terça-feira, outubro 03, 2017

Celebridades, politicamente correto e o establishment do ódio à sociedade





por Ricardo Augusto Garcia de Mello.





Raras são as campanhas políticas, movimentos sociais, pautas e organizações que não gostariam de ter celebridades as apoiando. Basta um rosto famoso falar algo sobre um tema ou problema, para gerar um movimento. Certos discursos de celebridades são mais eficazes do que os discursos de políticos profissionais e intelectuais articulados. As celebridades são uma força política, pelo fato de atuarem melhor sobre os corações e mentes da base do que as caras campanhas políticas, e os centros de formação cultural. Apesar das celebridades não serem capazes de formular ideias, eles detêm a capacidade de difundir modas, estilos e ideias. As celebridades operam como um outdoor ambulante.


Se os políticos querem a vitória política, é necessário que sejam capazes de influenciar a opinião pública, sendo os ícones pop, as celebridades, a chave desse processo. E se as celebridades querem continuar a fazer sucesso por mais de quatro anos ou uma década, é necessário que elas sejam consagradas ao establishment. E só os políticos conseguem fazer isto mobilizando instituições, organizações e projetos de políticas públicas que vendem a imagem da celebridade como um ser politizado, consciente dos problemas sociais e humanitários.


A fama e notabilidade pública das celebridades lhes foram conferidas pela sociedade, que julga importante suas características, para o seu melhoramento e preservação. Hoje a celebridade é notabilizada quando apedreja publicamente a sociedade que lhe conferiu prestigio, riqueza e poder. E o pior é observar a sociedade aplaudir a própria humilhação. As celebridades são uma minoria eleita por aplausos e mídia, que é celebrada como indivíduos modelares, modelos de ser humano, pela sociedade. E o que é contraditório é o fato do estilo de vida, discursos e ideias dessa minoria privilegiada serem o total oposto dos valores e normas sociais. Nossas celebridades enriqueceram e ganharam fama difamando a própria sociedade, imputando à sociedade, a responsabilidade do racismo, sexismo e intolerância. As celebridades desfrutam o seu poder pelo ato de romper com os tabus e “preconceitos” da sociedade, ao destilarem nas mídias o politicamente correto.


Se antes o “Shut Up and Sing”, ou seja, cala a boca e não faça política, mas faça a sua função cantar, dançar, jogar, etc. Hoje o lema “cala a boca e canta”, Shut Up and Sing, não é mais chave para o sucesso, mas para o esquecimento. Antes de cantar, dançar e jogar, o mais importante é o estilo de vida do artista, suas posições, e opiniões diante dos temas sexuais, raciais, sociais e políticos. A opinião da celebridade detém maior peso do que a opinião de um especialista. Não estamos vivendo a perda do interesse político e do sentido de autoridade, o que está acontecendo é a deslocamento mórbido da política para o tapete vermelho, e a desautorização das autoridades paternas e religiosos, e uma valorização autoritária daquilo que as celebridades decidem como verdade – o politicamente correto. 


Tudo indica que a sociedade está esquecendo o seu único direito de resistir às celebridades, a vaia. Cada vez mais nos comportamos como plateia, cuja função é bater palmas.


O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou no dia 22 de setembro de 2017, o seguinte: “Vocês não adorariam ver um dono de time da NFL dizer no momento em que alguém desrespeita nossa bandeira: saia do campo agora, seu filho da p.... fora daqui. Você está demitido. Demitido”. 

Em resposta aos atos de protesto de atletas do futebol americano, NFL, que se ajoelhavam diante do hino nacional dos Estados Unidos, como uma forma de protestar contra o racismo do país. A mídia considerou Donald Trump racista e mal-educado.

No Brasil temos uma caso parecido, a atriz Taís Araujo que participou da cerimônia de abertura da Africa Week da Universidade de Columbia, em Nova York. E deu uma entrevista ao Brazil Talk que foi publicada em 26 de setembro de 2017, ela disse: 

“Foi muito enriquecedor ver como a gente no Brasil funciona diferente do resto da África e da diáspora, no geral. O tempo inteiro eles falavam sobre descendência africana, e eu fui ficando pequenininha cheia de vergonha, porque no Brasil a gente sequer se chama de afrodescendente. E quando a gente coloca essa questão, falam Nossa, que besteira, o Brasil é misturado. Mas eu acredito que, a partir do momento em que você se declara afrodescendente com orgulho, você reafirma uma identidade”. 



Ela difundiu no exterior a imagem de um Brasil racista, e que a miscigenação é uma ideologia. 

É comum observar celebridades falarem mal das suas sociedades racistas, as mesmas sociedades que lhe conferem fama, riqueza e poder, que não teriam no seu lugar que julgam “descender”. Isto é, no mínimo uma hipocrisia.




Fonte: heitordepaola.com

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