domingo, fevereiro 03, 2013

Por dentro das Forças de Defesa de Israel.



Chesed, Misericórdia.


por Lorna Simcox(*)


“É inimaginável”, disse Gruber, “que um exército diga ao inimigo antecipadamente quando irá atacar. Mas nós o fazemos para evitar danos colaterais. Arriscamos nossa vida para proteger os palestinos”.

Quando um deles é morto ou fica ferido, outro rapidamente toma a arma dele para parecer que as FDI atiraram em um civil desarmado. Está tudo ali, no filme.



Situação 1
Sua missão é bombardear uma casa em território inimigo, ocupada por conhecidos terroristas. Dentro dela, eles estocaram uma enorme quantidade de munições exclusivamente para uso contra seu país. Segundos antes de soltar a bomba, você observa do seu avião que há pessoas se ajuntando no telhado. O que você faz? Você bombardeia a casa e se arrisca a matar as pessoas? Você abandona a missão? Você tem oito segundos para decidir.

Situação 2
Sua missão é lançar um míssil e destruir um jipe que está levando um grupo de conhecidos terroristas, que já assassinaram muitos de seus compatriotas. Subitamente, o jipe começa a entrar no estacionamento fechado de um prédio em território inimigo. Você não sabe nada sobre aquele prédio. É uma escola? Uma casa de repouso para idosos? Quem está lá dentro? O que você faz? Você bombardeia o veículo e se arrisca a matar as pessoas dentro do prédio? Você abandona a missão? Você tem oito segundos para decidir.

Situação 3
Sua missão é matar um conhecido terrorista em território inimigo; ele está fugindo com seu rifle de ataque AK-47. Ele vê você. Subitamente, ele corre em direção a um grupo de crianças que estão com suas mochilas nas costas e que parecem estar esperando por um ônibus escolar. Com a mão direita, ele puxa aleatoriamente um menino pelo colarinho com tanta força que chega a levantar o menino do chão. Com o AK-47 em uma mão, a criança na outra, ele corre para ter cobertura em meio à multidão, usando a criança como escudo. O que você faz? Você atira e se arrisca a matar a criança? Você abandona a missão? Você tem menos de oito segundos para decidir.

Os militares israelenses enfrentam todos os dias essas situações na vida real. E, em cada caso, os soldados israelenses chegam a medidas nunca imaginadas para evitar causar males a civis palestinos. Na verdade, mais de 600 pessoas viram a exibição de filmes reais dessas três situações e de outras, em uma apresentação feita pelo coronel israelense Bentzi Gruber, que falou na sede de The Friends of Israel em Nova Jersey e na Conferência Profética em Winona Lake/Indiana.

Gruber, um homem alto, elegante, que fala bem, com cerca de 50 anos, é casado e tem cinco filhos. Ele é engenheiro computacional e está trabalhando em sua tese de doutorado em ciência comportamental. Mas, em Israel, poucos homens têm o luxo de serem civis. Em um país do tamanho do estado de Sergipe, meros 15 quilômetros separam Samaria (Margem Ocidental) do mar Mediterrâneo. Além disso, 600 milhões de muçulmanos estão ao redor dos 5,6 milhões de judeus em Israel. Assim, Israel deve sempre lutar para se proteger dos inimigos bem armados que juraram sua destruição.

Gruber é um veterano de 30 anos de carreira nas Forças de Defesa de Israel (FDI). Ele tem 20 mil soldados sob seu comando, já viu muitos combates e conhece em primeira mão quão diligentemente Israel protege inimigos não-combatentes, a despeito dos relatos nos noticiários que pintam os israelenses como assassinos. Em um esforço para tornar a verdade conhecida, ele preparou uma apresentação chamada “Ética no Campo de Batalha”, usando imagens aéreas de aviões israelenses e, em muitos casos, vídeos feitos pelos próprios palestinos, que filmam com regularidade os homens-bomba saindo em missão.

“Não queremos matar civis”, disse Gruber. Então, antes da Situação 1, na qual o prédio em Gaza era o alvo, as FDI soltaram milhares de folhetos em várias línguas, 48 horas antes do ataque, dizendo aos palestinos quando o prédio seria bombardeado e que deveria ser evacuado. Depois, os israelenses fizeram telefonemas e enviaram mensagens de texto. Geralmente, eles obtêm os números da maior parte das pessoas da área. Este é um procedimento-padrão israelense.

“É inimaginável”, disse Gruber, “que um exército diga ao inimigo antecipadamente quando irá atacar. Mas nós o fazemos para evitar danos colaterais. Arriscamos nossa vida para proteger os palestinos”.

Todavia, os palestinos bolaram uma maneira de tirar vantagem da misericórdia de Israel. Quando se aproxima a hora do ataque, eles se reúnem no telhado do prédio que será o alvo, sabendo que as FDI não o bombardearão. Assim, Israel inventou um procedimento que se chama “Batendo no Telhado”. Eles atiram um míssil na beirada do telhado como um aviso de que a bomba grande está vindo a seguir. Então, os palestinos se espalham.

Na Situação 2, quando o jipe cheio de terroristas fez a curva e entrou no estacionamento, o soldado israelense em comando teve oito segundos para desviar o foguete, que explodiu em uma área vazia. “Isso acontece centenas de vezes”, disse Gruber. Os terroristas fugiram.

“Estamos enfrentando o risco”, disse ele. “O objetivo não é matar pelo que alguém fez no passado, mas prevenir que faça algo assim no futuro”.

Na Situação 3, o terrorista que agarrou o menino também escapou. Quando os terroristas sabem que estão sendo perseguidos pelas ruas, “eles enviam crianças (palestinas) para fora, às ruas, para jogar futebol porque sabem que nós não atiraremos”, disse Gruber.

Ele explicou que Israel tem duas regras principais no que se relaciona a danos colaterais: (1) usar de força apenas para realizar a missão; e (2) não causar danos a inocentes - que significa mulheres, crianças, civis e não-combatentes.

Entretanto, determinar quem é não-combatente nem sempre é fácil. Os palestinos, diz Gruber, usam de propósito calças jeans, camisetas e tudo o mais que os torne indistinguíveis no meio da multidão. Eles não se vestem como soldados, como o fazem os israelenses. Além disso, quando um deles é morto ou fica ferido, outro rapidamente toma a arma dele para parecer que as FDI atiraram em um civil desarmado. Está tudo ali, no filme.

Gruber também mostrou tomadas de filmes que pareciam ser de um banheiro comum em uma casa da Faixa de Gaza, até que soldados das FDI removeram o armarinho debaixo da pia, expondo um túnel bem escondido e centenas de explosivos, inclusive TNT líquido. Os residentes também aproveitaram da panfletagem feita antecipadamente por Israel e usaram as 48 horas para disfarçar a cozinha.

Túneis para contrabando, disse Gruber, são um grande negócio. Quatro famílias em Rafah, localizada na parte sul da Faixa de Gaza, possuem 900 túneis tão grandes que os palestinos dirigem jipes e caminhões por ali para o contrabando de armamentos.

Gruber também mostrou um filme de uma ambulância claramente marcada como pertencente às Nações Unidas, com dois terroristas dentro. Sete outros subiram nela com suas armas. Ele disse que a ONU tem um orçamento de 1,3 bilhões de dólares em Gaza, e dali veio o salário do motorista da ambulância e os fundos para a manutenção do veículo e para o combustível.

“Enviamos tudo para Gaza”, disse Gruber, “inclusive alimentos e medicamentos. Trinta e cinco por cento da eletricidade de Gaza vem da nossa estação de energia em Ashkelon [Israel], a qual eles tentam alvejar todos os dias com seus foguetes”.

Infelizmente, estar em constante estado de semi-guerra tem um alto preço. Mesmo assim, o pequenino estado judeu não comprometerá seus princípios nem se rebaixará ao nível dos terroristas. O coronel Gruber disse que o estresse pós-traumático é um sério problema, e que a nação perde 45 soldados por ano por suicídio -- o que seria o equivalente a 2.500 soldados americanos. A maioria deles sofria de inevitáveis danos colaterais e não conseguia viver com as lembranças. “Quando mata uma pessoa inocente, você carrega aquela pessoa em suas costas pelo resto de sua vida”, disse Gruber.

De fato, o coronel Gruber fundou uma organização chamada “Chesed (palavra hebraica que significa "gentileza' e "misericórdia') in the Field” [Misericórdia no Campo/Gentileza no Campo], que reúne soldados das FDI e pessoas com doenças terminais ou deficientes, para terem experiências que educam e que inspiram. “Quando nossos soldados são pessoas boas, temos um exército forte e um país seguro”, diz ele em seu site: www.bentzigruber.com.

Gruber falou em Harvard, na Universidade da Califórnia em Berkeley, e em uma grande quantidade de outras universidades americanas que são abertamente hostis a Israel. Contudo, ele continua a trazer sua mensagem. “Quando você ouve mentiras, deve ter coragem para se levantar contra elas”.

“É um privilégio para mim”, disse ele, “estar no exército para proteger minha família, para proteger Israel, e para proteger o mundo ocidental”. 



(*)Lorna Simcox é editora-chefe de The Friends of Israel.

Publicado na revista Notícias de Israel - www.Beth-Shalom.com.br

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