por Ronaldo Gomlevsky
O gênero humano tem o hábito de transformar em santo qualquer um que venha a falecer. Não importa o que tenha produzido em vida.
Todos os brasileiros acompanharam os amores dos últimos três de nossos governos pelo ex-presidente da Venezuela. Não importa que ele tenha mudado a constituição de seu país para se perpetuar no poder, não importa que tenha fechado o país e transformado a Venezuela num tipo de circo dos horrores, não importa a qualidade canastrona de suas bravatas, não importa a prática política de dividir para governar, não importa a imposição de sua vontade, muitas vezes à força, sobre parcelas da população venezuelana que jamais aceitaram sua liderança e seus métodos nada democráticos, apesar de supostamente garantidos por eleições e plebiscitos, sempre acusados de manipulação, assim como também não importa que tenha dividido os judeus em dois grupos, a saber: os judeus bolivarianos e os outros.
Os bolivarianos serviam para Chavez, os outros, não. O último líder em algum país do mundo que adjetivou os judeus no coletivo, foi Adolf Hitler. Para que possa ficar claro, judeus são apenas pessoas que acreditam em uma prática religiosa específica. Jamais constituíram qualquer força, qualquer exército, qualquer categoria negocial, qualquer ameaça pública em nenhum dos países onde nasceram ou estabeleceram suas comunidades. Para Hugo Chaves e seus parceiros, perseguir os judeus que não liam na cartilha bolivariana, passou a ser uma prática quase cotidiana.
Ataques pela imprensa oficia l, invasão de entidades públicas judaicas como aconteceu com a Hebraica de Caracas, prisões e expulsões também fizeram parte do cardápio da revolução chavista. O século vinte e um já deveria trazer em seu bojo, a ojeriza dos povos por ditaduras e ditadores, mesmo que disfarçados em suas práticas de poder centralizador. Não há crime maior contra o homem, do que retirar dele, a liberdade de agir, de pensar, de ir e vir e de se organizar para, legitimamente, defender seus ideais.
Há por aqui, quem ainda idolatre déspotas que se mantém ou se mantiveram no poder por décadas, deixando seus povos atados e paralisados em seu desenvolvimento e em suas relações com o mundo. Há quem aplauda, em nome da mais justa distribuição de riquezas, este tipo de prática. Na minha modesta visão, continuo preferindo lideranças que privilegiem o social sem querer o poder para si ou para seus apaniguados ou familiares por todo o sempre. Está na sistemática alternância de poder, através de eleições livres e da manutenção de poderes independentes, em minha opinião, a solução das questões que afligem os povos e não nas amarras que os prendem forçadamente a um ou a outro que em algum momento ou ainda, detenham poderes de fogo e de força contra adversários políticos e de ideias.
Para mim, Hugo Chavez já foi tarde. Prefiro eleições livres e liberdade de manifestação de opiniões.
Chavez, enfin, callado!
(*)Ronaldo Gomlevsky é Editor Geral da Revista Menorah.
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