Não é tarefa fácil homenagear alguém tão "espevitada", diria minha vovó. Alguém que parece viver 36 horas a cada dia; já que, além dos seus afazêres, participa de uns trocentos blogs - isso tudo quando a operadora de telefonia não atrapalha -.
Fazer um poema?. Não me sinto capaz. Achei uma porção de poemas que serviriam como uma luva ao perfil dessa amiga, mas aí eu teria que dar os créditos ao Fernando Pessoa, ao Drumond ao agridoce Quintana e mais uma porção de poetas, todos eles habitantes do Oriente distante e com essa gente não se brinca. Lembrei-me então do Natal de 2007 e da incrível mensagem escrita por ela e que guardei como imagem. Acredito que se a nossa Saramar não tivesse escrito nada e se nunca tivesse apontado, em seus posts, as mazelas de um país em frangalhos, só esse "desabafo" em forma de canção já seria o suficiente para gostarmos, como gostamos, dessa Goianiense poeta.
Essa então é a minha homenagem a SARAMAR
Festa
Busquem nos becos, os bêbados adormecidos.
Desatem os loucos de suas mordaças sanitárias.
Abracem e tragam no colo as putas das esquinas noturnas.
Troquem as roupas brancas e frias dos doentes nos hospitais.
Dêem o braço para os homossexuais enganados, amantes maltratados.
Façam um ninho de flores e nele transportem as crianças das ruas.
Tirem dos asilos os velhos abandonados, famintos e maltratados.
Peguem nas mãos os travestis tristes e borrados sob a chuva da ignorância.
Procurem as bailarinas dos cabarés pobres com uma túnica de compaixão.
Beijem as mãos e conduzam as mulheres feias, melancólicas, desamadas.
Busquem os solitários, os presos em seus terrores, os faroleiros.
Resgatem da escuridão os que sofrem por amor e choram sozinhos.
Encontrem as viúvas e as mães que perderam seus filhos.
Retirem da guerra os soldados, os rotos, saudosos, sozinhos.
Venham com as mulheres solitárias, sozinhas ou não.
Busquem os pecadores, os sem juízo, os amantes clandestinos
Carreguem em seus braços os cães abandonados
E os cavalos cansados do trabalho.
Vamos juntos à festa. É Natal!Jesus renasce e nos chama para a festa do amor,
único presente que Ele almeja ganhar
para entregar novamente a nós, seus frágeis filhos.
---Saramar, Natal de 2007, no FALARES
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