por Mateus Colombo Mendes
Eis que Cristo apresenta a Nova Lei:
– Não pensei que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim abolir, mas consumar.
O que Cristo faz é consumar e radicalizar:
– Ouvistes o que foi dito aos antigos: não matarás; quem matar, será réu de julgamento. Pois eu vos digo: quem se encolerizar contra seu irmão, será réu de julgamento.
Ou seja, Jesus deixa claro que mesmo erros menores podem receber a grande punição, pois essas pequenas ofensas se enraízam no coração do homem e semeiam o campo para os grandes erros. O antigo mandamento de não matar é radicalizado e passa a exigir que nem sequer se magoe o irmão. Por isso, aliás, que o exame de consciência, etapa anterior à confissão sacramental (Prática Católica da Confissão), é tão importante; não basta analisar a letra fria e abstrata dos Dez Mandamentos; é preciso analisar nossas ações reais à luz de cada Mandamento, contemplando suas centenas de implicações menores.
É nesse sentido que surge uma das maiores provas de que, se o cristianismo é machista, é no sentido de proteger a mulher na máxima potência (ou seja, não é machista de forma alguma):
– Ouvistes o que foi dito: não cometerás adultério. Pois eu vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça sobre uma mulher, já cometeu adultério em seu coração (Mateus 5:28).
Se essas palavras são duras aos homens de hoje, imagine dois mil anos atrás. Um “mero” olhar, uma simples “olhadinha”, é suficiente para nos distanciar gravemente de Deus. Obviamente, como sempre, não se trata de uma ordem arbitrária e abstrata, mas de uma recomendação que leva em consideração a realidade das coisas. O homem, o macho, é, digamos, extremamente visual. Nossos estímulos sexuais mais fortes vêm pelos olhos. Talvez vocês não saibam, mulheres, mas quando, em ato sexual com uma mulher desprovida de beleza, é quase regra que o homem visualizará mentalmente uma mulher que lhe agrade mais; do mesmo modo, quando precisa, pelo motivo que seja, evitar um estado de excitação, tratamos de imaginar algo visualmente desagradável. Sendo o sentido da visão algo tão grave para nós, homens, que Cristo faz, a fim de que não plantemos pecados graves com as sementes dos pecadinhos?
– Se teu olho direito te escandaliza, corta e joga longe de ti. Pois é preferível que pereça um de teus membros a que todo teu corpo seja lançado no inferno (Mateus 5:29)
Para que não traiamos nem mesmo mentalmente a mulher e não ofendamos a Deus, Cristo ordena que arranquemos o olho! Mas não pára por aí.
– Também foi dito: quem repudiar sua mulher, dê-lhe certidão de divórcio. Pois eu vos digo: todo aquele que se divorciar de sua mulher – exceto em caso de “prostituição” – a induz ao adultério, e aquele que se casar com ela, comete adultério (Mateus 5:31-32)
Perceba que a única possibilidade que o homem tem para não ofender a Deus é permanecer fiel e jamais romper o matrimônio. Se se divorciar, peca gravemente; com o divórcio, estará o homem induzindo a mulher ao adultério, o que é pecar gravemente; por fim, o homem que se unir à mulher abandonada também estará pecando gravemente. Nós, homens, somos culpados, com justiça, se abandonamos a mulher e se, por isso, ela mesma vier cometer adultério. Não é muito machismo?
O pior é que há quem responderá “Sim, é muito machismo!” à minha pergunta retórica e irônica. Em pleno século XXI, há quem considere ofensa gravíssima à honra feminina o ato de zelar, de ter extremo cuidado, de proteger uma mulher, de dar-lhe a segurança que ela naturalmente exige e que somente nós, homens, naturalmente somos capazes de dar. Com a graça de Deus, somos, homens e mulheres, incrivelmente diferentes – e nas tensões surgidas dessas diferenças nos completamos, crescemos e nos unimos a Deus, através de Cristo e da intercessão do ser humano puro mais perfeito já criado, Maria – que, não por acaso, é uma mulher.
Também não é por acaso que as pessoas que se ofendem com a constatação de que homens e mulheres são diferentes e que, por isso, mulheres devem ser tratadas de forma realmente distinta, são as mesmas que desejam corromper a mulher, através de um igualitarismo atroz. No prefácio da edição da Ecclesiae para a obra O que há de errado com o mundo, de G. K. Chesterton, o professor Rodrigo Gurgel faz um resumo preciso e brilhante do problema:
<< Chesterton sabia perfeitamente que “se as mulheres chegassem a ser ‘iguais’ aos homens, se envileceriam”, diz Joseph Pearce. É nossa realidade hoje. Como afirma Francisco José Contreras, “o tipo de sexualidade (banalizada, de consumo rápido, desvinculada do amor, do compromisso e da reprodução) parece desenhada à medida das necessidades e caprichos masculinos. As mulheres são as grandes vítimas da revolução sexual. Na sociedade hipersexualizada, a mulher se converte com freqüência em objeto de usar e jogar fora. As feministas conseguiram impor à mulher o modelo sexual masculino”. [...] “O neofeminismo converte as mulheres em ‘machos falidos’”. >>
Olhe em volta, para suas relações, para suas amigas com entre 20 e 40 anos totalmente perdidas, fragilizadas, rebaixadas, e me diga se não são de fato “as mulheres as grandes vítimas da revolução sexual”. A mulher de hoje é a grande vítima do feminismo, da libertação sexual. O caos é completo. Mulheres não se respeitam, seja porque esta é muito liberal, seja porque aquela é muito conservadora. Homens não respeitam mais as mulheres, seja porque esta “não deu” na primeira vez (e aí não têm paciência e a descartam), seja porque aquela “deu” de primeira (e aí “não serve para ser amada e respeitada” – e acaba sendo igualmente descartada). A mulher está atônita, não sabe mais como agir para conquistar um homem. Vê-se paralisada ante a percepção surpreendente de que não é transando de todas as formas possíveis na primeira noite que o homem lhe amará pela eternidade, a despeito de tudo que lhes disseram e prometeram por décadas os grandes gurus e especialistas em livros, revistas e programas de TV – “Cem formas de ganhar um homem na primeira transa”; “Não se reprima, faça tudo que você tiver vontade!”; “Seu corpo, suas regras”.
O antídoto para tanta loucura, como sempre, é a firme, simples e maravilhosa realidade. Basta não patrolar as evidências e respeitar as naturezas de homens e mulheres para saber como agir. Nossas percepções primeiras das coisas valem muito mais do que anos de problematizações ideológicas, que procuram adaptar a realidade ao ideário revolucionário. O deslumbramento infantil, puro e aparentemente bobo, que diz “Meninos têm pinto; meninas, não”, é muito mais cientificamente verdadeiro e filosoficamente assertivo do que todas as teorias modernas juntas. E não sou eu que estou dizendo – é a realidade, com o endosso de Nosso Senhor Jesus Cristo. E você, ainda dará ouvidos a pelancudas ressentidas?
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