quinta-feira, fevereiro 26, 2015

A presidenta e a estudanta.











Da mentira ao desastre

por Gilberto Barbosa de Figueiredo(*)





Anteriormente, demonstrei a incompetência de Dilma Rousseff, no exercício de seu cargo de governante, em artigo que denominei “A Presidenta Incompetenta”. Agora, pretendo comentar sua total falta de méritos e ética, seu apego à mentira, sua ação deletéria como primeira mandatária do país, produzindo uma marcha acelerada rumo ao caos. Um caso que guarda semelhança aos episódios narrados por Barbara Tuchman em “A Marcha da Insensatez”.

Muito se tem escrito, ultimamente, sobre as mentiras impostas à população brasileira por Dilma Rousseff – e seu antecessor, Lula da Silva. Da mesma forma, não têm sido poucos os comentários estampados nos mais diversos órgãos de comunicação sobre a herança perversa deixada por ela mesma, após quatro anos de desmandos no governo. Convém, no entanto, relembrar alguns aspectos relacionados a esses dois fatos.

Que a presidente tem usado a mentira para enganar seus eleitores é assunto presente na convicção da imensa maioria dos brasileiros. Haja vista a vergonhosa campanha para sua reeleição, quando a falsidade foi arma fartamente utilizada. Ocorre que o escasso apreço à verdade esteve sempre presente na vida de Dilma Rousseff. Pelo menos, desde que começou sua vida pública, que é quando se torna possível a avaliação de seus atos.

Relembremos alguns embustes por ela patrocinados, em diversas fases de sua existência. Dilma mentiu, como candidata, e de forma indigna, como já foi lembrado, em toda sua última campanha eleitoral Dilma mentiu, como presidente, durante seu primeiro mandato, ao afirmar que a situação econômica do Brasil estava sob controle Dilma mentiu, como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, ao dizer que nada sabia sobre as falcatruas perpetradas na empresa Dilma mentiu, como estudante, ao inventar títulos acadêmicos que não conquistara Dilma mentiu, como cidadã, ao asseverar que a luta armada em que se engajou era em defesa da democracia, fato negado por diversos companheiros seus de terrorismo, mais francos e mais amantes da verdade Dilma mentiu, como terrorista, ao afiançar que desconhece o destino dado ao dinheiro furtado do cofre do Adhemar de Barros.

Tanto desamor à verdade abriu o caminho para o desastre. Caminho que foi pavimentado pela incompetência, pela corrupção e pela incoerência nas ações de governo.

A incompetência ficou clara através das denúncias dos principais cronistas do país, mostrando o caos que se instalou no Brasil, após doze anos de governo petista. A incompetência também é visível na estudante. O valor de um aluno não pode ser medido apenas pelo histórico escolar. É necessária a comprovação nos atos práticos tomados pelo profissional, apoiados no que aprendeu na escola e na experiência que adquiriu na vida. Também na flexibilidade de raciocínio, na capacidade de reconhecer os erros e buscar solucioná-los. Desconheço os resultados da vida acadêmica de Dilma, mas, quanto aos resultados práticos, sabe-se de um tremendo fracasso. Ainda mais que, segundo a maioria dos comentaristas políticos, era ela quem, pessoalmente, conduzia a economia em seu primeiro mandato. Deu no que deu. Como economista, não parece nada convincente.

A corrupção, negada pela presidente, sempre afirmando que não aceita “malfeitos”, foi desnudada pela operação “lava jato”. O interessante é que Dilma, mesmo afirmando que é a primeira presidente a determinar investigações independentes, tudo faz para, através de sua base de apoio no parlamento, bombardear as CPIs instaladas no Congresso, com o intuito de investigar a Petrobras. 

Quanto à incoerência, os exemplos são abundantes. Para não alongar o texto, ater-me-ei a alguns poucos. Na política externa é visível o tratamento diferenciado entre companheiros e aqueles que professam ideologia distinta da sua. Quando o Paraguai, dentro da lei, usando um instrumento previsto em sua constituição, defenestrou o companheiro Lugo, não teve pejo em condenar a ação e liderar uma suspensão do Mercosul. Aí, não foi intromissão em assuntos internos dos outros. Agora, o presidente da Venezuela prende ilegalmente um adversário político, em flagrante desrespeito à cláusula democrática do bloco, e nossa presidente se recusa a comentar o fato, alegando tratar-se de assunto interno de outro país. Outra contradição: embora o Brasil esteja necessitando, desesperadamente, de melhorias em sua infraestrutura, inclusive em relação a suas precárias instalações portuárias, preferiu financiar um moderno porto em Cuba. Há ainda sua peculiar e incompreensível forma de se expressar. Em Porto Alegre, não faz muito tempo, saiu-se com essa pérola, referindo-se ao dia da criança: “Principalmente porque, se hoje é o Dia das Crianças, ontem eu disse que criança... o dia da criança é dia da mãe, do pai e das professoras, mas também é o dia dos animais. Sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás, o que é algo muito importante". 

Chegamos a 2015 em situação calamitosa. Não vejo perspectivas de uma saída da crise com essa quadrilha instalada no poder. A equipe econômica escolhida pela presidente, muito a contragosto, por certo, merece confiança. Resta saber até quando continuará recebendo liberdade de manobra. Até quando estará livre do espírito mesquinho e retrógrado de sua chefe.



(*) Gilberto Barbosa de Figueiredo é General, antigo membro do Alto Comando do Exército e ex-presidente do Clube Militar

Fonte: Heitor de Paola




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