por Lucas Baqueiro(*).
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalmente foi preso, depois de uma longa negociação para se entregar às autoridades. Depois de tetricamente se refugiar no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, lugar que simbolicamente marcou o início e o fim da sua longa e criminosa carreira política, agora ele está sob custódia da Polícia Federal. Só o futuro pode dizer se Lula não sairá mais do seu habitat natural, a cadeia.
Tudo se deu numa sequência muito rápida, para quem espera justiça há muitos anos. Na quarta-feira, foi a julgamento no Supremo Tribunal Federal um pedido de habeas corpus mixuruca, a última cartada da defesa do petista para impedir que ele iniciasse o cumprimento provisório da pena. O suspense tomou conta do país, pois o voto da ministra Rosa Weber era um mistério. Grande inquietação tomou conta do país, manifestações tomaram as ruas, e todos liam assustados reverberações sobre mensagens no Twitter do general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, que soaram como ameaça velada de golpe militar.
Em sessão longa, que atravessou tarde, noite e madrugada, o Supremo Tribunal Federal negou o habeas corpus. O voto de Rosa Weber foi computado contra o líder do Partido dos Trabalhadores. Apesar da ordem, ainda havia muita incerteza: como a prisão não era dada como certa pelos próximos dias, temia-se que Lula recebesse algum outro salvo-conduto do Poder Judiciário, ou que fugisse do país, ficando impune.
Na quinta-feira, brasileiros preocupados com os rumos políticos do país almoçaram sem apetite, não imaginando que o melhor viria na sobremesa: perto do meio-dia, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, incensado pela militância petista como algoz do ex-presidente, expediu ordem de prisão contra Lula. A ordem era clara: Lula tinha até as cinco da tarde da sexta-feira para se apresentar na Superintendência da Polícia Federal do Paraná, na capital mais fria do Brasil.
Lula começou a ser monitorado pela Polícia Federal a partir daquele momento. Fugir deixou de ser uma opção. Como um ator nato, que se sustenta com base em narrativas, resolveu então encenar o seu último ato. O palco principal seria o prédio do sindicato que o revelou para o Brasil e o mundo.
Desde o seu último refúgio, recebeu visitas de todos os seus puxa-sacos. Ficaram com ele, lado a lado, Dilma Rousseff, sua sucessora e parceira de crimes; Eduardo Suplicy, a mulher violentada com síndrome de Estocolmo, que não cansa de apanhar; Guilherme Boulos, o candidato do PSOLula; Manuela d’Ávila, que diz que é candidata à presidência; Gleisi Hoffmann, que em breve frequentará a mesma carceragem do chefe; e grande elenco. Imensa massa de sindicalistas pelegos, militantes aloprados, petistas alucinados, membros do Movimento Sem-Terra, subcelebridades contaminadas pelo vírus do lulismo, amontoaram-se ao redor do bunker do Führer tupiniquim. “Resistir com Lula” era a senha.
Badalaram as cinco da tarde no relógio, na sexta-feira. Em aberta zombaria, a militância fez a contagem regressiva. Lula não se entregou: preferiu ficar comendo picanha e tomando cerveja, tentando ganhar mais um dia sem comer arroz ou feijão frio, macarrão sem molho, salsicha ou frango, prato típico do xilindró. Dava mais tempo para planejar o show final.
No sábado pela manhã, realizou-se uma missa-showmício, bastante apropriada para a religião lulista. Dizia-se que era em comemoração pelo aniversário da falecida Marisa Letícia, ex-primeira dama do presidente Lula, que escapou de cumprir pena graças à morte. A missa foi comandada por Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau, secundado por músicas de Gonzaguinha, Manuela d’Ávila fazendo o sinal da cruz, sob a assistência de Lula, reverentemente assistindo à eucaristia com um copo de cerveja na mão.
Terminado o ato religioso, era hora do discurso fúnebre, o último de Lula antes de sair da cela. Foi, honestamente, um dos mais patéticos já assistidos. Falou que a grande motivação de sua prisão era o fato de que “eles, os meninos do Ministério Público, não gostam que o pobre coma carne, que o pobre ande de avião, que o pobre vá para a universidade”. Disse que “eles querem Lula preso para não poder falar, mas Lula continuará falando pela boca de cada um”; que “mesmo que me matem, meu coração continuará batendo em cada um”. Que “nunca vão prender o Lula, porque Lula não é mais uma pessoa, é uma ideia”. Cada chavão bizarro da narrativa petista foi dito, por quase uma hora, para uma multidão ensandecida diante do messias da corrupção. Cônscio de que não havia escapatória, anunciou que iria se entregar.
Terminado o showmício travestido de missa, Lula tornou a se esconder dentro da sede do Sindicato. Ao anoitecer, num ato patético, fingiu que ia tentar sair, foi impedido por sua massa de manobra e voltou sorridente para dentro, como se magnanimamente dissesse que o povo estava disposto a resistir por ele. A farsa não durou muito, porque no microfone do palco, a senadora Gleisi Hoffmann anunciava: era melhor desmontar o circo, porque a Polícia Federal estava dando meia hora para que o bandido se entregasse; caso contrário, mais gente ia ser responsabilizada por obstrução da justiça.
Dali em diante, não tinha mais jeito: Lula seria preso. A pé, atravessou os portões do sindicato, soltando beijos e tchauzinhos para sua multidão de comparsas. E entrou, por fim, no carro da Polícia Federal, com direção ao aeroporto de São Paulo, para dali, iniciar sua pena cumprida em Curitiba. Às dez da noite, matou a saudade da cadeia, lugar de onde o Brasil espera que não saia até cumprir o último dia de sua condenação.
Com imensa desfaçatez, a militância petista proclamou: “para os coxinhas é o fim da corrupção no Brasil”. A única frase que podemos reservar é aquela célebre de Winston Churchill, quando de grande sequência de vitórias dos Aliados sobre o Eixo: “Agora, isto não é o fim. Nem sequer é o começo do fim. Mas é, talvez, o fim do começo”.
O simbolismo de um ex-presidente da República preso por corrupção é imenso para toda a classe política. Ninguém poderá dormir tranquilo em seus travesseiros de pena de ganso, esperando impunidade e roubalheira até o último dos seus dias. É a verdadeira proclamação de que nenhum brasileiro, por mais que componha a seleta nobreza dos políticos, está acima da lei, máxima constitucional tão ignorada desde sempre. A república estende seus punhos crispados a cada malfeitor conforme o seu demérito.
É o fim do começo para inúmeros outros políticos que se valeram até agora de seus cargos para benefício próprio, em malefício do povo. Michel Temer, Aécio Neves, Moreira Franco, Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann, Romero Jucá, entre outros bandidos que receberam voto popular e acreditam que, por isso, foram ungidos da lei, já não podem descansar em paz, sabendo que dificilmente escaparão do destino de Lula.
O fim, mesmo, é só para Lula, cujas esperanças de ocupar a presidência da República outra vez para rapinar, colocar o seu vezo caudilhista e ditatorial para fora, demolir a liberdade de imprensa, encher os bolsos de dinheiro público para si e seus filhos, acabaram hoje. Seu endereço não será mais o Palácio do Planalto, de onde comandou o maior saque jamais visto dos cofres do país; será, se Deus quiser – porque o Brasil inteiro quer! – algum presídio nos arredores de Curitiba. Que esquente a cela para seus comparsas de todos os partidos, que logo se somarão a ele.
Muita gente diz que é um momento triste, que não há o que comemorar, que é lamentável um ex-presidente do Brasil ser preso. Sentimos muito por quem acha triste. Para muitos de nós, é um momento de imensa alegria e júbilo. Comemoramos a verdadeira proclamação da república, porque todos os homens são a partir de hoje responsáveis pelos seus atos.
(*)Lucas Baqueiro -Liderança do Livres no sertão de Pernambuco
Fonte - Revista Amálgama (www.revistaamalgama.com.br)
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