“ruas lembram The Walking Dead”
O Vice-governador Paulo César Quartieiro deixou cargo nesta sexta-feira (26JAN2018) e fez pronunciamento no Legislativo.
por Marcelo Marques
G1 Roraima.
G1 Roraima.
Durante pronunciamento de renúncia ao cargo de vice-governador de Roraima nesta sexta-feira (26) na Assembleia Legislativa Estadual, Paulo César Quartiero (sem partido) disse que as ruas de Boa Vista estão tomadas por imigrantes venezuelanos e os comparou a zumbis do seriado 'The Walking Dead'.
O abandono do cargo ocorreu por meio de uma carta de renúncia enviada à Assembleia Legislativa nessa quinta-feira (25). Na manhã seguinte, ao convocar uma sessão extraordinária na Casa para anunciar que deixaria o cargo, justificou que não concorda com a gestão da governadora Suely Campos (PP).
Desde o final de 2015, Roraima recebe um intenso fluxo de imigrantes venezuelanos fugindo da fome e da crise no país natal. Muitos deles tentam emprego nas ruas e outros vivem em praças e espaços públicos da capital.
Há dois meses o governo decretou situação de emergência em razão do crescente número de imigrantes que cruzam a fronteira da Venezuela pelo estado.
No discurso feito da tribuna da Assembleia, que durou pouco mais de uma hora, Quartiero atribuiu a renúncia à má administração da governadora de Roraima e citou ainda que o estado está sobrecarregado com a vinda de imigrantes venezuelanos.
“Fico abismado com o que acontece aqui [Roraima]. A gente anda nessas ruas que parecem [o seriado] 'The Walking Dead'. Esses venezuelanos nas ruas parecem uns zumbis. Nosso estado sem perspectiva com salários [de servidores] atrasados. E fica por isso mesmo”, declarou.
O agora ex-vice-governador lembrou ainda que quando assumiu o cargo disse não haver condições de receber migrantes venezuelanos.
"O estado está esgotado. Se querem que Roraima receba venezuelanos, a ONU tem de se responsabilizar pelos encargos, custos. Estamos sobrecarregados. Nem conseguimos dar conta da nossa população. E o governo [estadual] está sendo inerte", disse.
De acordo com o ex-vice-governador, não havia como continuar integrando o governo de Roraima devido a Suely Campos seguir "abraçando uma política ambiental que atrasa o desenvolvimento do estado".
“A governadora viajou para Alemanha para receber um 'jabá' de 400 mil dólares para assinar compromissos que inviabilizam definitivamente o nosso estado, engessando os recursos naturais e impedindo o nosso crescimento”, alegou.
A declaração de Quartiero se refere a viagem que Suely Campos fez a Alemanha onde participou da Conferência do Clima da ONU (COP 23) em novembro de 2017.
Sem partido, Quartiero anunciou ainda durante o discurso sua candidatura para o Senado. “ Vou para o partido que o meu líder, Jair Bolsonaro [PSC], me indicar. Faço parte do grupo dele", disse, comentando que, durante três anos no cargo, ganhou apenas experiência.
Quartiero criticou ainda o fato de Suely Campos ter nomeado parentes para cargos do alto escalãologo que assumiu o governo, em 2015.
"Suely fez exatamente o que nós [coligação] condenávamos: nepotismo, a escolha de uma equipe baseada em critérios que não a da capacidade e substituir a ameçada de uma clã familiar governar o estado por outro. Naquela época fui contra isso e denunciei", disse.
Para o ex-vice-governador, um impeachment para afastar a governadora Suely Campos poderia ser uma forma de o estado avançar. "Mas quem decide por esse afastamento é a Assembleia", acentuou.
O Comando Militar da Amazônia postou importante twitter no Sábado (27JAN2018). Sinal que a temperatura continua subindo na fronteira.
Em 2008, Quartiero passou nove dias preso por ser suspeito de orquestrar um atentado contra índios da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol. Devido ao caso, o ex-vice-governador foi considerado um opositor aos índios e uma liderança entre os fazendeiros da região.
Em abril de 2017, Paulo César Quartiero assumiu o governo do estado durante oito dias de ausência da governadora Suely Campos. Nesse período ele exonerou o titular da Secretaria do Índio e disse publicamente que ele deveria ser fuzilado.
✈Nota DefesaNetFonte - defesanet.com.br
A explosiva situação da Fronteira com a Venezuela, que também se estende às cidades de Manaus, Belém e inclusive São Paulo.
O MPF tem trabalhado ativamente para criar área de apoio à instabilidade gerada tanto pela chegada de grupos indígenas, ver links matérias, como de cidadão venezuelanos.
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