por Floriano Pesaro(*).
Que minha mão definhe, ó Jerusalém, se eu me esquecer de ti!
Que me grude a língua ao céu da boca, se eu não me lembrar de ti e não considerar Jerusalém a minha maior alegria.
Estas frases acima, escritas nos Salmos(137 versos 5 e 6), descrevem nossa devoção em relação a Ierushalaim.
A cidade mais essencial do povo judeu sofreu e sofreu. Muitos tentaram e alguns conseguiram expulsar nosso povo de Ierushalaim. Os babilônios nos conquistaram e nos levaram à sua terra, mas, desde as margens dos rios da Babilônia, os judeus soluçavam e lembravam-se da cidade sagrada. Então, quiseram minar nosso povo de outra forma, obrigando a helenização de Ierushalaim, proibindo o estudo da Torá e os rituais judaicos. E os macabeus lutaram e retomaram Jerusalém. Até que os romanos, no início do primeiro milênio, expulsaram novamente este povo de sua terra, de sua Ierushalaim.
Nestes quase 2 mil anos de separação de um povo e sua terra, nunca Ierushalaim foi esquecida. Sempre foi parte primordial do sonho dos judeus. Em suas datas religiosas mais significativas, como em Iom Kipur, Ierushalaim foi citada e recitada, dando voz à aspiração de para lá voltar. O movimento sionista tem em seu nome esculpida a palavra Tsion, um dos nomes da cidade sagrada.
Foram séculos e séculos de destruição e exílio, de um povo a espera de seu lar espiritual. E finalmente, em 07 de junho de 1967, Ierushalaim nos foi resgatada em sua unificação. Escutamos boquiabertos, o som dos passos dos nossos jovens, nossos bravos soldados, entre tiros e instruções militares, caminhando emocionados, aos prantos. Prantos de tristeza pelos amigos caídos, mas prantos também de imensa emoção por se aproximarem do Kotel, o monumento maior do Judaísmo, a lembrança da era do Templo.
Desde então, Jerusalém vive no centro das discussões de paz, sendo por nós definida como a capital religiosa e secular da Terra de Israel.
Nestas últimas semanas, o presidente dos Estados Unidos declarou que a capital de Israel é a cidade de Jerusalém e que ele tomaria medidas para transferir sua embaixada para a cidade sagrada.
Desde a época de Bill Clinton em 1995, passando por George Bush e Obama, todos presidentes dos Estados Unidos, ouvimos a mesma observação. Quanto a Trump, nenhuma medida prática foi tomada ainda, mas muitos e muitos países condenaram seu discurso. Afirmaram que esta decisão prejudica o processo de paz.
Porém contra fatos não há argumentos.
A verdade é que há mais de 3.300 anos, Jerusalém já era a capital judaica. Ela nunca foi a capital de qualquer entidade árabe ou muçulmana. Mesmo sob o governo jordaniano, Jerusalém nunca foi uma capital árabe e nenhum líder árabe veio visitá-la.
Jerusalém é mencionada na Bíblia dos judeus aproximadamente 700 vezes.
Os judeus rezam voltados para Jerusalém; os muçulmanos rezam na direção de Meca. Se os muçulmanos estiverem entre as duas cidades, rezam voltados para Meca, com as costas voltadas para Jerusalém.
Foi o judeu Rei Davi quem fundou Ierushalaim e durante mais de 3.000 anos, sempre existiram judeus na cidade.
Infelizmente, hoje em dia, os meios de comunicação e o mundo árabe criaram uma tremenda aberração e afirmam que a cidade santa é, prioritariamente, sagrada só para os muçulmanos.
É vergonhoso saber que certas organizações, como a Unesco e mesmo a ONU, são regidas por uma politicagem, e preferem agradar um conjunto de países árabes, em detrimento da verdade.
Nós, que tivemos nosso retorno ao nosso lar, Israel, em 1948, aprovada exatamente pela ONU, temos que constatar que esta organização já não se define pela igualdade e pela História.
Aliás, sempre que surge esta discussão, parece que o mundo árabe esquece que a sua cidade sagrada é Meca. Enquanto os judeus do mundo todo rezam em direção a Ierushalaim, os muçulmanos voltam-se para Meca.
Em nossa liturgia, ansiamos literalmente poder voltar à nossa Capital Eterna. Às vezes, recitamos “O ano que vem em Jerusalém”, exatamente no final de nosso feriado mais sagrado, Iom Kipur.
Assim, não há como dividir a Cidade de Davi.
Sabemos que o mundo, ingenuamente levado pelos meios de comunicação e pela percepção deturpada dos palestinos, acaba desprezando os fatos e a História para colocar-se do lado de um povo que se declara oprimido.
Talvez fosse o caso de pensar em outra estratégia para Ierushalaim se pudéssemos resolver o conflito israelense-palestino e selarmos a paz.
Mas como fazer a paz se o sonho destes mesmos palestinos é eliminar Israel para sempre?
Como fazer a paz se o governo palestino homenageia os terroristas que ferem nosso povo em atentados terroristas?
Como fazer a paz se as crianças palestinas, desde cedo, são ensinadas a odiar nosso povo e são treinadas, em tenra idade, com fuzis, e sonham em destruir Israel?
Como fazer a paz quando movimentos terroristas como o Hamas e o Hesbolá estão nas nossas fronteiras despejando o ódio e esperando qualquer fraqueza nossa para nos atacar?
Já nos seria muito difícil ter que abrir mão de um pedacinho de nossa cidade mesmo que fosse para alcançar a paz, mas neste momento, não conseguimos ver, num futuro próximo, a disposição para a paz.
Jerusalém é, assim, inteiramente nossa!!
E que possa ser assim até a eternidade.
(*)Floriano Pesaro é Secretario de Estado de Desenvolvimento Social e Deputado Federal
(*)Floriano Pesaro é Secretario de Estado de Desenvolvimento Social e Deputado Federal
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