quinta-feira, novembro 22, 2012

Da Primavera Árabe para o Inverno (ou Inferno) Israelense











por Herman Glanz 



A escalada da guerra no Oriente Médio, com a agressão, por centenas de foguetes, às populações civis de Israel, pelos palestinos do Hamas da Faixa de Gaza, além de incorrer em dois crimes de guerra, a saber: atacar populações civis de Israel e se ocultar em meio à própria população civil palestina na Faixa de Gaza, tem por finalidade desviar a atenção de Israel da preparação das armas nucleares pelo Irã.

Ocupado no sul, Israel não terá fôlego para se preocupar com Ahmadinejad e os ayatolás. E tem ainda a finalidade de desviar a atenção da guerra-civil na Síria e dos conflitos entre correntes muçulmanas. Enquanto os foguetes caem em Israel às centenas – já passam do milheiro somente neste ano, 760 desde a última quarta-feira, destaca o Ministério do Exterior israelense que o Conselho de Direitos Humanos da ONU não se pronunciou, condenando as agressões, mas só se ocupa em condenar Israel.

Mas não param aí as agressões e preocupações israelenses. Há uma escalada do conflito, quando Farouk Kadumi, que foi o primeiro presidente da OLP, declara que os palestinos deveriam se unir à Jordânia, e o Príncipe Herdeiro jordaniano fala em retomar a Margem Ocidental. Preocupa a Israel, mas preocupa especialmente a família real jordaniana, pois a presença palestina pode significar a queda da monarquia.

O que está acontecendo é o surgimento de uma nova Guerra Árabe, guerra fria e quente, onde Israel ocupa um cenário para desviar a atenção da Guerra Árabe. O jornal “Asharq Al Awsat” publica artigo do Imad Eddine Adib no qual diz que “a guerra de Gaza é um exemplo, em miniatura, do amplo conflito regional” (…) ”não se trata somente de foguetes lançados sobre Israel, mas principalmente desafiar a experiência dos muçulmanos no poder. O conflito arrisca arrastar o Egito, o Qatar e o Irã e muito dependerá da evolução das negociações entre Irã e Estados Unidos. Não se acha excluída uma nova tensão no Líbano para capturar reféns e usá-los nas negociações como trunfos num jogo iraniano”. Ainda diz o artigo que pode significar colocar Israel e Estados Unidos contra o Irã.”

O jornal saudita “Al Watan” informa de uma entrevista telefônica entre o Rei Abdallah Ben Abdelaziz e o Presidente egípcio, Mohamed Morsi, onde o Rei afirmou ao Presidente que “a situação em Gaza exige a maior sabedoria no trato, aconselhando o Cairo a evitar reações passionais e privilegiar atitudes refletidas e de apaziguamento”.

A verdade é que os conflitos do próprio mundo muçulmano nada têm a ver com Israel. Apesar da Síria ter Israel como inimigo, a fronteira síria com Israel é mais calma, apenas ocorreram atos menores de avanço na zona desmilitarizada; é provável que venham a recrudescer atos provocativos, pois é tudo que Bashar Assad quer para desviar a reação que enfrenta; enquanto isso as demais fronteiras sírias estão ocupadas com refugiados. A Turquia já atirou contra a Síria. Na Jordânia um soldado jordaniano já morreu. No Líbano foi assassinado o general que era contrário aos sírios. A Arábia Saudita se opõe ao Irã, pois este dá apoio aos xiitas sauditas e o Rei mandou tropas em ajuda ao Bahrein contra os xiitas.

Verdade é que, enquanto brigam os muçulmanos entre si, Israel sofre, e a ampliação da guerra é iminente, com invasão terrestre. Já se observam movimentos para conseguir um cessar-fogo, agindo nesse sentido o Egito, Qatar, Turquia e Arábia Saudita. Evidentemente para costurar um acordo, tentarão sempre extrair vantagens de Israel. Por enquanto, o povo de Israel sofre, inclusive com as informações desvirtuadas da mídia e a tradicional montagem de imagens dos palestinos, quando mostram um palestino morto por ataque de Israel e, depois, se se prestar atenção, o tal “morto” está noutra imagem posterior, atuando em mais uma gravação da falsa propaganda. Mas a mídia ocidental divulga e não desmente. Não há, ainda, condições de uma paz verdadeira.


Fonte: Pletz

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