por Pedro Henrique Alves(*).
Soaria muito estranho caso alguém, com boa sanidade mental, viesse a comemorar o centenário do nazismo algum dia. Assim como hoje me soa estranho que alguém comemore o centenário da revolução russo-comunista de 25 de outubro de 1917. A comparação entre nazismo e comunismo se faz necessário, e de maneira alguma ela é absurda. Primeiro, pois se trata de suas tiranias políticas do século XX que tomaram para si o monopólio da virtude e da verdade social; segundo, não é absurdo nenhum comparar as consequências nefastas de suas ideias.
Segundo o estudo liderado por Stéphane Courtois — com mais dez historiadores especialistas em história do comunismo — o exato legado do comunismo foi o de mais de 100 milhões de mortos. Essa afirmação ele faz no livro intitulado: O livro negro do comunismo.
Tal revolução comunista deixou para humanidade tantas gangrenas históricas que não seria nenhum exagero dizer que elas nunca serão verdadeiramente curadas. Países como Romênia, Polônia, Ucrânia, Camboja, China, Cuba, entre outras nações incluindo a própria Rússia como berço do comunismo mundial, sofreram imensamente por causa dessa ideologia. Os Gulags, que nada mais eram do que campos de concentração comunista; o episódio de Holodomor, onde quase a Ucrânia inteira foi privada de alimentos ao ponto de o canibalismo passar a ser a principal fonte de alimentação entre os ucranianos; Julgamentos de fachada onde os supostos traidores já haviam sido condenados antes mesmo de serem acusados de qualquer crime, um método de pressão e terror psicológico largamente utilizado pelos comunistas ao redor do mundo — Alexander Soljenítsin relata inúmeros casos desses em sua obra Arquipélago Gulag. Entre outros episódios do tipo que nos mostram de maneira inconteste que a revolução comunista não só foi um erro, como foi o despertar de uma ideologia sem limites morais para seus impulsos genocidas. “Para o historiador do ano 3000, onde estará o fanatismo? No século XIII ou no século XX?” (PERNOUD, 1974, p. 108).
Perseguições, prisões sem justificativa legal, assassinatos, sistemas de vigilância doutrinária, terror psicológico, entre outros métodos de controle de massa foram amplamente implementadas na busca de criar um sistema político perfeito e igualitário. Como Ievguêni Zamiátin demonstrou em sua obra: Nós, o comunismo buscava a padronização das mentes que estavam sob sua égide estatal; a ideia era transformar os indivíduos em parasitas repetidores de discursos e obcecados cumpridores das doutrinas do partido. Sem dúvidas, Zamiátin conseguiu identificar muito bem esse impulso do Estado comunista.
As ideias de que “os fins justificam os meios” foi posto em prática de maneira animalesca ao ponto que, depois de robotizarem — ou justificarem — a consciência moral dos seus seguidores, não havia mais impedimento ético para não matar em nome de uma ideia. Fuzilar — ao estilo Fidel paredón —, forçar o trabalho de crianças como em Camboja, prender e torturar como nos Gulags siberianos, matar camponeses sem dar a eles uma mínima chance de defesa como na China, entre outros horrores, tudo isso tornou-se justificável e até desejável em busca da purgação dos “vermes capitalistas” e da mentalidade conservadora.
Observar a comemoração de uma revolução que legou montanhas de corpos é o mesmo que assistir novamente os leões comendo escravos no coliseu enquanto comemos e brindamos “vida longa ao imperador”. Hoje professores, alunos, intelectuais, artistas e políticos aplaudem uma revolução sangrenta e necrosada. Não há nada a comemorar num genocídio, não há nada a aplaudir num coliseu de horrores.
Dizia o ex-jornalista brasileiro Osvaldo Peralva, que do serviço de informação (Kominform) da URSS:
“Jamais potência alguma no mundo dispôs de uma arma tão diabólica, de um instrumento de ação tão efetivo e de tamanha amplitude como esse. Nem os maiores impérios, nem os mais poderosos trustes internacionais conseguiram esse grau de eficiência e essa capacidade de confundir os espíritos, deformar a opinião pública, apagar a lucidez do raciocínio em milhões de pessoas, desencadear, na base da falsidade e da mentira, tempestades de paixão coletiva, caluniando, denegrindo, infamando” (PERALVA, 2015, p. 257).
Neste circo repulsivo, assistir a banda comunista passar de punhos cerrados comemorando aquilo que foi o maior genocídio em massa da história humana é simplesmente criminoso, simplesmente repugnante. Quando um povo não conhece a história que permeia suas ideias políticas, quando uma nação se priva dos fatos e acontecimentos vexatórios da humanidade, essa mesma nação está fadada a repetir os erros do passado. A única coisa boa que a revolução russa nos deixou foi a prova cabal de que o comunismo não funciona; e se o caso for a disputa ideológica contra com o nazismo, podem ficar tranquilos, pois, em questão de terror, mau funcionamento estatal e genocídios, vocês comunistas nada devem aos nazistas.
Fonte institutoliberal.org.br
(*)Pedro Henrique Alves é Filósofo formado pela Faculdade Dehoniana; escritor na coluna de política do Instituto Liberal de Minas Gerais; editor e escritor do Blog Do Contra; além de estudioso de filosofia política com ênfase em políticas totalitárias.
Referências:
PERALVA, Osvaldo. O retrato, 1ª Ed, São Paulo: Três Estrelas, 2015
PERNOUD, Régine. Idade média: o que não nos ensinaram. São Paulo: Livraria Agir, 1974.
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