Aproveitando a visita de George Walker Bush ao Brasil.....
Se "Turistas" é um mau filme, isso nada tem a ver com a representação que faz do Brasil e dos brasileiros. Seus defeitos são eminentemente cinematográficos: mis-en-scéne fraca, efeitos especiais pobres, suspense mal construído. Diferentemente de "O Albergue", por exemplo, cuja construção dramática é toda voltada para aumentar o impacto do desfecho, em "Turistas" sabe-se desde o início muito bem o que irá acontecer. E, quando acontece, é confuso, anti-climático e dialogado demais. O enredo briga com as imagens, não se integra a elas.
Por outro lado, o filme (apedrejado por supostamente prejudicar a imagem do país lá fora) é bastante fiel ao retratar o Brasil e seus habitantes. Fiel em duas perspectivas diferentes: à realidade e à própria representação que o brasileiro aprendeu a fazer de si mesmo, através inclusive de seu cinema "engajado". Em "Turistas", o Brasil mostrado é o periférico: nele há motoristas imprudentes dirigindo como loucos; crianças cometendo delitos impunemente; ausência do poder policial na favela - tudo isso convivendo harmoniosamente com uma apreciação hedonista da vida, celebrada através do sexo, da música (funk e samba-rap, nada das costumeiras bossas-novas para inglês ver) e da bebida alcoólica.
Caso um estrangeiro que não conhecesse o Brasil quisesse saber mais sobre o país, assistir a "Turistas", a "Cidade de Deus" ou a 5 minutos de publicidade na TV faria exatamente o mesmo efeito: ele veria um país desmoralizado, atemorizado pelo crime, mas que ao mesmo tempo parece estar apenas preocupado com nudez e cerveja. O mal que "Turistas" poderia fazer à nossa auto-estima é, na pior das hipóteses, igual àquele cometido por nossos publicitários ou cineastas: o Brasil projetado por eles virou reflexo desse arremedo de país, cujo maior arroubo de nacionalismo é protestar contra um filmeco de segunda categoria, ao mesmo tempo em que se ignora, por exemplo, que o presidente da República compactue com os caprichos do mandatário de um país ainda mais inexpressivo como a Bolívia. Patético.
A "mensagem" do filme, se é que ele consegue propor alguma nesse sentido, consegue ir ao encontro do que pensam muitos dos intelectuais e patriotas que reclamam do filme, e é tão tola e oportunista quanto eles: a de que fomos usurpados por séculos, e de que toda vingança perpetrada contra esses visitantes estrangeiros é pequena diante de séculos de exploração. Gente como Ariano Suassuna deveria é encomendar o DVD com os extras de "Turistas"; sua visão medíocre de mundo é análoga à mediocridade do filme.
E, para quem acha que o Brasil ainda é um bom destino para esses turistas tolos e progressistas de chinelinho de dedo, que enxergam o Terceiro Mundo como um grande parque temático das misérias humanas, aqui vão alguns exemplos de visitantes estrangeiros assaltados, atropelados, esfaqueados ou mortos em nosso território. Visite-nos quem quiser, sob sua conta e risco.
Por outro lado, o filme (apedrejado por supostamente prejudicar a imagem do país lá fora) é bastante fiel ao retratar o Brasil e seus habitantes. Fiel em duas perspectivas diferentes: à realidade e à própria representação que o brasileiro aprendeu a fazer de si mesmo, através inclusive de seu cinema "engajado". Em "Turistas", o Brasil mostrado é o periférico: nele há motoristas imprudentes dirigindo como loucos; crianças cometendo delitos impunemente; ausência do poder policial na favela - tudo isso convivendo harmoniosamente com uma apreciação hedonista da vida, celebrada através do sexo, da música (funk e samba-rap, nada das costumeiras bossas-novas para inglês ver) e da bebida alcoólica.
Caso um estrangeiro que não conhecesse o Brasil quisesse saber mais sobre o país, assistir a "Turistas", a "Cidade de Deus" ou a 5 minutos de publicidade na TV faria exatamente o mesmo efeito: ele veria um país desmoralizado, atemorizado pelo crime, mas que ao mesmo tempo parece estar apenas preocupado com nudez e cerveja. O mal que "Turistas" poderia fazer à nossa auto-estima é, na pior das hipóteses, igual àquele cometido por nossos publicitários ou cineastas: o Brasil projetado por eles virou reflexo desse arremedo de país, cujo maior arroubo de nacionalismo é protestar contra um filmeco de segunda categoria, ao mesmo tempo em que se ignora, por exemplo, que o presidente da República compactue com os caprichos do mandatário de um país ainda mais inexpressivo como a Bolívia. Patético.
A "mensagem" do filme, se é que ele consegue propor alguma nesse sentido, consegue ir ao encontro do que pensam muitos dos intelectuais e patriotas que reclamam do filme, e é tão tola e oportunista quanto eles: a de que fomos usurpados por séculos, e de que toda vingança perpetrada contra esses visitantes estrangeiros é pequena diante de séculos de exploração. Gente como Ariano Suassuna deveria é encomendar o DVD com os extras de "Turistas"; sua visão medíocre de mundo é análoga à mediocridade do filme.
E, para quem acha que o Brasil ainda é um bom destino para esses turistas tolos e progressistas de chinelinho de dedo, que enxergam o Terceiro Mundo como um grande parque temático das misérias humanas, aqui vão alguns exemplos de visitantes estrangeiros assaltados, atropelados, esfaqueados ou mortos em nosso território. Visite-nos quem quiser, sob sua conta e risco.
por Felipe Artxa em 06 de março de 2007 no Mídia sem Máscara
Imagem - Cena do Filme Turistas que, injustamente, não concorreu ao Oscar
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