por Hugo Studart
Artigo original aqui (Nota do Blogando: o Midia Independente encerrou suas atividades, por isso o leitor ao clicar encontrará o terrível 404 Not Found)
Kassab é gay? Pois Marta é bissexual. E ambos evitam falar de probidade. Marta Suplicy aloprou de vez ao puxar o debate para terreno tão pantanoso como a sexualidade de Gilberto Kassab. Ora, ela é adúltera. Certa vez, em entrevista gravada, me disse que é bissexual. Guardo a fita. E agora vira adultera, bi e homófoba?
Como o marido Favre tem duas contas em paraísos fiscais, ela só pode estar com medo de puxar o debate para o único tema que interessa ao eleitor: a honestidade dos candidatos. Marta Smith de Vasconcelos, ora Suplicy, sempre foi desequilibrada. E inconseqüente. Isso é público em sua vida pregressa – e só tende a piorar à medida que ela envelhece.
Há dez anos, quando deputada federal, foi à votação na Câmara um projeto de sua autoria que institucionalizava o casamento gay. Fui entrevistá-la. Recebeu-me e seu apartamento na superquadra sul 309, em Brasília. O senador Eduardo Suplicy estava na mesa da sala, lendo documentos. Ele mora lá até hoje. No meio da entrevista, Marta declara:
-- Quase todo mundo é gay ou bissexual.
-- Como assim? Indaguei assustado.
-- Marta, não exagera... -- pede Suplicy, sempre gentil, olhando por cima dos óculos.
-- Não exagera o quê, Eduardo? Você sabe que mais de 90% da população é bi.
-- Maaarta!, diz o senador quase em desespero.
-- O que é Eduaaardo? Você tá me desmentindo? Você sabe do que to falando. Sou bissexual, você, nosso filho Fulano, o sicrano, quase todo mundo é.
O senador abaixou a cabeça envergonhado. Morri de vergonha por ele pelo fato de estar ao lado de uma mulher tão grosseira, irresponsável, inconseqüente. Tenho uma antiga e respeitosa relação com Suplicy. Contudo, até aquele momento, jamais havia visto Marta em minha vida. A deputada não sabia quem era o repórter à sua frente. E o gravador ligado, e ela falando, declarando ao gravador de um jornalista desconhecido que é bissexual. Não usei essa parte da entrevista em respeito aos demais citados, como um dos filhos do casal.
O raciocínio de Marta é desconcertante. Segundo ela, somente 4% da população seria 100% heretossexual, ou seja, 2% de homens-machos e 2% de mulheres-fêmeas. Outros 4% seria completamente gay. Os demais, 92% da população mundial, seria bissexual, em maior ou menor grau. O simples fato de um homem achar outro homem bonito, segundo Marta, já o transformaria num bi. Ora, se esse raciocínio estiver certo, como considero George Cloney e Eduardo Suplicy bem apessoados (é o máximo de elogio que um nordestino consegue fazer a outro homem), então também sou bi.
Suplicy, por sua vez, é publicamente louco por Joan Baez, aquela cantora com jeito de menino. Para Marta, é prova de bissexualidade admirar uma cantora meio andrógena. Tudo bem. O essencial nessa discussão é que a candidata do PT a prefeita de São Paulo se considera uma bissexual – e declarou isso em entrevista gravada. Ora, se ela é bi, o que tem demais seu concorrente também ser?
Kassab é discretíssimo nos hábitos e na vida pessoal. Sabe-se apenas que é solteiro e não tem filhos. E daí? Será que Marta, logo ela, a musa das paradas gay, virou homófoba quando caiu nas pesquisas? Fustigar o debate sobre a vida sexual dos candidatos é um terreno por demais pantanoso para Marta Smith de Vasconcelos, ora Suplicy. Ora, ora, ela é uma adúltera. É público que se tornou amante do franco-argentino Felipe Belisário Wermus, codinome Luis Favre, quando ainda estava casada com Eduardo Suplicy. Convenceu o marido a abrigar o gentil argentino em sua própria casa. É público que foi lá, no lar que Suplicy herdou da família, que houve a sedução entre Marta e Favre. Foram meses de romance durante o pleito de 2000. Assim que foi eleita prefeita ela assumiu o caso. Quem controla as armadilhas do coração? Marta se deixou tragar pelas emoções. Acontece nas melhores famílias. Foi adúltera? E daí. É bissexual? Qual o problema? Falava-se o mesmo da ex-prefeita Luiza Erundina, do PT, e do ex-prefeito de Curitiba Rafael Grecca, um dos melhores da história da capital paranaense. Fala-se idem da atual prefeita (aliás, reeleita) de Fortaleza, Luizianne Lins, que só aparece em público com amigas – e há muitos mexericos na corte a respeito da candidata de Lula ao Planalto, Dilma Roussef, que nesse caso seria maldade pura.
E se por acaso Gilberto Kassab estiver de fato enfrentando aquilo que o apóstolo Paulo de Tarso chamava, em dolorosa confissão, de "um espinho na carne"?. O que Marta tem a ver com isso? O que interessa é saber se Kassab está de fato administrando a cidade com competência e probidade.. Sobre a competência, as pesquisas provam que o paulistano está aprovando. Sobre a probidade, é dever dos adversários abrir suas cartas.