sábado, fevereiro 24, 2018

Não é a desigualdade social, é falta de surra de espada de São Jorge







por Flávio Mergenstern(*).




A logorréia manjada de legalização das drogas, desmilitarização da polícia, educação e justiça social JÁ FORAM testadas. O que vai mesmo diminuir o crime é surra no bumbum.


É impossível supor razões para o aumento da criminalidade e da violência ignorando o principal fator na execução do crime: a decisão pessoal do criminoso de cometê-lo. Tentar aventar causas e teses sociológicas pseudo-complexas que ignorem a consciência e a vontade de puxar o gatilho, no dizer de Theodore Dalrymple, “é Hamlet sem o Príncipe”.




Basta que situações de crise absoluta de instituições e poder ainda mais absoluto concentrado nas mãos de criminosos eclodam, como o clima de salve-se-quem-puder do Rio de Janeiro, e imediatamente “especialistas” são chamados às redações de jornal, que logo orquestrarão o coro de todos os seus jornalistas repetindo em uníssono: não há solução fácil para a questão da criminalidade, e só teremos mudanças de verdade quando liberarmos as drogas, fizermos a desmilitarização da polícia e promovermos alguma forma de “justiça social”, via de regra traduzida como distribuição de renda (posse estatal da propriedade).

A agenda e o discurso se repetem roboticamente, sem que nunca o rebanho se atreva a questionar nem o que diz, nem por que diz o que todos os outros estão dizendo sem nenhuma discussão, jurando que regurgitar um palavreado dado mastigado é o mesmo que “ter estudado” a questão em centenas de livros.

Todas as questões apontam para o aumento da criminalidade por causas externas ao sujeito: é a crença de que se comete um crime por ter sido forçado pelas circunstâncias. O ser humano não teria a mais remota capacidade de decisão autônoma: seria um ser amoral e tão imbecilizado quanto um joão-bobo, sua autonomia seria a mesma de um menu eletrônico de telemarketing.


Sua consciência teria a consistência de gelatina em um terremoto, e só poderia decidir pelo que dizem sumidades como Luciano Huck, Marcelo Freixo, especialistas de Globo News, Luiz Eduardo Soares, Jean Wyllys, Ilana Szabó narrados pela voz do Faustão.

A crença determinista e fatalista é a de que os seres humanos, sobretudo se forem pobres e/ou negros, não possuindo moral, cairão no crime para tomar o que é dos ricos/brancos. Assim, a “solução” apresentada é tornar o crime um não-crime (legalizando as drogas) ou roubar já direto na fonte (fazendo “distribuição de renda” ou “justiça social”), pois senão o pobre e negro, tratado sempre como um ladrão ou um trouxa, acabará roubando na esfera privada.


Para evitar atritos no processo, a polícia se torna desmilitarizada, tendo mais uma função de ordenamento de patrimônio (se o crime, ou a justiça social, está devidamente ocorrendo na calçada, sem ninguém atravessando a rua com o sinal aberto para os carros) do que de proteção da vida contra ameaças.

A fé cega dos proponentes de tal agenda, copiada pari passu da ONU para seu plano de governo global sobre países pobres, é uma versão homeopática do socialismo: sem revolução, mas com governança indireta. Se pobres e negros têm essa mania chata de roubar e traficar drogas, devemos aceitar este hábito para a inclusão social, e para diminuir o crime, deixemos que políticos do PSOL cuidem de roubar eles mesmos o fruto de nosso trabalho e passá-los para as mãos da bandidagem.

Assim, aquilo que não colou com a Internacional Comunista, nem com a social-democracia, nem com o sindicalismo, nem com o bolivarianismo, nem com o marinasilvismo, tenta colar como a verdadeira solução para a violência, no bom e velho modelo esquerdista do “agora vai”.

A melhor política para o negro e o pobre, acreditam estes especialistas de DCE, seria tornar o negro e pobre menos violento, já o apascentando com distribuição de renda, permitindo que relaxe com um baseado (já, numa só tacada, permitindo que tenha uma fonte de renda melhor do que tentar sobreviver numa economia engessada por impostos escorchantes, através do livre comércio enriquecedor longe de impostos, desde que o produto sejam drogas que destruam famílias e o patriarcado) e, claro, impedindo que cidadãos não-criminosos tenham acesso às armas – afinal, vai que o negro e pobre invente de gastar 5 mil em uma arma legalizada, passar pelos testes psicológicos necessários e, depois de se registrar para a polícia, invente de assaltar à mão armada!! Já imaginou o perigo?!

Ao contrário deste pensamento molóide, incapaz até mesmo de lidar com contradições primárias (como tratar a polícia como uma força opressora fascista, e a um só tempo crer que apenas ela deve possuir armas, mas atuar de maneira desmilitarizada para lidar com traficantes armados até o oritimbó), a realidade é bem oposta. Sobretudo em relação ao que são, de fato, os pobres. Trabalhadores, ainda que sofrendo do mesmo pecado original de todos nós.

Se todos os pobres fossem bandidos, ou bandidos em formação, simplesmente seria impossível sair à rua (que dirá empregar um pobre para ajudá-lo a subir de vida, na ajuda mútua chamada “capitalismo”).

Pelo contrário: se pensarmos no homem como dotado de livre arbítrio, e usarmos aqueles conceitos canônicos da filosofia de priscas eras que soam tão ultrapassados a nós, como bem e mal, virtude e vício, liberdade e consciência, moral e honra, teremos um modelo de pensamento que pode, afinal, melhorar a situação da violência do Rio (pois soluções não pertencem ao reino da política; do contrário, bastaria matar todos os criminosos atuais e viver num mundo sem crime, sem necessidade de polícia, cadeia e tribunal, para todo o sempre).

A educação tão alardeada só tem o resquício da beleza da palavra. Sob tal palavra, querem fazer doutrinação a favor da religião do PSOL, mas a bela educação é ex ducere, conduzir para fora, tirar o indivíduo dos limites aparentemente infranqueáveis de sua condição, de seu corpo, de seu histórico, e levá-lo a estados mais elevados (o exato oposto da doutrinação baseada em cor de pele, órgãos sexuais e usufruto destes).

E educação se faz disciplinando-se as vontades e instintos. Apesar de toda a logorréia contra “desigualdade social”, ninguém até hoje provou que alguma forma de igualdade econômica é, de fato, justa (o Marcelo Freixo não parece achar justo receber o mesmo que o aviãozinho do morro no começo de uma carreira que vai durar até comprar seu Playstation com 16 anos e morrer num tiroteio com polícia, milícia ou traficante rival aos 19).

E esta disciplina se faz com punições. O homem que sabe viver em sociedade além do “especialismo de Globo News” e da sociologia da UFRJ sabe que punições são necessárias até para fazer um bebê não brincar com a comida ou para um cachorro fazer cocô apenas no jornal (a única atividade que faz com que Globo, Folha e Estadão não decretem falência). Lição espacial que os alunos esquerdistas das federais parecem ter esquecido.

Basta voltar ao molde antigo, de surras variando da chinelada para a cinta e a vara de marmelo, terminando pela temível espada de São Jorge, e voilà: teremos de volta uma paz no Rio de Janeiro e no Brasil que existia antes dos experimentos com a vontade pura. O modelo “se eu quero, eu posso pegar à força”, tão defendido para roubos, só precisa ser lembrado como o mesmo princípio do estupro para deixar esquerdistas em tilt infinito.

Se falam tanto em um problema estrutural, o qual nem polícia e nem Exército podem resolver (o que é mais ou menos dizer que o céu é azul, que 2 e 2 são 4 e que Lula recebeu o triplex como propina), deve-se lidar com o problema estrutural como todas as sociedades lidaram: com códigos de conduta mais rígidos, que afetem o indivíduo até mesmo no monólogo de sua consciência, não com controle social sobre armas (meios), “educação” doutrinadora, dinheiro através de impostos e vontades através de drogas, noves fora as conseqüências e externalidades negativas de cada uma dessas ações sobre outras pessoas.

O que falta é criar homens, não moleques que preferem atalhos violentos para terem o que quiserem (e a inconsciência de um baseado para relaxar quando não conseguem ser homens o suficiente). O que falta é um código de conduta social válido para o ator triliardário da Globo e para o nóia da Rocinha, que os faça almejar o bom, o belo e o verdadeiro até quando não tem polícia por perto.

A legalização das drogas já é praticamente uma realidade prática (quem vai preso sem ser por outras violências anexas?), a educação que querem é o mesmo que ver um desfile de escola de samba, o Esquenta da Regina Casé ou o Encontro com Fátima Bernardes, e a justiça social que tanto dizem que diminuirá crimes só os fez aumentar em escala exponencial durante todo o governo PT, com aumento de imposto, Bolsa Família, petrolão e tudo. O discurso do que vai solucionar já está concretizado e a coisa só piora.

Não querem polícia, e sim educação e uma justiça social que impeça até fiu-fiu na rua? Pois então, abandone as drogas e aprenda a controlar seus instintos com surra de espada de São Jorge. Dome os dragões dentro de si, trabalhe e não busque uma vida fácil. A vida justa não tem nada, absolutamente nada a ver com o que Marcelo Freixo, Ivan Valente e Jean Wyllys ensinam no DCE, no BBB e no PSOL


Fonte - sensoincomum.org.


(*)Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs" (ed. Record). No Twitter: @flaviomorgen

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