sexta-feira, janeiro 27, 2017

A difamação de Ives Gandra Filho




Boquirrotos mentirosos – Os jornais e a difamação de Ives Gandra Filho.
Segundo jornais, Ives Gandra Filho defenderia "a submissão da mulher", como se ela devesse apanhar do marido. Surprise: it's fake news!

por Taiguara Fernandes(*)




Talvez nada defina com tanta exatidão a mídia brasileira inteira quanto a frase que o Presidente Donald Trump dirigiu ao repórter da CNN, no dia em que aquela organização espalhou um boato de fórum de internet como se fosse verdade comprovada: “You are fake news” – Vocês são notícias falsas.


O que nos EUA serviu para a CNN – e para diversos outros jornais e corporações americanas, cuja sanha caluniadora detém um vigor psicótico diário –, serve, no Brasil, para a unanimidade dos grandes jornais e portais de notícias. O recente caso envolvendo o favorito a ocupar uma vaga para Ministro do STF, Ives Gandra Filho, é mais um exemplo de uma série de episódios deprimentes – e criminosos, pois difamação é crime previsto no Código Penal – protagonizados pela mídia brasileira.



Em espetáculo a que já estamos acostumados, todos os grandes jornais brasileiros, unanimemente, estampam em suas manchetes a chamada: “Cotado para o STF, Ives Gandra defende submissão da mulher ao marido”. O texto, seguido de forma quase padronizada por todos os meios, cita uma única frase de um artigo do Ministro do TST, publicado em 2012, num livro de Direito Constitucional organizado pelo seu pai, o jurista Ives Gandra Martins, e pelo Ministro Gilmar Mendes, do STF.


Vamos aos fatos.


Chama atenção que a mídia brasileira, depois de revirar a vida impoluta do Presidente do TST, tenha sido capaz de apresentar contra ele apenas uma frase de um artigo jurídico. Se só encontraram isso, é porque realmente o homem não tem nada contra o que eles possam atirar pedras.


De um artigo de 70 páginas, os jornais citam duas linhas, descontextualizadas (e, portanto, flagrantemente deturpadas), sem mencionar o que vem antes ou depois.


Apenas para que se tenha uma idéia de como o artigo é bem mais amplo do que as duas linhas que mídia alardeia, veja-se o sumário de temas:


SUMÁRIO 1. Introdução. 2. Do direito positivo ao direito natural. 3. Evolução histórica do conceito de direito natural. 3.1. Jusnaturalismo sofista. 3.2. Jusnaturalismo teológico. 3.3. Jusnaturalismo aristotélico. 3.4. Jusnaturalismo tomista. 3.5. Jusnaturalismo moderno. 3.6. Jusnaturalismo neotomista. 4. Outras correntes de fundamentação dos direitos humanos. 4.1. Contratualismo. 4.2. Positivismo jurídico. 4.3. Historicismo sociológico. 5. Evolução histórica na captação dos direitos humanos fundamentais. 6. A dignidade da pessoa humana. 7. A especificação e positivação dos direitos humanos fundamentais. 7.1. Direito à vida. 7.2. Liberdades públicas. 7.3. Princípio da isonomia. 7.4. Direito de propriedade. 7.5. Direito do trabalho. 7.6. Direito de família. 7.7. Direito à educação. 7.8. Direito à saúde. 7.9. Direitos de solidariedade. 8. A interpretação dos direitos humanos fundamentais. 9. Conclusão.


De um artigo com todo esse mundo de assuntos, os jornais decalcam míseras duas linhas – que nem mesmo são o parágrafo inteiro – unicamente para denegrir um candidato ao STF com o qual eles não simpatizam.


E o motivo de não simpatizarem é o mesmo pelo qual a CNN se prestou a divulgar fake news saídas de um fórum de internet contra Donald Trump: Ives Gandra não esconde que é conservador e católico.


As grandes corporações midiáticas toleram absolutamente tudo: para mulçumanos, cujo “respeito” às mulheres é bastante conhecido, sempre vale a velha “tolerância de sua cultura diferente da nossa”; para Fidel Castro e Che Guevara, assassinos de gays, cabem até os epítetos de heróis e libertadores.


Mas a Ives Gandra, pelo crime (porque, hoje, é isso que é) de ser católico e conservador, não cabe tolerânica alguma com a diferença, não cabe “respeito de sua cultura”: para essa gente, a voz deles deve ser a única; liberdade de expressão e opinião, só dentro das opiniões que eles aceitam; “democracia” só para eles.


Chamo a atenção a um ponto: o Ministro Edson Fachin, em artigos jurídicos, sustentou diversas opiniões polêmicas, que iam desde uma defesa da poligamia até apoio ao MST.


Toda a mídia sustentou e divultou a versão de Fachin de que “o que ele defendia como acadêmico não interferiria nas suas decisões como juiz”. Hoje, Edson Fachin é Ministro do STF – gozando de ampla proteção midiática, diga-se.


Mas, agora, os mesmos jornais e corporações fazem o contrário com Ives Gandra Filho: querem desqualificá-lo como juiz pelo que ele escreveu como acadêmico.


Por que a diferença de atitude?

O motivo é bastante óbvio: as opiniões polêmica de Fachin desagradavam à sociedade brasileira, fundada sobre valores cristãos, mas eram apoiadas pelas corporações de mídia, conduzidas que são pelo lobby gay, abortista e esquerdista.

Já as opiniões de Ives Gandra Filho, condizentes com os valores cristãos do povo brasileiro, não têm o apoio das corporações midiáticas e, por isso, elas tentam difamá-lo e espezinhar a sua imagem por, literalmente, crime de opinião.

Contudo, o mais escandaloso: a notícia é falsa! É porca e asquerosa difamação.

A citação feita pelos jornais é a seguinte:

“O princípio da autoridade na família está ordenado de tal forma que os filhos obedeçam aos pais e a mulher ao marido.”


A calhordice é tamanha que houve corte do parágrafo logo após a primeira frase, para ocultar o assunto real tratado pelo autor, e que contextualiza a frase inicial. Vejamos o que a mídia escondeu:


“O princípio da autoridade na família está ordenado de tal forma que os filhos obedeçam aos pais e a mulher ao marido. A educação dos filhos pertence primariamente aos pais (formação moral, ensinando os filhos a administrar a própria liberdade e respeitando-a quando chega o momento de escolher seu próprio estado ou profissão) e não ao Estado, que atua supletivamente (ministrar conhecimentos técnicos).


No caso do direito de família, a Constituição Chinesa, contraditoriamente, assenta ser garantida pelo Estado a proteção ao casamento, à mãe e aos filhos, mas, no mesmo dispositivo, coloca como dever do marido e da mulher praticar o planejamento familiar, eufemismo para limitar substancialmente os filhos, de acordo com os interesses do Estado (Const. Chinesa, art. 49), interferindo em seara afeta exclusivamente à deliberação do casal. ”


O autor não está tratando de “autoridade” como de um despotismo do marido sobre a mulher, mas fala da autoridade dos pais sobre a educação dos filhos, do marido como pai de família e da liberdade do casal de escolher os próprios destinos, tudo isso devendo prevalecer frente a qualquer autoridade do Estado.

Ives Gandra, na verdade, está defendendo a liberdade, no sentido em que esse valor sempre foi compreendido, inclusive pelos liberais clássicos.

Lido o parágrafo inteiro, o sentido se torna muito claro. O corte que os jornais fizeram foi uma deturpação deliberada e, ademais, criminosa, pois serviu a fins difamatórios.

Porém, não apenas isso: as corporações de mídia utilizaram a frase para afirmar que Ives Gandra Filho estiva defendendo uma “ditadura” do homem sobre a mulher, apressando-se logo a chamá-lo de “machista” – aquele adjetivo da lista que eles usam para tudo que não gostam.

Além de cortarem o parágrafo, não se importaram também de ler os trechos anteriores do artigo, onde fica claro o sentido dado pelo autor às suas palavras, totalmente diverso de um “autoritarismo”, mas, ao contrário, afirmando a necessidade da ajuda mútua e da reciprocidade entre os esposos na família, que ele chama de “comunidade de amor”:


“A celula mater da sociedade (núcleo básico) é a família, como sociedade natural e primária, constituída numa comunidade de vida e de amor, para a propagação da espécie humana e ajuda recíproca nas necessidades materiais e morais da vida cotidiana. […]

A família tem seu núcleo constitutivo no matrimônio, que se caracteriza pela convivência legítima e estável entre um homem e uma mulher, visando à procriação e educação dos filhos, bem como à mútua ajuda e aperfeiçoamento.

No contexto do matrimônio é que se entende em sua plenitude o sexo, pois a união física se dá juntamente com a união espiritual, ou seja, num contexto de amor e doação mútua. Sexo sem amor é próprio do animal.

A base do matrimônio é o consentimento mútuo na outorga e recepção do direito perpétuo e exclusivo sobre o corpo de cada um com vista aos atos aptos à procriação”.

“O matrimônio possui uma dupla finalidade, de acordo com a natureza própria do ser humano: a) geração e educação dos filhos; b) complementação e ajuda mútua de seus membros”.

Destaquei as palavras-chave:


“comunidade de vida e de amor”;

“ajuda recíproca”;

“mútua ajuda”;

“contexto de amor e doação mútua”;

“consentimento mútuo”;

“complementação e ajuda mútua”;

A palavra “mútuo” e seu sinônimo “recíproco” aparecem cinco vezes em cinco parágrafos introdutórios do texto. Seu significado – se os sapientes jornalistas procurassem consultar o dicionário, mas nem tentaram ler o artigo – é o de algo “em que há troca ou correspondência (de atitude, sentimento etc.) (respeito mútuo)” (Caltas Aulete).

Tudo unido a outros termos significativos: “comunidade”, “ajuda”, “complementação”, “amor”, “doação”, “consentimento”.

Como alguém que introduz um tema falando em “consentimento mútuo”, “comunidade de amor” e “reciprocidade” pode estar defendendo uma “ditadura machista”?

É regra de leitura, por óbvio, que os parágrafos vindos primeiro sejam lidos antes dos que vêm depois.

É evidente que as corporações de mídia distorceram a frase de caso pensado, para difamar o Ministro Ives Gandra e apresentá-lo como um “machista tenebroso”, quando, na verdade, o seu artigo é o exato oposto de qualquer machismo. Não há como operar o corte estratégico do parágrafo, modificando seu sentido, sem saber o que vem antes e depois.

Quando nada se tem para falar de alguém cuja reputação, biografia e currículo são ilibados, é preciso recorrer a estas canalhices desonestas – e, mesmo assim, só encontraram uma frase de duas linhas, voltamos a dizer.

Ives Gandra é católico e sua compreensão de autoridade é aquela do Cristianismo: autoridade no serviço e na doação ao próximo, como explicava o Papa João Paulo II, ao dizer que toda a autoridade na Igreja vinha do serviço e, por isso, um dos títulos do Pontífice – que ele mesmo utilizava – era “Servo dos Servos de Deus”.

É por esse motivo que, antes de falar na autoridade dentro da família, Ives Gandra escreveu sobre a doação recíproca e ajuda mútua dos esposos.

Com isso se compreende que o sentido de autoridade utilizado na citação é completamente outro: ela advém de servir ao próximo, de doar-se, de amar – e, por isso, é utilizada a significativa expressão “comunidade de amor” – comunidade, não ditadura; de amor, não de tirania.

É evidente que as corporações de mídia, as quais louvam Che Guevara e choram por Fidel Castro, jamais entenderiam a palavra “autoridade” de outra forma que não fosse ditatorial, pois esta é a única autoridade que eles concebem: a dos caudilhos e sociopatas que eles mesmos vivem a louvar.

Mas o analfabetismo deles não precisa ser o nosso.

É preciso infligir-lhes a denúncia de Donald Trump: “You are fake news!”

A única união indissolúvel conhecida pelos jornais brasileiros é a união para difamar. Sua bastante comunidade é a comunidade do amor à mentira e a si mesmos – em proporções mastodônticas.

Que apodreçam, carcomidos e sozinhos, no próprio odor fétido de sua desonestidade.

Prints tirados pelos amigos da Reaçonaria, no artigo FAKE NEWS: Folha inventa citações de Ives Gandra Filho para atacá-lo...




(*)Taiguara Fernandes
Advogado e jornalista. Foi colunista e editor da Revista Vila Nova (www.revistavilanova.com). Articulista para o Senso Incomum, Gazeta do Povo, Sul Connection e outros.

Fonte: sensoincomum.org


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