quarta-feira, abril 30, 2014

Por intolerável que pareça


















por Percival Puggina.

Por incrível que pareça, não entra no campo das análises políticas o motivo pelo qual se estabelece no Brasil esse assalto partidário a tudo que é público.




Há bem poucos dias, o IPEA e o IBGE qualificaram-se para a linha de tiro da oposição. As duas instituições encarregadas de fornecer números aos analistas nacionais e às políticas dos setores público e privado foram acusadas de sujeição às conveniências eleitorais do governo e de seu partido. Quando isso ocorre em qualquer instituição permanente do Estado ou da administração pública, tem-se um verdadeiro sequestro, com severo dano ao interesse nacional. Aliás, reiteradamente, as redes sociais estampam imagens de policiais federais também manifestando contrariedade com a intrusão do partido do governo nas atividades da corporação. Embora as denúncias envolvendo a Petrobras sejam, agora, a face mais visível do fenômeno que descrevo, tais fatos se reproduzem e multiplicam na imensa estrutura dos poderes públicos. É para proporcionar isso que o Estado não pára de crescer. E de encarecer. É por isso que os partidos se multiplicam como coelhos e o tamanho do Estado avança na mesma cadência. Cada peça dessa imensa máquina, pequena ou grande, responde a algum partido em primeiríssimo lugar. O bem nacional vem depois. Ou, simplesmente não vem.

Recordo os meses que antecederam à eleição de 2010. Cumpriu-se um cronograma de notícias oficiais, boas para o governo, divulgadas nos momentos propícios, e propagadas pela mídia sem a devida análise crítica. Tudo para nos convencer de que o Brasil era uma ilha de prosperidade e que nosso PIB cresceria segundo aqueles números sempre superiores a 4%. Números que o ministro Mantega traz na cabeça, todo Ano Novo, quando acorda do revellion. E passa o ano inteiro corrigindo para baixo.

Por incrível que pareça, não entra no campo das análises políticas o motivo pelo qual se estabelece no Brasil esse assalto partidário a tudo que é público. Atribui-se ao velho patrimonialismo algo que tem causa institucional. Para bem entendermos o que acontece é preciso distinguir o que é Estado, o que é governo e o que é administração pública. Estado é um ente político de existência permanente, geograficamente delimitado, com poder soberano em relação a um povo que ali habita, zelando pelo bem comum num sentido amplo. O governo desempenha apenas uma das várias funções do Estado; cabe-lhe cumprir as leis e definir políticas, programas e ações para atender o bem comum nas circunstâncias dadas e por um período de tempo limitado. A administração, por seu turno, é o aparelho funcional através do qual tais políticas, programas e ações são executadas, atendendo de modo continuado os sucessivos governos.

Nas democracias, como se pode presumir, o Estado, por ser de todos, não deve ter partido. A administração, por servir a todos, tampouco. Assim sendo, o governo e só o governo pode ser provido pelos partidos com seus partidários. Por isso mesmo ele é escolhido numa eleição entre as legendas e tem prazo de validade limitado. Deveria saltar dos enunciados acima o absurdo em que incorre nosso modelo institucional quando, além do governo, atribui a uma única pessoa e a seu partido também Estado e o aparelho da administração pública.

É a raposa cuidando do galinheiro. É a festa do poder. É também por isso que quando a luz se acende sobre a festa de ontem, o salão está repleto de sinais da orgia. E como só ao povo, pagador da conta, interessa moralizar as instituições, nada muda para que tudo fique como está. Assim prossegue nossa democracia, por intolerável que pareça.



Publicado no jornal Zero Hora.

domingo, abril 20, 2014

Alabama equipara bebê em gestação a criança


por Julio Severo



Comentário de Julio Severo: Hoje, 18 de abril de 2014, dia que tradicionalmente a Cristandade relembra como data da crucificação de Jesus Cristo, o Supremo Tribunal do Alabama deu uma decisão pró-vida muito importante que, se for sustentada em oração, tem o potencial de derrubar a lei nacional de aborto nos EUA.

Para ajudar o leitor brasileiro a entender, o Alabama é um dos 50 estados americanos. Cada estado americano tem sua própria suprema corte. Acima dessas está o Supremo Tribunal dos EUA, que é a corte federal mais importante. Por isso, a vitoriosa decisão pró-vida de hoje não é o fim, mas um importante passo até o Supremo Tribunal.

O aborto foi legalizado nos EUA em 1973, sendo permissível desde o momento da concepção até o dia do parto. É uma barbaridade legal intolerável que foi legalizada quando os EUA ainda eram a maior nação protestante do mundo. Não me pergunte como uma selvageria dessas é aceita no país mais evangélico do mundo.
O importante é que um corajoso grupo de juízes evangélicos no Alabama está determinado a trabalhar para reverter esse quadro cruel e lúgubre nos EUA.
Por favor, adotemos esses juízes, Tom Parker e Roy Moore, como nossos alvos de oração, pois Deus os está usando como Davis contra Golias.
Eu e minha esposa já adotamos há anos, e Deus responde orações. Eis agora o artigo, fresquinho, da entidade legal Conselho da Liberdade:

Montgomery, Alabama, EUA — Hoje, numa decisão de 8 a 1 de autoria do Juiz Tom Parker, o Supremo Tribunal do Alabama sustentou que a palavra “criança” no estatuto de riscos químicos do Alabama se aplica às crianças nascidas e em gestação na decisão Ex parte Sarah Janie Hicks. Essa decisão segue uma decisão semelhante dada no ano passado pelo Supremo Tribunal do Alabama na decisão Ankrom v. State, onde o tribunal mais elevado do Alabama também deu decisão de que a palavra “criança” inclui o “bebê em gestação.” Nesse caso, o depoimento amicus curiae argumentou que a proteção do bebê em gestação está em sintonia com as proteções concedidas às crianças nascidas em várias áreas da lei americana.
“Numa era em que alguns juízes americanos não sabem a diferença entre a Declaração de Independência e a Constituição, ou nem mesmo se importam, finalmente o Supremo Tribunal do Alabama faz uma avanço com um raio de luz,” disse Mat Staver, fundador e presidente do Conselho da Liberdade. “Os julgamentos do Juiz Roy Moore, presidente do Supremo Tribunal, e do Juiz Tom Parker são muito equilibrados, baseados na história e lei natural, e demolem completamente as falácias das decisões pró-aborto do Supremo Tribunal dos EUA. Um dia que não demorará muito os julgamentos pró-aborto do Supremo Tribunal dos Estados Unidos acabarão caindo como uma castelo de cartas. Então olharemos para o passado, para a história, como hoje olhamos para a Alemanha nazista e ficaremos pensando por que a geração americana de hoje estava tão cega para o valor humano dos bebês em gestação,” disse Staver.

A decisão Ex parte Sarah Janie Hicks envolvia a condenação, seguindo um reconhecimento de culpa, por risco químico de uma criança. Hicks ingeria cocaína enquanto estava grávida de “J.D.,” o que resultou em J.D. testando positivo para cocaína na época de seu nascimento. Hicks argumentou que a palavra “criança” no estatuto de risco químico não se aplicava a um bebê em gestação. O tribunal de primeira instância havia rejeitado o argumento apresentado por Hicks. Apoiando-se na decisão do Supremo Tribunal do Alabama em Ankrom. v. State, o Tribunal de Apelação Criminal concordou com o tribunal de primeira instância.
O Supremo Tribunal do Alabama deu a decisão de que “o sentido claro da palavra ‘criança,’ como essa palavra é usada no estatuto de risco químico, inclui um bebê em gestação.” Além disso, o julgamento do tribunal declara que “o Estado tem um interesse legítimo em proteger a vida das crianças desde as fases iniciais de seu desenvolvimento e assim tem agido decretando o estatuto de risco químico.”
Os julgamentos concomitantes do Juiz Roy Moore e do Juiz Tom Parker têm importância especial porque revelam as falhas das decisões pró-aborto do Supremo Tribunal dos EUA, começando no caso da decisão Roe. v. Wade de 1973. Trechos de seus julgamentos concomitantes são apresentados abaixo:


Julgamento concomitante do Juiz Roy Moore:
“Denominada no Código dos Estados Unidos como uma das ‘Leis Orgânicas dos Estados Unidos da América,’ a Declaração de Independência reconhece como ‘evidente’ a verdade de que todos os seres humanos são dotados com dignidade inerente e direito à vida como resultado direto de terem sido criados por Deus.”
“Deus, não governos ou o Legislativo, dá as pessoas esses inerentes direitos naturais… O governo, aliás, não tem nenhuma autoridade para reduzir ou destruir direitos naturais que Deus diretamente concede à humanidade e na verdade não tem nenhuma autoridade para contestar o que Deus declara certo ou errado.”
“Como presente de Deus, esse direito à vida não está sujeito de ser violado pela escolha unilateral de outros.”
“Todas as leis, quer sejam locais ou internacionais, fluem da fonte divina: é a lei de Deus. A lei da natureza e o Deus da natureza colocam obrigações em todas as nações, estados e todas as autoridades governamentais — desde a Inglaterra até a Alemanha e o Alabama — independente das leis positivas e ordens ao contrário.”
“Os estados têm um dever claro de proteger a vida humana dos bebês em gestação sob a Cláusula de Igual Proteção da Emenda Quatorze.”
“A indisposição discriminatória de qualquer estado de fornecer proteção legal igualmente para pessoas nascidas e em gestação sob, por exemplo, seus estatutos que proíbem o homicídio, a agressão ou risco químico viola, pois, a Cláusula de Igual Proteção da Constituição dos Estados Unidos.”

“Pelo fato de que uma vida humana dotada com todos os genes vem à existência no momento da concepção, a verdade evidente de que todos os homens são criados iguais e são dotados por seu Criador com certos direitos inalienáveis abrange o momento da concepção. O reconhecimento legal dos bebês em gestação como membros da família humana deriva no final das contas das leis da natureza e do Deus da natureza, o qual criou a vida humana conforme a Sua imagem e a protegeu com o mandamento: ‘Não matarás.’”



Julgamento concomitante do Juiz Tom Parker:
“Em contraste com o raciocínio da decisão Roe e Casey, a dependência do Alabama em princípios objetivos tem levado este tribunal a reconhecer sistematicamente o direito inalienável à vida que todo ser humano inerentemente possui e tem levado a dissipar qualquer sombra de dúvida lançada pelo Supremo Tribunal dos Estados Unidos com relação à violação da lei da não-contradição.”
“A liberdade continuará a encontrar refúgio na jurisprudência pró-aborto até que os tribunais recusem violar a lei da não-contradição e, como o Alabama, reconheçam o direito inalienável dos bebês em gestação à vida em todos os momentos e em todos os aspectos.”
“Não existe base válida para o padrão da viabilidade.”
“Desde as fases iniciais do desenvolvimento da criança, a existência de um bebê em gestação é separada da de sua mãe. Por isso, o Alabama tem um interesse não só em promover uma sociedade e cultura sustentável que valoriza a vida, mas também em garantir as bênçãos da liberdade protegendo o direitos inerente à vida na própria vida nova.”
“O bebê em gestação não pode logicamente ser um ser humano separado e distinto para os propósitos de um procedimento de aborto, mas não outro. Proteger o direito do bebê em gestação à vida em todas as fases de desenvolvimento eliminaria o raciocínio contraditório das decisões pró-aborto do Supremo Tribunal e dissiparia toda sombra de dúvida que obscurece o direito à vida dos bebês em gestação.”
“Por que a proteção legal de um indivíduo em qualquer ponto especifico no tempo deveria depender de sua relação subjetiva ao assassino? Tal proteção irracional é ilógica. O reconhecimento do direito à vida de uma criança desde as fases iniciais de seu desenvolvimento dissiparia toda sombra de dúvida dessa área da jurisprudência e evitaria proteção desigual das duas crianças.”


“Pelo fato de que os bebês em gestação têm um direito inalienável à vida desde suas fases iniciais de desenvolvimento, eles têm direito não só a uma vida livre dos efeitos danosos de químicas em todas as fases de desenvolvimento, mas também à própria vida em todas as fases de desenvolvimento. Tratar um bebê em gestação como uma pessoa separada e distinta em apenas aspectos selecionados agride a lógica e nosso senso mais profundo de moralidade.”

“Os tribunais não têm o luxo de se esconder atrás de alegações sem fundamento. O Supremo Tribunal dos Estados Unidos vem tentando fazer isso determinando, na área de aborto, que o limite da proteção de cada estado para os bebês em gestação é a viabilidade. É de fato consolador dar ao realista testemunho de que aquele que vive por alegações sem fundamento morre por alegações sem fundamento. Mas temos de chorar pela Constituição dos EUA. Para dissipar toda sombra de dúvida que obscurece a jurisprudência de aborto dos EUA, os tribunais precisam ter a coragem de permitir que a lei da não-contradição desmantele o raciocínio sem fundamento das decisões Roe, Casey e Stenberg e reconheça o direito inalienável da criança à vida em todas as fases de desenvolvimento. Até então, estamos tristes não apenas pela Constituição, mas também pelos milhões de crianças que não têm recebido igual valor, amor e proteção desde [que os EUA legalizaram o aborto em 1973 na decisão federal] Roe.”

Na página 69 de seu julgamento, o Juiz Parker cita trecho de um artigo da Revista da Faculdade de Direito da Universidade Liberty escrito por um jovem formado na Faculdade de Direito da Universidade Liberty, Dr. Martin Wishnatsky. O artigo é “The Supreme Court’s Use of the Term “Potential Life”: Verbal Engineering and the Abortion Holocaust” (O Uso que o Supremo Tribunal Faz do Termo “Vida Potencial”: Engenharia Verbal e o Holocausto do Aborto), 6 Liberty U.L. Rev. 327, 342-43 (2012). O Dr. Wishnatsky foi advogado estagiário no Conselho da Liberdade durante a faculdade de direito.
Liberty Counsel é uma organização internacional sem fins lucrativos de processos judiciais, educação e políticas públicas dedicada a avançar a liber.dade religiosa, a santidade da vida e da família desde 1989, fornecendo assistência e representação gratuita nesses e outros assuntos

Parece que é, mas não é













por Jacinto Flecha


Muitos que assistiram ao filme “Os Dez Mandamentos” devem ter-se perguntado como o diretor Cecil B. de Mille conseguiu mostrar a enorme fenda abrindo-se nas águas do Mar Vermelho, para os hebreus o atravessarem a pé enxuto. O truque foi uma grande gelatina, na qual a fenda foi aberta por um possante ventilador. Filmada esta cena, o deslocamento dos hebreus amedrontados foi depois acrescentado em estúdio, por superposição de imagens contidas em outro filme. Artifícios assim perderam espaço para a informática, com seus efeitos especiais estupendos.


Imagens forjadas podem ser inocentes, mas podem também camuflar intenções sem nenhuma inocência. Manipuladas pela propaganda, estas produzem no público impressões falsas. Ou seja, parece que é, mas não é; ou então é, mas parece que não é. Muito complicado isso? Não se preocupe, pois vamos passar aos exemplos.

Uma grande foto de primeira página na imprensa mostrou um auditório repleto de pessoas assistindo a uma conferência em Brasília. Quase todos usavam chapéu de palha com aba larga, de dar inveja a qualquer mexicano. A impressão era: um operoso grupo de trabalhadores rurais, acostumado à faina do campo, ouvindo atentamente as informações de entendidos, a fim de aprimorar seus conhecimentos agropecuários. Mas alguns detalhes dão o que pensar: Todos os chapéus eram iguais, e eram zero quilômetro; naquele recinto fechado, provavelmente com ar condicionado, não havia o menor risco de o sol aquecer cabeças que estivessem descobertas; e qualquer agricultor autêntico sabe que a boa educação manda não usar chapéu dentro de casa.

Tudo ali parece que é, mas não é – tão falso quanto remendo em roupa de festa junina. A foto mostrava os personagens por trás, não permitindo apreciar os rostos curtidos dos agricultores. E acaso o leitor acredita que ali houvesse algum agricultor de rosto curtido? Só se foi pelo sol da praia. Mas por que usaram aquela fantasia? Ora essa! É claro que alguns agitadores bem remunerados tinham de parecer agricultores diante do respeitável público – uma ilusão de ótica proposital e propagandística.

Vamos a outro caso. O Incra precisava mostrar serviço, e publicou um livreto ufanista intitulado Balanço da Reforma Agrária e da Agricultura Familiar – O Futuro Nasce da Terra. A foto da capa mostra assentados usando enxadas, e ninguém faz objeção a isso. Mas quem tem alguma vivência de assuntos agrícolas vê logo que a metade dos “trabalhadores” empunha a enxada de modo errado, ou seja, não sabe usá-la. Parece que é, mas não é – outra ilusão de ótica encomendada. Para que serve essa pose fotográfica com maus atores? É que a distribuição de terras pelo Incra tem sido um total e rotundo fracasso, resultando nas favelas rurais. Daí os marqueteiros oficiais precisarem dar a impressão de que tudo corre às mil maravilhas.

Recursos como esse já são marca registrada. Uma cena exaustivamente repetida no noticiário mostra bandos do MST empunhando foices e enxadas em manifestações ou invasões. Foice e enxada são instrumentos muito primitivos, mas em pleno uso até hoje. E necessários, pois os pastos precisam ser roçados e o capim precisa ser capinado. Se o agricultor sabe mesmo usá-los, não lhe falta emprego.

Os bandos de sem-terra de passeata sempre exibem foices e enxadas, parecendo reivindicar com isso um lugarzinho para exercer suas aptidões. Acontece que a prática dos agricultores verdadeiros desenvolveu um modo muito cômodo de transportar a foice ou a enxada de casa para a roça e vice-versa: vai no ombro, em posição mais ou menos horizontal. Alguns até penduram no cabo uma sacola contendo gêneros diversos. Esse conjunto fica nas costas (na cacunda, como dizem), contrabalançado na frente pela mão que segura a outra ponta do cabo.



Como é que os sem-terra de passeata seguram foices e enxadas? Em pé, como se fossem lanças, alabardas ou porretes. Atitude claramente agressiva, de quem está pronto para atacar quem lhes atravesse o caminho. Poderiam ser instrumentos de trabalho, mas tornam-se armas ameaçadoras quando usadas por sem-terra de invasão. O respeitável público é induzido a crer na primeira hipótese, que de fato oculta a outra intenção; e esta os proprietários de terras invadidas conhecem bem.

Bandos de sem-terra de barraca multiplicam-se Brasil afora. Mas o que de fato se multiplica são só as barracas pretas, quase sempre desabitadas, que congestionam as estradas e o noticiário. A impressão é de trabalhadores rurais à procura de trabalho, mas enquanto isso os proprietários rurais não conseguem contratar trabalhadores, e são obrigados a adquirir dispendiosas máquinas agrícolas para realizar o serviço. Uma antiga música carnavalesca não deixa por menos: “Enquanto isso, na minha casa, ninguém arranja uma empregada”.

Esses bandos comandados por agitadores fariam boa figura “assentados” em tratores ou colheitadeiras. Mas será que querem mesmo trabalhar? Mais uma vez: parece que é, mas não é

sábado, abril 19, 2014

Dois Estados - Um Judeu






por Floriano Pesaro (*)




Estamos chegando ao dia 29 de Abril, a data final estipulada para as negociações de paz entre palestinos e Israel. Pelo mundo, parece que o calcanhar de Aquiles das tratativas é a exigência do primeiro ministro Benjamin Netanyahu para que os palestinos reconheçam Israel como estado judeu.

De repente, não apenas os assentamentos são considerados crimes de guerra, mas o requisito do estado judeu pelo reconhecimento de sua própria definição é algo absolutamente inaceitável. A própria raison d’être do moderno Estado de Israel, ideia central da partilha da Organização das Nações Unidas e texto intrínseco da Declaração de Independência de Israel é ilegítimo para os palestinos.

O que ressalta aos olhos é o secretário de Estado John Kerry não querer entender quão importante é esta definição para nosso povo e para a garantia de Israel como lar do povo judeu de todos os cantos do mundo.

Israel é o porto seguro para o judeu da Tasmânia e da França, para o habitante da Venezuela e o do Irã. Para aquela senhora que foi atacada no metrô de Paris e para qualquer um que deixar de se sentir protegido no país em que vive.

Ninguém pensa em um estado judeu fundamentalista, mas um estado judeu democrático que respeita o direito de todos os seus cidadãos e com total liberdade religiosa. A Suprema Corte Israelense é um dos órgãos mais independentes do mundo. Mas parece que os palestinos não estão dispostos a oferecer a Israel o que eles estão pedindo aos israelenses: reconhecimento pleno.

No passado, Israel ignorou os anseios do povo palestino por um Estado, mas estamos em outra época e, desde o ano 2000 admite o estabelecimento de um estado palestino. Hoje, devemos falar de um passo adiante e devemos fazer as concessões necessárias para conseguirmos, se não a paz ideal, pelo menos a paz possível. Para tanto, há de haver certo compromisso de cada parte e este compromisso implica primordialmente na aceitação mútua. Infelizmente, aqui, o elementar parece surreal.

Sei que os israelenses devem colaborar com o processo de paz e fazer concessões difíceis para que possamos chegar no dia 29 de Abril com algo concreto, seja com uma negociação nos assentamentos, conversações sobre Jerusalém e libertação de prisioneiros emblemáticos. Entretanto, os palestinos estão discutindo o princípio fundamental do Estado de Israel, princípio já aceito outrora por Yasser Arafat.

Parece-me que toda vez que caminhamos um pouco para um possível avanço nas negociações, chega um momento em que forças palestinas começam a vetar passos adiante. No mínimo, é extemporânea e insustentável a recusa de Mahmoud Abbas em aceitar a definição do Estado judeu.

A comunidade internacional, os israelenses e palestinos pacifistas e todos os que querem a paz devem insistir para que esta barreira caia e continuemos buscando uma real alternativa para a viabilização de dois estados, vivendo lado a lado no princípio da tolerância.

É imprescindível que o povo israelense, mas definitivamente o povo e o comando palestino, demonstrem seu compromisso inabalável com as negociações de paz. Aceitar o Estado de Israel como estado judeu é o passo necessário.

(*)Floriano Pesaro é Sociólogo e vereador

terça-feira, abril 15, 2014

Fantasma de carne e osso.






por Heitor de Paola





O Sr. Presidente João Goulart que sempre se utilizou – com êxito e sem riscos – do apoio dos comunistas em proveito de sua carreira política, ainda não se deu conta de que presentemente os partidários do Sr. Luís Carlos Prestes é que dele se estão aproveitando para imprimir ritmo acelerado à “guerra revolucionária” em curso no Brasil, que visa à tomada do poder para a implantação de um regime comunista.(...) o Sr. João Goulart, ao que parece, ainda não se apercebeu do alto e grave sentido de nossa advertência, pois suas palavras e atos mais recentes revelam que S. Ex. – consciente ou inconscientemente – aprofunda cada vez mais o seu comprometimento no processo da “guerra revolucionária”.
Bilac Pinto, Presidente da União Democrática Nacional (UDN), 1964

É profundamente estranho que o senhor presidente da República atue mais como chefe de partido do que como supremo magistrado da Nação. Para manter-se a mística dos liderados, arquitetam-se, como nos regimes ditatoriais, motivações que instigam as massas a permanecer em clima de continuada tensão emocional, ante promessas ilusórias de reforma vazias de conteúdo pela falta de planejamento e ausência de sinceridade de seus objetivos.

Manifesto Das Classes Produtoras, março de 1964

Uma das desculpas mais esfarrapadas que a esquerda usa atualmente para desqualificar a necessidade de uma intervenção cívico-militar no governo de João Goulart é que a burguesia conservadora e a Igreja Católica fizeram uso de uma suposta irreal ameaça comunista, o “fantasma do comunismo”. A resposta mais usual de quem defende a intervenção é sobre uma ameaça comunista ter sido real, mas de uma forma tão vaga que acaba sendo um tiro pela culatra. Que ameaça era esta, finalmente? Apenas a subversão da disciplina militar? Isso não toca aos corações e mentes dos civis, principalmente na atualidade em que se transformam as FFAA em bandos de torturadores e antidemocratas. Parece-me mais produtivo mostrar que o fantasma era de carne e osso e já estava instalado em Brasília pelo próprio governo do inepto, incapaz e cúmplice Jango.

Recentemente João Vicente Goulart, filho do Jango, sugeriu que as reformas que seu pai pretendia implantar deveriam servir de material para reflexão atual. Seguindo seu conselho, e tendo na memória nitidamente em que consistiam estas Reformas de Base, pesquisei detalhadamente e exponho para os leitores refletirem.

Já em 4 de outubro de 1963 sob a alegação da crescente violência de fundo político e com as sucessivas ondas de greve, Jango e seus sequazes tentaram a decretação do Estado de Sítio num autogolpe, com a suspensão das liberdades civis, da inviolabilidade do lar e a férrea censura à imprensa e induziram os militares esquerdistas que apoiavam o governo a apoiá-los mesmo dia Jango enviou mensagem ao Congresso, solicitando a vigência da medida por 30 dias. Antes dista, Jango mandou prender o governador da Guanabara, Carlos Lacerda, que cometera apenas “delito” de opinião ao acusar o governo de favorecer o comunismo. O País amanheceria sob o impacto do fato consumado: Lacerda preso e o estado de sítio em plena execução, antes mesmo da sua votação pelo Congresso. Mas a ordem de prisão não foi cumprida, a reação popular e a impossibilidade de ser aprovada no Congresso a medida de exceção fizeram com que Jango retirasse o pedido 3 dias depois.

Em 20 de janeiro de 64 Jango assina a regulamentação da Lei de Remessa de Lucros, aprovada pelo Congresso em 61. Como é conhecido que “o capital é como o vento: só entra de onde pode sair”, os investimentos estrangeiros rarearam e a tendência era não haver mais nenhum em pouco tempo.

O governador do RS, Leonel Brizola, já havia expropriado a Bond and Share e aITT em 13 de maio de 1959. Criou a CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica) que ficou conhecida como Companhia Encarregada de Escurecer o Estado. A telefônica passou a se chamar demagogicamente Serviços Telefônicos Retomados (STR). A única cidade do Estado que continuou iluminada feericamente e com os telefones funcionando foi Pelotas, cuja Canadian Light & Power não foi estatizada. Em 29 de novembro de 1963 Brizola propôs a legalização dos Grupos dos Onze companheiros, ou “Comandos Nacionalistas”, organização guerrilheira que já existia no RS. Os objetivos desses grupos eram “organizar-se em defesa das conquistas democráticas de nosso povo e fazer resistência a qualquer tentativa de golpe, venha de onde vier. Pela instituição de uma democracia autêntica e nacionalista, pela imediata concretização das reformas, em especial das reformas agrária e urbana, e a sagrada determinação de luta pela libertação de nossa Pátria da espoliação internacional”.

As “Reformas de Base” eram um conjunto de medidas de caráter nacionalista xenófobo: limitou a remessa de capital para o exterior, nacionalizou empresas de comunicação, preparava-se a encampação das refinarias privadas de petróleo e decidia-se rever as concessões para exploração de minérios. Além desta haviam as reformas Educacional, Tributária, Urbana, Eleitoral (para analfabeto votar), Agrária (com a legalização das Ligas Camponesas de Francisco Julião expandindo-as de Pernambuco para o resto do País).

Para retirar o lençol e as correntes do “fantasma” e mostrar que era de carne e osso, basta mencionar dois Decretos já assinados e em via de implantação: o Decreto da Reforma Agrária e o da Reforma Urbana. O primeiro, de nº 53.700 foi assinado em pleno Comício da Central em 13 de março e decretava (apenas os trechos mais relevantes):

Art. 1º Ficam declaradas de interesse social para efeito de desapropriação, nos termos e para os fins previstos no art. 147 da Constituição Federal e na Lei nº 4.132, de 10 de setembro de 1962, as áreas rurais compreendidas em um raio de 10 (dez) quilômetros dos eixos das rodovias e ferrovias federais, e as terras beneficiadas ou recuperadas por investimentos exclusivos da União em obras de irrigação, drenagem e açudagem.

Art. 3º A Superintendência de Política Agrária (SUPRA), fica autorizada a promover, gradativamente, para execução de seus planos e projetos, as desapropriações das áreas situadas nas faixas caracterizadas neste decreto, tendo por fim realizar a justa distribuição da propriedade, condicionando seu uso ao bem-estar social, e visando especialmente:

a) o aproveitamento dos terrenos rurais improdutivos ou explorados antieconomicamente

b) a fixação de trabalhadores rurais nas áreas adequadas à exploração de atividades agropastoris

c) a instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja exploração não seja obedecido plano de zoneamento agropecuário que vier a ser fixado pela SUPRA

d) o estabelecimento e a manutenção de colônias, núcleos ou cooperativas agropecuárias e de povoamento

e) a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e de reservas florestais.

§ 1º A SUPRA poderá, em cada caso, alegar urgência das referidas desapropriações, para efeito de prévia imissão de posse, nos termo do artigo 5º e seus parágrafos do Decreto-lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941, alterado pela Lei nº 2.786, de 21 de maio de 1956.


Todas as terras assim definidas seriam encampadas, tornar-se-iam propriedade estatal para posteriormente cede-las a “camponeses sem terra”.

O da Reforma Urbana, de nº 53.702 foi assinado no dia seguinte e previa:


Art. 1º Ficam tabelados os aluguéis de imóveis e respectivo mobiliário em todo o território nacional, que se acham atualmente desocupados ou que vierem a vagar, de acordo com os itens seguintes: previa o tabelamento pode nº de peças. P. ex.: aluguel de um quarto: até 1/5 do salário mínimo local aluguel de habilitação de quarto e cozinha ou quitinete: até 2/5 do salário mínimo local (e assim por diante)


Art. 3º O Comissariado de Defesa da Economia Popular fará o levantamento dos prédios desocupados para observância do disposto no art. 9º VI, da Lei 1.521, de 26-12-1951, em virtude do qual constitui contravenção ter prédio vazio por mais de 30 (trinta) dias, havendo pretendente que ofereça como garantia de locação importância correspondente a três meses de aluguel.


Parágrafo único. Verificada a contravenção de que trata este artigo o processo será encaminhado às autoridades policiais competentes para formação de ação criminal para aplicação da pena de prisão simples de 5 (cinco) dias a seis meses e multa de 1 a 20 mil cruzeiros.


Art. 8º O Comissariado de Defesa da Economia Popular e as Delegacias Policiais competentes fiscalizarão a execução do presente decreto, que entrará em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em contrário.


Tabelavam-se também as diárias dos hotéis e pensão: deverão ser ajustadas a requerimento do interessado, dentro de 30 (trinta) dias, de modo que cubram as despesas e inversão de capital com lucro não excedente de 20% anuais.


Fantasma? Ou o processo de comunização já era realidade? O movimento cívico-militar foi “preventivo” ou reativo não a ameaças, mas a processos já em andamento acelerado?

Caros leitores: era o fim da propriedade privada decretada pelo próprio João Goulart, não era uma ameaça comunista para o futuro. Muito além do que Marx preconizava, apenas o fim da propriedade privada dos meios de produção, mas até mesmo dos seus lares. Quem quiser ver em que isto daria basta ler (ou ver o filme) Doutor Jivago, de Bóris Pasternak, ou aprender com o que está acontecendo atualmente na Venezuela: Maduro acaba de lançar um decreto sobre aluguéis que nada deixa a desejar ao de Jango.

Este artigo é dedicado a todos os idiotas úteis que acreditam em fantasmas.




Fonte: Midia Sem Máscara

Lula compara Dilma a Jesus Cristo.








por Luciana Marques, de Garanhuns




Durante comício em Garanhuns (PE), o presidente Lula exagerou: associou a candidata Dilma Rousseff a Jesus Cristo. “Essa mulher foi barbaramente torturada. Não existe nada mais grave que o ser humano possa fazer com o outro do que torturar. Vocês sabem porque Jesus Cristo foi torturado”, declarou.

Segundo o presidente, a petista não guardou mágoa dos torturadores. “Cicatrizes no corpo dela certamente já sararam. Mas o que é mais fantástico é que sararam a alma dela e a consciência dela”. Lula também disse que confia em Dilma para tudo: “Essa é uma mulher que eu daria um cheque em branco, essa é uma mulher que eu daria meu carro para fazer uma viagem”.

Lula diz que Dilma foi torturada, assim como Jesus Cristo (Foto: Cristiano Mariz)

O presidente exaltou ainda o fato de uma mulher ser presidente.“Pode pegar o mundo animal: quem domina o macho em qualquer circunstância é a fêmea”, afirmou. Sobre o setor energético, Lula disse que se Dilma fosse ministra no tempo de Fernando Henrique Cardoso não teria havido apagão no país. A candidata foi ministra de Minas e Energia no governo Lula. O presidente terminou o discurso como de costume em comícios: “Um grande abraço e até a vitória no dia 3 de outubro”.



Fonte: Veja


O PIOR IMBECIL É AQUELE QUE ACREDITA NAS PRÓPRIAS IMBECILIDADES QUE DIZ.

domingo, abril 13, 2014

Um comunista incapaz de reler o próprio livro.








Título original do artigo de Percival Puggina: Galeano diz que realidade mudou e que não releria seu livro mais conhecido




O escritor e jornalista uruguaio, Eduardo Galeano, disse nesta sexta-feira, em Brasília, que não voltaria a ler As Veias Abertas da América Latina, seu livro mais conhecido. Galeano, que venceu vários prêmios internacionais e teve obras traduzidas em diversos idiomas, ficou conhecido como defensor de propostas contestadoras e é frequentemente associado a ideias polítcas de esquerda

“Eu não seria capaz de ler o livro de novo. Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é pesadíssima. Meu físico não agüentaria, eu cairia desmaiado”, brincou Galeano, de 73 anos. "Em todo o mundo, experiências de partidos políticos de esquerda no poder às vezes deram certo, às vezes não, mas muitas vezes foram demolidas como castigo por estarem certas, o que deu margem a golpes de Estado, ditaduras militares e períodos prolongados de terror, com sacrifícios humanos e crimes horrorosos cometidos em nome da paz social e do progresso", declarou o escritor. "Em alguns períodos, é a esquerda que comete erros gravíssimos”, completou. 

Ainda sobre As Veias Abertas da América Latina, Galeano explicou que a obra foi o resultado da tentativa de um jovem de 18 anos de escrever um livro sobre economia política sem conhecer devidamente o tema. “Eu não tinha a formação necessária. Não estou arrependido de tê-lo escrito, mas foi uma etapa que, para mim, está superada”, confessou. 

Autor internacional homenageado pela 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura que começou nesta sexta-feira, em Brasília, o escritor disse que, embora algumas das questões abordadas nesse livro continuem “se desenvolvendo e se repetindo”, a realidade mundial mudou muito desde que a obra chegou às livrarias. Hoje, Galeano confessa que não tem interesse em reescrevê-lo ou atualizá-lo. “Meus espaços de penetração na realidade cresceram tanto fora, quanto dentro de mim. Dentro de mim, eles cresceram na medida em que eu ia escrevendo novos livros, me redescobrindo, vendo que a realidade não é só aquela em que eu acreditava”, ressaltou o escritor. 

“A realidade é muito mais complexa justamente porque a condição humana é diversa. Alguns setores políticos próximos a mim achavam que tal diversidade era uma heresia. Ainda hoje há sobreviventes dessa espécie que acham que toda a diversidade é uma ameaça. Por sorte, não é. Ou seria justa a exigência do sistema dominante de poder que, em escala mundial, nos obriga a uma eleição muito restrita, ridiculamente mesquinha, e nos convida a elegermos como preferimos morrer: de fome ou de aborrecimento”, detalhou Galeano. 

Escritor não vai entrar para a política 

O escritor negou a intenção de concorrer a uma vaga no Parlamento uruguaio, o que chegou a ser anunciado pela imprensa local. Galeano disse que não serve para a carreira política. “Minha única ambição é ser um escritor capaz de reproduzir a esperança, a razão e a falta de razão deste mundo louco que ninguém sabe para onde vai. Ser capaz de entrar nessa realidade que parece ser incompreensível. Isso é algo muito difícil que já me consome todo o tempo". 

Acusando o cansaço da viagem ao Brasil, o escritor evitou responder a algumas perguntas, como o que achava das manifestações populares que tomaram as ruas brasileiras em junho do ano passado; sobre as críticas à realização da Copa do Mundo no Brasil – "este é um tema muito delicado, sobre o qual não é possível se manifestar tão facilmente" – e sobre a persistência de muitas das mazelas apontadas em As Veias Abertas da América Latina.

Galeano falou bem do presidente uruguaio José Mujica e brincou com o episódio em que o falecido presidente venezuelano Hugo Chávez presenteou o presidente norte-americano Barack Obama com um exemplar de As Veias Abertas da América Latina. “Chávez teve a melhor intenção do mundo, mas deu a Obama um livro escrito numa língua que o presidente norte-americano não conhece. Isso foi um gesto generoso, mas também cruel”. 

Sobre outra de suas paixões, o futebol, preferiu não arriscar um prognóstico para a Copa do Mundo. “Não acredito nos profetas. Nem nos bíblicos, que dirá nos esportivos. Assim, o melhor é calar a boca e esperar", concluiu. 

sábado, abril 12, 2014

Celso Daniel.















POR Ucho Haddad




Crime Organizado - Secretario-Geral da Presidência da República e defensor de UMA guerra social Como Solução Para a permanencia do PT Localidade: Não Poder central, Gilberto Carvalho jamais convenceu, sacristãs com SUAS baboseiras, sobre a morte de Celso Daniel, entao Prefeito de Santo André e que foi brutalmente assassinado o o Porque discordou da forma com o Partido arrecadava Propinas na Cidade e da destinação dada AO DINHEIRO.

Durante Audiência pública na Comissão de Segurança Pública e Crime Organizado da Câmara dos Deputados, na quarta-feira (9), Carvalho FOI duramente interpelado Pela Deputada Federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), Opaco vivenciou o Esquema Criminoso e truculento Que se instalou los Santo André, com a aquiescência do ágora TODO-Poderoso do Palácio do Planalto.

Em SUA Fala, Gabrilli acusou Gilberto Carvalho de Serviços o arrecadador da propina cobrada de Empresários de Ônibus los Santo André. "O senhor Semper FOI conhecido Como O Homem do Carro Preto", Disse um secretario Deputada AO da Presidencia. "Era hum que Pessoa Realmente pegava ESSA Coleta de Dinheiro extorquido de Empresários e levava par o capo, era conhecido Como o José Dirceu. ISSO eu nao li. ISSO eu vivenciei " , completou Mara Gabrilli.

Um Momento Parlamentar los Sândalo Falto com a Verdade los SUA corajosa Participação na Audiência Pública, Tendo, inclusive, afirmado Que o Seu pai, à Época dono de UMA Empresa de Ônibus na Cidade do ABC paulista, era extorquido mensalmente "por UMA ganga" , Referência AO Grupo comandado, Segundo a Deputada, POR Klinger de Souza (subsecretário de Celso Daniel), Ronan Maria Pinto (atualmente dono Fazer Diário do Grande ABC) e Sérgio Gomes da Silva, o "Sombra", acusado Pelo Ministério Público paulista de Serviços Fazer o mandante do crime.




Mara Gabrilli ter esquecido PODE, TALVEZ Localidade: Não tenha vivenciado OS Fatos, MAS UMA Coleta era Fazer Dinheiro da propina Feito regularmente POR PESSOAS Opaco chegavam Como empresas de Ônibus a bordo de hum Carro preto. ISSO Fora, arrecadadores de Sistema Operacional, DEPOIS de acomodados na sala Onde se dava o Pagamento, colocavam armas de fogo sobre a UMA mesa, EM clara intimidatória Atitude.

O Esquema Criminoso Que se alastrou era POR Santo André Tão acintoso, Opaco PESSOAS de Confiança dos marginais Que estavam na Prefeitura da Cidade passaram a trabalhar NAS empresas de Ônibus, Condição Parágrafo Opaco Como mesmas pudessem funcionar SEM QUALQUÉR Problema. ESSES prepostos da bandidagem ERAM CRP Obrigados Localidade: Não apenas hum Controlar o Movimento Financeiro das Empresas, MAS também cobrar propina de Terceiro Opaco pretendiam vender Produtos UO Serviços PRESTAR AOS Empresários FAZEM Setor.

Celso Daniel foi sequestrado DEPOIS de Sair de hum restaurante na capital paulista. Levado Para O Cativeiro, EM Cidade da Grande São Paulo, Onde FOI brutalmente torturado, o entao Prefeito FOI ENCONTRADO Morto los UMA estrada vicinal de Juquitiba, Cidade à beira da Rodovia Régis Bittencourt.

O petista Só Teve hum FIM trágico o o Porque discordou da forma descontrolada Como UMA propina Vinha Sendo cobrada dos Empresários da Cidade. Fora ISSO, Celso Daniel se desentendeu com alguns companheiros de legenda POR Causa da destinação que era dada AO DINHEIRO imundo, Que los tese serviria par Financiar UMA Campanha presidencial de Lula, EM 2002, mas acabou Sendo Utilizado na Compra de luxuosas casas de Veraneio los Cidades conhecidas HÁ entorno da capital paulista.

Localidade: Não Custa lembrar Que o gerente Financeiro do Mensalão do PT, Marcos Valério Fernandes de Souza, afirmou los depoimento que foi PROCURADO POR PESSOAS ligadas AO PT, Como cais cais Quais d'Orsay d'Orsay exigiram R $ 6 milhoes de parágrafo interromper a Investigação da morte de Celso Daniel Opaco Vinha Sendo Feita POR UM Órgão de Imprensa.

Como Gravações Telefônicas Fazer Caso, divulgadas à Época com Exclusividade Pelo ucho.info, PROVAM Que o Esquema de cobrança de propina Saiu Fazer Controle, tendão se transformado em Ação Típica de Grupos mafiosos Opaco Localidade: Não Medem consequencia de alcançar parágrafo SEUS Objetivos. Meses apos UMA morte de Celso Daniel, Contas Bancárias Localidade: Não misteriosas registraram movimentações externas, SEM Opaco Como autoridades tenham solicitado Informações sobre o Caso a autoridades Internacionais.

Confira abaixo OS principais Trechos das Gravações Telefônicas Fazer Caso Celso Daniel, divulgadas à Época com Exclusividade Pelo ucho.info. Em UMA delas, o Atual Ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Ivone Santana tratam a morte de Celso Daniel com frieza. 

quinta-feira, abril 10, 2014

A frustração dos israelenses.



por Osias Wurman(*) (publicado em O Globo-Quinta-feira, abril 10, 2014 - Pág. de Opinião)

A pergunta que não cala: estão os palestinos verdadeira e sinceramente com vontade de atingir a paz com Israel?




O texto de Rasheed Abou-Alsamh “A frustração dos palestinos”, publicado no GLOBO, no dia 4 de abril de 2014 (texto abaixo em azul), reflete, lamentavelmente, o extremismo de alguns setores anti-israelenses. Utilizar expressões como “nazistas” ou “apartheid” é totalmente repugnante e inaceitável, e seu único objetivo é dar continuidade ao cultivo do ódio, incitando à violência e ao enfrentamento.

O Estado de Israel é a única e verdadeira democracia no Oriente Médio. Parece-nos que, cada vez que os palestinos chegam a uma encruzilhada, onde é necessário tomar decisões importantes e, muitas vezes, difíceis, eles preferem dar um passo para trás e deixar passar mais uma oportunidade de alcançar um acordo com Israel.

Nos idos de Yasser Arafat, que precedeu Mahmoud Abbas na presidência da Autoridade Palestina, analistas internacionais especializados nos temas do Oriente Médio diziam que “Arafat nunca perdeu a chance de perder uma chance”.

Assim foi, com governos israelenses de tendência política de direita e de esquerda. Os palestinos viveram o período anterior a 1967, quando não existiam assentamentos, e Jerusalém Oriental, bem como a Cisjordânia, era ocupada pela Jordânia, e nunca desejaram encontrar uma paz verdadeira com Israel, usando os argumentos que estavam “na moda” à época.

Desta vez, quando estávamos a ponto de avançar em uma etapa das conversações de paz, os palestinos decidiram abandonar o diálogo pelo caminho das decisões unilaterais, conduzindo assuntos através da ONU.

As pesquisas de opinião sempre demonstraram amplamente que o povo de Israel quer a paz. O governo de Israel busca a paz. Israel demonstra agora, como já mostrou muitas vezes no passado, abertura, flexibilidade e disposição para fazer muitas concessões objetivando à paz. Porém, como sabemos, para isso, são necessárias abertura e flexibilidade da parte palestina também.

A pergunta que não cala: estão os palestinos verdadeira e sinceramente com vontade de atingir a paz com Israel? Estão eles abertos a reconhecer Israel como o lar nacional do povo judeu? Estarão dispostos a deixar, definitivamente, o caminho da violência e do terrorismo?

A tendência refletida no artigo de Rasheed Abou-Alsamh, que lança todas as culpas da situação dos palestinos contra Israel, e terceiros, precisa ter um fim.

Vale lembrar que hoje os palestinos de fato têm dois Estados: um da Autoridade Palestina, liderado por Mahmoud Abbas, e outro na Faixa de Gaza, controlada pelo grupo terrorista Hamas. Está na hora de os palestinos começarem a pensar em termos de paz e de convivência pacífica e que, de uma vez por todas, deixem para trás a cultura de ódio e de ressentimento contra tudo e todos. É importante repetir que Israel quer a paz. Israel busca a paz. Israel está disposto a fazer muitos sacrifícios para chegar à paz.

Irão deixar os palestinos passar mais esta nova chance?


(*)Osias Wurman - é consul honorário de Israel no Rio de Janeiro







por Rasheed Abou-Alsamh (publicado em O Globo em 4/04/2014)


Exigências israelenses não deixam dúvida de que o seu atual governo não quer ver um Estado palestino viável ao seu lado

A interrupção das negociações de paz entre os israelenses e os palestinos esta semana se deu quando o presidente palestino Mahmoud Abbas — frustrado com a não libertação de um último grupo de prisioneiros palestinos por Israel — assinou papéis pedindo a adesão do Estado da Palestina a 15 agências da ONU e tratados internacionais, incluindo as convenções de Viena e Genebra. Com isso, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, o mediador das negociações, cancelou sua ida a Ramallah e voou para Bruxelas.

Mas foi também o anúncio por Israel que tinha relançado uma licitação para a construção de 708 casas em um bairro de Jerusalém Ocidental, que é considerada ocupada e anexada, que forçou a reação palestina. Os palestinos tinham aceitado adiar o pedido de admissão para essas entidades internacionais por nove meses. Israel teme que os palestinos o critiquem, mas Abbas disse que eles tinham que reagir ao anúncio israelense.

Com essa última rodada de troca de acusações e ações unilaterais, muitos já estão tocando o sino do fim desse último período de negociações que somente começou em julho de 2013 depois de estar parado por cinco anos. Eu acho cedo para anunciar o fim das tentativas de negociar um acordo final para o estabelecimento de um Estado da Palestina, livre e independente, dentro da Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967, e a Faixa de Gaza. Os maiores obstáculos são o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e sua coalizão de partidos ultraconservadores e nacionalistas, que insistem que os palestinos reconheçam Israel como um Estado judeu, que renunciem à sua reivindicação histórica de que a parte leste e árabe de Jerusalém seja a capital do Estado palestino e que Israel possa deixar tropas na Cisjordânia por tempo indeterminado.

Ora, essas exigências israelenses não deixam dúvida de que o seu atual governo não quer ver um Estado palestino viável ao seu lado. Os levantes da Primavera Árabe nos últimos três anos e o confronto do Ocidente com o programa nuclear do Irã têm tirado o foco do mundo do conflito israelense-palestino. Mas o Estado de Israel nunca vai ser seguro enquanto não resolver a questão palestina. Como, eu pergunto, os judeus de Israel, que interminavelmente evocam as atrocidades cometidas contra eles pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial na Europa, podem tratar os palestinos na Cisjordânia como cidadãos de segunda categoria com pouquíssimos direitos civis, políticos ou econômicos? Esse apartheid israelense está corroendo a alma do Estado judeu, que é supostamente liberal, progressista e democrático. Talvez seja, mas somente por cidadãos israelenses que são judeus.

O presidente americano Barack Obama deu luz verde a John Kerry para botar a possível libertação do espião americano Jonathan Pollard na mesa de negociação com os israelenses. O pensamento é que, com isso, Netanyahu poderia soltar ainda mais prisioneiros palestinos, incluindo 400 mulheres e crianças, sem ser muito criticado pela opinião pública israelense, que não tem visto a libertação de palestinos presos em Israel com bons olhos. Mas é um erro oferecer Pollard aos israelenses. Ele já vai poder pedir sua liberdade provisória em 2015, e toda a comunidade de inteligência americana tem ficado irredutível quanto ao presidente americano perdoar Pollard desde os anos 1980, por causa dos milhares de páginas de segredos militares que ele vendeu para Israel e outros países. Em todo caso, Netanyahu tem sempre pedido muito mais dos americanos quando lhe é oferecida uma recompensa para um ato que adianta as negociações.

Eu acho que Abbas e Kerry são sinceros em querer avançar as negociações para um acordo final que veria as fronteiras de Israel, com um estado palestino, definidas. Infelizmente, Obama não parece ter muita paciência com os dois lados, e Netanyahu não leva a sério o processo. Mesmo assim, não podemos ser tomados pelo desespero. Uma solução justa para os dois lados é o único caminho para um Oriente Médio mais seguro e equitativo para todos. Mas também não podemos nos manter parados em negociações sem fim, e ficar falando só para falar. Talvez seja tempo de introduzir um negociador além dos EUA, que nunca escondeu sua predileção por Israel. Um interlocutor europeu talvez seja a solução.

terça-feira, abril 08, 2014

Desabafo no Facebook.








Falando em livrarias, notei que há umas 3 semanas estão desesperados tentando vender um especial "50 ANOS DO GOLPE MILITAR, QUE COLOCOU A DITADURA MAIS BRUTAL, SANGUINÁRIA, VIOLENTA, CARNICEIRA, COMEDORA DE CRIANCINHAS E INIMIGA DA ESQUERDA ANGELICAL NO PODER PELOS MILITARES FASCISTAS FINANCIADOS PELA CIA ESTADUNIDENSE", muito bem, muito bem, aquela papagaiada em moto perpetuo que ouvimos sempre de nossos professores trotskystas que parecem uma vitrola com disco do Vandré riscado causando looping infinito até que se torne verdade. Mas vem cá, tem ALGUMA COISA sobre a ditadura que você ainda não saiba? Você, que é um cara culto, fodão, fez faculdade pública (logo, vamos admitir de uma vez, é meio riquinho classe B pra cima) e cursinho e estudou História e lê a "Folha-se" - seja um cara mais prog ou um cara mais coxinha?


Porque, sério, a ditadura que matou em 21 anos menos do que Che Guevara matou sozinho em um ano, a ditadura anos de chumbo que em duas décadas legou um saldo de mortos de 1% (sem brincadeira) do que o índice de homicídios de um aninhozinho de merda do PT no poder, tem mais livros a respeito dela do que, sei lá, gente que ela matou, perseguiu, torturou, prejudicou (e depois alçou ao poder total com pompas de "lutei contra a ditadura", sem nunca dizer que lutou a favor de OUTRA ditadura incontavelmente pior).

Tem livro sobre a ditadura, sobre a crítica da ditadura, sobre o revisionismo da ditadura, sobre os anos de chumbo da ditadura, sobre os militares na ditadura, sobre os civis na ditadura, sobre os papagaios na ditadura, sobre os ditadores na ditadura... e parece que a produção cultural brasileira parou ali, antes do Fifi. Sério, tem algum livro de literatura decente no Brasil hoje? Alguma coisa que não seja "sobre a ditadura"? Parece que tem Alexandre Soares Silva e Cristóvam Tezza, não sei se alguém mais escreve sobre nossa realidade - e a ditadura já acabou há mais tempo do que ela durou.

O melhor é livro sobre a "ânsia da classe média por soluções autoritárias" na ditadura. Já ouviu falar em gente que vota no PT, fio? Já ouviu falar de gente que VOTA num partido que expulsa jornalista gringo, mata dois prefeitos do próprio partido, quebra sigilo de caseiro pra evitar denúncia e não tem um FILHA DUMA DILMA na blogosfera financiada para lutar pelo pobre contra o rico da equação, num partido que escangalha a Petrobras (sério, TENTE falir uma petrolífera; TENTE; sei lá, queime petróleo, rasgue dinheiro, mande as paredes dos escritórios serem pintadas pelo Romero Britto, sei lá, você não vai CONSEGUIR falir uma petrolífera), depois de anos falando "nossa, que horror, querem tucanar a Petrossauro, já pensou que horror será pro brasileiro?", um partido de Marco Civil da Internet, de Controle Social da Mídia, de blogosfera progressista, amigo de Chávez, de Fidel Castro, de Maduro, de Ahmadinejad, que chama Kadafi de "meu amigo, meu irmão, meu líder", que tentou abrir embaixada em Pyongyang... nooooooooossa, mas a classe média coxinha, essa é autoritaríssima, cara, você não viu as velhinhas saudosas da ditadura chamando o golpe militar de "revolução"?! Um pe-ri-go para o país!!

Aí eu vejo que somos mesmo de um capirismo atroz - você fala pro brasileiro sobre as verdadeiras ditaduras do mundo nas décadas de 60 e 70, fala de Primavera de Praga e o cara nem sabe do que você tá falando, fala de Ceaușescu e ele acha que era algum patinador, fala de Pol-Pot e ele diz "eu não gosto de nenhuma ditadura" como se você estivesse falando de coisas equivalentes e da mesma categoria, e a única solução possível mesmo é falar, meu, sério, vai estudar com algum historiador minimamente menos mongolóide do que Hobsbawm ou esses lixos de História do Brasil porque, sério, vocês ainda não sabem NAAAAAAAAAAAAAAAAAADA sobre o séc. XX.

E falta coisa na ditadura. Não é revisionismo, mas dá pra falar de muita coisa que as pessoas ainda não sabem. Por exemplo, que a tal Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi TRAÍDA pelos militares, já que o prometido era eleição no ano seguinte e Carlos Lacerda seria presidente facinho e esse país aqui seria coisa séria, não "nossa, mas o Lula tirou 200 milhões de brasileiros da miséria absoluta e hoje estão todos operando na Bolsa e somos igual Singapura com 10% de milionários, enquanto FHC vendeu as teles e nosso minério, hoje em dia não temos telefone". Quem vai contar isso pro povão e pros intelectuerdas de Facebook?

Ou que tal alguma ficção realmente gente grande? Sei lá, uma biografia de Che Guevara vindo pra cá conversar com o Jânio Quadros, aí o Jânio admite que tá dando medalha pra ele só pra sacanear, Che dá uma olhada pelo Brasil industrial e urbano e fala: "putz, banho, aqui é tomável", aí ele se aproxima de um caboclo líder estudantil (a segunda pior profissão do mundo depois de degustador de esperma - ou, sei lá, talvez a pior mesmo) que na época estava do mesmo lado dele, José Serra, e os dois começam a ver que esse papo de comunismo é o cacete, aí o Che vem pro Brasil e funda o PSDB junto com o Serra e eles mandam esse papinho de DCE pra PQP e hoje estariam todos do PSOL "nem sou tão radical assim, veja o PCO" xingando muito no Twitter que Che Guevara é fascista, interventor, colocou a PM na reitoria da USP, que é um braço direito (sic) de José Serra, que precisamos de um DCE livre democrático representativo para os estudantes e, claro, estariam pedindo cota contra a dupla anti-estudantes Serra e Che, esse racista de merda elitista que só favorece a burguesia e manda prender os líderes estudantis degustadores de esperma da década de 2010 porque é homofóbico e ditador e somos todos presos políticos da reitoria.

Tão vendo, gente? Não precisa de grandes volteios imaginativos e genialidade, dá pra inventar o roteiro inteiro enquanto faço uma piadinha de merda no Facebook. Sei lá, custa tanto assim virar a página, ver que precisamos falar de uma caralhada de coisas do Brasil e do mundo que não se resumem a "classe média fascista quer impedir o comunismo e os militares só pensam em poder, e um mito bobo de olavete acreditar que o comunismo é uma ameaça no Brasil, portanto vamos votar nos comunistas contra a classe média católica branca coxinha"?

Claro, vi que todos os livros da ditadura fazendo coleção nas livrarias estão rigorosamente, como dizer?, ENCALHADOS. Passou a semana passada inteira, com todas as revistas falando "MEIO SÉCULO DO GOLPE QUE MUDOU O BRASIL E NOOOOOOSSA SE VOCÊ NÃO TÁ ATUALIZADO DAS ÚLTIMAS DESSE GOLPE VOCÊ NÃO É INFORMADO" e todo mundo pouco se fodeu bonito, não teve salva de tanques explodindo sede do PT no Exército, teve um bate-boca entre Bolsonaro e uns cubanófilos que "nossa, calaram a boca do Bolsonaro, esse homofóbico terrível, ainda bem que só gostam do Fidel Castro" e o resto foi só "é, então, um dia como qualquer outro".

Talvez meio século depois vocês entendam que o Muro de Berlim caiu, que o problema do mundo se chama KGB e não imperialismo estadunidense (não me lembro de ele ter invadido a Criméia nos últimos anos) e que, afinal, existe mais coisa no mundo além de "ditadura militar e sua classe média saudosista torturadora fascista".