"Sinto vergonha de mim e da minha inutilidade.Enquanto fico aqui, por trás do meu raso entendimento, preocupada com o lixo do mundo, composto por quem usa vacas para esconder sua conduta ou se finge de cego para acolher criminosos sempre, sempre;
Enquanto, sendo mais idiota do que deveria, rio das palhaçadas premeditadas de quem se finge de besta para desgovernar;
Enquanto aceito a dissimulação daqueles que se dizem indignados e nada fazem para pôr abaixo o país que está sendo construído pelos irresponsáveis, pelos criminosos, pelos corruptos, pelos ladrões;
Enquanto aceito inerme a incompetência criminosa dos governantes deste país, e sua absoluta indiferença por qualquer coisa que não favoreça seus projetos de poder;Enquanto me conformo com as investigações que não levam a nada, com as CPI's-palco, com a utilização de nojentos detalhes jurídicos e regimentais para impedir a punição de igualmente nojentos criminosos e utilizo jargões conformistas para fingir que o país não pode mudar;
Enquanto me calo e, com isso, torno-me cúmplice de todos os crimes econômicos, políticos, eleitorais, cometidos contra os cidadãos por aqueles que fingem governá-lo e aceito, calada, as esdrúxulas, mentirosas e acintosas "justificativas", mesmo sabendo que estão longe da verdade e que, sendo legais, são falsas;
Enquanto sou nada e nada faço, sou culpada também, sou traidora do meu país, sou aquela que abandonou minha pátria aos invasores que chegaram para pilhá-la, violentá-la e, depois de a ter destruído, abandoná-la, árida, morta, como estão mortos os mortos de ontem".
Assim também me sinto, assim também nos sentimos, Saramar.
(Essa verdadeira oração foi transcrita do blog da Saramar)
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