CONSPIRAÇÕES
Rio de Janeiro, 1998
Local - Redação de um importante órgão de Imprensa. O personagem central é um jornalista experiente que, nesta época [1998] fazia número; não tinha a menor importância na divulgação final das notícias.
-“...As redações são como a BMF – Bolsa de Mercadorias e de Futuro -. Negocia-se nas redações qualquer notícia, por menor importância que ela tenha. Um crime cometido pelo filho de alguém influente, vira uma nada elucidativa nota, como por exemplo: “jovem da classe média alta, comete delito”, sem direito a close ou nome divulgado. Um artista da emissora concorrente, pego em flagrante numa boca de fumo, tem o seu nome divulgado e a sua reputação arrasada como sendo um Viciado em Drogas; já os nossos artistas são simplesmente Dependentes Químicos”; o jornalista respirou fundo e continuou falando.
“Não existem notícias impublicáveis, existem notícias negociáveis. Omite-se um nome aqui, um dado ali, não se dá o enfoque correto, diminui-se o tamanho, até reduzir-se a notícia a uma nota de rodapé. Um ministro ou secretário de estado, que enfie o dinheiro do cidadão no bolso, tem nome e CPF; porém, se houver uma compensação publicitária, o sujeito vira uma pessoa jurídica e a manchete é dada apenas como MINISTRO DE TAL PASTA COMETE IRREGULARIDADE”. Contrariando o aviso que proibia fumar, o jornalista apanha um maço de Parliament, oferece-o, acende um cigarro e continua falando.
“Aberta a qualquer estagiário de jornalismo, o Fôro de São Paulo já realizou inúmeros encontros. Detalhando ações que visam a implantação do comunismo na América Latina, no entanto nenhum órgão sério e influente lhe deu destaque. É muito complicado explicar ao publico, em quinze segundos, que estão vendendo a pátria para gente estranha. Não dá Ibope. E, pior ainda; as redações estão repletas de gente simpatizante da esquerda. Representam uma minoria, mas gritam alto, dando a impressão falsa de que falam em nome da maioria”.
“Ah! E a maioria onde está?”, perguntou o jornalista para uma platéia inexistente, e respondeu ele mesmo em seguida. “A maioria, meus caros amigos, está anestesiada, com as nossas novelas, com as fofocas de bastidores, com as nossas receitas de bolos, com os nossos programas que ensinam como-trepar-gostoso; como ter orgasmos duplos ou triplos; como fazer uma festa quando seu filho revela que é homossexual; como incentivar sua filha a beijar-na-boca-aquela- amiguinha-sapatão e daí para frente...”. Mais uma profunda tragada no cigarro e o jornalista continuou falando.
“Você, meu caro Henry é judeu e sabe bem o que eu vou dizer. Qualquer revide de Israel a um ataque terrorista, é noticiado como se fosse um ataque sem provocação. Israel, para a maioria da mídia, sempre dá o primeiro tiro. Ao bombardear acampamentos do Hammas, Israel sempre ataca o Líbano, um país que não está em guerra com Israel”.
“Você Wilson, por ser brasileiro, conhece bem a história... . Pinochet, Videla, Franco...ficaram marcados na imprensa como ditadores mas, Fidel é o eterno-presidente-eleito-de-Cuba. Che Guevara era um libertador, um sonhador; as redações se esquecem de incluir na sua biografia o assassino, o egocêntrico-maniaco-depressivo, o criminoso patológico e outras não-qualidades que ele teve. Stalin foi um genocida, mas essa parte da história sempre é esquecida...” O velho jornalista, parecia absorto na sua explanação.
“Não foram os caras-pintadas – um bando de imberbes marionetes – ou a imprensa livre e responsável – cada vez mais uma ficção no Brasil -, os responsáveis pelo Impeachment de Collor e sim a esquerda-festiva, que infesta as redações dos jornais, das rádios ou da televisão, aliados a um erro estratégico do caçador-de-marajás, que esqueceu-se de compor uma maioria no Congresso.
A marcha com Deus, realizada em São Paulo, responsável por acender o estopim que derrubou Goulart e seus comunistas do poder, hoje virou [para os esquerdopatas] a marcha-de-dondocas-manipuladas-pelo-Imperialismo-americano.
"Quem ousará chamar Vargas de ditador, embora ele o tenha sido?. Quem citará que ele foi um entusiasta do regime nazista, que mudou sua opinião ao ouvir os argumentos de Roosevelt – e o tilintar dos dólares de ajuda americana -?. Mas Vargas era um conservador de direita, então por que a esquerda o poupa? Porque Brizola tomou dele a bandeira do trabalhismo e implementou o peleguismo, também uma herança de Vargas”. Parecendo cansado, o jornalista acendeu outro cigarro.
“Meus caros amigos-sonhadores, dia virá – e não estamos longe disto – em que, um idiota qualquer assumirá o comando do país. Nesse dia; ou melhor, desse dia em diante, as redações se tornarão meros órgãos de divulgação do executivo, como no tempo de Vargas e o seu DIP. Se duvidarem, é porque não prestam muita atenção ao que vem acontecendo, desde a fundação de um certo partido de esquerda, tido e havido como ético”...
São Paulo, julho de 2006
O mesmo velho jornalista, agora aposentado, fala para as mesmas pessoas (Henry e Wilson):
"...Se não perceberam ainda, todas as pesquisas eleitorais têm um preço. Esse preço é muito alto: a nossa fragilissima democracia. Não esperem qualquer reviravolta - que existe é bem verdade - que será encoberta por essas encomendadas pesquisas. Acreditem se quiserem, mas qualquer estudantezinho de informática pode manipular esse país elegendo quem quer que seja.
Não desistam, se tiverem culhões para tanto, mas logo após a reeleição - e ela acontecerá -, começará a especulação para um terceiro mandato. Se puderem, tentem descobrir alguém de peso dentro dos Institutos de Pesquisas que possa abrir a boca sem perder o resto do corpo.
Tudo é negócio; e política, no Brasil desses tempos, é muito mais do que um simples negócio. Quem está no comando veio para ficar e não sairá pelas vias tradicionais - o voto, hoje manipulável facilmente - a não ser que..." A frase ficou inaudível. O velho jornalista, propositalmente, deu uma enorme golada na cerveja.
Fonte: Não posso fornecer, por motivos óbvios.