domingo, fevereiro 15, 2015

Meneghetti, o ladrão.









por Enio Mainardi







Hoje, poucos, pouquíssimos devem lembrar dele: Meneghetti. Ele era o ladrão mais famoso nos tempos de minha infância. O Meneghetti roubava, sim. Mas ele nunca usava revolver. Só abria portas, janelas, levava tranqueiras e sumia. Ele era italiano, imigrante, como meu avô. Dizia-se que ele pulava de telhado em telhado, como que voava. 


Meu nono falava dele com admiração...e quase orgulho. Ô! ô! ô! ô!...o Meneguelli fazia a cabeça da velharada italiana que jogava bocha, scopa, malhas ou o esporte dos aposentados, bilhar, ficando escondidos das patroas dentro da fumaça preta dos cigarros Yolanda, sem filtro, no salão encortinado de verde-sujo. 


Por que me lembro do Meneghetti, que não tinha cadeia que segurasse ele? É que o Meneghetti daquela época se parece muito com o Lula, também ladrão. Famoso, o Lula levou todo mundo na conversa. Ficou rico, meteu a mão...mas tudu mundu, si podia, também metia, que ninguém é bobo. 


O ladrão Lula é o herói dos pobres, dos pau-de-arara que endeusam seu sucesso - que nem o do outro larápio italianado. Tem uma admiração santificada no jeito como eles se embevecem nas palavras roucas e cuspinhantes do seu deus Lula. Que, alem de ser deus, é Robin Hood, aquele que dá bolsa de tudo quanto é jeito para os pobres, com o nosso dinheiro. O povo dos grotões, a caipirada dos do norte-nordeste (e Minas) os que vem para cá, pegam pesado e só conhecem a realidade através da novela das oito, vêem no Lula o seu Líder. 


Concorrente direto dos pastores que pregam a Palavra Do Senhor e colocam a mão na cabeça dos endemoninhados para tirar o Capeta de dentro deles. E tirar a grana, também. Desentranhar o Lula da doidice dessa gente, vai ser mais do que duro. Vai ser quase impossível. A inguinorança prevalece enquanto a corrupção cresce. Mas não tem banho de butique, que traz faceirice para as meninas do Silvio Santos? Então. Banho de escola ia dar o mesmo resultado para tanta gente que vive na sarjeta do conhecimento. Mas falta escola, falta professor, falta verba, falta esgoto, falta comida, falta, falta. 


E enquanto isso, nós, os das zelite é que somos o inimigo, como proclama o prezado. Briga boa, que pode durar muitas batalhas. Mas o Gandhi foi pra cima dos ingleses colonizadores e ganhou. 

O Martin Luther King ganhou dos brancos Ku-Klux-Klan. O Mandela, ganhou a independência da África do Sul. A receita da revolução nunca foi fácil - nem rápida. A claque cleptomaníaca do Lula, por exemplo, foi aderindo à filosofia do “primeiro o meu” por longuíssimos anos, quase que secretamente, as saúvas se mantiveram em grande atividade, armando sem que ninguém tenha se tocado dos seus febricitantes ninhos subterrâneos. 


E o Meneguelli, que aconteceu com ele? Morreu encarcerado, coitado, a mágica dele acabou, sumiu o encantamento. Vai acontecer o mesmo com os Meneguettis destes tempos de Brasil-Novo-Antigo, que ainda não acabou.

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