por Deborah Srour
Em Outubro de 2011 estávamos todos unidos e emocionados assistindo ao vivo a soltura do soldado israelense Gilad Shalit das mãos do Hamas. Depois de 5 anos e 4 meses de angústia, preces e promessas, vimos o soldado magro, vestido como um palestino ser devolvido à sua família e ao seu país. Em troca, Israel soltou milhares de prisioneiros palestinos, o que fez o Hamas prometer continuar com os sequestros para obter mais solturas e quem sabe, outras vantagens dos israelenses.
Desde então, dezenas de tentativas de sequestros, não só de soldados mas de civis inclusive de mulheres, crianças, ocorreram. A mídia não considera tentativas mal-sucedidas notícia mas desde o ano passado foram 44 tentativas de sequestro de judeus. E finalmente, o que mais temíamos desde Outubro de 2011 aconteceu. Três estudantes judeus, dois de 16 e um de 19 anos foram sequestrados na quinta à noite. Um deles cidadão americano. O sequestro teria acontecido na região de Gush Etzion na Judeia.
Imediatamente ao ser noticiado, uma festa irrompeu em Gaza, com doces distribuidos nas ruas. Na sexta-feira e sábado Israel estava em preces e à busca dos três. No sábado a noite o Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acusou os palestinos do sequestro e responsabilizou o governo de união da Autoridade Palestina que junto com o Hamas são os principais promotores de incitação e ódio dos palestinos contra Israel.
Já na quarta-feira passada, choveram mísseis vindos de Gaza. Israel tentou responsabilizar o governo palestino de União, lembrando que Abbas havia afirmado que o novo governo iria honrar todos os acordos anteriores. Imediatamente e infelizmente, o governo de Obama disse que a Autoridade Palestina não era responsável pelo ataque já que a realidade é que a Faixa de Gaza estava ainda nas mãos do Hamas. Então aonde está a união? Aonde está a desculpa para negociar com o Hamas?
A posição americana foi confirmada pela Comunidade Européia e o resultado? O sequestro dos três estudantes no dia seguinte. Abbas disse que não poderia ser responsável já que a região do sequestro na Judeia estava sob o controle de segurança de Israel. Isto é o mesmo que dizer que os palestinos não são responsáveis por suicidas que se explodem em Tel Aviv. A identidade dos terroristas ainda não é conhecida mas hoje Netanyahu afirmou que eles são afiliados ao Hamas e portanto, este crime é diretamente resultante deste governo de união. Os esforços agora para achar os três depende sobretudo da inteligência interna de Israel, ou o Shabak.
Mas a questão que está queimando o lábio de todos é se estes meninos estão vivos ou não. O problema é que a demora da coordenação entre a polícia e o exército pode ter dado tempo aos sequestradores para levar os três para Gaza e aí teremos o mesmo cenário de Gilad Shalit que não pode ser resgatado pelas forças de Israel. No entanto, não é fácil levar 3 reféns de uma vez através de fronteiras. A suposição é que eles ainda estejam na Judeia e Samaria, em algum lugar secreto, provavelmente subterrâneo.
Nunca em toda a história sangrenta do conflito entre Israel e os palestinos tivemos 3 israelenses sequestrados no mesmo evento. Isto indica uma operação bem planejada e executada de modo profissional. Os terroristas provavelmente convenceram ou forçaram os meninos a entrarem em seu carro como ocorreu várias vezes no passado. Em tentativas anteriores, os palestinos se diziam israelenses, falando hebraico fluentemente, vestindo-se até como judeus ortodoxos. A idade dos meninos pode também ter sido um fator.
Este sequestro não aconteceu num vácuo. Além de todo o reconhecimento e legitimidade dados ao Hamas nas últimas semanas nesta suposta reconciliação e governo de União, há o fato de que mais de 200 palestinos condenados em Israel por crimes contra a segurança do estado, estão fazendo intermitentes greves de fome, gerando protestos diários nas comunidades palestinas. Tudo isso, junto com as próximas eleições para a liderança da Autoridade Palestina, leva o Hamas a atos ousados para conquistar a opinião pública palestina na Judeia e Samaria.
Nos últimos 30 anos, o sequestro de soldados e civis se mostrou o melhor método para soltar prisioneiros. Todos os governos de Israel juraram nunca se render aos terroristas, somente para capitularem e soltarem milhares deles inclusive aqueles com sangue de vítimas israelenses nas mãos. Isso levou o governo de Israel a instaurar um comitê especial que ao final recomendou limitar o número de prisioneiros a serem trocados. Mas o gabinete de Netanyahu nunca adotou a recomendação pois tiraria a flexibilidade do seu governo em negociar.
Agora parece que chegou a hora da verdade para Bibi. O seu gabinete prefere uma operação militar para libertar os meninos sequestrados em vez de se render mais uma vez às exigências dos terroristas. Mas isso irá depender das informações de inteligência que Israel conseguir, o que até agora não parece ser muita. Mas se uma operação militar não for viável, Netanyahu terá que tomar uma decisão muito difícil sob pressão das famílias e do público para mais uma vez libertar centenas de terroristas. E Netanyahu sabe que a cada soltura, os terroristas ficam mais incentivados para promoverem outros sequestros e a colocarem as vidas de outros israelenses em perigo.
Ninguém pode negar o sofrimento destas famílias. Não há uma só casa em Israel ou um só lar judaico no mundo que não simpatize com sua causa e angústia. Como judeus, nosso conceito de responsabilidade mútua é algo impregnado em nossa consciência. O sofrimento destas famílias é o nosso sofrimento coletivo.
Desde os acordos de Oslo em 1993, quase 2 mil israelenses perderam suas vidas, pagando o ultimo preço pela liberdade do povo judeu. Os Israelenses lidam com ameaças todos os dias. Há tentativas constantes de infligir dano seja com mísseis, sequestro, ou até pedras jogadas contra carros em movimentos. Algumas são evitadas por atos da inteligência, outras por cidadãos alertas, muitas por pura sorte.
Então sim, a liberdade tem um preço. Vamos rezar e esperar que neste caso estes meninos possam ser localizados em vida e que no domingo que vem possamos fazer um editorial comemorando os milagres com os quais Deus abençoa seu povo e seu mensageiro, o exército de Israel.
Fonte: Pletz
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