por Luis Milman (*)
No ambiente jornalístico, a presença dominante dos comunistas é incontestável há décadas. A grande maioria dos jornalistas sempre esteve próxima do esquerdismo. Não digo hoje, como militância aberta, mas no plano da adesão intelectual e da adoção bajuladora e servil a um argumento da autoridade petista, que é um partido da esquerda confessional, aquela que trata o marxismo como um tipo de religião revelada. Sem a submissão a este argumento da autoridade, o governo Dilma Rousseff já teria perdido sua sustentação junto àintelligentsia e, como não possui qualquer respaldo popular, teria desabado.
Em idioma vicário, o comunismo transmutou-se em progressismo, depois do colapso da União Soviética. Essa presença comunista nas redações, não é abertamente ativista, o que não significa dizer que não seja muito ativa. Ela explica o apoio com que contam, no meio jornalístico, todas as posições esquerdistas nos chamados temas sociais controversos, como a liberação do consumo de maconha, o fator antrópico de aquecimento global, a descriminalização do aborto, a proibição do uso de armas, a manutenção da maioridade penal em 18 anos e a tentativa de criar crimes diferenciados contra homossexuais.
Para o jornalista padrão, o adjetivo “conservador” significa “reacionário”. E, saliente-se: por total ignorância, este jornalista padrão sequer sabe o que designa, no universo político-doutrinário, o termo “conservadorismo”. A militância da redações muito precariamente ouviu falar de um Burke ou, mais recentemente, de um Scruton, mas as posições “progressistas” são defendidas, em que pese a sua rejeição pela esmagadora maioria da sociedade, como as pesquisas de opinião não cansam de apontar.
Darei três exemplos: na mídia circulante, o ex-tupamaro Mujica – e isto é uma forte credencial -, tornou-se um estadista porque liberou a maconha no Uruguai; Noam Chomsky é o teórico mais influente do mundo porque acusa os EUA dos mais abjetos crimes e Benjamin Netanyahu é um obstáculo à paz porque lidera a radical direita israelense contra posições negociáveis do moderado presidente palestino Abu Mazen.
Tudo isto é risível. Mujica é um marxista incurável; Chomsky, um mentiroso cínico e compulsivo, e Netanyahu um político de direita, é claro, mas democrata, prudente e não está negociando com Abu Mazen porque o palestino não é, na prática, o moderado que a mídia esquerdista nos apresenta. Pode parecer paradoxal que a sociedade se expresse de um modo conservador e a imprensa, no polo contrário, de uma forma sistematicamente “avançada”. Abrem-se espaços generosos e constantes, nos jornalões e jornalecos brasileiros, para especialistas aparvalhados pelo marxismo de almanaque lançarem explicações desesperadas para o que chamam de “onda conservadora brasileira”. É claro que a classe média do país cansou do PT. Caiu a máscara do lulopetismo para os chamados cidadãos e cidadãs comuns, de classe média, o segmento social que Marilena Chauí - talvez a filosofa maior daquela pocilga intelectual que Reinaldo Azevedo chama de o “Complexo PUCUSP”-, disse odiar, com frenesi e sob o aplauso de Lula, seu líder.
As análises que as estrelas da mídia tradicional nos oferecem sobre a virada brasileira à direita são tão miseráveis quanto a ideologia de baixo marxismo que eles abraçam e insistem em espalhar. São sempre análises autoindulgentes, que sequer raspam o cerne das razões pelas quais o PT se espatifou politicamente: a ausência escancarada de energia moral, a desgraçada insistência em agredir os valores mais caros ao povo e a corrupção, que, mais do que entranhada no partido, é inerente à sua doutrina.
Existe, é claro, na chamada mídia, uma trincheira heroica, daqueles que desafiam essa quase unanimidade. No entanto, o quase-consenso vermelho é policiado selvagemente por lideranças políticas, intelectuais delirantes e por uma legião de blogueiros e twitteiros da linha justa. Se apenas com isto não se pode impedir que escândalos sejam noticiados, que o naufrágio do lulopetismo se mostre irreversível, então que se trate de apertar mais a corda nos pescoços dos bajuladores petistas usuais, que dominam as redações. Talvez assim aquilo que já está péssimo não desande. Não é por acaso que Lula sai por aí, enquanto o país afunda numa crise moral, política e econômica patrocinada pelo seu partido, a uivar que a mídia quer destruir o PT. Muito menos que os petistas, que se lambuzaram na corrupção do Mensalão e do Petrolão, dizem que toda essa podridão não passa de uma construção da mídia reacionária. Eles sabem, é certo, que a mídia é precisamente o oposto do que a acusam, ou seja, é uma mídia amestrada por anos de submissão a um marxismo de clichês.
A elite petista sabe que a companheirada que os ampara nas redações pode muito. Mas nós sabemos que ela não pode tudo.
(*)Luis Milman é professor de filosofia e jornalista.
Fonte: Mídia Sem Máscara
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