quarta-feira, novembro 30, 2016

O enigma da corrupção


por Roberto Rachewsky


Privilégios são concessões oferecidas pelo governo para favorecer determinados indivíduos em detrimento dos direitos dos demais que ficariam impedidos de atuar numa determinada atividade ou num determinado mercado.

Direitos são princípios morais que têm como finalidade permitir que indivíduos possam agir livremente para garantir sua vida e sua propriedade, tornando possível almejar a felicidade através da realização dos propósitos que cada um escolheu para si.

Liberais consideram o direito à vida e seus derivados, o direito à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade, direitos inalienáveis, que ninguém pode tirar.

Obviamente, nenhum direito pode ser exercido de maneira a violar os mesmos direitos dos demais.

É por isso que se defende que, em um contexto social, todos os indivíduos devem ser iguais perante a lei, gozando dos mesmos direitos, sem que seja concedido a ninguém qualquer privilégio.

O enigma da corrupção desafia-nos a diferenciar se o agente corruptor está agindo para obter um privilégio ou garantir um direito.

Há sim uma diferença substancial entre a natureza e o propósito da ação daqueles que agem para obter privilégios através da corrupção e dos que querem garantir o exercício de um direito inalienável. Agir para garantir privilégios é imoral. Agir para exercer um direito é moralmente legítimo.

O que é comum em ambos os casos é o poder intervencionista do governo que pode tanto conceder privilégios para uns, como pode também violar os direitos de outros.

Num livre-mercado, onde não seria necessário pedir-se permissão para o governo para se exercer um direito, o governo teria apenas o poder de reagir contra aqueles que violam os direitos alheios.

Quando o governo deixa de reagir contra os violentos, por inépcia ou por corrupção, está concedendo privilégios para aqueles que se utilizam da violência para prevalecer.

No livre-mercado, o governo deve atuar exclusivamente como árbitro, com o intuito de reagir à violência .

Num mercado onde o governo pratica a violência ao intervir, negando direitos e concedendo privilégios, é comum que se forme uma névoa que nos impede de determinar, com certeza, quem age moralmente e quem não.

Esse é o enigma da corrupção, que propicia aos criminosos violentos, de dentro e de fora do governo, serem confundidos com suas vítimas inocentes que têm seus direitos violados por quem quer viver de ganhos imerecidos amealhados através da corrupção.

Publicado originalmente em: “Zero hora”.


Fonte: institutoliberal.org.br


terça-feira, novembro 29, 2016

Governo Cubano confessa: Socialismo é pobreza









Itens que para nós são triviais, para os cubanos são artigos de luxo.
por Juan Ramón Rallo





Que Cuba se tornou um país paupérrimo após 57 anos de socialismo é algo que qualquer pessoa pode intuir ao simplesmente analisar os fluxos migratórios: durante os últimos 50 anos, mais de um milhão de pessoas (cerca de 10% da população da ilha) se lançaram desesperadamente ao mar, utilizando qualquer coisa que flutue, correndo o risco de ser devoradas por tubarões, apenas para escapar deste macro-presídio político e econômico.



Isso, e apenas isso, já bastaria para se ter uma noção das condições de vida na ilha-presídio.



No entanto, certamente esses exilados não comovem os defensores do regime, os quais sempre rápidos em rotulá-los como "ratos traidores", "burgueses", "elite privilegiada" e "inimigos do povo", seguindo ordens de seu admirado gerontocrata multimilionário.

Sendo assim, convém analisar as reais condições de vida (após quase 60 anos de revolução) em Cuba utilizando os números divulgados pelo próprio regime. Isto é, analisemos como se vive em Cuba segundo as próprias estatísticas da ditadura castrista.

De acordo com o Anuário Estadístico de Cuba 2014, o salário médio mensal no país, que era 455 pesos cubanos em 2011, subiu para 584 pesos cubanos em 2014. 

Porém, qual o valor de um peso cubano? Para os turistas, e exclusivamente para os turistas, um peso cubano conversível vale um dólar. Isso significa que o turista que chega com um dólar é obrigado a trocá-lo por um peso cubano. Mas, para os habitantes da ilha, que não têm acesso a esse mercado controlado pelo governo, o câmbio é outro: atualmente, 26,5 pesos cubanos equivalem a um dólar.

Ou seja, o salário médio em Cuba equivale a 22 dólares mensais — ou R$ 75 mensais; enquanto isso, no Brasil, o salário médio nominal está em R$ 2.231.

Os salários médios mais baixos estão na indústria hoteleira (377 pesos cubanos, ou R$ 49) e os mais elevados estão na indústria açucareira (963 pesos cubanos, ou R$ 124). Os salários do setor educacional são inferiores à média (527 pesos cubanos, ou R$ 68) e os do setor de saúdes, superiores (712 pesos cubanos, ou R$ 92).

Logo, quem trabalha na indústria hoteleira recebe US$ 14,20 mensais e quem trabalha no setor educativo, menos de US$ 20 mensais. 

E vale ressaltar que estes são os salários médios de cada setor: ou seja, há muitos cubanos recebendo valores consideravelmente menores do que esses.

Isoladamente — dirão os defensores do regime — tais dados talvez não sejam demasiadamente informativos. Talvez — dirão eles — os preços em Cuba sejam tão baixos, que um cubano médio pode viver estupendamente bem com pouco mais de 20 dólares por mês.

No entanto, é óbvio que isso não procede. E, por sorte, não é nem necessário especularmos sobre como são os preços dos bens na ilha; o próprio governo castrista já faz esse serviço para nós. Dado que a imensa maioria dos preços é completamente controlada pelo governo, podemos saber em primeira mão quanto custam determinados produtos básicos recorrendo às resoluções do Ministerio de Finanzas y Precios, que é o órgão que estipula os preços dos bens de consumo em Cuba.

Sendo assim, de acordo com a resolução 95/2014, um pedaço de pão de 130 gramas custa 3,25 pesos cubanos. Já uma dúzia de ovos custa, segundo a resolução 61/2011, 13,2 pesos cubanos. Um quilograma de leite em pó, segundo a resolução 165/2014, custa 175 pesos. Uma lata de extrato de 440g de tomate custa 8,1 pesos (resolução 38/2013). Um quilo de peito de frango custa 119,25 pesos. E um litro de iogurte natural, 29,15 pesos (resolução 214/2012).

Ou seja, o salário médio da população cubana — atenção, estamos falando do salário médio de toda a população (que no Brasil é de R$ 2.231) e não apenas de um salário mínimo — permite que ela adquira, mensalmente, 20 pedaços de pão, três dúzias de ovos, um quilograma de leite em pó, dez latas de extrato de tomate, um quilo de frango e um litro de iogurte natural.

Prosperidade em estado puro.

No entanto, é claro que nem só de alimentos básicos vive o homem. Sendo assim, convém conhecer os preços de outros bens que, no Ocidente, já são considerados essenciais: uma caixa de fósforos custa 1 peso (resolução 51/2013); uma mensagem de texto de celular (o SMS) chega a 2,3 pesos, e uma hora de internet custa 53 pesos (preços oficiais da empresa estatal ETECSA cotados em "peso cubano conversível", o qual vale um dólar).

Já uma saboneteira custa 75 pesos (resolução 80/2011). Um creme dental, 4 pesos (resolução 78/2014). Um tambor de detergente de 2,5 quilogramas, 119 pesos. Um aparelho de rádio, 321 pesos. 

E uma televisão de 29 polegadas, 9.275 pesos (resolução 214/2012).

Vale enfatizar: uma televisão equivale a nada menos que 16 meses de trabalho.

Em suma, as condições de vida em Cuba são totalmente miseráveis. E não, não são miseráveis por causa do embargo americano, mas sim porque o socialismo gera pobreza. O embargo nunca impediu Cuba de transacionar com nenhuma empresa de outro país. Com efeito, as importações cubanas chegaram, em 2013, 6,72 bilhões de dólares (8,7% de seu PIB). 

Se Cuba não importa mais é simplesmente porque não exporta mais (para importar é necessário ou exportar ou atrair investimentos estrangeiros). E não exporta mais porque sua capacidade produtiva sob o socialismo é totalmente deficiente e porque seu governo não é receptível ao capital privado estrangeiro. Com exceções, as mercadorias produzidas em Cuba são incapazes de concorrer em qualidade e preço nos mercados ocidentais.

Cuba é pobre porque é socialista. E socialismo é pobreza.

Fonte: Mises.org.br


domingo, novembro 27, 2016

Morre o ditador Fidel Castro, o maior capitalista de Cuba







por Roberto Barricelli(*)

Um canalha que sempre viveu cercado de outros.




Enquanto Cuba empobrece às claras, o ditador Fidel Castro enriqueceu por negócios “obscuros”. Essa é a realidade da Ilha Prisão.

Como todo comunista que se preze, Fidel Castro adorava o comunismo, desde que fosse para o outros, pois para si só o melhor que o capitalismo pode proporcionar. Enquanto sempre pregou o comunismo para o povo, levando milhões à miséria, Fidel acumulou capital e viveu como um “burguês”. Mas no caso do ditador não bastava ser dono dos meios de produção, não, precisava ser dono da Ilha toda, ser o manda chuva.

Enquanto a pobreza é generalizada para a população, os produtos e serviços são ruins e caros, como os sucateados carros dos anos 50, Fidel andava de Mercedes-Benz e nas poucas aparições após “deixar o poder” sempre vestia Puma, Adidas ou até a “imperialista” Nike.



O que acabou em Cuba foi a possibilidade da existência de uma classe média, pois a elite apenas mudou dos empresários para os governantes. Uma elite branca, que governa a Ilha Cadeia com pulso firme. Foco na “elite branca” para não deixar cair no esquecimento o fato de que Ernesto Che Guevara, um dos (sic) heróis da revolução e maiores assassinos da história, era racista. Sim, ele inclusive disse que “o negro insolente e sonhador gasta seu dinheirinho em qualquer frivolidade ou diversão, ao passo que o europeu tem uma tradição de trabalho e economia”.

Mas voltemos ao Fidel Castro.

Enquanto o salário do médico cubano no máximo chega a US$41 na Ilha, nesses mais de 54 anos de “revolução” o capitalista Fidel Castro acumulou uma fortuna estimada em US$550 milhões, segundo a revista Forbes, publicação especializada.

Essa fortuna se deveu a negócios “controlados pelo Estado”, mas claro que “o Estado” era e é Fidel Castro. Entre eles o Palácio de Convenções, próximo a Havana, o conglomerado Cimex (varejista) e a empresa Medicuba, que comercializa vacinas e produtos farmacêuticos produzidos em Cuba.

Fidel acumula capital, enquanto o cubano comum acumula dívidas no mercado negro, dificuldades e pobreza.

Parte da fortuna advém também da produtora de rum Havana Club, que foi vendida por US$50 milhões à francesa Pernod Ricard. Esse dinheiro foi parar no bolso de Fidel Castro, apesar da empresa se “estatal”. A verdade é que todas as empresas “estatais” cubanas são mais privadas que qualquer outra e estão sob o controle dos Castro.

O que realmente é estatal em cuba? Os serviços públicos ruins e o cidadão, sim, este também foi estatizado e é tratado com grande desprezo. Atualmente o país ocupa a 59ª posição no Ranking Mundial do índice de Desenvolvimento Humano e segundo a OMS através do World Health Statistics 2013 caiu nas estatísticas de saúde para além da 40ª posição.

Mas Fidel continuava bem e consumindo os produtos importados, bons e mais baratos. Dizia ao mundo que Cuba tem a cura do câncer e o único ditador que se tratou lá dessa doença, morreu.

Mas o que importava para Fidel era continuar sendo sustentado pelos “amigos” bolivarianos, socialistas, comunistas e petistas com empréstimos polpudos feitos com o dinheiro do contribuinte desses países (como Brasil e Venezuela) e que provavelmente não voltarão. No caso da Venezuela, através da balança comercial, onde esta vendia petróleo mais barato em troca de médicos caros e níquel inflacionado.

No fim, Fidel vestia suas roupas importadas, sentava em uma poltrona confortável em sua mansão, tomava seu rum francês produzido em Cuba, ou um uísque importado, fumava seu charuto dominicano (que está melhor que o cubano) e relaxava, contando os dólares que engordam seu polpudo patrimônio.



(*)Roberto Barricelli é autor de blogs, jornalista, poeta e escritor. Paulistano, assumidamente Liberal, é voluntário na resistência às doutrinas coletivistas e autoritárias.

Nota: Artigo editado por Instituto Liberal, publicado originalmente como “Fidel – O grande capitalista” em 11 de dez de 2013.


sexta-feira, novembro 25, 2016

Eleições, hackers, segurança e legitimidade






por Bruce Schneier
Precisamos de procedimentos para avaliar alegações de urnas eletrônicas hackeadas.
Precisamos de um claro e robusto processo de auditoria de eleição.


Acabou. As eleições ocorreram normalmente. No momento em que escrevo, não há alegações significativas de fraude nem evidências críveis de que alguém tenha adulterado os registros de votação ou as urnas eletrônicas. (N. do E.: Na verdade, a pior fraude veio de Obama, conclamando os ilegais a votarem.) E, mais importante, os resultados não foram questionados por ninguém.

Apesar de podermos dar um suspiro coletivo de alívio, não podemos ignorar o problema e ficar esperando a próxima eleição. Os riscos permanecem.

Como os especialistas em segurança têm afirmado há anos, os nossos novos sistemas de votação computadorizados são vulneráveis a ataques tanto por hackers individuais como por hackers patrocionados por governos. É apenas uma questão de tempo antes que ocorra algum ataque.

Urnas eletrônicas podem ser invadidas, e as máquinas que não possuírem uma cédula de votação em papel que possa comprovar a escolha de cada eleitor podem ser invadidas de forma indetectável. Os registros de votação também são vulneráveis; todos eles são bancos de dados computadorizados cujas entradas podem ser apagadas ou alteradas para espalhar o caos no dia da eleição.

O sistema amplamente usado nos estados para a coleta e tabulação dos resultados de votação individual também é vulnerável. Apesar da diferença entre as vulnerabilidades teóricas talvez demonstráveis e um ataque real no dia da eleição ser considerável, nós tivemos sorte este ano. Não apenas a eleição presidencial está sob risco mas também as eleições estaduais e locais.

Para ser bem claro, não se trata de fraude por parte dos eleitores. Foi repetidamente demonstrado que o risco de pessoas inelegíveis votarem ou de pessoas votarem duas vezes é praticamente nulo e as “soluções” para esse problema são certamente medidas de supressão de eleitores. A fraude do sistema eleitoral, entretanto, é muito mais factível e muito mais inquietante.

Eis a minha preocupação. Um dia após uma eleição, alguém pode afirmar que o resultado foi obra de um hacker. Talvez um dos candidatos reclame de uma grande discrepância entre as pesquisas mais recentes e os resultados reais. Talvez uma pessoa anônima anuncie que hackeou uma marca particular de urna eletrônica, descrevendo em detalhes como o fez. Ou talvez seja uma falha de sistema durante o dia da eleição: urnas eletrônicas gravando significativamente menos votos do que o número de eleitores, ou zero votos para um candidato ou para outro. (Essas não são ocorrências teóricas; ambas já aconteceram nos Estados Unidos, apesar de terem ocorrido por erro, não por maldade.)

Não temos procedimentos sobre como proceder caso ocorra alguma dessas coisas. Não há manuais, não há uma equipe de especialistas, não há uma agência regulatória para nos orientar em meio a uma crise. Como nós definiremos se alguem hackeou o voto? Podemos recuperar os votos verdadeiros ou eles foram perdidos para sempre? O que faremos, então?

Em primeiro lugar, precisamos fazer mais para garantir a segurança do nosso sistema eleitoral. Devemos declarar que os nossos sistemas de votação são infraestrutura nacional crítica. Isso é em grande parte simbólico mas demonstra um compromisso para dar segurança às eleições e para tornar fundos e outros recursos disponíveis para os estados.

Precisamos definir padrões de segurança nacional para as urnas eletrônicas e financiar os estados para que possam obter urnas que atendam a esses padrões. Especialistas em segurança eleitoral podem lidar com detalhes técnicos mas as urnas precisam incluir uma cédula de votação em papel que permita um registro verificável pelos eleitores. A forma mais simples e mais confiável de fazer isso já é praticada em 37 estados: cédulas de papel com leitura ótica, assinaladas pelos eleitores, contadas pelo computador mas recontáveis à mão. E nós precisamos de um sistema de auditorias de segurança pré-eleição e pós-eleição para aumentar a confiabilidade do sistema.

Em segundo lugar, a fraude do sistema eleitoral, seja por uma potência estrangeira ou por um ator doméstico, é inevitável, e por isso precisamos de procedimentos detalhados a serem seguidos – procedimentos técnicos para saber o que aconteceu e procedimentos legais para saber o que fazer – que nos dêem, de forma eficiente, uma decisão eleitoral clara e imparcial. Deve haver um corpo independente de especialistas em segurança computacional para esclarecer o que aconteceu e um quadro independente de funcionários do sistema eleitoral, seja na Federal Election Commission ou em qualquer outro órgão, capacitado a determinar e implantar uma resposta apropriada.

Na ausência de tais medidas imparciais, as pessoas lutarão para defender o seu candidato e o seu partido. O que ocorreu na Flórida no ano de 2000 é um exemplo perfeito. O que poderia ter sido uma questão puramente técnica de determinar a intenção de cada eleitor tornou-se uma batalha por quem ganharia a presidência. Os debates sobre cartões anulados e cédulas danificadas, e sobre como extensa a recontagem devia ser feita, foram contestados por pessoas lutando por um resultado particular. Da mesma forma, após uma eleição hackeada, os interesses partidários colocarão uma pressão tremenda nos funcionários para que tomem decisões que se sobreponham à imparcialidade e à exatidão.

É por isso que precisamos construir juntos políticas para lidar com futuras fraudes eleitorais. Precisamos de procedimentos para avaliar alegações de urnas eletrônicas hackeadas. Precisamos de um claro e robusto processo de auditoria de eleição. E precisamos que tudo isso esteja pronto antes que uma eleição seja hackeada e que linhas de batalha sejam traçadas.

Em resposta à Flórida, o Help America Vote Act de 2002 exigiu que cada estado publicasse as suas próprias regras sobre o que constitui uma eleição. Alguns estados – Indiana, em particular – definiram uma “sala de situação” de ciber-especialistas públicos e privados prontos para ajudar se algo acontecesse. Apesar do Department of Homeland Security estar ajudando alguns estados com segurança eleitoral e o FBI e o Justice Departament terem feito algumas preparações esse ano, a abordagem tem sido fragmentada demais.

As eleições têm dois objetivos. Primeiro, e mais óbvio, servem para escolhermos um vencedor. Mas segundo, e igualmente importante, servem para convencer o perdedor – e todos os seus apoiadores – de que ele ou ela perdeu. Para atingir o primeiro objetivo, o sistema eleitoral tem de ser claro e preciso. Para atingir o segundo, tem de se mostrar claro e preciso.

Precisamos ter essas conversas antes que algo ocorra, quando cada um de nós pode se manter calmo e racional ao tratar dos problemas. A integridade das nossas eleições está em jogo, o que significa que a nossa democracia está em jogo.


Fonte: Mídia Sem Máscara


Artigo originalmente publicado no New York Times.


Tradução: Ricardo Hashimoto

quinta-feira, novembro 24, 2016

E então, o que o governo tem feito de bom para você recentemente?







Por outro lado, como a sua vida foi aprimorada pelo mundo digital?
por Jeffrey Tucker(*)


Quão sustentável é o modelo político do século XX nesta atual era digital? Eu não apostaria nele.

Os seguidos fracassos e falhas dos governos estão se tornando tão óbvios, e seus custos, tão intensos, que tudo isso terá de forçar alguma mudança. Alguém terá de ceder.

Apenas pense nas mais recentes calamidades fiscais dos estados e em todos os seus programas que foram criados com ampla fanfarra, mas que hoje fracassaram retumbantemente. Todos eles começaram com altas ambições, tendo "especialistas" em seu comando, contando com volumosos recursos dos pagadores de impostos, nababescas propagandas, e todo o poder do estado por trás delas. E no que deram? Em tragédia.

No que diz respeito aos serviços fornecidos pelo estado, não há segurança, não há educação, não há saúde, não há infraestrutura e não haverá aposentadoria. Quem se deu bem foram apenas os burocratas anônimos do alto escalão, exatamente aqueles que criaram tudo dizendo que seria uma maravilha para todos. Todo o resto do povo foi enganado e esbulhado pelo estado. Pagou impostos, pagou a previdência, recebeu em troca apenas descaso, e hoje está desempregado e endividado. E não haverá dinheiro para a sua prometida aposentadoria.

A social-democracia prometida e propagandeada pelo estado acabou. Foi atropelada pela realidade econômica. Políticos e burocratas criaram o estado de bem-estar prometendo redistribuir riqueza, fornecer serviços "gratuitos" e melhorar a vida de todos; apenas se esqueceram de que, para redistribuir riqueza e utilizá-la para bancar serviços "gratuitos", a riqueza não apenas tem de já ter sido criada, como ainda tem de ser continuamente criada. Mais: tem de ser criada a uma taxa maior do que é redistribuída. Caso contrário, todo o sistema sucumbe.

E, para a riqueza ser criada nessa velocidade, é necessário haver capitalismo e livre mercado. E isso foi exatamente o que não houve.

O mesmo erro de sempre

O que deu errado? Aquilo que sempre dá errado quando as elites políticas se imaginam capazes de controlar a economia e o mundo apenas com inteligência, recursos e poder. Inevitavelmente, a arrogância intelectual acaba sendo confrontada por uma realidade que não pode ser controlada. E a realidade sempre se impõe e sai vencedora. Humilhada e derrotada, a classe política se limita apenas a apenas inventar as desculpas de sempre, prometendo novos paliativos toscos, até finalmente ser obrigada a jogar a toalha e reconhecer os fatos da vida.

Eis o grande erro do século XX: a crença de que o governo pode fazer de tudo, desde que haja "pessoas capazes" em sua administração, recursos suficientes, e poder. Essa arrogância derrubou regimes ao redor do mundo, desde Lênin há 100 anos até Obama e sua trágica socialização do sistema de saúde americano. Essa teoria de que o estado pode tudo levou à criação de monstruosas burocracias, justificou várias guerras, e impulsionou a criação de aparatos legais e regulatórios com alcances imperiais.

A fé no estado ainda sobrevive entre as pessoas, embora com cada vez menos convicção. Mas os fracassos sucessivos conseguiram gerar dúvidas até mesmo entre intelectuais pró-regime e políticos convencionais. Porém, como todo o aparato estatal — bem como as estratégias utilizadas para arrancar dinheiro das pessoas para financiá-lo — depende deste modelo, uma mudança de paradigma não virá facilmente.

Um novo modelo

Para os jovens de hoje, seu distanciamento deste modelo de governo é palpável. Difícil imaginar como deve ser para um adolescente de 20 anos assistir ao debate político. Pessoas criadas na era digital vivem em um mundo completamente distinto, um mundo de opções seguras e de alta qualidade criadas pelo gênio humano. Recursos e bens de capital que antes só estavam disponíveis para as elites hoje estão ao alcance de todos, graças às inovações tecnológicas e à genuína democratização criada pelo livre mercado.

Hoje, qualquer pessoa pode fazer filmes pelo YouTube, e ganhar dinheiro com isso. Qualquer pessoa pode publicar livros pela internet. Qualquer pessoa tem o mesmo acesso à informação que todas as outras. Qualquer pessoa pode fazer da sua casa um hotel e ganhar dinheiro com isso. Qualquer pessoa pode fazer do seu carro um meio de transporte de passageiros, e ganhar dinheiro com isso. Qualquer pessoa pode ser um empreendedor sem ter de pedir autorização ao estado. Qualquer pessoa pode até mesmo criar uma nova moeda.

O mundo que eles mais amam está nas mídias sociais e nos aplicativos de smartphone. Nenhum foi criado por decreto governamental. Não houve legislação. Não receberam financiamento estatal. Nenhuma burocracia os aprovou. São amplamente desregulamentados. Não há nenhuma instituição coerciva impingido ordens para que funcionem bem.

Trata-se, na prática, de um cenário em que impera a "anarquia da comunicação", e esta é gerenciada não por políticos poderosos mas sim por criptografias e por empreendedores que se sujeitam apenas aos veredictos dos consumidores. A ausência de um controle feito de cima para baixo é a energia que os impulsiona. E funciona bem para todos.

Decisões sobre onde passar as férias, onde comer, o que comprar, o que vestir, a qual entretenimento ir — em suma, todo o lado bom da vida — são tomadas de acordo com um fluxo ininterrupto de informações que chegam a seus smartphones, os quais eles utilizam também para avaliar todos os tipos de bens e serviços de acordo com sua qualidade e com o fato de terem ou não realmente melhorado sua qualidade de vida.

No mundo digital, ninguém está no topo da cadeia de comando impondo ordens. Nenhum indivíduo ou instituição exerce veredictos decisivos sobre vencedores e perdedores. Isso fica a cargo de todos os consumidores (usuários) que atuam na rede, que é um sistema disperso de coleta e processamento de informações. Tal sistema sabe que há muito mais sabedoria nos julgamentos cumulativos feitos por milhões de indivíduos do que nos caprichos de uma autoridade centralizada.

Para essa geração jovem, é assim que o mundo melhora: uma escolha de cada vez.

Dois modelos, mundos totalmente separados

A distância que separa este modelo de gerenciamento digital daquele observado no cenário político nacional não poderia ser mais abissal. Na política, há candidatos prometendo restaurar as glórias do passado. Outros prometem futuros brilhantes e progressistas. O que impera é uma visão essencialmente revanchista. Esquerda e direita brigam entre si para recuperar o território que cada uma acredita ter perdido. Quando o debate não é apenas patético e pastelão, ele é repleto de casos de corrupção e favorecimento indevido. Esses são os dois cenários reais da política: pastelão e corrupção.

Se a política fosse um aplicativo de smartphone, sua avaliação seria tão epicamente baixa (menos que uma estrela) que ninguém jamais faria seu download.

Como essas duas visões de mundo podem coexistir? Por enquanto, seguem coexistindo, mas os custos estão cada vez mais evidentes, e os benefícios, cada vez mais ilusórios. Apenas olhe para seu contra-cheque (ou para seu cupom fiscal que discrimina os impostos embutidos em cada item comprado no supermercado) e veja quanto custa esse sistema antiquado e patético. Jovens que estão começando sua vida adulta agora estão preocupados com emprego, aluguel, contas, planos de saúde e carro. No entanto, eles olham para seus salários e para seus cupons fiscais e vêem uma vasta quantia de dinheiro lhes sendo confiscada e direcionada ao estado. Não há opção, ao contrário de todas as outras áreas de vida.

Crucialmente, os supostos benefícios trazidos pelos gastos do governo e por toda a sua onipotência não são de maneira alguma óbvios. O prestígio que outrora o governo e seus programas usufruíam parece ter evaporado. Apenas pense nisso. Gerações anteriores viram grandes obras, aberturas de estradas, construções de hidrelétricas, exploração do espaço e épicas batalhas no cenário internacional. Há décadas que nenhuma dessas demonstrações de impressionismo governamental aparece para o público crédulo.

A ilusão do governo barato está acabando

Antes, as pessoas pareciam genuinamente acreditar que estavam obtendo grandes ganhos com os programas do governo a custos que pareciam relativamente baixos — no mínimo, tais custos eram disfarçados por meio de variados truques, como inflação, imposto de renda retido na fonte (mecanismo diabolicamente genial, que oferece restituições ao longo do ano e confere a impressão de se estar ganhando dinheiro do governo) e endividamento barato. Mas esses dias de delícia acabaram. Os custos passaram a ser cada vez mais intensamente sentidos no século XXI, ao passo que os ilusórios benefícios se comprovaram uma enganação.

Previdência, saúde, educação, segurança, infraestrutura: não apenas nada funciona, como ainda custam muito caro. Até mesmo coisas como controle de qualidade dos produtos e serviços já estão sendo feitos pelos aplicativos e pelas redes sociais. E com resultados extremamente superiores do que os sucessivos fracassos do governo.

Os maiores pavores das pessoas hoje sempre envolvem encontros com agentes do governo: DETRAN, Receita Federal, Alfândega e qualquer repartição pública.

Para piorar, eleições

O ápice desse espetáculo de degeneração política são as eleições. Votar em alguém se tornou um ato tão repulsivo, que passou a ser moralmente doloroso. Não há o certo; há apenas o menos repugnante. A escolha que você faz se baseia no temor de que o outro candidato será ainda pior. Você não vota desejando o mundo que aquele candidato prometeu criar; você apenas quer impedir que outro seja eleito. De certa forma, voltamos àquela condição pré-moderna, algo corriqueiro na era das privações e da luta pela sobrevivência. Isso simplesmente não mais tem lugar no século XXI.

Séculos atrás, David Hume explicou que todo governo — mesmo com seus vastos poderes — só consegue se manter enquanto a população acreditar que ele está fazendo mais bem do que mal. A existência de algum nível de consenso é crucial para a estabilidade do regime. Mas o que acontecerá quando a credibilidade moral e prática do governo se esfacelar ao ponto do desaparecimento? Aí você terá uma verdadeira mudança de paradigma.

Há várias características da política do século XX que não mais se aplicam no século XXI. Todas aquelas pessoas criadas na era digital estão cientes disso, mesmo sem saber vocalizar esse sentimento. Nenhum sistema de governo pode sobreviver por muito tempo a este crescente volume de anomalias que está arrebentando o paradigma político vigente. Algo terá de mudar.

Conclusão

O que o governo fez de bom para você recentemente? Se você não consegue responder a esta pergunta rapidamente, você já percebeu o problema central da vida atual. Resta agora descobrir a resposta para tipo de sociedade que queremos construir para o futuro.


Fonte: Mises.org

(*)Jeffrey Tucker

terça-feira, novembro 22, 2016

Máquina de fazer dinheiro: a indústria milionária do aborto












por Hélio Angotti Neto(*)


O aborto é uma máquina de fazer dinheiro. Comece com um bebê ainda no útero de sua mãe, acrescente um carniceiro abortista ávido por verdinhas e obtenha mais duas vítimas sem muito esforço: a mãe e seu filho abortado. Equação sangrenta e lucrativa, pelo menos para o abortista.

Não exagero. Ou você realmente acha que médicos – se podemos chamá-los assim – matam fetos e bebês por caridade de suas alminhas santas?

Tome por exemplo a megaempresa abortista Planned Parenthood (PP), fundada pela eugenista Margareth Sanger, de quem falarei mais adiante e cujo legado de eliminação racial ainda perdura. Veja alguns números:

🔺 Realizou 323.999 abortos em 2014, isto é, ceifou 888 vidas por dia ou uma vida a cada 97 segundos. Um prodígio da carnificina.[2]

🔺 Foi responsável por um terço dos abortos realizados nos Estados Unidos em 2011 (333.964 em 1,06 milhões de mortes).[3]

🔺 De 2011 a 2014 fez 1.312.728 abortos e ofereceu mais 1,3 milhões de kits de contracepção de emergência (isto é, mais abortos farmacológicos).[4]

Verdade seja dita, o aborto é o holocausto contemporâneo dos indefesos.

Toda essa casuísta genocida é justificada, ou pelo menos amenizada, por meio de desculpas como aquela que afirma ser o aborto somente uma atividade minoritária entre os muitos serviços de saúde prestados pela PP. Pelo menos isso funciona como fator de alívio na cabeça de muitos abortistas.

Tais serviços de saúde incluiriam campanhas de prevenção contra o câncer de mama, acompanhamento pré-natal e referência para adoção. Porém, antes que uma lágrima comovida escorra do canto de algum olho de crocodilo, tenho que revelar que tais serviços têm caído de forma consistente nos últimos anos.[5]

A sangrenta realidade é que 94% do que a PP faz é abortar.[6]

Apesar de divulgarem a cifra mágica de 3% de serviços ligados ao aborto, uma análise da distorção estatística revela a marota manipulação de dados. Um pacote de serviço de pré-natal é contado, em cada visita, como um serviço isolado. Um atendimento com diversos procedimentos conta como um serviço isolado para cada procedimento. Nesse superfaturamento macabro, o principal serviço da PP – o aborto - é maquiado.[7]

A PP é tão boa em praticar a maldade que até ousam estipular uma cota de quantos bebês precisam morrer por ano.[8] Stálin, com suas cotas de deportados para Gulags na Sibéria, ficaria orgulhoso.

Apesar de a PP declarar-se como uma organização sem fins lucrativos, seu orçamento no biênio 2014-2015 foi de 1,3 bilhões de dólares.[9] Dessa montanha de dinheiro, 554 milhões de dólares saíram dos cofres públicos, sustentados por muitos cristãos a favor da vida.[10]

Como se não bastasse o lucro imoral obtido com a matança de milhões, a PP ainda foi capaz de faturar com a venda de pedaços de bebês e fetos. É um açougue de gente! [11]

Mas se não deu tempo de abortar, sem problemas. Há como lucrar enquanto são crianças, como mostra a cumplicidade com a prostituição infantil. Abortemos as crianças das crianças.[12]

Com tanto dinheiro na jogada, é claro que os abortistas lutarão com unhas e dentes – ou melhor, curetas e aspiradores – para que a fonte jamais seque. Embora se declarem apartidários, promovem intenso lobby e injetam dinheiro na campanha de candidatos abortistas em todas as instâncias políticas. [13]

De volta ao legado racista e eugenista da senhora Sanger, tão celebrada por progressistas como Hillary Clinton, nota-se que 79% das instalações abortistas ficam nas periferias onde habitam afrodescendentes e latinos.[14] Minorias perfazem 64% dos abortos nos Estados Unidos e para cada criança branca abortada são abortadas cinco crianças negras.[15] Há inclusive uma disposição em aceitar doações especialmente destinadas ao aborto seletivo de determinados grupos étnicos.[16] 

A próxima vez que você questionar sobre a razão de o aborto ser tão defendido por certos grupos de interesse, tenha em mente que, ao contrário de cuidar por meio da cura, do alívio e do consolo, matar é extremamente fácil, e muito lucrativo também.




[1] Artigo baseado no relatório do Family Research Council, de janeiro de 2016, disponível em: http://downloads.frc.org/EF/EF15F70.pdf

[2] “Planned Parenthood, 2014-2015 Annual Report,” Planned Parenthood Federation of America, accessed January 5, 2016, https://www.plannedparenthood.org/files/2114/5089/0863/2014-2015_PPFA_Annual_Report_.pdf

[3] “Induced Abortion in the United States,” Guttmacher Institute, July 2014, accessed July 24, 2015, http://www.guttmacher.org/pubs/fb_induced_abortion.html; “Planned Parenthood, Care. No matter what, 2011-2012 Annual Report,” Planned Parenthood Federation of America, accessed January 5, 2016,

[4] “Planned Parenthood, Care. No matter what, Annual Report 2011-2012,” Planned Parenthood Federation of America, accessed January 5, 2016, http://www.plannedparenthood.org/files/4912/9620/1413/PPFA_AR_2012_121812_vF.pdf ; “Planned Parenthood, Care. No matter what, Annual Report 2012-2013,” Planned Parenthood Federation of America, accessed January 5, 2016, http://www.plannedparenthood.org/files/7413/9620/1089/ARFY13_111213_vF_rev3_ISSUU.pdf ; “Planned Parenthood, Our Health. Our Decisions. Our Moment, Annual Report 2013-2014,” Planned Parenthood Federation of America, accessed January 5, 2016, http://www.plannedparenthood.org/files/6714/1996/2641/20132014_Annual_Report_FINAL_WEB_VERSION.pdf; “Planned Parenthood, 2014-2015 Annual Report,” Planned Parenthood Federation of America, accessed January 5, 2016, https://www.plannedparenthood.org/files/2114/5089/0863/2014-2015_PPFA_Annual_Report_.pdf ; Susan Wills, Esq. “New Studies Show All Emergency Contraceptives Can Cause Early Abortion,” Charlotte Lozier Institute, January 1, 2014, accessed July 24, 2015, https://www.lozierinstitute.org/emergencycontraceptives/ .

[5] “Planned Parenthood, 2011-2012 Annual Report,” p. 2-3; “Breast Health Initiative,” Planned Parenthood, accessed July 24, 2015, http://www.plannedparenthood.org/about-us/newsroom/breast-healthinitiative ; “Planned Parenthood and Mammograms,” Fact Check, October 18, 2012, accessed July 24, 2015, http://www.factcheck.org/2012/10/planned-parenthood-and-mammograms/ ; “Cecile Richards Lied About Mammograms, Finally Comes Clean,” Breitbart, accessed October 6, 2015, http://www.breitbart.com/big-government/2015/09/30/cecile-richards-lied-mammograms-finallycomes-clean/

[6] “Planned Parenthood, 2011-2012 Annual Report,” accessed July 24, 2015, p. 5.

[7] Abby Johnson, “Planned Parenthood Business Model All About Abortion,” LifeNews.com, April 5, 2011, accessed July 24, 2015, http://www.lifenews.com/2011/04/05/abby-johnson-planned-parenthoodbusiness-model-all-about-abortion/ ; Planned Parenthood, 2014-2015 Annual Report,” accessed January 5, 2016, p. 30.

[8] “Exposed: Former Planned Parenthood Director Says It Has Abortion Quotas,” LifeNews.com, accessed October 8, 2015, http://www.lifenews.com/2014/04/16/exposed-former-planned-parenthood-directorsays-it-has-abortion-quotas/

[9] Planned Parenthood, 2014-2015 Annual Report,” accessed January 5, 2016, p. 34.

[10] Planned Parenthood, 2014-2015 Annual Report,” accessed January 5, 2016, p. 32-33.

[11] “Investigative Footage,” The Center for Medical Progress, accessed July 24, 2015, http://centerformedicalprogress.org/cmp/investigative-footage ; Abby Ohlheiser, “Congressional, state investigations into Planned Parenthood underway after undercover video goes viral,” The Washington Post, July 15, 2015, accessed July 24, 2015, http://www.washingtonpost.com/news/acts-of-faith/wp/2015/07/15/congressional-stateinvestigations-into-planned-parenthood-underway-after-undercover-video-goes-viral

[12] “Exposing Planned Parenthood’s Cover-up of Child Sex Trafficking,” Live Action, accessed July 24, 2015, http://liveaction.org/traffick

[13] “Planned Parenthood,” The Sunlight Foundation, Influence Explorer, accessed July 24, 2015, http://influenceexplorer.com/organization/planned-parenthood/a3bf2b2a33a84534a706a2d04c52de95

[14] “Map Guide,” Protecting Black Life, accessed October 20, 2015, http://www.protectingblacklife.org/pp_targets/

[15] Susan A. Cohen, “Abortion and Women of Color: The Bigger Picture,” Guttmacher Policy Review 11, (Summer 2008): 3, accessed July 24, 2015, http://www.guttmacher.org/pubs/gpr/11/3/gpr110302.html

[16] The Planned Parenthood Racism Project, Live Action, accessed July 24, 2015, http://liveaction.org/theplanned-parenthood-racism-project/

Fonte: Midia Sem Máscara.

(*)Hélio Angotti Neto é coordenador do Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina e autor do livro A Morte da Medicina.

segunda-feira, novembro 21, 2016

Um mergulho nas próprias trevas: o relato do rei do aborto





por Hélio Angotti Neto(*).






Bernard Nathanson, o rei do aborto, descreve sua trajetória pessoal no livro “The Hand of God: A Journey from Death to Life by the Abortion doctor Who Changed His Mind”, publicado pela Regnery Publishing Inc.[1]

Como todas as melhores narrativas autobiográficas presentes em nossa civilização, Nathanson inicia olhando para as próprias trevas. Não foi diferente com o Apóstolo Paulo, Agostinho de Hipona ou Dante Alighieri. Estes estabeleceram modelos ao redor da mesma fórmula de sinceridade plena consigo mesmo, aquele foi capaz de identificar o mesmo modelo em sua própria vida. E profundas trevas de fato foram vasculhadas em seu livro.

Bernard foi um judeu secular filho de judeus seculares. Começou cedo sua história com o aborto, encaminhando com a ajuda de seu pai a sua namorada para que abortasse seu primeiro filho. Já adiante na carreira, ele mesmo fez o aborto de seu outro filho, de uma forma metódica e muita higiênica, quase como a dos proficientes médicos nazistas que exterminavam milhões.

Seu papel na legalização do aborto foi importante, e sua atuação chefiando clínicas de aborto ou fazendo ele mesmo os abortos impressiona. Mais de 75.000 vidas foram tiradas por Bernard Nathanson. Ele era eficiente no que fazia e se destacava, numa época onde os médicos mais desqualificados já migravam para as práticas abortistas.

É claro que por anos atraiu a fúria e o desprezo de muitos médicos de linhagem hipocrática e de defensores da vida humana.

Mas as coisas começaram a mudar quando surgiu um impressionante aparelho: a ultrassonografia! Ao observar as reações do feto no momento em que o mesmo era destruído pela sucção, Nathanson parou de viver na abstração de seu próprio mal e percebeu concretamente a extensão do mal que praticava. Ali estava uma vida sendo destruída, ao vivo, na televisão! E não somente ele, mas outros médicos abortistas nunca mais ousaram eliminar vidas humanas depois de assistir ao que realmente acontecia dentro do útero materno.

O rei do aborto começara a questionar a si mesmo. Abandonou suas práticas anteriores e tornou-se membro do movimento pró-vida americano, angariando para si o ódio e a inimizade de incontáveis médicos e pessoas que agora defendiam o “Direito de Escolha”. 

Produziu dois documentários impactantes que, obviamente, nunca chegaram à grande mídia, mas que transformaram a forma pela qual muitas pessoas enxergavam essa questão: The Silent Scream (O Grito Silencioso) e The Eclipse of Reason (O Eclipse da Razão).

Em 1987, Bernard recebeu uma carta de uma defensora do direito de escolher o aborto que trabalhara para ele no passado. Ela contava que algo muito tenebroso se passava na clínica onde ela trabalhava. Pedaços de bebês estavam sendo vendidos! Hoje observamos quase que descrentes a Planned Parenthood vendendo órgãos de bebês abortados num verdadeiro açougue humano e nos perguntamos como chegamos aqui. Mas não há novidade na história. As promessas de tratamentos milagrosos já abundavam à época, e ainda abundam, com efeitos colaterais e decepções igualmente presentes em larga escala.

Nathanson faz os cálculos macabros do que seria preciso para efetivar terapias com células fetais, e o resultado impressiona pela quantidade de sangue humano necessário para ações em larga escala realmente efetivas à sociedade.

E a guerra entre abortistas e defensores da vida seguiu acirrada nos Estados Unidos, incluindo alguns casos de tiroteio e violência contra médicos e funcionários de clínicas de aborto. Foram poucos, mas trágicos. Porém, o que mais impactou Bernard foi o exemplo da pacífica maioria que tinha a coragem de suportar as piores humilhações e agressões dos radicais pelo direito de decidir; a maioria que mantinha a resiliência ao lutar por algo que considerava sagrado.

Movido pelo exemplo ele se aprofundou no estudo da fé que movia aquelas pessoas, e ao fim de uma longa e trágica vida encontrou seu caminho dentro do Cristianismo.

Das profundezes do mais tenebroso inferno, repetindo o holocausto em diferentes vítimas, Bernard Nathanson foi alçado a um diferente patamar e sofreu uma impressionante virada em sua visão de mundo. Sua história culminando em sua sofrida transformação é um testemunho real do poder e do efeito do perdão na vida de alguém.




Nota:
[1] NATHANSON, Bernard N. The Hand of God: A Journey from Death to Life by the Abortion Doctor Who Changed His Mind. Washington, DC: Regnery Publishing, Inc., 1996.


(*)Hélio Angotti Neto é médico oftalmologista com graduação pela Universidade Federal do Espírito Santo e residência médica e doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Coordena o curso de medicina do Centro Universitário do Espírito Santo (UNESC-ES) e é o diretor da seção especializada em humanidades médicas da revista Mirabilia. Membro da Sociedade Brasileira de Bioética, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, do Comitê de Ética em Pesquisa do UNESC, do Center for Bioethics and Human Dignity, da Associação Brasileira de Educação Médica e do Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho. Coordena o SEFAM (Seminário de Filosofia Aplicada à Medicina).

sábado, novembro 19, 2016

Jerusalém, completa e unida, é a capital de Israel.














Mike Huckabee será o embaixador dos EUA para Israel e mudará a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém.


Mike Huckabee está voltando à Terra Santa.

Huckabee, que foi duas vezes candidato presidencial e apresentador do Canal Fox News e ex-governador de Arkansas, será o novo embaixador dos EUA para Israel, uma autoridade da transição presidencial confirmou para o DailyMail na sexta-feira.

Huckabee, pregador batista ordenado e baixista, se tornará a ponta de lança de Trump, que está buscando dar uma chacoalhada nas relações dos EUA no Oriente Médio, começando com a mudança da embaixada dos EUA em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
“Isso vai acontecer,” disse a autoridade de transição. “O governador Huckabee vai com isso até o fim.”

Apesar de que o Congresso dos EUA já havia aprovado a mudança da embaixada dos EUA décadas atrás, os presidentes americanos historicamente fizeram muito sapateado com nenhuma promessa cumprida em torno da questão de onde deveria ficar a embaixada dos EUA em Israel. Nenhuma outra nação tem sua embaixada em Jerusalém.

Contudo, o Parlamento e o Supremo Tribunal de Israel estão localizados em Jerusalém ocidental. E Israel capturou Jerusalém oriental na “Guerra dos Seis Dias” de 1967, assumindo seu controle da Jordânia.

Uma lei israelense de 1980 ainda em vigor declara que “Jerusalém, completa e unida, é a capital de Israel.”


As nações árabes próximas a Israel se opõem à ideia de tornar Jerusalém um centro de poder para o Estado judeu. Muitas delas chegam a negar o direito de Israel existir, e a maioria vê Jerusalém como cidade santa para muçulmanos.

O governo de Obama e outros governos americanos anteriores insistiam em que as muitas reivindicações religiosas sobre Israel deveriam ser decididas como parte de negociações de paz entre israelenses e palestinos, “o acordo supremo” do qual Trump disse durante sua campanha que ele gostaria de tratar.

O jornal International Business Times noticiou na quinta-feira que, de acordo com o Jerusalem Post, “vários membros da equipe de transição de Trump confirmaram que o ex-governador do Arkansas - Mike Huckabee - assumirá o cargo logo que o governo for instalado em janeiro.”

Huckabee chegou ao prédio Trump Tower por volta da 1 da tarde de sexta-feira. Perguntado pelos jornalistas por que ele estava se encontrando com Trump, ele brincou: “Estou aqui só para um lanche.”

A nomeação dele para o cargo diplomático importante enviará ondas de choque em todo o Oriente Médio.

Em 2011, durante uma cerimônia de inauguração num assentamento judaico em Jerusalém oriental, Huckabee disse que as tentativas dos árabes impedirem os colonos judeus de construírem ali era comparável às discriminações racistas de moradia nos Estados Unidos.

No ano passado em agosto, quando ele estava reforçando apoio para sua campanha presidencial que acabou não tendo êxito, Huckabee se encontrou com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Jerusalém e polemicamente se referiu ao território da Margem Ocidental, ocupado por palestinos, como parte de Israel.

Um correspondente político do jornal israelense Jerusalem Post foi o primeiro a noticiar que Trump havia dado a palavra de que escolheria Huckabee para ser embaixador em Israel.

O sociável e cortês Huckabee há muito tempo é um sólido defensor de Israel, chegando, com suas dezenas de viagens ali, a fazer um empreendimento turístico de tempo parcial chamado “A Experiência de Israel de Mike Huckabee.”

Por 5.250 dólares, os participantes obtêm uma turnê de 10 dias na Terra Santa do próprio Huckabee, completa com comentário nos lugares históricos, cultos de adoração e lições morais sobre a necessidade dos EUA reforçarem apoio ao seu maior aliado no Oriente Médio.

“Durante sua viagem de Experiência de Israel, você caminhará onde Jesus caminhou, se sentará no monte onde Jesus deu o Sermão da Montanha e orará no Jardim do Getsêmani,” o site de turismo promete.

“Você verá onde Ele realizou milagres, e ficará no Túmulo vazio. Você experimentará o Mar da Galileia e será batizado no Rio Jordão. Você explorará a velha cidade de Jerusalém, olhará de Massada e nadará no Mar Morto. A Bíblia ganhará vida para você como nunca antes.”

A próxima viagem programada está marcada para 11-21 de fevereiro — depois que Trump se tornar presidente.

Traduzido por Julio Severo do original em inglês do WND (WorldnetDaily): Trump to make Huckabee ambassador to Israel

O OUTRO LADO DA QUESTÃO:



Os palestinos ameaçaram "tornar miserável" a vida do novo presidente eleito dos EUA Donald Trump, caso ele decida cumprir a sua promessa eleitoral de deslocar a embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém.

"Se pessoas nos atacarem deslocando a embaixada para Jerusalém...isso é uma violação da resolução 181 da assembleia geral das Nações Unidas delineada pelos Estados Unidos...isso significa que mostram beligerância contra nós. Se eles o fizerem, ninguém nos poderá culpar por fazermos uso de todas as armas que temos na ONU para nos defendermos, e nós temos muitas armas na ONU" - afirmou   Riyad Mansour, o representante palestiniano na ONU, no dia 11 de novembro último.

Ainda que reconheça que a resposta não poderá ser uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, uma vez que os EUA a vetariam, Riyad Mansour sugere mesmo assim que podem haver outras formas através das quais os palestinos podem vir a minar esforços promovidos pelos americanos na ONU.

"Talvez eu não possa influenciar resoluções no Conselho de Segurança, mas posso tornar a vida diária deles miserável ao precipitar um veto na  admissão como estado membro. Em 1949, a Itália recebeu três vetos consecutivos da União Soviética à sua admissão nas Nações Unidas. Este é o tipo de coisa que eu posso fazer" - ameaçou o líder palestino Riyad Mansour.

Fonte: Shalom-Israel-Shalom.blogspot.com.br

sexta-feira, novembro 18, 2016

Precisamos falar sobre o "capitalismo de quadrilhas"




🔻Este câncer tem de ser extirpado - e só há uma maneira.

É fácil definir ou entender as políticas estatizantes.

Aumento de impostos é quando políticos pegam uma maior fatia do seu dinheiro — afetando suas decisões de poupança, investimento e consumo — e o direcionam ou para o inchaço da máquina pública ou para bancar seus grupos de interesse favoritos. (Grandes empresários, funcionários públicos e pessoas no assistencialismo).

Protecionismo é quando políticos utilizam tarifas de importação e outras barreiras não-tributárias para restringir sua liberdade de comprar bens e serviços produzidos em outras nações.

Lei do salário mínimo é quando políticos criminalizam contratos de emprego voluntariamente acordados entre adultos, proibindo que pessoas de baixa qualificação consigam um trabalho que lhes pague de acordo com sua produtividade, condenando-as ao desemprego.

Pacotes de estímulo são quando políticos tomam dinheiro de uma parte da economia e gastam em outra parte da economia e, com isso, fingem todos estão mais ricos. Equivale a tirar água da parte funda da piscina, jogá-la na parte rasa e, com isso, acreditar que o nível geral de água na piscina aumentar.

A lista é potencialmente infinita. Mas há um tipo específico — e extremamente abrangente — de política estatista que não possui uma definição simples. Na literatura econômica anglo-saxã, tal política é conhecida como "crony capitalism" ou simplesmente "cronyism". No Brasil, ela passou a ser traduzida como "capitalismo de estado", "capitalismo de compadrio" ou mesmo "capitalismo de quadrilhas".

A palavra "crony" vem do grego "khronios" e significa "de longa duração". Nos países anglo-saxões, ela se tornou uma gíria para designar amigos, afilhados, capangas, comparsas, apaniguados, membros de uma quadrilha ou irmãos no crime.

Quando o termo "crony" é acompanhado do termo "capitalism", tem-se então a referência ao "capitalismo crony" ou "capitalismo de compadrio", "capitalismo de estado", "capitalismo corporativista" ou mesmo "capitalismo de quadrilhas", uma alusão a um arranjo econômico dominado pelo favoritismo, pela arbitrariedade e pela corrupção.

Neste arranjo, há apenas uma aparência de mercado; na prática, todas as transações são conduzidas pelo estado. Tem-se um capitalismo dirigido e deturpado por políticos em prol de seus empresários favoritos.

Subsídios representam um capitalismo de estado? Sim. Pacotes de socorro a empresas? Sim. Protecionismo? Sim. Mas há muito mais do que isso.

Generalizando, pode-se dizer que o capitalismo de estado (ou de quadrilhas) ocorre quando políticos criam privilégios que os governos então concedem a empresários e empresas específicas.

🔻O capitalismo deturpado e manchado

Uma das características mais deletérias do cronismo é o fato de ele dar ao capitalismo uma má reputação. Por causa do cronismo, várias pessoas leigas não mais conseguem fazer uma distinção entre "mercado", "negócios" e "negociatas". Assim, quando grandes empresários recebem privilégios e favores especiais do governo, as pessoas acabam concluindo que o capitalismo é um sistema manipulado. Eles associam o termo 'capitalismo' a monopólios, a privilégios, e a ricaços poderosos manipulando a economia para proveito próprio. 

🔻Mas nada poderia ser mais falso. Comecemos do básico.

Foi Marx quem deu nome ao modelo de organização econômica capitalista. O capitalismo, entretanto, não foi criado por algum cérebro brilhante, nem gerado em saraus de intelectuais que queriam mudar o mundo ou a natureza humana. Ao contrário, surgiu como resultado natural dos processos sociais de divisão do trabalho e trocas voluntárias, realizados num ambiente de liberdade até então poucas vezes visto ao longo da história.

Os economistas clássicos chamavam-no de laissez-faire. O governo era um mero coadjuvante, cujo papel limitava-se a fazer cumprir os contratos, proteger a vida e a propriedade dos cidadãos. 

As maiores virtudes desse modelo, na visão de Adam Smith, eram a liberdade de empreendimento e o governo limitado — este último um antídoto contra as arbitrariedades, os desmandos e as falcatruas inerentes ao poder político. 

Em resumo, o sistema pouco dependia das virtudes dos bons governantes, enquanto os danos causados pelos maus eram mínimos.

Por conta de um desses grandes paradoxos da vida, no entanto, o livre mercado, embora tivesse trazido volumes de riqueza inéditos aos países que o abraçaram, foi sendo paulatinamente substituído, principalmente no decorrer do século XX, por um novo arranjo institucional: sim, o capitalismo de estado.

O processo de substituição foi bastante facilitado pelo fato de que muito poucos estavam dispostos a defender, politicamente, o capitalismo liberal. Não é de se admirar. O liberalismo, afinal, é muito arriscado, pouco previsível e totalmente incontrolável, seja por empresários, políticos ou acadêmicos. Tal modelo, embora possibilite uma acumulação coletiva extraordinária de riqueza, está longe de ser um caminho seguro para o sucesso individual.

No capitalismo de estado, por outro lado, o governo é capturado por grupos de interesse, que o utilizam para promover a transferência de riqueza e status. Por meio de um processo lento, mas ininterrupto, castas influentes e bem articuladas obtêm privilégios especiais, contratos, empregos, reservas de mercado, créditos baratos e proteções diversas, sempre à custa do dinheiro alheio.

Há o capitalismo de estado legal e há o ilegal - e ambos são imorais

No capitalismo de estado, o mercado é artificialmente moldado por uma relação de conluio entre o governo, as grandes empresas e os grandes sindicatos. Políticos concedem a seus empresários favoritos uma ampla variedade de privilégios que seriam simplesmente inalcançáveis em um genuíno livre mercado. 

Por meio do capitalismo de estado, o governo acintosamente cria e protege monopólios, oligopólios, cartéis e reservas de mercado por meio de regulamentações que impõem barreiras à entrada da concorrência no mercado (via agências reguladoras), por meio de subsídios a empresas favoritas, por meio do protecionismo via obstrução de importações, por meio de altos tributos que impedem que novas empresas surjam e cresçam

O governo, em prol das grandes empresas já estabelecidas e contra os interesses dos consumidores, utiliza seus poderes para cartelizar os setores bancário, aéreo, telefônico, internet, elétrico, postos de gasolina etc., restringindo a concorrência por meio de agências reguladoras para proteger as empresas já estabelecidas e prejudicar a liberdade de escolha dos consumidores.

Esses são os privilégios legais, os quais também incluem até mesmo coisas mais paroquiais, como a obrigatoriedade do uso de extintores e do kit de primeiros socorros nos automóveis (o que traz altos lucros para as empresas que os fabricam e fornecem) e a obrigatoriedade do uso de canudinhos plastificados (devidamente fornecidos pela empresa lobbista) em bares e restaurantes. 

Mas há também os privilégios ilegais. E estes vão desde fraudes em licitações e superfaturamento em prol de empreiteiras (cujas obras são pagas com dinheiro público) a coisas mais simples como a concessão de bandeiras de postos de combustíveis para empresários que pagam propina a determinados políticos (bandeiras essas negadas para empresários honestos e menos poderosos).

Em troca, os empresários beneficiados lotam os cofres de políticos e reguladores com amplas doações de campanha e propinas. 

A criação destes privilégios pode ocorrer ou abertamente, por meio de lobbies e da atuação de grupos de interesse, ou na surdina, por meio do suborno direto.

Tanto nos exemplos legais quanto nos ilegais, empresários poderosos e grupos de interesse conseguem obter privilégios, extraídos de toda a população, mediante o uso do aparato estatal. 

E isso só é possível porque há um estado grande que a tudo controla e tudo regula.

Um estado grande sempre acaba convertendo-se em um instrumento de redistribuição de riqueza: a riqueza é confiscada dos grupos sociais desorganizados (os pagadores de impostos) e direcionada para os grupos sociais organizados (lobbies, grupos de interesse e grandes empresários com conexões políticas).

A crescente concentração de poder nas mãos do estado faz com que este se converta em um instrumento muito apetitoso para todos aqueles que saibam como manuseá-lo para seu benefício privado.

🔻Conclusão

Quanto maior e mais poderoso um governo, quanto mais leis e regulamentações ele cria, mais os empresários poderosos e com boas conexões políticas irão se aglomerar em torno dele para obter privilégios; e mais brechas ele abrirá para que empresários poderosos se beneficiem à custa dos concorrentes e da população como um todo.

O cronismo — ou o "capitalismo de estado" ou, melhor ainda, o "capitalismo de quadrilhas — é um câncer que compromete e definha o genuíno capitalismo, o qual nada tem a ver com privilégios, proteções e reservas de mercado, mas sim com competição, abertura e liberdade de empreendimento.

O cronismo nada mais é do que uma variação do mercantilismo. Trata-se de um capitalismo regulado em prol dos regulados e dos reguladores, e contra os interesses do povo.

Eis o caminho para lutar contra os grupos de interesse, contra os lobbies empresariais e contra toda a corrupção que eles geram: reduzir ao máximo o tamanho do estado para que se reduza ao máximo as chances de privilégios. Não há outro jeito. Com estado grande, intervencionista e ultra-regulador, lobbies, grupos de interesse e subornos empresariais sempre serão a regra.

Como bem frisou Jonah Goldberg, no excelente "Fascismo de esquerda", muitos esquerdistas estão corretos quando lamentam a cumplicidade entre governos e grandes corporações. O que eles não compreendem é que tal sistema convém justamente aos governos intervencionistas da nova esquerda, dita democrática. Uma esquerda que não pretende expropriar os empreendimentos privados, mas, ao contrário, usá-los para implantar sua agenda política — exatamente como testemunhamos no Brasil.

Essa é a grande diferença entre os verdadeiros liberais/libertários e os esquerdistas/desenvolvimentistas e até mesmo alguns conservadores que defendem estado e suas políticas "desenvolvimentistas": Nós somos pró-mercado. Eles são pró-negócios.



➧Fonte: http://www.mises.org.br/