Houve um tempo em que favela era uma coisa poética. Quem não lembra de Saudosa Maloca [música de Adoniran Barbosa]. Quem não lembra de Barracão de Zinco [Ave Maria no Morro, de Herivelto Martins].
Hoje - embora more uma maioria de pessoas honestas e trabalhadores e pelas dificuldades geográficas e degradação - a gente percebe que as favelas mais violentas são reprodutoras de mais violência(*) "- Lula em Natal onde, novamente, foi vaiado.
O Lulla presidente consegue ser pior que o Lulla cidadão. O Lulla cidadão nunca entendeu direito o protesto que havia por trás de cada música do genial Adoniran Barbosa. Saudosa Maloca é tão importante como música de protesto, que Elis Regina modificou o ritmo e lhe deu uma conotação mais forte. Quando Adoniram compôs Saudosa Maloca, o país já sentia, há muito tempo, as desigualdades sociais. Getúlio Vargas, o pai dos pobres e a mãe dos ricos (mentor intelectual do Lulla?) já tinha sumido do mapa, amém ...
"Lá não existe/Felicidade de arranha-céu/Pois quem mora lá no morro/Já vive pertinho do céu"...(Ave Maria no Morro de Herivelto Martins). Seria poético viver na favela, já que a felicidade estava no arranha-céu?.
Como presidente, Lulla continua não sabendo de nada, não entendendo absolutamente nada e, sempre em platéias previamente selecionadas, regurgita toda a sua insensibilidade e incompetência. Seria bom avisá-lo que todas as músicas de protesto, feitas durante o regime militar, cabem como uma luva ao seu governo, faltando, é lógico, acrescentar alguns versos sobre a maior corrupção da história promovida por ele e seus companheiros.
Por falar em música, Lulla me fez lembrar de Sérgio Ricardo e sua música "Beto bom de bola" (Festival da Record 1967), tão ruim que é difícil encontrá-la na Internet. Sérgio Ricardo foi vaiado por toda a platéia, não gostou, quebrou o violão e o jogou no público. Lulla deveria repetir o gesto, explodindo o Aerolula, passando a viajar em aviões comerciais, experimentando o progresso do Mantega, relaxando e gozando como recomendou sua ministra Marta Surfistinha Favre e fazendo top-top para quem o vaiasse nos saguões dos aeroportos.
(*) Imaginaram que maravilhoso seria se as favelas mais violentas reproduzissem gênios, santos e políticos honestos?
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