por Alexandre Borges(*),
Donald Trump não deve ser classificado apressadamente nas categorias usuais de “direita” e “esquerda”. As regras do jogo mudaram
Enquanto você lê este artigo, a América faz a maior mudança política desde o dia em que Ronald Reagan substituiu Jimmy Carter como morador da Avenida Pensilvânia, 1600, há 36 anos. Você está testemunhando história.
A posse de Donald Trump no cargo mais poderoso do planeta não é inédita apenas por ele ser o mais velho a assumir ou o primeiro que não veio da política ou das forças armadas. Trump representa o momento em que a ordem mundial estabelecida após a queda do Muro de Berlim está, pela primeira vez, em xeque.
Os americanos deram ao Partido Republicano sua maior vitória desde 1928, uma rejeição inegável ao “popular” Barack Obama. Após expiar as culpas do passado, o eleitor preferiu desta vez analisar racionalmente o governo e seu legado, o que inclui a explosão do déficit público e a piora de todos os índices sociais relevantes, sem contar os escândalos que só aparecem nos rodapés das páginas de jornal, mas que ele acompanha de perto nas redes sociais e nos poucos veículos independentes. Foi também um “não” à candidata com acusações de fazer o PT parecer um colégio de freiras.
A resposta do eleitor às ofensas e calúnias dos “globalistas” chegou com o Brexit e com Trump
Com o fim da Guerra Fria e da União Soviética, emergiu uma nova ordem política “globalista” (favor não confundir com “globalização”) em que o mundo se tornaria gradativamente um único Estado sem fronteiras, com as nações perdendo sua autonomia e suas identidades nacionais. Acordos supranacionais eram assinados a todo momento, criando profundas transformações para as populações locais que eram raramente envolvidas nas decisões.
Aos poucos, o Estado-nação soberano e independente foi sendo visto como um anacronismo a ser removido. Qualquer um que se opusesse à perda da soberania do seu país passou a ser demonizado publicamente como “radical”, “xenófobo”, de “extrema-direita” e “protecionista”. A resposta do eleitor às ofensas e calúnias dos “globalistas” chegou com o Brexit e com Trump. E não deve parar com eles.
O bilionário de cabelo laranja não deve ser classificado apressadamente nas categorias usuais de “direita” e “esquerda”. As regras do jogo mudaram, mas muitos ainda tentam entender o novo campeonato usando as velhas cartilhas. Trump foi “conservador” ou “liberal clássico” quando clamou por menos impostos e regulações para liberar a economia das amarras do intervencionismo estatizante do antecessor. Trump foi “esquerdista” quando prometeu US$ 1 trilhão em investimentos públicos em infraestrutura, um pacotaço de fazer John Maynard Keynes e Franklin Roosevelt levantarem do túmulo para aplaudir. Trump foi ambíguo quando falou em melhorar os acordos comerciais do país, o que fez com que os apressados já saíssem classificando suas declarações como “protecionistas”.
O pouco que se pode afirmar neste momento é que Trump, lembrando João Dória em São Paulo, não deixou suas empresas e veio para a política a passeio. Suas escolhas para o ministério mostram uma capacidade admirável de perdoar antigos opositores. Apenas o anúncio do general James Mattis para a Defesa já deixou o mundo um pouco mais seguro. Quem acha que o governo Trump vai dever favores à Rússia não faz ideia de quem ele é.
Se Trump fizer as obras públicas que promete e mantiver as grandes empresas no país, além de oferecer uma boa alternativa ao Obamacare, terá um cacife eleitoral quase imbatível em 2020, mesmo com a imprensa já embarcando alegremente na campanha de Michelle Obama. Se baixar impostos e tirar regulações, poderá turbinar a economia e entregar a promessa de fazer a América “grande novamente”. O tempo dirá.
(*)Alexandre Borges é diretor do Instituto Liberal.
Discurso de Donald J. Trump:
"Sr. ministro-chefe Roberts, presidente Carter, presidente Clinton, presidente Bush, presidente Obama, prezados americanos e pessoas de todo o mundo, obrigado.
Nós, cidadãos da América, agora estamos reunidos em um grande esforço nacional para reconstruir nosso país e restaurar sua promessa para todo nosso povo.
Juntos, determinaremos o curso da América e do mundo por muitos anos à frente. Enfrentaremos desafios, enfrentaremos dificuldades, mas faremos com que o trabalho seja feito.
A cada quatro anos, nos reunimos nestes degraus para realizar a transferência de poder de forma ordeira e pacífica, e somos gratos ao presidente Obama e à primeira-dama Michelle Obama por sua graciosa ajuda ao longo de toda esta transição. Eles foram magníficos. Obrigado.
A cerimônia de hoje, entretanto, tem um significado muito especial porque hoje não estamos apenas transferindo o poder de um governo para outro ou de um partido para outro, mas estamos transferindo o poder de Washington D.C. e o devolvendo a vocês, o povo.
Por muito tempo, um pequeno grupo na capital de nossa nação colheu os frutos do governo enquanto o povo arcava com o custo. Washington floresceu, mas o povo não compartilhou de sua riqueza. Políticos prosperaram, mas os empregos desapareceram e as fábricas fecharam. O establishment protegeu a si mesmo, mas não os cidadãos de nosso país. As vitórias deles não foram as vitórias de vocês. Os triunfos deles não foram os triunfos de vocês. E enquanto celebravam na capital de nossa nação, havia pouco o que celebrar para as famílias em dificuldades por todo nosso país.
Tudo isso muda a partir daqui e de agora, porque este momento é o momento de vocês. Ele pertence a vocês.
Ele pertence a todos os reunidos aqui hoje e a todos os que estão assistindo por toda a América. Este é o seu dia. Esta é sua celebração. E este, os Estados Unidos da América, é o seu país.
O que realmente importa não é qual partido controla nosso governo, mas se nosso governo é controlado pelo povo.
Vinte de janeiro de 2017 será lembrado como o dia em que o povo se tornou novamente o governante deste país.
Os homens e mulheres esquecidos de nosso país não serão esquecidos de novo.
Todos estão escutando vocês agora. Vocês vieram às dezenas de milhões para se tornarem parte de um movimento histórico, como o mundo nunca viu antes.
No centro desse movimento se encontra uma convicção crucial, a de que a nação existe para servir seus cidadãos. Os americanos querem boas escolas para seus filhos, bairros seguros para suas famílias, bons empregos para si mesmos. São exigências justas e razoáveis de pessoas corretas e de um público correto.
Mas para um número grande demais de nossos cidadãos, existe uma realidade muito diferente: mães e crianças presas na pobreza em bairros de nossas cidades; fábricas fechadas e enferrujadas espalhadas como túmulos por todo nosso país; um sistema educacional cheio de dinheiro, mas que deixa nossos jovens e belos estudantes privados de saber; e crimes, gangues e drogas que roubam vidas demais e roubam nosso país de tanto potencial não realizado.
Esta carnificina americana acaba aqui e acaba agora.
Somos uma nação e a dor de vocês é a nossa dor. Os seus sonhos são nossos sonhos. E o nosso sucesso será nosso sucesso. Compartilhamos um coração, um mesmo lar e um mesmo destino glorioso. O juramento de posse que fiz hoje é um juramento de lealdade a todos os americanos.
Por muitas décadas, enriquecemos a indústria estrangeira em detrimento da indústria americana; subsidiamos exércitos de outros países, ao mesmo tempo permitindo o triste esgotamento de nossas Forças Armadas. Nós defendemos as fronteiras de outros países enquanto nos recusávamos a defender as nossas.
E gastamos trilhões e trilhões de dólares no estrangeiro, enquanto a infraestrutura da América caia em mau estado e decadência. Tornamos outros países ricos, enquanto a riqueza, força e confiança de nosso país se dissipava no horizonte.
Uma a uma, as fábricas fecharam e deixaram nosso território, sem nunca pensar nos milhões e milhões de trabalhadores americanos que foram abandonados. A riqueza de nossa classe média foi tirada de seus lares e então redistribuída por todo o mundo.
Mas isso é o passado. Agora, estamos olhando apenas para o futuro.
Nós reunidos aqui hoje estamos emitindo um novo decreto para ser ouvido em toda cidade, em toda capital estrangeira, em todo salão de poder. Deste dia em diante, uma nova visão governará nosso país.
Deste dia em diante, será apenas a América em primeiro lugar, a América em primeiro lugar.
Toda decisão sobre comércio, impostos, imigração e assuntos estrangeiros será tomada visando beneficiar os trabalhadores americanos e famílias americanas. Devemos proteger nossas fronteiras a devastação causada pelos países que produzem nossos produtos, roubando nossas empresas e destruindo nossos empregos.
A proteção levará a uma maior prosperidade e força. Eu lutarei por vocês com cada fôlego do meu corpo e nunca os decepcionarei.
A América começará a vencer de novo, e vencer como nunca antes.
Traremos nossos empregos de volta. Traremos nossas fronteiras de volta. Traremos de volta nossa riqueza. E traremos de volta nossos sonhos.
Construiremos novas estradas, rodovias, pontes, aeroportos, túneis e ferrovias por toda nossa nação maravilhosa. Tiraremos nossa população do seguro social e as devolveremos ao trabalho, reconstruindo nosso país com mãos americanas e trabalho americano.
Seguiremos duas regras simples; compre produtos americanos e contrate americanos.
Buscaremos amizade e boa vontade com as nações do mundo, mas o faremos com o entendimento de que é o direito de todas as nações colocar seus próprios interesses em primeiro lugar. Não buscaremos impor nosso modo de vida a ninguém, mas sim deixá-lo brilhar como exemplo. Nós brilharemos para que todos sigam.
Reforçaremos velhas alianças e formaremos novas, e uniremos o mundo civilizado contra o terrorismo radical islâmico, que erradicaremos da face da Terra.
O alicerce de nossa política será a lealdade total aos Estados Unidos da América, e por meio de nossa lealdade ao nosso país, redescobriremos nossa lealdade para uns com os outros. Quando você abre seu coração para o patriotismo, não há espaço para preconceito.
A Bíblia nos diz quão bom e agradável é quando o povo de Deus vive junto em unidade. Devemos expor o que pensamos francamente, debater nossas discordâncias com honestidade, mas sempre buscarmos a solidariedade. Quando a América está unida, nada pode deter a América.
Não deve haver medo. Estamos protegidos e sempre estaremos protegidos. Seremos protegidos pelos grandes homens e mulheres de nossas Forças Armadas e agentes da lei. E mais importante, seremos protegidos por Deus.
Finalmente, devemos pensar grande e sonhar ainda mais alto. Na América, entendemos que uma nação apenas vive enquanto estiver se esforçando. Não mais aceitaremos políticos que apenas falam e não agem, constantemente se queixando, mas sem nunca fazerem nada a respeito.
O tempo de papo furado acabou. Agora chegou a hora da ação.
Não permita que ninguém lhes diga que não pode ser feito. Nenhum desafio pode superar o coração, luta e o espírito da América. Não fracassaremos. Nosso país crescerá e prosperará de novo.
Estamos no início de um novo milênio, prontos para desvendar os mistérios do espaço, livrar a Terra das misérias da doença, para explorar as energias, indústrias e tecnologias do amanhã. Um novo orgulho nacional nos agitará, erguerá nossa visão e curará nossas divisões.
É hora de lembrar da velha sabedoria que nossos soldados nunca esquecerão, a de que independente de sermos negros, morenos ou brancos, todos nós sangramos o mesmo sangue vermelho dos patriotas.
Desfrutamos das mesmas liberdades gloriosas e todos saudamos a mesma grande bandeira americana.
E independente de uma criança nascer na periferia de Detroit ou nas planícies ventosas do Nebraska, elas veem o mesmo céu à noite, seus corações se enchem dos mesmos sonhos e são infundidas com o sopro da vida pelo mesmo Criador Todo-Poderoso.
Assim, que todos os americanos em cada cidade próxima ou distante, pequena ou grande, de montanha a montanha, de oceano a oceano, ouçam estas palavras. Vocês não mais serão ignorados de novo.
Sua voz, suas esperanças e seus sonhos definirão nosso destino americano. E sua coragem, bondade e amor guiarão para sempre nosso caminho.
Juntos, tornaremos a América forte de novo. Tornaremos a América rica de novo. Tornaremos a América orgulhosa de novo. Tornaremos a América segura de novo. E sim, juntos tornaremos a América grande de novo.
Obrigado. Deus os abençoe. E Deus abençoe a América.
Obrigado."
Donald J. Trump
45º Presidente dos Estados Unidos
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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