terça-feira, setembro 20, 2011

Nunca dantes na história deste país


Diz a lenda que o franzino Zezé do Bixiga, não conseguiria jamais bater na própria sombra. Bolão, como o próprio nome deixa transparecer, era um negão forte que mais parecida um guarda roupas daqueles não comparáveis aos da Marabraz; dos tempos da Cama Patente. Zezé e Bolão eram amigos daqueles de dividir sanduíche, grapette e chiclete e isso conferia ao Zezé uma certa imunidade no bairro. Quem ousaria encostar a mão no franzino Zezé se depois tivesse que acertar contas com o Bolão? 
Desde sempre quem tem juízo obedece, ou como se dizia naquele tempo - e ainda se diz - quem tem... tem medo.
Cinco anos de amizade e cinco anos de imunidade tornaram o Zezé um cara folgado; afinal com uma retaguarda como o Bolão... . 
O destino, - ahhh o destino sempre cruel - iria finalmente separar os dois amigos: o Bolão iria mudar para Itaquera. Itaquera, naqueles tempos era longe, não que hoje seja perto, mas ficaria difícil o Bolão sair de outro planeta para salvar o amigo em caso de algum problema. 
A garotada "do em torno" já esfregava as mãos antevendo o dia em que finalmente dariam uma surra no Zezé, sem que houvesse represálias por parte do Bolão. Algo precisaria ser feito e urgente. A Bela Vista (Bixiga para os íntimos) jamais seria a mesma se o Zezé não tivesse sobrevivido. 
Cabeças pensando e a idéia logo apareceu. Bolão e Zezé simulariam uma discussão que terminaria em briga, bem na hora do recreio e o Grupo Escolar Maria José jamais seria o mesmo. Óbviamente o Zezé saiu vitorioso e daquele dia em diante o franzino moleque virou referência no bairro. Respeitadíssimo e nunca afrontado. 
O Bolão se formou, virou publicitário e diz a lenda que ajudou a eleger muita porcaria. Transformou com o seu tino publicitário muito ladrão em Madre Tereza de Calcutá. 
O embate que não houve, a farsa Bolão versus Zezé do Bixiga é exatamente o que acontece hoje em dia  na política brasileira, onde se inventam fatos absolutamente mentirosos mas que, com ênfase e a repetitividade acabam induzindo a opinião pública a aceitar passivamente como sendo uma verdade.
Uma pena que nesses tempos de redes sociais eu tenha me esquecido do nome correto do Bolão. Com certeza o acharia em alguma empresa dedicada ao marketing político. Quem sabe não foi ele o responsável por transformar um tonel de pinga em estadista? Quem sabe não é ele o responsável por espalhar que a presidentA é a primeira mulher a discursar na ONU?. O Bolão seria capaz disso e se o destino quiser e, como disse o tio Reinaldo, se um dia tivermos na presidência um saci pererê , lá estará o Bolão espalhando aos quatro cantos que Nunca dantes na história deste mundo um saci pererê falou na ONU. 


É a vida... Porque no Brasil é assim mesmo; diria Samir Achôa.

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