quinta-feira, junho 27, 2013

Imprensa deve explicação ao País.





Imprensa deve explicação ao País.
por José Maria e Silva
Media Watch









Parafraseando Hegel, Marx afirma em uma de suas obras mais conhecidas, o “18 Brumário de Louis Bo­naparte”, que os fatos e personagens de grande importância no mundo ocorrem duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa. Tanto a frase original de Hegel quanto a paráfrase de Marx não têm qualquer valor científico, nem mesmo filosófico. Mas, no caso de Marx, a paráfrase serve bem à verve polemista com que ele transforma em caricatura o sobrinho de Napoleão Bonaparte, que, tentando imitar o tio, deu um golpe de Estado e se tornou um efêmero imperador francês. Louis Bonaparte também é abordado por Machado de Assis no personagem Rubião, do romance “Quincas Borba”.

Agora, diante da onda de protestos em todo o Brasil, a frase de Marx pode voltar a ser útil como metáfora. Afinal, o Maio de 68 está se repetindo pela segunda vez, mas como farsa. Se há 45 anos, quando fizeram barricadas nas ruas de Paris, os jovens tinham de enfrentar os adultos, hoje são os próprios adultos que lhes entregam as pedras e os incitam a ir às ruas, numa atitude totalmente irresponsável. A onda de protestos que assola o Brasil não nasceu espontaneamente, como a imprensa insiste em dizer. O movimento começou com o Movimento Passe Livre, mantido por partidos de extrema esquerda, incluindo setores radicais do PT, e ganhou força ao contar com o apoio amplo, geral e irrestrito da imprensa — que vive um dos momentos mais vergonhosos de toda a sua história.

Exemplo disso foi a capa do jornal “O Popular” de quinta-feira, 20. Encimada pela hastag “#naruahoje”, a referida capa trouxe a foto de quatro mulheres e dois homens, de várias idades, portando cartazes com uma só palavra escrita em vermelho que, no conjunto, formavam a frase: “Eu vou e não quero violência”. Ora, deve haver goianos que repudiam essas manifestações. Elas prejudicam o comércio, aumentam a insegurança na cidade e causam sérios transtornos para milhares de pessoas, principalmente as que dependem do transporte público. Mas “O Popular” ignorou esses cidadãos. Tratou a população goiana como se ela fosse unanimemente a favor dos protestos. Preferiu ser panfleto de grêmio estudantil, fazendo convocatória em vez de jornalismo.

Mas o histórico veículo do Grupo Jaime Câmara não está sozinho nessa conduta editorial equivocada. A imprensa brasileira, com raras exceções, abdicou do jornalismo para abraçar a militância. Especialmente o jornal “Folha de S. Paulo” e o canal Globo News, que se tornaram uma espécie de projeto de extensão da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professores universitários pontificavam sobre os protestos, relacionando-os até com o democrático projeto de decreto legislativo do deputado federal João Campos (PSDB-GO) que põe o Conselho Federal de Psicologia em seu devido lugar, mas que foi indevidamente apelidado pela imprensa e pela academia de Projeto da “Cura Gay”.

Contradições da imprensa
Até a cobertura do jornal “O Estado de S. Paulo” acabou favorecendo os manifestantes. No início dos protestos, o “Estadão” publicou contundentes editoriais defendendo o direito de ir e vir dos cidadãos e conclamando as autoridades paulistas a não deixar que esse direito fosse subtraído pelo vandalismo. Mas o noticiário do Estadão — especialmente o que é publicado na Internet e tem maior visibilidade entre os jovens — frequentemente contradisse seus editorais, minimizando as depredações ao descrevê-las como uma reação à truculência da polícia. Essa dicotomia criada pela imprensa entre o manifestante pacifista e o policial truculento se agravou quando jornalistas foram feridos nos protestos.

A partir daí, o noticiário desandou de vez e perdeu completamente o senso crítico, colocando-se a serviço dos manifestantes. Foi o que se viu na Globo News, que armou em seu estúdio uma espécie de fórum permanente de acadêmicos, em que professores de ciências humanas, invariavelmente, enalteciam as virtudes das manifestações de rua e condenavam a autoridade do Estado. O surrealismo era tanto que, nas ruas de São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais, enquanto as imagens de carros incendiados e patrimônio depredado saltavam da tela, os repórteres da emissora enfatizavam que o protesto transcorria de forma “tranquila e pacífica”.

Irônico é que esses mesmos repórteres, tão logo os protestos ganharam corpo no País, passaram a trabalhar sem o logotipo da emissora nos microfones, temendo a agressão dos manifestantes. Em várias ocasiões, as equipes de reportagem foram hostilizadas pela turba. A Rede Record teve um carro queimado num dos protestos. O SBT também sofreu uma baixa do gênero. E a Rede Globo teve um de seus estúdios ameaçados. Mas a se crer no noticiário dessas mesmas emissoras, a culpa do vandalismo foi de uma minoria de manifestantes “pacíficos e tranquilos” e, ainda por cima, só ocorreu em reação à violência da polícia. É como se o fato de dificultarem a atuação dos policiais, negando-lhes o itinerário das passeatas, não fosse um ato de explícita cumplicidade com os vândalos.

Só os jornalistas dos programas mundo cão, como Marcelo Rezende, da Record, e José Luiz Datena, da Band, é que evitaram atribuir a violência aos policiais, pois precisam deles no dia a dia para alimentar seus respectivos telejornais regados a sangue. Mesmo assim, também eles repetiam que a manifestação era um direito da população e que os vândalos não passavam de uma minoria. No caso da Record, Marcelo Rezende tentou atribuir os protestos a uma boa causa — a revolta popular contra os gastos públicos para que o Brasil sediasse a Copa de 2014. Não por um bom motivo, mas pelo despeito empresarial da emissora de Edir Macedo, que não poderá transmitir os jogos da Copa, monopólio da Rede Globo.


Cadê a nova classe média?
O ativismo do jornalismo brasileiro beirou o inacreditável. A jornalista Leilane Neubarth, da Globo News, cantava loas aos jovens que foram para as ruas, secundada por professores universitários que davam plantão no estúdio da emissora criticando a polícia. É lamentável ter que dizer isso, afinal, eu vivo da profissão de jornalista, mas o jornalismo brasileiro está próximo da barbárie intelectual. Em média, repórteres, âncoras e até editores deviam agradecer o ministro Gilmar Mendes, do STF, pelo fato de terem sido chamados de “cozinheiros”. Ao menos durante a cobertura dos protestos, muitos deles não mereceram sequer esse elogio. Afinal, o cozinheiro ao menos é obrigado a conhecer a receita que prepara.

E não são apenas repórteres e âncoras de televisão que parecem desconhecer a história do País — até profissionais experimentados do jornalismo impresso demostraram incultura ao comentar as manifestações, limitando-se a repetir e apoiar as frases de efeito da horda de jovens que paravam as cidades. É o caso da jornalista e colunista da “Folha de S. Paulo”, Eliane Cantanhêde, que também é comentarista da Globo News. Ela reforçou o tom de torcida organizada adotado pela emissora e, concorrendo com os acadêmicos convidados, procurou atribuir os protestos à uma justa insatisfação da população brasileira com “tudo o que está aí”.

Ora, não foi a imprensa brasileira — com o apoio dos cientistas sociais — que deu curso à falsa tese de que existe uma nova classe média no Brasil? Não vi nenhum jornalista dissecar e contestar os dois estudos coordenados pelo economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, mostrando, como eu fiz, que a “nova classe média” não passa de um mito político criado a partir de uma manipulação estatística. O economista da FGV baixou radicalmente os parâmetros de renda familiar e, com isso, “enriqueceu” num passe de mágica cerca de 40 milhões de pobres, que passaram a ser chamados de “classe média”. Esse falso “milagre brasileiro” contribuiu enormemente para a altíssima popularidade do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e para a eleição da presidente Dilma Rousseff.


Criando novas ficções
Após concluir o estudo com sua equipe da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri lançou no Palácio do Planalto, em 28 de agosto de 2008, o conceito de “nova classe média”, durante um evento que contou com a presença do então presidente Lula e seus ministros, entre eles, Dilma Rousseff. Para o economista, que acabou presenteado por Dilma com a presidência do Ipea (Instituto de Pesquisa E­conômica Aplicada), toda família que tem renda “per capita” igual ou superior a R$ 291 já é classe média. E se tiver renda per capita superior a R$ 1.019, já é classe alta. Em suma: se a família não estiver mendigando debaixo da ponte, então ela já é computada como classe média pelo governo. Foi com esse golpe estatístico que Lula se tornou o autor de uma peça de ficção: “Dilma no País das Maravilhas” — materializada nas urnas em 2010.

Como se vê, desde 2008, a imprensa brasileira ajudou a disseminar a ficção econômica de que havia uma nova classe média no Brasil, responsável por transformar o País numa potência mundial. E também contribuiu com o estelionato eleitoral praticado por Lula em 2010, quando o líder petista conseguiu eleger um poste com base, sobretudo, em duas ilusões: a realização da Copa e das Olimpíadas, que trariam obras, divisas e prestígio, e a renda do pré-sal, que faria do Brasil uma potência planetária. A imprensa acreditou tanto nesses mitos petistas que agora se queda perplexa diante das ruas convulsas, sem saber como explicar o descontentamento da população. E quanto tenta fazê-lo, cria novas ficções.

Sempre querendo se colocar na vanguarda dos protestos, alguns articulistas e âncoras resolveram colocar na boca dos manifestantes reivindicações que eles não fizeram a sério. Depois das cenas dantescas da noite de quinta-feira, quando mais de 1 milhão de manifestantes rugiram pelas ruas de cerca de 120 cidades no País, a imprensa tentou achar uma nova pauta capaz de pôr ordem no caos. Na Globo News, a jornalista Renata Lo Prete citou uma frase que disse ter ouvido de um “observador perspicaz” e que lhe agradou muito: “Antes, as pessoas protestavam contra o que os governos faziam de errado. Agora, elas protestam contra o que eles deveriam fazer e não fazem”. E arrematou o comentário dizendo que os protestos se devem à falta de qualidade do serviço público.

A Constituinte exclusiva
O jornalista Merval Pereira, também na Globo News, condenou as autoridades por entregarem as ruas aos manifestantes, lembrando que isso não ocorre em nenhuma cidade do mundo; mas conferiu legitimidade ao movimento, alegando que “a atividade política, do modo como é feita hoje, não é aceita por mais ninguém”. Com base nessa premissa equivocada, Merval Pereira defendeu “uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política” — proposta que já foi aventada por Lula e agrada sumamente o PT.

Seis senadores, entre eles Cris­tovam Buarque (PDT-DF), já assinaram, na quinta-feira, 20, uma proposta de Constituinte exclusiva. O problema é que, se em 1986, com uma Constituinte não exclusiva e um País menos aloprado, a Constituição de 88 já nasceu torta, pregando retalhos socialistas no tecido da sociedade capitalista, imaginem o estrago que faria uma Constituinte exclusiva num País tomado pelo extremismo de rua, estrumado na surdina pelo PT? É irônico, se não fosse trágico, que essa mesma gente que quer fazer Constituinte a partir da baderna, se recusa a reduzir a maioridade penal com base em sóbrias pesquisas de opinião, repetidas há décadas, com o mesmo resultado esmagadoramente favorável à redução.

O PT, começando pela presidente Dilma, tentou capitalizar os protestos, enquanto eles eram mais fortes em São Paulo e podiam ser usados contra o governo tucano. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (que até o jornalista Luís Nassif considera o pior da história da pasta), agiu com extrema irresponsabilidade ao tentar criar o caos em São Paulo, oferecendo uma cínica ajuda ao governador Geraldo Alckmin pela imprensa e responsabilizando a polícia paulista pelos distúrbios.

Essa tática petista de ser, ao mesmo tempo, situação e oposição dessa vez deu errado e, já nos protestos de quinta-feira em São Paulo, o PT, que também foi para as ruas, teve de recolher suas bandeiras. E a baderna só não tomou de assalto o Palácio do Planalto porque Dilma se escondeu atrás de um imenso batalhão de fardas, fortemente armado e pronto para cair sobre a multidão. Foi a maior derrota política do PT desde que o partido chegou ao poder em 2002. Lula ainda está em silêncio e Dilma, encurralada. Ela só se pronunciou na noite de sexta, quando a irresponsabilidade e a omissão deram lugar ao voluntarismo — sem deixar de flertar com as turbas de esquerda.

A liberdade ameaçada
Justamente agora é que os setores democráticos da sociedade brasileira — que acreditam na liberdade do indivíduo e na economia de mercado — não podem dormir tranquilos. A maioria dos jovens que foi às ruas, ao contrário do que insiste em dizer a imprensa, não tem compromisso sério com nada. Estão apenas “curtindo”, como se estivessem numa balada de fim de semana. É mais do que notório que, na maioria das cidades brasileiras, os manifestantes se comportavam como se estivessem num carnaval. E como foram para as ruas sem um palanque montado e sem uma polícia avisada (mais essenciais para a ordem do que a pauta de reivindicações), o vandalismo foi inevitável, por mais que jornalistas e autoridades pensem o contrário.

Nenhum país sobrevive com o povo em convulsão nas ruas, inviabilizando as atividades produtivas. Quem vai indenizar os comerciantes que tiveram suas lojas saqueadas? É justo o contribuinte arcar com a depredação do patrimônio público? Que direito tem a turba de impedir as pessoas de se locomoverem para o trabalho, a escola, a casa, o hospital? Mais cedo ou mais tarde, a insanidade do jornalismo e a omissão das autoridades terão de ceder lugar à normalidade. Mas o PT, que detém o poder no País, está disposto a usar essa força sem segundas intenções? Duvido. A tendência é que o partido, ao mesmo tempo em que tentará fortalecer o poder federal, também tentará enfraquecer os Estados. A necessidade de garantir a realização da Copa pode ser o pretexto que faltava ao partido para aumentar seu poder.

O atual Congresso Nacional, um dos piores da história do Brasil, não tem condições de oferecer resistência ao Executivo. Prova disso é que aceitou discutir um projeto imoral, de autoria dos senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), Ana Amélia (PP-RS) e Walter Pinheiro (PT-BA), que altera o Código Penal e institui uma espécie de AI-5 da Copa, criando punições draconianas relacionadas com a realização dos jogos. Esse projeto — que afronta a Cons­tituição ao desigualar os brasileiros perante a lei — foi aprovado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado no dia 4 de junho último. Uma coisa é certa: com a revolta midiática das ruas, as nossas autoridades políticas — cada vez mais infantis e pusilânimes — vão se juntar em busca de uma solução mágica. A Constituinte exclusiva deve ser esse novo emplastro Brás Cubas. E se essa proposta prevalecer, o Brasil vai cumprir o ideal da esquerda — e se tornar uma imensa Venezuela.




Publicado no Jornal Opção, de Goiânia.

José Maria e Silva é sociólogo e jornalista.
(Fonte Mídia Sem Máscara)

quarta-feira, junho 26, 2013

O homem só.








O homem só.
por Paulo Briguet (*)


Há 45 anos, Raymond Aron tornou-se o mais solitário pensador do mundo ao qualificar os protestos na França em maio de 1968 como “psicodrama” coletivo. Foi hostilizado pela maioria da intelectualidade esquerdista. Jean-Paul Sartre chegou a declarar que Aron era “indigno de ser professor” e deveria ficar nu diante de todos (durante a Revolução Cultural, os comunistas chineses aplicavam ao pé da letra esse expediente de humilhação pública).



No Brasil, Nelson Rodrigues (veja aqui um excelente texto sobre o comunismo) foi vítima de fúria semelhante. Em várias crônicas, criticou as passeatas estudantis e apontou o absurdo do slogan “É proibido proibir”, entoado por jovens que defendiam Mao Tsé-tung, Fidel Castro e Che Guevara, especialistas em proibições mortais. A essa lista também pertence o cambojano Pol Pot, que estudara em Paris nos anos 50 e mostrou na prática os resultados da “imaginação no poder”: 1 milhão de mortos em alguns meses.

Hoje sabemos que Aron e Nelson estavam certos. Eles comprovaram a máxima de Ibsen: “O homem mais forte é o mais só”. Muito mais do que aderir à multidão, o verdadeiro ato de resistência consiste em dizer que ela está errada.

Movimentos de massa só têm razão de ser quando apresentam uma causa nobre e objetiva. Protestar pacificamente contra a famigerada PEC 37, por exemplo, é legítimo; defender a queda de um ditador ou corrupto, idem. Mas, quando as rebeliões da massa alardeiam mil exigências simultâneas e contraditórias, tornam-se receitas para o caos. E caos só termina em farsa ou tragédia.

O que vimos no Brasil durante a semana passada pode ser resumido pelo título do livro de Lobão: Manifesto do Nada na Terra do Nunca. Profético, Lobão! Não por acaso, Nelson Rodrigues assinalava, na fala de um de seus personagens dramáticos: “Só os profetas enxergam o óbvio”.

As manifestações brasileiras representam o descaminho de uma sociedade espiritualmente vazia e viciada em Estado. Há 80 anos, Ortega y Gasset já apontava para o perigo da “estatização da vida”. Suas palavras também são proféticas: “O homem-massa vê no Estado um poder anônimo e, como se sente um anônimo vulgo, crê que o Estado é coisa sua”. Esse personagem descrito por Ortega – o homem-massa - é um Luís XIV em miniatura: ele pensa que o Estado existe para realizar seus desejos e fantasias. Quando surge algum problema, basta invadir um prédio público ou incendiar um ônibus. O Estado resolverá depois.

Nos tempos atuais, a única passeata digna de respeito é a do homem só: aquele que levanta às 6 horas, trabalha o dia inteiro e luta pela sobrevivência da família. Ele é o verdadeiro gigante que acorda todos os dias – e bem cedo. Abençoado seja o homem que, ao ouvir “Vem pra rua!”, pensa na vida e vai para casa.


Fonte Mídia Sem Máscara
(*)Paulo Briguet é jornalista e edita o blog Com o Perdão da Palavra.

terça-feira, junho 25, 2013

O homem planeja e Deus ri.



É a volta do cipó de aroeira
por Carlos Brickman




Tudo começou como um movimento de extrema esquerda: na primeira passeata em São Paulo, militantes do MPL, PSTU, PSOL e PCO, com bandeiras, estavam à frente, bloqueando a Avenida Paulista.

O MPL, Movimento Passe Livre, foi criado pelo Fórum Social Mundial, organização assumidamente de esquerda, na reunião de 2005. O domínio de Internet usado pelo MPL pertence a uma ONG próxima ao PT, Alquimídia, que recebe recursos da Petrobras e do Ministério da Cultura e até o início das passeatas trazia no site os símbolos governamentais.

Mas o movimento caiu no gosto do público e atraiu gente que não tinha nada de esquerdista: queria protestar contra a corrupção, o desperdício do dinheiro público, o custo da Copa, os gastos de parlamentares, o Mensalão, os problemas da saúde, problemas sempre associados ao Governo.

O que era para ser um movimento contra a alta das tarifas virou ponto de encontro de descontentes com o Governo e o PT – a ponto de manifestantes se reunirem em frente à residência de Lula, em São Bernardo, SP, gritando insultos, a ponto de manifestantes se concentrarem diante da residência do prefeito petista Fernando Haddad, em São Paulo. O radicalismo antipetista chegou a acusar a Globo de estar a serviço do PT. (comentário do Blogando: os antipetistas acertaram em cheio; afinal não só a Globo mas as outras emissoras fazem um exercício incrível para esconder as faixas contra Dilma, Lula e o Péssimo Governo que fazem)

É sensível a queda de prestígio do Governo. Ruim: este é o Governo que temos, gostemos ou não, e que até o fim de 2014 tem a tarefa de gerir o país. O bumerangue foi e voltou, atingindo quem se sentiu esperto ao ter a brilhante ideia de lançá-lo.

(O Blogando acrescenta: querendo ou não Dilma será reeleita; afinal as Urnas Eletrônicas, dizem as más línguas - e as boas também - está filiada ao Petê desde as eleições de 2006)

Como diz o provérbio ídiche, o homem planeja e Deus ri.

Fonte Pletz



sexta-feira, junho 21, 2013

As faces do movimento nas ruas.










As faces do movimento nas ruas.

por Paulo Rosenbaum  



Punks, tribos sem vínculos políticos, viciados, trabalhadores e moradores de rua foram personagens dos protestos.

O maior inimigo desta vitória não foi ainda identificado. Ele anda no esconderijo sutil, lá, onde sabe que é impossível ser defenestrado. Ficou a espreita por uma geração e meia. Ele não só se articulou para trazer a passividade excessiva, como, impedir que qualquer um descobrisse sua missão central. Preferiu ficar imerso na sombra, o lado escuro de todo acerto. Torcia quieto, não queria que nada atrapalhasse a hibernação coletiva.

A cara deste monstro inominável bem que poderia ser encontrada naqueles gibis velhos. Deveríamos procurá-lo nos antigos romances. Em meio aos personagens sombrios. Alguns admitem terem sentido sua presença em becos sem um pingo de esperança. Ele esteve nas piores guerras, nos massacres sucessivos. Dizem que vigia e estimula as ofensas que cometemos uns contra os outros. Viveu em toda opressão que exercemos sobre aqueles que não podem se defender. Sua última aparição pública precedeu a devastação e depois comandou as sessões de tortura contra a natureza.

Essa aberração nunca esteve longe. Sempre aqui, bem ao lado. Low profile, foi criado em cada casa. Alimentado em cada escola. Mantido em todos os postos de trabalho, em qualquer reunião, nos passeios, nos mercados e na via pública. O silêncio. Exato, é dele que falamos. Ádito, omissão, interdição do diálogo, apuridar-se. Há terapêutica? Mas é claro, diálogo, seu nome é diálogo! Também conhecido por interlocução, conversação, debate, parouvelar, cavaquear, discretear.

Mas soube-se que o medicamento, apesar de ser instrumento imprescindível para a democracia, passou gerações inteiras sem ser treinado ou ensinado. Por aqui ninguém compreendeu sua importância. Sua força permanece ignota. Cult para as ciências humanas, só foi isolado para estudo em profundidade uma única vez, em maio de 1968. Enigmático, ninguém das ciências naturais ousou mensura-lo em joules até que escapou de uma prisão de segurança máxima.

As vozes que agora se ouvem não querem só gritar. Preferem audiência atenta, intensa, prolífica. Não podem mesmo ficar impassíveis quando sentem a farsa. E quem atua no poder não pode fingir. Não pode atuar para fazer parecer que não é com ela. Quem governa não pode dissimular. Ignorar quem fala é como cultivar o abandono. Ainda que não saibam perfeitamente disso, a multidão exige mais ser escutada que obter respostas práticas pelas quais ela luta. Não há culpa e sequer culpados isoladamente. Precisamos consentir: o mal já estava sendo feito há muito. Feito e consumado. Eu mesmo demorei para perceber que não era só o caso de consumidores enfurecidos. Era isso também, mas era mais.

Somos todos, gerações que não sabem conversar. Para abreviar, pode-se dizer que perdemos o hábito. O sucesso dos meios intermediários de comunicação é prova disso. Dependemos de filtros, anteparos, telas e fios. Repararam? Como a TV fala por nós. Como forjamos a cultura inútil que, ganhando vida própria, pode perdurar à nossa revelia? E também o vício nos computadores, as redes sociais, os telefones. Lemos menos. Ouvimos menos. A prosa se encolheu. E quem nos ensinou a falar? Quem explicou que negociar é o caminho para a compreensão? Que o sim pode invadir o não para os devidos acordos. Quem em nossos dias sabe aceitar não? Quem tolera que não se façam nossas vontades?

A ditadura passou sobre todos nós com tratores, ocluiu as bocas dessas crianças. Quem a sucedeu repetiu a fórmula: fez exatamente a mesma coisa. E de paternalismo em paternalismo, as crianças desaprenderam o que dizer, como falar, o jeito de reivindicar.

Para a maioria foi emocionante vê-las ontem passando com flores, improvisos e cartazes rabiscados. Estão tentando reaprender uma arte caçada não só pelos Atos Institucionais de 1964. Readquirir a linguagem que lhes foi roubada por todos estes anos sem liberdade, com liberdade assistida, com o falso cuidado de líderes inúteis. Fomos governados por tutores que, no fundo, não queriam ninguém fora das jaulas, da ignorância, do cabresto.

Por isso mesmo escolher a liberdade é cada vez mais difícil. E mantê-la, o segredo da paz. Por isso para os velhos quase dói testemunhar como eles todos ainda conservam o ímpeto dos que acreditam, o tino da aventura, o dom de se desdobrar pelas utopias, deslumbrar-se pelo risco, levantar pela fome de justiça adiada, erguer-se do jejum prolongado.

Ao mesmo tempo, a fragilidade! Todos os vimos. Aqueles que só queriam namorar, os que precisavam gritar, os ordeiros, os deixa-disso, comandantes, pacifistas, ladrões, pilantras e sacanas. Os justos sempre se espantam com malandros otários. Mas eles assumiram, andariam lado a lado. Agora dá para ver melhor que essa mesma fusão incauta, que não fixa nada, é ao mesmo tempo a principal fonte de energia: é dali que descolam suas forças. É isso que é, e, por isso, todos são traídos pelas análises. Um grande paradoxo. No pueril a vitalidade é inata, e seu poder emana de sua enorme vulnerabilidade.

O que está acontecendo é indefinível, novo, mais uma destas complexidades sem paralelo. Pode-se sentir que ainda têm nos olhos a esperança e a força, e usam as duas para pressionar o futuro. Eles não foram introduzidos à tolerância como forma de entendimento. Por isso, surpreende vê-los andando calmamente, sem nenhum destino alvo, como se a rua fosse parte de uma rota indistinta. Sabem o que os espera? Não importa. Vão em frente, e não tem medo nem inveja da maturidade. Pelo contrário, fazem questão de ignorá-la. Por isso, revoluções só devem ser iniciadas por gente abaixo dos vinte. E onde ficamos nós? Nós somos os velhos. Aqueles que por sua vez também desaprenderam a arte da conversação. Ficamos duros, insensíveis e mentirosos. Hábeis na propaganda, safos na enrolação e no jogo de protelação. Os jovens não saberiam como nos contestar. Por isso — e eles sabem disso — não somos mesmo confiáveis.

Precisamos assumir coletivamente: muito de tudo isso veio desta mudez, um silêncio que durava duas ou mais gerações. A solução nunca foi censura, mas mais expressão. A saída nunca foi a intolerância e é vital que a resistência não seja violenta. Não fomos convidados e ainda estamos separados do mar de vozes, onde a península é apenas um esboço.

Não é por isso que os amamos menos.

quinta-feira, junho 20, 2013

Um país embasbacado.







Um país embasbacado.
por Ronaldo Gomlevsky





Trezentos mil nas ruas do Brasil. Para um país de duzentos milhões de habitantes, um protesto multifacetado, ainda sem liderança aparente que pretende chamar a atenção da cidadania, através de gente de todas as camadas sociais, funcionais e estudantis que se reúne e marcha nas ruas de nossas grandes capitais, pode parecer, em números absolutos, um movimento com apoio restrito.

A verdade é que não está sendo assim. No Rio de Janeiro, famílias inteiras e estudantes se dirigiram ao centro da cidade, mais especificamente, à porta da Igreja da Candelária, para em marcha pacífica, ganhar a Avenida Rio Branco e, após atravessá-la, desembocar pacificamente, na Cinelândia. O motivo do protesto está mais do que claro. Gastos públicos excessivos, falta de investimentos em saúde, educação e saneamento básico, política econômica do governo em cheque, corrupção e tantas outras mazelas já há muito conhecidas deste nosso Brasil varonil.

Sucede que em movimentos de massa, não só gente do bem e com boas intenções, participa.

Com uma enorme cauda vista nesta cidade, apenas uma vez, protestando nas ruas, na época das Diretas Já, esta imensa e moderna anaconda formada por seres humanos, na sua esmagadora maioria bem intencionados, no desenrolar de sua passagem, se dividiu em duas cabeças, no meio do caminho.

Enquanto a cabeça do bem continuava sua trajetória, a segunda cabeça, com um número surpreendente de mais de quinhentos criminosos, resolveu se dirigir até a porta da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, onde todos os atos de depredação e vandalismo foram realizados. Desde a utilização de coquetéis Molotov que não são confeccionados na hora e sim com antecedência, até a depredação da sede política do Estado que é a nossa casa de leis, passando por incêndios provocados criminosamente, em carros estacionados nas imediações e arrastados para a porta do Palácio Tiradentes, até roubo de bancos em seus caixas eletrônicos, invasão e roubo de casas comerciais nas ruas próximas e agressões que beiraram tentativas de homicídio contra elementos da PM, lançados às feras e ao deus dará, sem reforço policial e sem a menor condição de enfrentar os bandidos que os atacavam e que lá se encontravam com o propósito deliberado de bater, quebrar, assaltar e violentar.

Fico me perguntando o que devem estar sentindo os meus dois filhos que foram protestar pacificamente e se depararam com aparentes companheiros de protesto que na verdade, não estavam lá para reclamar e sim para perenizar a criminalidade que os estudantes querem combater.

O país está perplexo. A cidadania aturdida, os homens de bem, embasbacados, mas os vagabundos e os marginais, exultantes.
Mais uma vez, na história do mundo, meia dúzia se aproveita de milhares para implantar o terror, o ódio e a cizânia.
A mim, não enganam, na Alemanha de Weimar, o nazismo mostrou sua cara, da forma absolutamente equivalente ao que ontem presenciamos.

Aos líderes estudantis brasileiros cabe a denúncia de quem são estes canalhas. Se não querem trilhar este caminho que expulsem do seu meio, os criminosos de plantão, sob pena de verem seu movimento ser também roubado e suas bandeiras jogadas ao chão.

Só nos falta aparecer um Adolf Hitler tupiniquim para liderar um movimento que insiste em não apresentar lideranças. Falta liderança clara, falta expelir os vagabundos e falta elencar as motivações reais dos protestos. Caso não fique tudo muito claro, a vaca irá para o brejo, como aparentemente já está indo.

Ronaldo Gomlevsky é Editor Geral da Revista MENORAH

terça-feira, junho 18, 2013

Basta!




Basta!
por Ariel Krok





Eu não fui a manifestação, desde a primeira delas fui completamente a favor da expressão, mas radicalmente contra atos de radicais que sequestraram uma causa justa para depredar nossa tão castigada cidade. Atrapalharam, quebraram, ameaçaram por muito pouco em um pais que tem problemas muito maiores do que os “meros” R$ 0,20.

Fui contra e deixei isto muito claro pois não pode-se admitir que dentre uma maioria pacifica meia dúzia de baderneiros continuassem a causar muito mais estragos do que soluções e que esta maioria não fosse capaz de segurar uma minoria radical. Fato é que até o momento o MPL insiste apenas na redução e na utópica ideia de passe livre em uma cidade com as dimensões de São Paulo, junto a eles entraram na onda os da “classe operaria” que combatem a “burguesia” com sua cega ideologia que não enxerga debaixo de seus narizes as mazelas que nos meteram nos últimos 12 anos o “partido do povo” e seus aliados.

Mas vejam só, a manifestação veio até mim, de maneira coesa e pacifica, marchando lentamente por uma das mais movimentadas avenidas da cidade em pleno horário de pico! Chegaram até a porta da minha casa. O barulho crescente chegando até nós, não resisti e decidi levar água para matar a sede daquelas pessoas que acreditando em um pais melhor, e não apenas em R$0,20, andaram quilômetros, pessoas de todas as cores, formas e tipo sangüíneo, juntos caminhando, cantando e lutando por algo em comum, nosso Brasil.

Acabei entorpecido por aquela atmosfera de civismo contagiante, entrei na onda por poucos metros mas o suficiente para sentir orgulho daquele momento, aquele orgulho adormecido, desacreditado, quase em coma por tantos anos de ataques que causaram marcas profundas, daquelas que em determinado momento nos entregamos e chegamos a pensar em desistir, foram inúmeras tentativas de ver alguma mudança, movimentos do Basta, do Chega, entre tantos e tantas vezes sem resultado algum, e aquela doença se alastrando de maneira descontrolada em todas as urnas do nosso país.

Eis que esta noite ele acordou, levantou-se e foi a luta, mostrou que apesar do tempo, apesar da vastidão desta enfermidade que tomou conta do Brasil, ainda há esperança, ainda podemos acreditar em um pais melhor, menos descarado, mais justo, menos impune, mais solidário, menos esperto e mais correto.

Amigos, esta noite foi o dia do Basta, chega de sermos tratados como imbecis, pagando muito caro por nada em troca, morrendo por muito pouco ou quase nada, com medo de nossas próprias sombras nas esquinas mal iluminadas. Chegou a hora de lembrarmos à classe política que a coroa portuguesa já se foi há séculos e que seus ex-súditos não suportam mais tantas mazelas impunes em repetidas investidas contra nossas famílias, nossa pátria, nossa honra, nosso lar.

Daqui pra frente ou a coisa anda com reformas aprovadas, corruptos na cadeia, e impostos adequados ou a guilhotina das eleições vai ser afiada e os cabeças das PECs, MPs, 14o e 15o, mensaleiros, devem rolar.

Boa vida nova para esta nação que mostrou esta noite mais do que nunca que é feita de guerreiros.

quarta-feira, junho 12, 2013

O Brasil é nosso. Não é dos índios. Nunca foi.




O Brasil nunca pertenceu aos índios.

por professora Sandra Cavalcanti

Onde este personagem estiver, aí haverá sempre uma farsa



Quem quiser se escandalizar, que se escandalize. Quero proclamar, do fundo da alma, que sinto muito orgulho de ser brasileira. Não posso aceitar a tese de que nada tenho a comemorar nestes quinhentos anos. Não agüento mais a impostura dessas suspeitíssimas ONGs estrangeiras, dessa ala atrasada da CNBB e dessas derrotadas lideranças nacional-socialistas que estão fazendo surgir no Brasil um inédito sentimento de preconceito racial.

Para começo de conversa, o mundo, naquela manhã de 22 de abril de 1500, era completamente outro. Quando a poderosa esquadra do almirante português ancorou naquele imenso território, encontrou silvícolas em plena idade da pedra lascada. Nenhum deles tinha noção de nação ou país.Não existia o Brasil.

Os atuais compêndios de história do Brasil informam, sem muita base, que a população indígena andava por volta de cinco milhões. No correr dos anos seguintes, segundo os documentos que foram conservados, foram identificadas mais de duzentos e cinqüenta tribos diferentes. Falando mais de 190 línguas diferentes. Não eram dialetos de uma mesma língua. Eram idiomas próprios, que impediam as tribos de se entenderem entre si. Portanto, Cabral não conquistou um país. Cabral não invadiu uma nação. Cabral apenas descobriu um pedaço novo do planeta Terra e, em nome do rei, dele tomou posse.

O vocabulário dos atuais compêndios não usa a palavra tribo. Eles adotam a denominação implantada por dezenas de ONGs que se espalham pela Amazônia, sustentadas misteriosamente por países europeus. Só se fala em nações indígenas.

Existe uma intenção solerte e venenosa por trás disso. Segundo alguns integrantes dessas ONGs, ligados à ONU, essas nações deveriam ter assento nas assembléias mundiais, de forma independente. Dá para entender, não? É o olho na nossa Amazônia. Se o Brasil aceitar a idéia de que, dentro dele, existem outras nações, lá se foi a nossa unidade.

Nos debates da Constituinte de 88, eles bem que tentaram, de forma ardilosa, fazer a troca das palavras. Mas ninguém estava dormindo de touca e a Carta Magna ficou com a palavra tribo. Nação, só a brasileira.

De repente, os festejos dos 500 anos do Descobrimento viraram um pedido de desculpas aos índios. Viraram um ato de guerra. Viraram a invasão de um país. Viraram a conquista de uma nação. Viraram a perda de uma grande civilização.

De repente, somos todos levados a ficar constrangidos. Coitadinhos dos índios! Que maldade! Que absurdo, esse negócio de sair pelos mares, descobrindo novas terras e novas gentes. Pela visão da CNBB, da CUT, do MST, dos nacional-socialistas e das ONGs européias, naquela tarde radiosa de abril teve início uma verdadeira catástrofe.

Um grupo de brancos teve a audácia de atravessar os mares e se instalar por aqui. Teve e audácia de acreditar que irradiava a fé cristã. Teve a audácia de querer ensinar a plantar e a colher. Teve a audácia de ensinar que não se deve fazer churrasco dos seus semelhantes. Teve a audácia de garantir a vida de aleijados e idosos.

Teve a audácia de ensinar a cantar e a escrever.

Teve a audácia de pregar a paz e a bondade. Teve a audácia de evangelizar.

Mais tarde, vieram os negros. Depois, levas e levas de europeus e orientais. Graças a eles somos hoje uma nação grande, livre, alegre, aberta para o mundo, paraíso da mestiçagem. Ninguém, em nosso país pode sofrer discriminação por motivo de raça ou credo.

Portanto, vamos parar com essa paranóia de discriminar em favor dos índios. Para o Brasil, o índio é tão brasileiro quanto o negro, o mulato, o branco e o amarelo. Nas nossas veias correm todos esses sangues. Não somos uma nação indígena. Somos a nação brasileira.

Não sinto qualquer obrigação de pedir desculpas aos índios, nas festas do Descobrimento. Muitos índios hoje andam de avião, usam óculos, são donos de sesmarias, possuem estações de rádio e TV e até COBRAM pedágio para estradas que passam em suas magníficas reservas. De bigode e celular na mão, eles negociam madeira no exterior. Esses índios são cidadãos brasileiros, nem melhores nem piores. Uns são pobres. Outros são ricos. Todos têm, como nós, os mesmos direitos e deveres. Se começarem a querer ter mais direitos do que deveres, isso tem que acabar.

O Brasil é nosso. Não é dos índios. Nunca foi.




Fonte: neoconservatism.us

terça-feira, junho 11, 2013

Stephen Hawking e seu boicote absurdo.



por Floriano Pesaro (*)




O mês de Maio de 2013 trouxe uma notícia tão inquietadora quanto decepcionante. Um cientista outrora admirável, seja por sua produção acadêmica, seja por sua história de superação na vida e mesmo por seu reconhecimento universal, tomou uma decisão ABSOLUTAMENTE lamentável.

Stephen Hawking, físico teórico e cosmólogo britânico, um dos mais consagrados cientistas da atualidade, resolveu boicotar a “Conferencia Israelense do Presidente” a ser realizada em Israel no mês de Junho.

Israel já vinha sendo o não destino para alguns pretensos detentores da moral e integridade. Desde 2006, foi criado um movimento para boicotar instituições acadêmicas israelenses organizado por uma coalizão de grupos palestinos, ao qual pessoas como o cantor Bono e Stevie Wonder emprestam seu prestígio e apoio. Desta vez, foi o renomado cientista que resolveu acatar os pedidos da organização.

Algumas coisas a serem consideradas nesta desastrada atitude de Stephen Hawking:

Antes de tudo, a ironia do evento ao qual ele escolheu boicotar. Esta conferência específica está sendo organizada em homenagem aos 90 anos do presidente de Israel, Shimon Peres.

Na história política recente deste país, Peres é o estandarte da luta pela paz. E tem sido por décadas. Seu compromisso com o diálogo, com amplas negociações e uma paz abrangente e duradoura com os palestinos é fato reconhecido. Shimon Peres é ganhador do Prêmio Nobel da Paz e, aos 90 anos, segue firme e forte, otimista e determinado com seu objetivo de uma solução de dois estados para Israel e Palestina.

Também, há que se considerar que personagens do quilate de Hawking deveriam saber que os boicotes são antiéticos quando se pensa que é o ideal da pesquisa livre que tonifica a empreitada científica.

OU será que Stephen Hawking não acredita na livre troca de ideias?

Neste sentido, Israel é um país democrático que apoia a igualdade, a liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade de religião e é comprometido com os direitos de seus cidadãos e das minorias.

Mas, de qualquer modo, acadêmicos e cientistas israelenses não são nem porta-vozes do governo, nem fantoches. Tem sido frequentemente sérias as discordâncias entre o governo e as universidades em Israel, com destaque para a independência das instituições acadêmicas de Israel.

Um exemplo é a decisão do governo israelense no ano passado para atualizar o status de uma faculdade construída em Ariel – uma cidade no interior da Cisjordânia – a de uma universidade. Ela foi veementemente contestada por instituições de Israel de ensino superior (e por talvez 50% da população geral).

Um segundo exemplo é a tentativa mal sucedida pelo governo israelense para encerrar o Departamento de Política e Governo da Universidade de Ben-Gurion – que foi atacada por seus pontos de vista de esquerda. A oposição e pleito dos acadêmicos israelenses em todo o país que alertaram para o perigo para a liberdade acadêmica – ajudaram a evitar o fechamento do departamento. Não que não haja momentos em que a ética deve se sobrepor.

Entretanto, onde, então,está a declaração de Hawking contra o tratamento do povo maiana Guatemala; dos tâmeis no Sri Lanka, na Caxemira, na Índia;dos curdos na Turquia;dos Baha’i do Irã,dos xiitas do Paquistão, dos chechenos na Rússia ou talvez sobre o tratamento dos tibetanos na China,onde Hawking recentemente fez uma visita célebre?

Ao invés de visitar a região e debater sobre suas dificuldades,ele resolve usar seu considerável prestígio e dizer que um país,só um país entre todas as nações do mundo,é merecedor de descrédito exclusivo!

Boicotes acadêmicos são contrários a tudo o que a academia representa. A globalização acadêmica, com todos os seus perigos potenciais, está rompendo as fronteiras. Cientistas de diferentes nacionalidades e religiões trabalham juntos e tornam-se parte de um continuum – uma comunidade global.

A fim de gerar condições favoráveis para as negociações, as pessoas devem falar e diferentes pontos de vista devem ser ouvidos.

O professor Hawking decepciona o mundo livre ao esquecer qual é a essência da academia: o livre intercâmbio de ideias.

(*)Floriano Pesaro é Sociólogo e Vereador

domingo, junho 09, 2013

Verdes que são vermelhos e índios que não são índios mas verdes e vermelhos.



Verdes que são vermelhos e índios que não são índios mas verdes e vermelhos.
por Luis Dufaur



Ouvimos com frequência que antigos socialistas, comunistas, ou teólogos da libertação se tornaram radicais ambientalistas.

Ainda com maior frequência ouvimos também que “indígenas” envolvidos em lutuosos incidentes até recentemente não são tais.

Ou que nem mesmo são brasileiros, mas trazidos de países vizinhos, sem sequer falarem rudimentos de português.

E eis que alguns desses se imiscuem ousadamente em questões meio-ambientais brasileiras, relativas às florestas, desflorestação, demarcação de reservas, proteção de espécies, etc.

E até circulam com fortes apoios de partidos, do CIMI, Funai, etc.

O que pensar?

Eis um artigo da “Folha de S.Paulo”, assinado por Kátia Brasil, de Manaus, que fornece dados ilustrativos a respeito.


Dilma Rousseff e Lula exibindo cocar dado 
por 'índio', 24-10-2011. Foto Roberto Stuckert/PR


Líder indígena do AM falsificou registro na Funai, afirma PF

Um líder indígena do Amazonas, habitué de cerimônias com autoridades como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, Dilma Rousseff, não é índio, segundo a Polícia Federal.

Para a PF, Paulo José Ribeiro da Silva, 39, o Paulo Apurinã, fraudou o Rani (Registro Administrativo de Nascimento de Índio), RG indígena emitido pela Funai (Fundação Nacional do Índio).

Após um ano e meio de apuração, ele e a mãe, Francisca da Silva Filha, 56, foram indiciados sob suspeita de falsificação de documento público.

Entre os indícios de fraude, diz a PF, estão a ausência de dados genealógicos e de estudos antropológicos, além de depoimentos de índios que negaram a origem dos dois.


E o lider indígena, nem índio era, mas invadia terras 
para sem-teto e deplumava aves ameaçadas de extinção.

A própria mãe de Silva, em depoimento à PF, disse ter tirado os nomes indígenas dela e do filho – “Ababicareyma” (mulher livre) e “Caiquara” (o amado) – de um dicionário de tupi-guarani. Eles não falam a língua apurinã.

“Esses documentos foram adquiridos mediante fraude com colaboração de uma funcionária da Funai”, afirmou Sérgio Fontes, superintendente da PF no AM, sobre os registros obtidos em 2007.

Documento administrativo da Funai, o Rani não confere direitos por si só, mas na ausência da certidão de nascimento serve como subsídio para inclusão em programas sociais, como o Bolsa Família e cotas em universidades.

Com o Rani, a mãe de Silva entrou como cotista no curso de turismo da Universidade Estadual do Amazonas.

Um dos critérios para emissão do registro é o autorreconhecimento – a comunidade indígena tem de reconhecer a pessoa como índio. Caso a Funai tenha dúvidas sobre a etnia, deve pedir laudo antropológico, o que não ocorreu.

Porta-voz do Mirream (Movimento Indígena de Renovação e Reflexão do Amazonas), Silva ganhou notoriedade em 2009,após liderar invasões de terras públicas para assentar índios sem teto.

Em outubro de 2011, presenteou Dilma e Lula com cocares na inauguração de ponte sobre o rio Negro. “O meu cocar está com a Dilma”, disse à Folha nesta semana. Ele nega ter fraudado o registro.

A investigação começou em dezembro de 2011, após ele ser detido por desacato no aeroporto de Manaus.

Tentava embarcar com cocar de penas de ave ameaçada de extinção e insultou um fiscal do Ibama e um agente da PF. Foi condenado à prestação de um ano de serviços comunitários.

O cacique apurinã José Milton Brasil, 48, da comunidade Valparaíso, em Manaus, disse ter dúvidas sobre a origem de Silva. “Precisamos saber qual é a linhagem dele para não sermos enganados.”

Fonte: IPCO

Dia das Mães agora é menos importante do que a agenda gay.







Dia das Mães agora é menos importante do que a agenda gay.

por Julio Severo



As escolas municipais de Brusque, Santa Catarina, não puderam comemorar o Dia das Mães neste ano. A proibição ocorreu por imposição da militância gay, que alegou que a comemoração dessa data constrange crianças adotadas por duplas gays. A denúncia foi dada pela Dra. Marisa Lobo.



Assim, para eliminar o “preconceito” do Dia das Mães contra essas duplas, todas as crianças foram obrigadas a ficar num limbo, até que o Estado dê um jeito de impor que todas elas vejam um dos membros das duplas gays como “mãe,” muito embora seja dotado de órgão sexual masculino.

A era da loucura, que fazia parte de ficções horripilantes, não é mais imaginação sombria das páginas de livros. A ficção virou realidade.

Nada escapa da Gaystapo: mãe, pai, filhos e, muito menos, as artes. O cantor Juninho Lutero compôs uma excelente música com enfoque especial na importância dos pais e das mães. Para uma sociedade normal, essa música é exemplo de valorização da vida e da família. Sua letra é magnífica.

Embora alguns, como eu, possam não ter preferência por seu estilo musical, a oposição que está música vem sofrendo é por outro motivo: sua letra excelente foi rejeitada pelos militantes gays.

E quando os militantes gays rejeitam, até o bem-estar das crianças fica em último lugar. As escolas de Brusque cederam diante da truculência gayzista. Se nem crianças escapam, o que será de um cantor e sua música? O vídeo da música está disponibilizado abaixo:



Ser homossexual agora é mais importante do que ser mãe ou pai, doa a quem doer, mesmo que sejam crianças.
Ser praticante de atos homossexuais é hoje mais importante do que promover a importância do pai e da mãe.

Contudo, ser gay nada tem a ver com biologia ou natureza. No passado, sabíamos que um ser humano era homem ou mulher pela obviedade de seus órgãos sexuais característicos, diferenciais e complementares.

Quando os recursos tecnológicos avançaram, a imaginação ultrapassou os limites, utilizando esses recursos para amputar seus órgãos sexuais externos, numa tentativa de se livrar da visível prova de que nasceram homens ou mulheres.

Hoje, qualquer um pode viver suas loucuras. Um homem nos EUA achava que era um tigre, e para viver essa imaginação ele se mutilou de todas as formas possíveis. Seu fim foi o suicídio, que acabou também com sua imaginação.

Independente do que o cérebro dele e vozes estranhas dissessem na cabeça dele, nada mudou na realidade. Cada célula do corpo dele era evidência biológica e científica de que ele havia nascido homem e morrido homem, apesar de sua imaginação de tigre. Não há recursos tecnológicos para se mudar células humanas para células de tigre.

Outros homens também se mutilam cirurgicamente para serem conforme sua imaginação. Enxergam-se mulheres e amputam seus órgãos sexuais masculinos, mas cada célula deles é evidência biológica e científica de que eles nasceram homens e morrerão homens, independente do que o cérebro deles e vozes estranhas digam na cabeça dele. Não há recursos tecnológicos para se mudar as células de homem para células de gay, até porque não existe terceiro sexo.

Não satisfeitos em impor sobre seus corpos violentas desfigurações conforme suas loucas imaginações, querem também impor sobre os outros e sobre a sociedade tais loucuras. Nem crianças de escola escapam.

Não contentes em mutilar e amputar suas características naturais, exigem também a mutilação e amputação de tudo nos outros que esteja fora de suas loucas imaginações.
O Dia das Mães em Brusque caiu, exclusivamente para atender às loucuras e birras de uma minoria insignificante que não aceita o que cada célula deles grita que eles são e querem impor suas loucuras nos outros.

Chegará o dia em que, numa sociedade controlada por loucos, não mais poderemos dizer publicamente que temos uma mãe do sexo feminino?

Chegará o dia em que a mãe especial e privilegiada será a imitação de mulher com órgão sexual masculino entre as pernas?



segunda-feira, junho 03, 2013

O novíssimo desporto nacional.





O novíssimo desporto nacional.
por Gustavo Nogy (do site Ad Hominem)





“ESTÁ COM A CARA CHEIA DE DROGA! Não pode ser só maldade”. Assim minha mãe, pouquíssimo dada a desnecessárias e nada lucrativas ilações filosóficas, costumava interromper abruptamente a letargia com que eu bebo meu café, e me arranjar entreveros existenciais dignos de um Albert Camus. No caso, seu Albert Camus atendia pelo nome de José Luiz Datena. Importa citar as fontes.


Consternada com a violência diabolicamente gratuita dos "dias de hoje" – no episódio em questão, a frieza assustadora de um homem que matara a facadas a enteada de dois anos de idade, e narrava o crime como se anedota fosse –, ela afirmava, convicta: “Antes não era assim”. Três anos depois, incendiar pessoas parece ter se tornado desporto nacional.

Cinthya Magaly Moutinho de Souza, barbaramente assassinada.


Abril de 2013: a dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, 47, comete a imprudência de não ter mais do que trinta reais na conta bancária. Três dignos representantes da classe oprimida pela sociedade neoliberal, investidos da autoridade própria dos irremediavelmente injustiçados, resolvem tocar fogo na desavisada, reparando assim algumas das tantas diferenças sociais entre burgueses e incendiários. (Menor ficou brincando com isqueiro)

Alexandre Peçanha Gaddy, mais uma vítima da impunidade


Maio de 2013: dois assaltantes invadem o consultório do dentista Alexandre Peçanha Gaddy, 41, e o trancam no banheiro. Mas não basta trancá-lo no banheiro: há que se atear fogo no banheiro. Eles fogem sem levar nada. Em alguns minutos, veremos especialistas, sociólogos e sakamotos – a canaille de costume, vocês sabem – tentando explicar e, no limite, justificar a barbárie perpetrada. Minha mãe já não está viva para novamente afirmar: “Antes não era assim”. (Ladrões ateiam fogo em dentista)


No último século, os meios de destruição em massa desenvolveram-se vertiginosamente. Podemos acabar dez vezes com a espécie humana e convivemos com o fato com relativa tranquilidade, entre um café e outro. Se a tortura não é exatamente novidade na periclitante história da civilização – sabemos todos que não houve "tempos melhores" –, a produção sistemática e em escala industrial de sofrimento pelos estados modernos supera as atrocidades egípcias, romanas e pré-colombianas em pretensão e eficácia. E o terrorismo – destruição gratuita precipitada por aqueles que não se importam em ser destruídos e, por isso mesmo, tornam-se invencíveis – é dessas coisas que fariam Voltaire engolir o sorrisinho ensaiadamente cínico de Antônio Abujamra avant la lettre.


Theodor Adorno afirmou, dramaticamente, que não seria possível fazer poesia depois de Auschwitz. Como eu o entendo. Não somos capazes de criar uma narrativa da degradação. Aceitamos a violência niilista e perversa tal qual é e como se apresenta. E se esperam de nossa apressada sociologia ao menos a descrição correta do fenômeno, declinamos do convite. Suspeitamos que o mal seja avesso às médias estatísticas.


Os gritos, as ofensas e a histeria do famigerado apresentador são a representação perfeita do que nos sobrou ante casos dessa espécie: a incapacidade de encontrar, na linguagem desgastada e vulgar da indignação barata, as palavras justas, violentamente justas, para condenar o horror. Precisamos inventar um idioma para descrever as penas do inferno.


O problema talvez seja: naturalizamos o pecado. Melhor: higienizamos o pecado. A cosmovisão iluminista, com sua crença no irreversível progresso científico, material e tecnológico – e a esperança de que a razão extirparia do mundo as representações mais nefastas da alma humana – pretende ignorar o óbvio: o homem é capaz do mal. Sem motivos. Ou com o menos previsível dos motivos: porque quer. “Nós estamos condenados à liberdade”.


Acostumamo-nos a acreditar sincera e cretinamente que os crimes não são mais que desregramentos, comportamentos desviantes perfeitamente explicáveis. A violência, precipitada por paixões e desejos, por dívidas ou traições, por vingança ou ideologia. A perversidade como epifenômeno das desigualdades sociais, étnicas, econômicas. Genes ruins, consumo de substâncias narcóticas, traumas na infância, declarações da Marilena Chauí. O criminoso enquanto paciente e a crueldade como sintoma (cabe tratamento). “Deve estar com a cara cheia de droga”.


Nem sempre se está com a cara cheia de droga, mãe. Mas importa dizer: criminosos têm de ser punidos. E crimes hediondos têm de ser punidos na medida de sua hediondez. Não há mais-valia, não há superestrutura, não há conflito de classes, não há bandejão da FFLCH que explique ou justifique que um filho da puta queime outro ser humano. Se não se entende isso, não se entende nada.


As ciências sociais podem eventualmente identificar os motivos dos males que têm motivos. Mas para as manifestações do mal que prescindem de motivos, elas nada têm a dizer. Que nosso querido Michel Foucault descanse em paz. E, sobretudo, que não nos esqueçamos: Caim, o primeiro assassino, não foi “reintegrado à sociedade”. Teve marcado na testa o fratricídio e foi punido com o degredo.


sábado, junho 01, 2013

Destruir a fé dos cristãos; essa a missão comunista.






Amparo, ex-revolucionária e funcionária da ONU: «Meu trabalho era destruir a fé dos católicos».


do site Chisto Nihil Praeponere do pe. Paulo Ricardo













Amparo entendeu claramente. Era a Virgem Maria quem lhe falava. Tudo aconteceu quando ela recebeu um disparo da polícia em plena batalha. Quando despertou no hospital, decidiu que sua vida devia mudar radicalmente.

Sua vida "lamacenta" devia dar uma guinada de 180 graus e deixar de lado o seu servilismo político e sua vida de pecado, e dedicar-se às mulheres e às crianças, buscando seu autêntico bem.


Ela havia nascido em uma família muito normal do Equador. Sua fé era tradicional, de Missa dominical e pouco mais. A exceção da regra foi seu avô, que vivia uma autêntica vida cristã.

Em certa ocasião, sendo Amparo adolescente e a caminho do ateísmo, seu avô lhe disse umas palavras que não haveria de esquecer nunca. Estavam entrando em uma igreja, e diante de uma imagem da Virgem lhe disse: "Olhe para os seus olhos. Ela é a única que vai te salvar e a que vai te levar à fé". A coisa parou por aí.

O resto foi uma queda livre: foi expulsa do colégio por brigar com uma freira, e um encontro com evangélicos acabou por arrematar seu caminho rebelde e ateu.
A revolução e as esquerdas

Eram os anos 70 e 80, e a oferta social que Amparo encontrou fora da Igreja era a dos movimentos revolucionários, a teologia da liberação marxista, Che Guevara, os movimentos feministas, abortistas, o indigenismo e esse grande etcétera. Ela se meteu de cabeça nisso tudo.

Se há algo que não se pode reprovar em Amparo é dizer que ela não foi uma pessoa coerente com os seus princípios. Ela tomou todas as bandeiras, as abraçou e se dedicou a elas. Ora a encontrávamos em uma confrontação armada ou em uma manifestação antigovernamental, ou ainda em uma campanha a favor dos direitos reprodutivos das mulheres, ou seja, promovendo os contraceptivos e o aborto.


Como a situação política no Equador se complicou, seu pai a enviou à Espanha para estudar Pedagogia Social. Neste país ela obteve seu título universitário, porém, também sua radicalização política e o contato com outros movimentos revolucionários, ateus e anticlericais. Sua mentalidade feminista coincidia com a da ONU.

Já de volta ao Equador, sua visão feminista e de esquerda combinava perfeitamente bem com as políticas que a ONU levava a cabo na América Latina e, graças a ela e a sua formação, chegou a ser responsável no Equador do programa da UNFPA, isto é, do Fundo de População das Nações Unidas, de onde contava com todos os milhões de dólares que necessitasse para cumprir, ou melhor dizendo, impor os programas contrários à natalidade, a favor do aborto e da anticoncepção.

Meu trabalho: retirar a fé dos católicos
Amparo explicou na rede católica de televisão EWTN que "os grupos comunistas e socialistas sabem que a única instituição que pode romper as suas mentiras é a Igreja Católica. Então – confessou — a primeira coisa que buscam são argumentos que possam destruir a pouca fé que os católicos têm. Veja as notícias ou vá atrás desse sacerdote que não está vivendo a sua vida na graça com Deus… Publique-os e os lance na imprensa… E – concluiu — é preciso omitir que no Equador, 60% das obras de ajuda às pessoas pobres estão nas mãos da Igreja, pois isso se silencia".


O grande problema dos sacerdotes é a sua solidão: "Nós íamos em busca dos sacerdotes abandonados nos povoados e nas montanhas para dizer-lhes que se Deus existia, então por que permitia a pobreza? 'A única maneira é a revolução. Una-se a nós, e nós vamos te ajudar'. Havia sacerdotes – lamenta agora — que cediam e que pensavam que teriam um grupo que lhe ajudaria, que lhe apoiaria, que estaria com ele… Em certas ocasiões oferecíamos dinheiro aos sacerdotes e às religiosas para que pudessem reconstruir, melhorar seus centros educativos com a única condição de que nos deixassem dar aulas de educação sexual e reprodutiva em seus colégios".

Em Amparo se cumpre aquela citação de Chesterton que "quando se deixa de crer em Deus, logo se crê em qualquer coisa".

Imersa no ateísmo, não deixada de buscar algum resquício de espiritualidade na leitura de cartas, reiki, yoga…: "Como a vida na luta de esquerda era uma vida de pecado, você não podia se livrar das consequências do pecado. É a morte espiritual. São como pequenos pactos com o demônio. O demônio os cobra – adverte. Assim, comecei a sofrer por conta do dinheiro".

"Alguém me recomendou que eu fizesse uma limpeza de ambiente. Tinha meus próprios mantras… que agora, que pude traduzi-los, dizem 'eu pertenço a Satanás'. Fiz os mantras nos Estados Unidos e, inclusive, levei meus filhos ao xamã que era um mestre elevado da Religião Universal".
… embora Deus não estivesse distante

Em certa ocasião, estando em uma comunidade, Amparo desafiou a Deus. Havia uma mulher rezando, porém, ela começou a repreendê-la severamente e chamá-la de louca. Até o ponto em que acabou rasgando uma imagenzinha que a pobre senhora segurava.

À época, sua prepotência de revolucionária não lhe fornecia muitas outras soluções. Pouco depois veio o passo seguinte até a sua conversão.
Ferida por uma bala da polícia

Amparo havia participando de todo tipo de manifestações e lutas contra o governo. Em ocasiões mobilizando os indígenas e facilitando que estes acorressem armados com lanças. Porém, certo dia, estando em uma delas, foi atingida por uma bala. Quando sentiu o impacto, Amparo recorda de duas coisas: por um lado, seu marido e seus filhos e, por outro lado, uma paz inexplicável, total. Não tinha medo de partir. Tudo era alegria, gozo, paz…

Nisso, escutou uma voz que lhe cantava: "Vi uns olhos maravilhosos. Vi o amor. Eram os olhos da Virgem. Eram justamente os olhos da estampa que eu havia rasgado! A estampa da Virgem Milagrosa. Eu a vi como uma adolescente de 15 anos. Com roupas brancas…".

Enquanto ela sangrava, a única coisa que sentia era paz, alegria… Nesse momento a Virgem lhe disse: "Minha pequena, eu te amo". E lhe pediu que deixasse todas as causas que ela levava e que assumisse a causa de seu Filho. Também se deu conta de que por trás da Virgem havia um senhor mais idoso: era seu avô.
Quando acordou, narrou toda a experiência a seu marido, Javier. Ele pensou que ela estivesse louca, e não era para menos. Uma ateia convicta, militante anticatólica, e despertando daqueles sonhos…

Em seguida, levaram-na para que os altos mestres, psicólogos e peritos da Nova Era a examinassem e a convencessem de que aquelas experiências eram fruto de suas alucinações e dos ferimentos. Sem dúvida, "ninguém podia tirar da minha cabeça que era Deus".
"A primeira coisa que precisava era um sacerdote. Precisava me confessar. A primeira coisa, em primeiro lugar, era a confissão. Eu pedia a Deus que não morresse no caminho, indo para casa, porque iria para o inferno. Na confissão estavam todos os pecados. Os mais horríveis".

Era uma nova etapa, e havia de começar desde o princípio, fazendo tudo bem feito. Assim, a primeira coisa que fiz foi aprender a amar Jesus, a amar os sacerdotes, a amar a Igreja, amar os sacramentos".

Amparo se sentia totalmente enlameada e também convidada a uma nova revolução: "O único que transforma o mundo é Deus. Eu não sou digna. É tão grande o amor de Deus…"
Amparo rezou e convidou seu marido Javier à conversão. Com o passar do tempo, Javier, revolucionário como ela, começou a dar provas de mudança por amor a Amparo.

Devia ser uma experiência dramática em si mesma pelo único fato de ter que romper com toda uma vida de convicções e luta comprometida. Amparo explica isso dessa maneira: "Meu marido aceitou crer em Deus e na Virgem, porém, não acreditava no sacramento. Todavia, Deus colocou um sacerdote santo em nosso caminho. Por fim, ele se confessou e sua confissão levou horas. Ao sair, sentiu que havia se livrado de toneladas de coisas".
A conversão das pessoas, na maioria das vezes, é um processo longo e em etapas. Amparo estava a caminho, mas ainda não renunciara a toda sua vida de pecado. Necessitava de parte dela, pois seu salário das Nações Unidas era uma fonte necessária para a família e seu ritmo de despesas.

Tudo aconteceu quando uma amiga sua lhe pediu informações sobre a distribuição da pílula do dia seguinte por parte das Nações Unidas no Equador. Amparo era responsável pela sua importação e distribuição no país.

De fato, sua agência das Nações Unidas havia vendido ao Equador 400.000 (quatrocentas mil) doses da pílula do dia seguinte. A ONU em Nova York, a UNFPA no Equador: "Eles nos vendem a 25 centavos de dólar, e nós as vendemos entre 9 e 14 dólares. É um negocio e tanto".

No Equador houve um julgamento em que as Nações Unidas perderam a ação devido à distribuição da pílula e os pró-vidas ganharam, visto que tiveram que reconhecer que ela não é um método contraceptivo, mas sim anti-nidatório, ou seja, abortivo, e que se utiliza quando os métodos contraceptivos falham.

O ápice de sua decisão de converter-se e dar um passo definitivo até Deus aconteceu a caminho do tribunal nesse julgamento em que a ONU perdeu: "Quando estávamos levando a informação ao Tribunal, um jornalista me fez uma pergunta que pensei que era Deus quem me a fazia – estás com Deus ou estás com o demônio? –. A pergunta foi: O que eu pensava da pílula do dia seguinte? E, claro, eu continuava trabalhando para as Nações Unidas e apoiava todas as organizações pró-aborto. Nesse momento me dei conta de que era o momento de dizer a verdade e deixar de mentir a mim mesma. Era uma incoerência ser católica e ao mesmo tempo, por dinheiro, continuar apoiando uma organização que vai contra os meus valores. E, claro, disse a verdade e as Nações Unidas me despediram".
O que existe por trás das Nações Unidas?

Por trás dos projetos da ONU, atrás das palavras bonitas que usam quando falam de saúde reprodutiva, na realidade, há toda uma promoção do aborto e dos contraceptivos. É o único objetivo para toda América Latina.

Na entrevista de Amparo à cadeia de televisão norte-americana EWTN, denunciava que no livro "Cuerpos, tambores y huellas", editado pelas próprias Nações Unidas, se reconhece a promoção das relações sexuais com crianças desde os 10 anos. E que nele se explica claramente três coisas:
  1. -  que os pais não devem ser informados da educação sexual que seus filhos recebem;
  2. - que as escolas devem distribuir contraceptivos a seus alunos sem o conhecimento e consentimento dos pais;
  3. - e que se um professor ou médico chegasse a informar aos pais de que seus filhos estão usando contraceptivos, esse professor ou médico deve ser expulso de seu trabalho por romper o sigilo profissional.

Amparo, e não só ela, denuncia a existência de um todo um negócio em que não se desperdiça nada: promove-se as relações sexuais entre crianças e adolescentes, e se lhes vendem preservativos. Como estes falham, então se lhes oferece o aborto ou a pílula do dia seguinte. Como o aborto produz restos humanos, estes servem bem para a experimentação ou bem para extrair algumas sustâncias que depois se usam em cremes, xampus, etc. Negócio completo.


A realidade foi mais dura do que o previsto em um primeiro momento. O casal perdeu tudo quando saiu da revolução. Eles tiveram que renunciar a muitas coisas, as primeiras foram os bens materiais. Porém, foi "bonito encontrar juntos o amor de Deus e eliminar os mitos relativos aos sacerdotes, à Virgem, à Igreja…"

Amparo Medina e seu marido Javier Salazar são pais de três filhos. Ela é Diretora executiva de Ação Pró-vida Equadore, além disso, colabora e assessora outros organismos.

Agora também luta pela família, mulheres e crianças, mas a partir da verdade integral das pessoas, e não a partir do negócio econômico.
Ameaças de morte

Um novo enfoque, sim, mas não isento de perigos. Assim, Amparo tem sofrido ameaças de morte como a que recebeu não faz muito tempo em uma caixa de sapatos, dentro da qual havia uma ratazana morta com a mensagem"morte aos pró-vidas" e "lembre-se que os acidentes existem, lembre-se que as mortes acidentais são o dia a dia deste país, NÃO PROSSIGA COM SUA CAMPANHA ANTI MULHER E HOMOFÓBICA…Morte aos traidores, morte aos anti Pátria, MORTE OU REVOLUÇÃO".

Amparo não se assusta. E continua com sua luta confiante que tem em mãos a possibilidade de defender milhares de vidas humanas.

Entrevista realizada com Amparo Medina à rede de televisão norte-americana EWTN: