quarta-feira, maio 27, 2015

Edmundo denunciou o esquema Marin em 1998.





Edmundo denunciou o esquema Marin em 1998.
por Claudio Tognolli






Em uma operação conjunta, envolvendo os governos dos Estados Unidos e Suíça, 14 membros da alta cúpula da Fifa, foram detidos. Eles estavam no hotel de altíssimo luxo Baur au Lac Hotel para o congresso de dois dias que deveria reeleger Joseph Blatter como presidente da Fifa Essas pessoas eram consideradas ‘intocáveis’ no meio do futebol. Cerca de 15 soldados suíços foram de quarto em quarto detendo membros da cúpula do futebol mundial.

Você leu hoje que serão investigados os contratos da Nike com a CBF desde 1991.

Bem: a 12 de agosto de 1998 botei no ar, na Rádio Jovem Pan, e publiquei nos matutinos Folha de S. Paulo e Notícias Populares, uma fita em que o ex-craque Edmundo contava como a Nike mandava na CBF.

A fita com a voz de Edmundo foi a peça principal para a abertura da CPI da Nike.

Mas, juridicamente, a fita que obtive não teve valor: eu não participava da conversa. E nossa Constituição só contempla gravações como legais em duas circunstâncias: aquela em que o repórter (que relata o fato) participa da conversa e aquela gravada com autorização judicial.

Por isso, juridicamente, o valor da fita como denúncia foi pro espaço….


Veja que a prisão de Marin pode esclarecer esses mistério jogado para debaixo do tapete desde 1998…

Abaixo, o texto que publiquei na Folha de S. Paulo. 17 anos depois, ele fala de coisas que hoje ganharam a lente de toda a mídia do mundo.


Edmundo sobre Copa de 98 'Podia ter sido tudo diferente':






CLAUDIO JULIO TOGNOLLI

Em uma gravação obtida pelo jornal, o atacante Edmundo afirma que a escalação de Ronaldinho na final da Copa do Mundo era exigência de um contrato especial, assinado entre a CBF e a Nike, sua fornecedora de material esportivo.

Segundo Edmundo, a negociação foi comandada pelo presidente da entidade, Ricardo Teixeira.

“A Nike tem força (na seleção). Ela negociou direto com o presidente. Quer dizer, o presidente é que levou a porcentagem na negociação”, diz o jogador.

Edmundo diz que “o negócio da Nike é uma coisa verdadeira”. “Tem um contrato que o Ronaldo tem que jogar todos, todos os jogos, os 90 minutos.”

A Nike negou, em uma nota oficial, a existência do contrato.

“Esse tipo de ação sugeriria uma intromissão fortíssima da Nike na CBF. A Nike não faz intromissões técnicas, seria loucura”, diz a nota, na qual, porém, a empresa se recusa a dar detalhes do contrato.

Ronaldinho mantém contrato pessoal com a empresa, da qual é um dos maiores garotos-propaganda do mundo.

A polêmica em torno da escalação do atacante na final da Copa do Mundo começou pouco antes da partida, no estádio de Saint-Denis, na periferia de Paris.

Após sofrer uma crise nervosa no hotel, Ronaldinho foi substituído por Edmundo na escalação oficial entregue pela CBF à Fifa.

Ronaldinho foi levado a um hospital e acabou sendo confirmado na equipe titular 45 minutos antes do jogo, tirando assim as chances de Edmundo iniciar a partida.

Na gravação, Edmundo diz ter acompanhado a ação do médico Lídio Toledo no episódio, que teria revoltado os jogadores.

“Todo mundo ficou meio puto com o Lídio, porque quando ele (Ronaldinho) tava passando mal (…), o doutor Lídio só ficava assim: "Vai passar, vai passar’.”

No mês passado, Edmundo já havia declarado que a Nike mantinha uma pessoa infiltrada na concentração da seleção e que a decisão pela escalação de Ronaldinho havia sido influenciada pela empresa -o que foi rebatido pelo técnico Zagallo e pela CBF.

Como agora, a Nike também negou a acusação, alegando que um assessor teria feito apenas uma visita ao Château de Grande Romaine durante o período do Mundial.

Na nota em que nega as declarações de Edmundo, a Nike cita um amistoso da seleção no ano passado para fazer sua defesa.

Para a empresa, “um exemplo que Ronaldinho não tem de jogar por imposição os 90 minutos é o jogo realizado na Arábia Saudita em 16 de dezembro passado, na Copa das Confederações. O Brasil ganhou de 3 a 2 do México, e Ronaldinho foi substituído no segundo tempo por Bebeto”.

Ontem à tarde e à noite, a Folha procurou o jogador para que comentasse a gravação. O assessor pessoal do atleta, Helinho, disse que Edmundo estava em uma reunião particular, sem condições de ser contatado.

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