pessoa da terceira idade. Se a gente não respeitar a diversidade de cada segmento fica difícil a informação chegar.

UOL - O documento publicado pela Fiocruz apontou ainda a superlotação de hospitais, a falta de leitos para pacientes soropositivos como outro grande problema. No Rio, onde é a área de atuação do Pela Vidda, a situação não é diferente. O último relatório do Ministério da Saúde como o Estado entre os cinco de maior incidência de casos no país. Você que vive esse dia a dia, qual a realidade destinada aos pacientes?

Gouvea - Nós temos muitas dificuldades. Infelizmente a questão da Aids está relegada ao décimo plano no Rio de Janeiro. Eu vou ousar dizer a você que no Rio de Janeiro, tirando o Ipec da Fiocruz que é federal, nenhum hospital, seja do município ou do Estado, recebe dignamente um doente de Aids. Nós temos falta de leitos, os pacientes com Aids, que precisam ficar em leitos isolados devido ao sistema imunológico debilitado, ficam jogados nos corredores das enfermarias com outros doentes. Faltam médicos, faltam infectologistas na rede. Se a pessoa se descobre soropositiva e procura uma unidade d e saúde, só vai ter a primeira consulta daqui a quatro, cinco meses. O sujeito que recebe aquela batata quente, o resultado na mão, não consegue atendimento imediato. Outro problema é a falta de remédios. O que a gente tem de informação é que a compra dos medicamentos está em fase de licitação. Mas há quatro meses. A gente não está falando de saco de cimento, de tijolo, de argamassa. Se o governo sabe que está acabando, tem de fazer a licitação bem antes de acabar. A gente está falando de saúde, de vida, de morte. O que acontece agora é uma licitação assassina.

UOL - O que um paciente soropositivo enfrenta, hoje, para conseguir atendimento?

Um indivíduo que se descobre soropositivo sem estar doente só consegue uma consulta depois de quatro, cinco meses. E é fundamental esse primeiro contato com o médico, porque é ele que vai esclarecer, que vai acalmar esse paciente que procura a unidade de saúde achando que vai morrer. Depois de conseguir a primeira consulta, ele vai precisar fazer um exame de sangue. Esses exames em geral demoram mais de trinta dias para ficarem prontos , o que é outro absurdo, já que na rede privada os mesmos exames ficam prontos em cinco dias. Depois, para retornar ao médico com os exames, mais quatro, cinco meses. Então esse paciente espera quase um ano para o encaminhamento do tratamento dele.

UOL - E se esse paciente se descobre com HIV já com os sintomas das doenças que afetam o sistema imunológico. O que ele enfrenta na rede pública de saúde?

Se já é um paciente doente que já apresenta a manifestação das doenças oportunistas por já estar com o sistema imunológico debilitado, esse sujeito interna e começa a sua via crucis. Ele tem de contar com a sorte de cair com um médico que perceba se tratar de um caso de HIV, mas o que geralmente acontece é o paciente chegar com, por exemplo, tuberculose em um hospital e apenas essa doença oportunista ser tratada. Não vai adiantar muita coisa. Essa pessoa fica misturada a outros pacientes, exposta a pegar outras doenças. Essa falta de estrutura da rede de saúde em todo o país resulta nesses quase 12 mil óbitos por ano. São mais de 30 por dia. É como se todo dia um ônibus caísse em uma ribanceira. Na Guerra da Síria já morreram 14 mil pessoas e a ONU está alarmada achando um crime contra a humanidade. Aqui morrem 12 mil pessoas por ano de Aids e todo mundo acha que é normal. Que estabilidade é essa?

UOL - Que tipos de projetos podem ser executados para que as campanhas contra a Aids atinjam segmentos diferentes da população brasileira?

Gouvea - Vou te dar um exemplo. Nós fizemos um projeto chamado Babadão da Prevenção voltado para garotos de programa que trabalham em saunas gays. Procuramos esses garotos, fizemos com eles um trabalho de capacitação falando sobre prevenção, o uso da camisinha. Dessa forma, esses garotos que foram capacitados passaram a conversar com outros garotos de programa usando a linguagem comum a eles, com seus próprios símbolos de comunicação. E, por consequência, esse trabalho acabou atingindo todo o universo de pessoas que frequentam aquele ambiente: os clientes, os travestis que fazem programa. Não tem como eu ir para uma esquina falar com uma travesti sobre prevenção, a travesti vai rir da minha cara e tem toda a razão de fazer isso. Por isso nós criamos um grupo que é coordenado por uma travesti. É preciso falar a mesma língua. A prevenção ao HIV só vai funcionar se conseguir atingir todo o tecido social. Se a gente não conseguir atingir todo o mosaico social, está fadado ao fracasso ou a essa estabilidade vergonhosa.

Fonte:http://noticias.uol.com.br

quinta-feira, junho 07, 2012

Greve da alimentação pública.







Autor: Leandro Narloch.

Por Leandro Narloch, Rodrigo Constantino e Anthony Ling


Um exercício de imaginação: como seria se a alimentação, feito o transporte público, fosse gerida pelo governo? Má qualidade, filas e corrupção


Depois de uma semana de greves de metrôs e ônibus pelo país, políticos e especialistas voltaram a repetir as opiniões de sempre.
Dizem que é preciso haver mais planejamento do poder público, que o governo precisa investir mais no transporte coletivo, que a mobilidade urbana deve ser prioridade etc.
Recomendações assim são como oferecer uísque a alcoólatras: o remédio que se receita é precisamente a causa do problema.
O que impede a melhoria do transporte não é a falta de cuidado do governo, e sim o monopólio público sobre o transporte coletivo. Para chegar a essa constatação, basta imaginar uma notícia comum nos últimos dias tratando de outro serviço essencial: a alimentação.

“A semana foi de muito transtorno para quem precisa se alimentar fora de casa. Greves de garçons e cozinheiros paralisaram os serviços de mais de 30 mil restaurantes, padarias e lanchonetes que formam o sistema de alimentação pública municipal. Os trabalhadores pedem aumento real e reajuste dos abonos salariais. Não houve acordo entre o governo e o sindicato até o fim da noite de ontem.

Na capital, 6 milhões de pessoas utilizam diariamente o serviço de alimentação coletiva.
Todos os estabelecimentos que vendem comida pronta são operados sob concessão por apenas 16 consórcios e cooperativas. A prefeitura e o governo estadual supervisionam a distribuição dos prato feitos e comerciais, planejam o sistema e realizam os repasses para as concessionárias.

Sem ter a quem recorrer diante da paralisação dos serviços, usuários chegaram a depredar bares e restaurantes. Outros se arriscaram em lanchonetes clandestinas, aquelas que não foram escolhidas nas licitações do governo e por isso atuam à margem do sistema de abastecimento da cidade.

A prefeitura alerta que esses serviços, além de ilegais, trazem diversos riscos para os usuários.
O sistema oficial, porém, é mal avaliado pelos cidadãos. Pesquisa recente mostra que o número total de queixas à prefeitura contra as comedorias saltou de 119.755, em 2010, para 143.901, em 2011.
A demora no atendimento ficou em primeiro lugar entre as dez principais reclamações. Outras queixas comuns são o desrespeito dos garçons, a pouca variação do cardápio e a falta de limpeza nas instalações.
O prefeito prometeu ontem mais investimentos na área. ‘Até 2013, esperamos reduzir para 40 minutos o tempo de espera para o almoço’, disse. Ele negou que o aumento dos salários dos garçons e cozinheiros resulte em aumento da tarifa do prato feito, hoje em R$ 30.

O Ministério Público investiga supostos repasses ilegais da prefeitura a concessionárias, que fizeram expressivas doações de campanha na última eleição. Os promotores acreditam que esses repasses seriam o principal motivo para a comida custar tão caro mesmo sendo subsidiada pelo governo.

Analistas afirmam que seria melhor que o governo deixasse para a iniciativa privada toda a venda de comida pronta. A concorrência entre padarias, botecos e restaurantes, argumentam eles, levaria diversidade e qualidade ao setor, atrairia a classe média e ainda baixaria o custo do serviço popular, como acontece em centenas de outros ramos da economia.

Para os analistas, a livre iniciativa e a concorrência poderiam até fazer a cidade ser mundialmente conhecida por seus restaurantes.
O sindicato dos garçons, a prefeitura, a associação das concessionárias, o Ministério Público e o governo estadual reagiram veementemente a essa proposta, que qualificaram de ‘irresponsável e neoliberal’.

Para as entidades, a ausência do Estado na alimentação poderia resultar na falta de lanchonetes em áreas distantes, além do desabastecimento de comida na cidade. ‘Se algum dia entregarmos o setor de restaurantes a empresários comprometidos apenas com o lucro, criaremos um completo caos’, disse o prefeito.”


Fonte: Folha de S. Paulo, 31/05/2012