sábado, novembro 28, 2015

A diferença entre muçulmanos que adoram a morte e os que apoiam uma forma pacífica do Islã.









Título Original: Uma Resposta a Bernard-Henri Lévy*

por Leslie S. Lebl,






Em 16 de novembro de 2015, o intelectual público francês Bernard-Henri Lévy publicou um comentário no qual ele exorta o Ocidente a reconhecer que está em guerra e deve chamar as coisas pelos seus nomes corretos. Em seguida, ele argumenta que nós devemos combater a jihad islâmica compreendendo a diferença entre aqueles muçulmanos que adoram a morte e os que apoiam uma forma pacífica, tolerante do Islam.

É difícil brigar com este conceito, especialmente quando nos lembramos que, de longe, o maior número de pessoas que morreram combatendo vários grupos jihadistas foi de muçulmanos. Mas, como em tantos outros casos, "o diabo está nos detalhes." O argumento de Lévy deixa de reconhecer ou de compreender alguns dos "detalhes".

Distinguir muçulmanos "moderados" dos muçulmanos "radicais" parece fácil, até você tentar fazer isso. Por exemplo, Lévy inclui o ex-presidente bósnio Alija Izetbegoviæ entre os moderados. No entanto, a famosa Declaração Islâmica de Izetbegoviæ (1970) apresenta uma visão do triunfo Islâmico completamente consistente com a meta islâmica de impor a lei islâmica tradicional, ou sharia, nos países ocidentais. Ele argumenta que os muçulmanos que vivem em um país de maioria não-muçulmana devem jogar pelas regras desse país, até que eles estejam fortes o suficiente para derrubar o sistema e instalar um governo islâmico. A Declaração foi descartada como uma insensatez de jovem, contudo Izetbegoviæ a distribuiu às tropas bósnias durante a guerra de 1990, sugerindo que isso ainda refletia seu pensamento – bem como tomou outras iniciativas promovendo o islamismo e a jihad enquanto estava no cargo [i].

Inúmeras pessoas, incluindo Adolf Hitler, perceberam semelhanças entre o Islam e o nazismo, mas isso não ajuda na acusação de que o nazismo é uma forma de islamismo, assim como Lévy, ao citar o poeta, dramaturgo e diplomata francês Paul Claudel, um católico bem conhecido na época. Isso banaliza o nazismo como apenas outra forma de islamismo.

De uma perspectiva histórica, este é um argumento extremamente difícil de colocar, tendo em conta todas as outras fontes do nazismo muito mais perto de casa. Também não ajuda promover a compreensão no mundo de hoje, onde a palavra "fascismo" é lançada com naturalidade. Aplicá-la aos grupos terroristas que atacam o Ocidente contribui pouco para focar o nosso pensamento. Nem a explicação de Levy aborda o fato muito mais urgente e doloroso que o islamismo tem, desde a Segunda Guerra Mundial, que envenenou o mundo muçulmano com o seu ódio genocida aos judeus, ao Estado judeu de Israel e ao modo de vida ocidental.

Hoje, traduções árabes de Mein Kampf e dos Protocolos dos Sábios de Sião estão disponíveis em praticamente qualquer livraria, e histórias como as contada por Robert Satloff de árabes salvando judeus durante a Segunda Guerra Mundial parecem irremediavelmente remotas. [Ii] Sim, os árabes do Oriente Médio podem argumentar que eles não tiveram nada a ver com o Holocausto, mas não podem proclamar ao mesmo tempo sua admiração pelo nazismo enquanto reivindicam superioridade moral.

Lévy também está errado quando afirma que "a verdadeira origem desta inundação de horror" é o Estado islâmico. O Estado islâmico pode ter realizado os ataques mais recentes, e ser a nossa maior ameaça agora, mas ele só está seguindo a tradição bem estabelecida de outros grupos como Al Qaeda e do GIS argelino (1). Nem é o grupo mais sangrento ou mais assassino de hoje: essa honra pertence mais ao Boko Haram.

O problema não é o grupo, mas a ideologia, que todas estas organizações terroristas compartilham com os chamados grupos islâmicos "não violentos" como a Irmandade Muçulmana, a quem Lévy parece ignorar. Todos eles querem estabelecer um califado global sob a sharia, mas os grupos "não-violentos" acreditam que é mais fácil e mais eficaz fazê-lo sem violência. O ex-presidente dos EUA, George W. Bush estava de fato errado ao declarar uma "Guerra ao Terror", quando o que ameaça o Ocidente não é uma tática, mas uma ideologia. Banir pregadores do ódio é bom, mas vai-se conseguir pouco enquanto grupos como a Irmandade, posando como amigos da democracia, leis e valores ocidentais, de fato atuam como uma quinta coluna (como fizeram grupos nazistas, como Lévy observa).

Os recentes acontecimentos no Egito, Líbia e em outros lugares têm revelado a verdadeira face da Irmandade, mas Lévy parece ignorar estas revelações. Infelizmente, porém, a presença da Irmandade em todas as comunidades muçulmanas ocidentais, e sua capacidade de envenenar o Islam tradicional, torna o problema de isolar nossos verdadeiros inimigos muito mais difícil do que imagina Lévy.

Notas de rodapé:

[i] Para mais detalhes, consulte Leslie S. Lebl, islamismo e Segurança na Bósnia-Herzegovina, Instituto de Estudos Estratégicos, em maio de 2014, pp. 20-26.

[ii] Robert Satloff, entre os justos: Histórias perdida do Holocausto de Long Reach em terras árabes (New York: Public Affairs, 2006).

(1) GIS Groupe dIntervention Spécial , força especial de elite contra-terrorista atuou contra diversos grupos terroristas islâmicos na Guerra da Argélia da década de 90.

Tradução: William Uchoa






ACD Fellow Leslie S. Lebl, ex-diplomata norte-americano, é um estudioso independente escrevendo sobre o islamismo na Europa. Ela está atualmente trabalhando em um livro sobre a UE, a Irmandade Muçulmana e a Organização de Cooperação Islâmica.

Fonte: Heitor de Paola






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