quinta-feira, janeiro 04, 2007

O ANO APENAS COMEÇOU, AINDA É TEMPO....
Ao iniciar o mês de dezembro é comum receber e-mails aos montes, quer sejam de caráter comercial, institucional ou pessoal.O curioso é que passamos a receber mensagens de gente, amigos, pessoas queridas que passam o ano inteiro sem se comunicar conosco. Já notaram isso? Porque? Excesso de trabalho, esquecimento, preguiça, desinteresse, receio de ser reconhecido como chato, medo de atrapalhar, enfim, cada um sabe o porque de enviar ou não e-mail para uma pessoa. E foi diante dessa reflexão, quando recebi o e-mail de uma pessoa querida, a Simone, que decidi escrever essa crônica, totalmente diferente daquilo que escrevo semanalmente. Na verdade, essa crônica, nada mais é do que a resposta que enviei à Simone. Será que, também, servirá de reflexão para os meus leitores?

Cara Simone M.M.M.

Que maravilha poder receber mensagens quase que diárias de nossos queridos amigos.

Na sua mensagem, você vem com duas pérolas:

A primeira pérola está na sua forma de se expressar: "Os meus eternos amigos". A palavra eterna é algo muito forte. Amigo então, nem se fala... Poucos são aqueles que merecem ser eternizados. Obrigado é assim que quero me sentir, amigo e eterno.

A segunda pérola maravilhosa é quando você cita, e mais transcreve um trabalho de Carlos Drummond de Andrade a quem eu tive o privilégio de conhecer há cerca de uns 20 anos. O tempo passou e nunca mais tirei Drummond da minha cabeça. Sigo tendo o privilégio de tê-lo na minha cabeceira - jamais vou dormir sem antes o ler - e, mais ainda, de poder, com a sua devida licença, sentar-me ao seu lado em um banco de concreto, conversar, ouvir, trocar idéias, pedir conselhos, logo ali na calçada da Avenida Atlântica, no posto 5, sempre que estou no Rio de Janeiro, onde passei os meus primeiros 25 anos de vida. É como se ele estivesse ainda entre nós. Na verdade, creio profundamente que ele continua entre nós, mais vivo do que nunca. Eis aí, um grande exemplo de "ETERNO". Os nossos queridos amigos cariocas, Valéria, Agnaldo (General), Luiz Santoro sabem perfeitamente do que estou falando. Em tempo: Também sou carioca e não sou, ou estou esquizofrênico.

Volto ao seu e-mail cara Simone. Essa vontade de se comunicar, de sempre desejar algo de bom, de alguém do nosso relacionamento enviar uma palavra amiga, gostosa e inteligente, é que constrói pensamentos, energias e fluidos positivos. Talvez, seja essa atitude que nos faz sentir um pouco melhor diante de tantas mazelas que somos obrigados a enfrentar dia após dia.

Sabe Simone! Estou convicto que é exatamente isso que todos nós precisamos dar e receber a cada segundo das nossas existências.

Provavelmente alguns podem imaginar que esses encontros que temos nas telas dos nossos monitores sejam palavras vãs, vazias ou apenas o cumprimento de um protocolo. Nada disso... Essas mensagens, acredite, nos une cada vez mais. Possivelmente não temos essa percepção, embora, é preciso que a tenhamos, que possamos sentir nos nossos corações. Dessa forma, a vida será bem melhor, não tenho dúvidas.

Aliás, se você parar para pensar, relacionamento humano de qualidade é coisa muito rara na atualidade. A vida moderna, ou a vida maluca como querem alguns, na qual estamos inseridos, a competitividade, a necessidade de sermos os melhores (?), essa história louca de ter que enfrentar um leão a cada minuto, tem nos transformado em egoístas, ranzinzas, soturnos, deprimidos, insensíveis, desesperançados, arrogantes, e até desumanos. Pode um negócio desse, Simone? Que lástima, não? Basta olhar ao nosso redor para constatar essa infeliz realidade.

Felizmente, os nossos contatos pela Internet são freqüentes. Que bom, na medida em que esse relacionamento é o mais vigoroso antídoto que a vida nos propicia, e, melhor ainda, pois, é gratuito e vem lá do fundo da alma, sem que ninguém nos obrigue a fazer. Existe o remédio amargo. Este é o remédio doce, cuja patente não pertence a ninguém, portanto, acessível a todos, indistintamente, qualquer que seja o nível social, econômico ou cultural.

Que não percamos nos próximos dias, meses e anos, esses encontros, mesmo que sejam virtuais, pois, são simplesmente extraordinários, faz bem para a mente, a alma e o coração, uma vez que, cada um de nós, de um jeito ou de outro, está exercendo o mais profundo dos sentimentos, que é amar, amar gostosamente o nosso próximo.

Talvez, quem sabe, cada um de nós, ao seu modo, possa ensinar aos muitos desesperados, angustiados e perdidos que estão circulando bem ao nosso lado, que desconhecem, não percebem a importância, ou ignoram o valor do relacionamento humano de forma incondicional, que uma palavra amiga, apenas uma, um sorriso largo, uma piscadela de olho, um aperto de mão, um abraço, um telefonema ou uma singela mensagem pela Internet possa ser um arma poderosíssima contra o tédio, a auto-destruição, o ódio, a ira, a mágoa, o desanimo, a tristeza, o desamor.

“O que mata o homem é a raiva’ (Adib Jatene)”.

Simone! Preciso fazer uma confissão. Até receber o seu e-mail, eu estava desmotivado, conversando com os meus botões, que não estavam interessados em me ouvir - nem eles -, ou seja, enrolando o tempo, sem idéias do que escrever. Não tinha vontade de escrever sobre os meus temas habituais, política, social, educação, saúde, economia, etc. Fiquei matutando, sem obter a devida resposta, sobre que tema escrever para o início do ano? Eta falta de imaginação!

Repentinamente o computador acusa e denuncia a sua entrada no meu Outlook. Sem querer ou sem saber, como num passe de mágica você me ajudou a escrever a crônica que publico semanalmente em vários jornais, a última desse ano. Na verdade foi você quem a escreveu. Fui apenas o instrumento.

Os meus leitores devem a você mais uma, embora, eu não contarei a eles que você, indiretamente, foi quem escreveu este artigo. Espero que não fique zangada de ter a minha assinatura neste trabalho, que sem duvida nenhuma, acredite, é todo seu. Cá entre nós: em nome dos meus leitores eu lhe agradeço.

Obrigado.

David

Em tempo. Se houver espaço, talvez o editor coloque Drummond ao lado da nossa crônica.

Calma dr. David, Drumond está aqui sim; é só clicar na imagem.

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