quinta-feira, novembro 30, 2017

Butler em recuo estratégico




por Pe. José Eduardo de Oliveira e Silva(*).



Uma resposta aos argumentos de Judith Butler em sua recente entrevista à Folha de S. Paulo.

“Escrevi essas notas por ocasião da leitura do artigo de Judith Butler na Folha de São Paulo em 20 de novembro de 2017, numa breve meditação filosófica. O texto é maior que as postagens habituais, mas penso que valha a pena sua leitura atenta e reflexão”


I. Recuo Estratégico.


Professora do departamento de retórica e literatura comparada da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e diretora do Consórcio Internacional de Teoria Crítica, não é de se admirar que Judith Butler remodele seu discurso para torná-lo mais palatável ao ouvido sensível dos brasileiros, sobretudo após a onda de protestos causados por sua última vinda ao Brasil.

“Um passo em frente, dois pra trás”. Este é o título do livro que Vladimir Lênin publicou em 1904, e que, de certo modo, marcou sempre o modus procedendi de toda a esquerda quando pretende avançar por cima dos obstáculos. (Caso queira ler esse escrito de Vladimir Ilitch Lenine clique aqui; arquivo em pdf)

Quando Fidel Castro assumiu o poder em Cuba em nome da democracia e contra a ditadura batistiana, em seguida, implantou a sua ditadura. Hugo Chávez fez a mesma coisa, apresentou um discurso democrático para, na sequência, impor seu totalitarismo.

Até mesmo o ex-presidente Lula fez isso. Quando tentava se eleger, nos anos 90, era rechaçado pela população. Então, com o auxílio do marqueteiro Duda Mendonça, repaginou-se, dando à luz o “Lulinha paz e amor”, que o elevou à presidência da república em 2002.

Agora, Butler segue a mesma estratégia. Reapresenta a sua teoria em recortes mais essencialistas e até moralistas, para fazê-la avançar.


II. A Teoria de Gênero Butleriana

Apesar de aliviar as tintas em seu texto, qualquer pessoa que tenha tido um contato com a teoria de gênero sabe que esta transcende em muito o objetivo de atender os indivíduos que não correspondem às expectativas relativas ao seu gênero (segundo o artigo de Butler, “ao gênero atribuído no nascimento”).


Como ela mesma afirma, “meu trabalho consiste em delinear a última etapa da batalha filosófica contra a vida do impulso, o esforço filosófico de domesticar o desejo como uma instância de lugar metafísico, a luta por aceitar o desejo como princípio de deslocamento metafísico e dissonância psíquica e o esforço orientado por deslocar o desejo com o fim de derrotar a metafísica da identidade” ([1]Subjects of desire, p. 15).


Obviamente, para ela, como o desejo não se realiza de acordo com um sujeito que lhe dê suporte, o “eu” seria apenas um discurso. Não haveria um ser por detrás da performance de gênero. Seriam estas performances, estas ações, que constituiriam a ficção do sujeito, pois esta ficção seria requerida pelo discurso que nós herdamos da metafísica da substância, discurso que, segundo ela, precisamos superar ([2]Problemas de gênero, p. 56).

Masculinidade e feminilidade, portanto, para ela, são ações desligadas da biologia. Ela afirma, inclusive, que “a ‘presença’ das assim chamadas convenções heterossexuais nos contextos homossexuais, bem como a proliferação de discursos especificamente gays da diferença sexual, como no caso de buth (a lésbica masculinizada) e femme (a lésbica feminilizada) como identidades históricas de estilo sexual, não pode ser explicada como representação quimérica de identidades originalmente heterossexuais. E tampouco elas podem ser compreendidas como a insistência perniciosa de construtos heterossexistas na sexualidade e na identidade gays. A repetição de construtos heterossexuais nas culturas sexuais gay e hétero bem pode representar o lugar inevitável de desnaturalização das categorias de gênero” ([2]Problemas de gênero, p. 66).

Ademais, em diálogo com Witting, ela afirma que “a tarefa das mulheres é assumir a posição do sujeito falante autorizado e derrubar tanto a categoria de sexo como o sistema da heterossexualidade compulsória que está em sua origem. Para ela, a linguagem é o conjunto de atos, repetidos ao longo do tempo, que produzem efeitos de realidade que acabam sendo percebidos como ‘fatos’. Considerada coletivamente, a prática repetida de nomear a diferença sexual criou essa aparência de divisão natural. A ‘nomeação’ do sexo é um ato de dominação e coerção, um ato performativo, institucionalizado que cria e legisla a realidade social pela exigência de uma construção discursiva/perceptiva dos corpos, segundo os princípios da diferença sexual” (Problemas de gênero, p. 200).

Diante disso, soa completamente retórica e maquiada a seguinte pergunta de Butler em seu artigo da Folha: “O livro (Problemas de gênero) negou a existência de uma diferença natural entre os sexos? De maneira alguma, embora destaque a existência de paradigmas científicos divergentes para determinar as diferenças entre os sexos e observe que alguns corpos possuem atributos mistos que dificultam sua classificação”.

Então, Butler admite que existe a possibilidade de uma classificação objetiva, baseada na diferença biológica dos corpos? Obviamente, trata-se, aqui, de uma ginástica retórica para desorientar os menos informados em sua teoria.


III. Ideologia? Sim 

Segundo Butler, “em geral, uma ideologia é entendida como um ponto de vista que é tanto ilusório quanto dogmático, algo que ‘tomou conta’ do pensamento das pessoas de uma maneira acrítica. Meu ponto de vista, entretanto, é crítico, pois questiona o tipo de premissa que as pessoas adotam como certas em seu cotidiano” (artigo para a Folha).

O conceito de gênero é crítico apenas no sentido da “teoria crítica”, quer dizer, enquanto instrumento para criticar a realidade inteira, como ela mesma reconhece neste seu texto.

Contudo, como de praxe na teoria crítica, deve-se criticar tudo, menos a metodologia crítica ou seus instrumentos metodológicos críticos como, no caso, o conceito de gênero.

Ela mesma afirma que “se a noção estável de gênero dá mostras de não mais servir como premissa básica da política feminista, talvez um novo tipo de política feminista seja agora desejável para contestar as próprias reificações do gênero e da identidade – isto é, uma política feminista que tome a construção variável da identidade como um PRÉ-REQUISITO METODOLÓGICO E NORMATIVO, senão como um OBJETIVO POLÍTICO” (Problemas de gênero, p. 25).

Em outras palavras, a noção de gênero como identidade variável deve ser uma PREMISSA, aliás, a qual ela não procura demonstrar, antes, apenas apresenta de modo dogmático. A práxis da militância de gênero, ademais, sempre foi a de fazer com que a teoria de gênero “tomasse de conta” da sociedade inteira sem que ninguém se desse conta disso, portanto, de modo acrítico.

Aliás, por que fazem tanta questão de ensinar gênero para as criancinhas? Será que não é justamente porque as mesmas não têm suficientemente desenvolvida a sua capacidade crítica?

Portanto, segundo as próprias determinações de Butler, a sua teoria de gênero cabe muito bem nos limites daquilo que ela entende por uma ideologia.

Não, quem criou a ideologia de gênero não foi Joseph Ratzinger nem muito menos Jorge Scala. O “pai” da “criança” é a Judith Butler, mesmo!


IV. Essencialismo e a Falácia da Arqueologia Foucaultiana

Segundo Butler, “a noção de paródia de gênero aqui definida não presume a existência de um original que essas identidades parodísticas imitem (ela está falando da própria identidade de gênero…) Esse deslocamento perpétuo constitui uma fluidez de identidades que sugere uma abertura à ressignificação e à recontextualização; a proliferação parodística priva a cultura hegemônica e seus críticos da reinvindicação de identidades de gênero naturalizadas ou essencializadas” (Problemas de gênero, p. 238).

Servindo-se da metodologia própria da teoria crítica, Butler cria uma caricatura discursiva e começa a desconstruí-la, como se estivesse desconstruindo a realidade. Na verdade, ela está tão absorvida por seu próprio discurso que crê firmemente nele, substituindo a realidade por ele.

Deste modo, atribui a homem e mulher, termos que aparecem para ela sempre entre aspas, status de identidade essencialista, naturalista, sexista, binária, heterossexista, heteronormativa, fálica, reificada etc.

Para comprovar a ficção da identidade, ela analisa os discursos sobre o masculino e o feminino como se os mesmos fossem o homem e a mulher em si.

Aqui, ela é epistemologicamente dependente da metodologia de Foucault, o qual, partindo do pressuposto que a verdade não existe, passa a rastrear a história das “verdades” para demonstrar que as mesmas são apenas a projeção de um determinado poder regulador. Isto é aquilo que ele chama de arqueologia do saber.

Ora, se quiséssemos, por exemplo, fazer a arqueologia da ideia de “lei da gravidade”, obteríamos uma infinidade de discursos contraditórios e facilmente chegaríamos à conclusão de que a “teoria da gravidade não existe, é apenas um discurso de poder”. No entanto, se você se jogar da janela, de qualquer modo, com ou sem Foucault, vai se espatifar do mesmo modo!

Em outras palavras, estamos diante de um jogo de palavras, de um embaralhamento de discursos, daquilo que a filosofia chama de falácia. A realidade continua intocada, apenas se dribla o interlocutor com um lance desconstrucionista. É aquilo que no futebol chama-se de pedalada.

Como é possível que este tipo de artifício possa convencer alguém? Bem… Como ensinou Aristóteles (tanto nos Analíticos quanto no Peri hermeneias), não é fácil conhecer a essência das coisas. Precisamos proceder a um processo abstrativo complexo, que supõe um trabalho mental consideravelmente sofisticado. A história dos discursos pode ser a história dos bem ou mal sucedidos, e dos mal ou bem intencionados, esforços por alcançar a quididade, a essência das coisas reais. Por isso, o método foucaultiano é sofístico e pode enganar.


V. Sofistas de Gênero

Butler é adepta da subversão da identidade através de atos corporais subversivos, típicos do movimento queer, quer dizer, a atuação de performances revolucionárias que choquem aquilo que ela chama de heteronormatividade.

Outra autora americana de gênero, Joan Scott, é mais ortodoxa, do ponto de vista foucaultiano: ela pretende reescrever a história a partir da noção de gênero (Gender and the politics of history, Nova York, 1999).

Estas são as duas autoras principais. Digamos, as mais representativas dos estudos de gênero.

Contudo, existem mais de 40 teorias diferentes de gênero, todas em disputa entre si. São modos diferentes de apresentar a mesma ideia, a saber: o gênero é um construto desligado da identidade sexual, vale dizer, biológica.

Este também é um expediente da teoria crítica: colocar um grupo imenso de pessoas para criticar implacavelmente a realidade, metralhando-a em todos os sentidos possíveis, sem necessariamente preocupar-se em justificar a própria crítica.

Uma pessoa que quiser encarar toda a aquarela dos estudos de gênero poderá gastar toda a vida apenas ocupando-se de entender as picuinhas intelectuais que os diferentes ativistas nutrem dialeticamente entre si. Decerto ficará perdido nesse labirinto sem saída e, completamente intoxicado de informações contraditórias, acabará por adotar uma entre elas, trocando a realidade pelo discurso.

Isso também aconteceu nos tempos de Sócrates (cf. Platão, O Sofista). Os sofistas eram retóricos pagos pelos políticos da época para convencerem o povo das ideias destes últimos. Destruíam a base mesma do saber, negando a existência do ser e da verdade, e submetiam o povo às suas opiniões. Sócrates os resistiu, pagou o preço de sua vida por isso, mas ao fim e ao cabo, desapareceram os sofistas e prevaleceu a verdadeira filosofia.

Hoje, os críticos, os desconstrucionistas, os ideólogos de gênero são os novos sofistas, pagos pelas fundações internacionais para convencerem o povo de que não existe a verdade, o ser, a essência, e imporem o seu totalitarismo disfarçado de democracia.

Com efeito, Judith Butler veio ao Brasil financiada pela Fundação Mellon para falar de democracia em nome do Consórcio Internacional de Teoria Crítica, fundado no final do ano passado com uma verba doada pela mesma Fundação de 1,5 milhões de dólares (vide o site do próprio Consórcio).

Submetam os ideólogos de gênero à arqueologia de suas ideias e à genealogia dos poderes que estão por trás deles, rastreiem a rota do dinheiro e verão que isso nada tem de amor desinteressado à humanidade.


VI. Pedofilia

Butler alega que a Igreja está por trás da estigmatização social da sua teoria de gênero e se defende da acusação de corruptora de crianças acusando a Igreja Católica de ter perdido a sua autoridade moral por proteger pedófilos em seu seio.

A generalização precipitada é um tipo de falácia de que abusam estes ideólogos em sua aversão ao catolicismo. É verdade que alguns delinquentes se esconderam na Igreja e que houve quem se omitisse em sua acusação, mas a Igreja os puniu severissimamente e, sobretudo, nunca os respaldou, justificando doutrinalmente seu desvio de conduta.

Ao contrário, o movimento feminista tem expoentes que defenderam abertamente o sexo com menores, e este não é um privilégio de Shulamith Firestone (The dialetic of sex, p. 215). Há quem queira despatologizar a pedofilia ou transformá-la numa opção sexual respeitável.

Butler apela para a teoria da projeção, sugerindo que os que a acusam de favorecer a pedofilia estão apenas lançando sobre ela o próprio vexame. Na verdade, a generalização precipitada é uma falácia em qualquer direção que se a aplique e o uso deste tipo de sofisma apenas demonstra malícia ou despreparo filosófico.




VII. Filosofia, Verdade e Democracia

Algumas pessoas que trabalham com comunicação vieram queixar-se de que os protestos contra a vinda de Butler ao Brasil apenas projetaram-na ainda mais.

Tenho a impressão de que isto, do ponto de vista filosófico, não é necessariamente assim. Quero dizer apenas que os ideólogos sempre se favoreceram do anonimato e da difusão de ideias não conferidas, exatamente como Butler diz em seu artigo.

Quem coloca a questão nestes termos assume sem percebê-lo a premissa de que a verdade e o erro são equivalentes. Acontece que a força do erro está na hegemonia. Por isso, eles necessitam impô-la para todo o mundo. Mas a força da verdade está nela mesma!

Hoje, a verdade precisa mais de homens com uma verdadeira mente filosófica que da propaganda, é ela que gera os propagandistas, os comunicadores, a cultura e tudo o mais. Foi sobre estes cânones que se erigiu a civilização ocidental e é contra eles que estes bárbaros a estão destruindo.

Uma democracia que se propusesse como alternativa à verdade, caricaturizando-a como autoritarismo, apenas seria uma ditadura disfarçada, a imposição de uma hegemonia.



Como afirma Butler em seu artigo na Folha, “liberdade não é – nunca é – a liberdade de fazer o mal. Se uma ação faz mal a outra pessoa ou a priva de liberdade, essa ação não pode ser qualificada como livre – ela se torna uma ação lesiva”.

No caso, a ideologia de gênero não nos quer apenas privar da identidade, mas também da liberdade e da verdade. De fato, se ninguém é alguém, como pode ter direitos?



(*)Pe. Dr. José Eduardo de Oliveira e Silva-Diocese de Osasco-Doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade de Santa Cruz


[1]Subjects of desire:Hegelian Reflections in Twentieth-Century France-Judith Butler-Copyright Date: 1987-Published by:Columbia University Press Pages: 304,
[2]Problemas de Gênero - Feminismo e Subversão da Identidade - Butler, Judith
Fonte: http://www.semprefamilia.com.br

quarta-feira, novembro 29, 2017

Ideologia de gênero: meninos de 12 anos só se pegam por que foram ensinados



por Flavio Morgenstern(*).



Numa festa de aniversário de 12 anos, dois meninos se beijaram sobre um bolo de Pabllo Villar. O que indigna não é serem gays, é que só estão seguindo moda.







Causou celeuma a cena de uma festa de aniversário de uma criança, um garoto que comemorou seu aniversário de 12 anos com bolo e pôsteres de Pablo Vittar, agarrado e beijando frágil seu namoradinho. Seus amigos pediam beijinho gritavam ao redor: “É! É pica, é pica, é pica é pica é pica! É rôla! É rôla! É rôla é rôla é rôla! No seu c*!”



A sociedade se indignou. Com gays? Não. Com crianças gays? Não. Com Pablo Bittar? Bem, sim. Mas o problema principal passa ao largo de quem só tenta enxergar o mundo por óticas reducionistas como “homofobia” ou “preconceito”: aquelas crianças não estavam se pegando por serem ultra-gays mostrando que são o que são e a sociedade não tem nada a ver com isso. Exatamente o contrário: estavam de lambeção porque a sociedade os ensinou.



Qualquer sociedade tem modelos. Arquétipos. Ídolos. Heróis. Hoje, trocados por celebridades momentâneas. Elas é que determinam a moda, ditam as gírias, ligam a chave do pode/não-pode, delimitam até o que o povo vai gostar ou não gostar, inclusive ultrapassando limites extremos, como mullets, barba mendigão, pochete, coque samurai, cupcake de feijão com tomate.

É este o problema que vemos na doutrinação dos jovens: alguém que acredita em Nike Shox sem meia, Justin Bieber e professor de História trotskysta é capaz de acreditar em qualquer coisa. E desejar. É o que o antropólogo René Girard chama de desejo mimético ou triangular: desejamos aquilo que outros estão desejando.

Homossexuais sempre existiram – já a profusão de sexualização precoce não tem a ver com hormônios, puberdade, nem se trancar no banheiro com a Playboy da Maitê Proença: tem a ver com vitimismo, com tratar a inconsciência, a imaturidade e a inocência (requiescat in pace) como massa de manobra.

Em outros tempos, dizíamos sem correr o risco de ir pra cadeia “macaquinho vê, macaquinho faz”. hoje a montoeira de crianças de 12, 13 anos gritando de alegria ao som de “é rôla é rôla é rôla” não tem nada a ver com atingir sua maturidade sexual com identidade fluída, e sim em se seguir modelos, a forma mais perfeita de obediência.

Você não tem programas infanto-juvenis para jovens hétero. Você não tem músicas que não envolvam homossexualismo. Você não tem nenhuma chance de se destacar na vida entre seus amigos, parentes, chefes e confessores se não for sendo gay. Ou melhor, sendo mais gay do que os gays de verdade. E ganhando a corrida dos que querem ser ainda mais gays para não ser aquele gay que ficou em segundo lugar.


Em nossos tempos, sabíamos (e sobrevivemos bem, obrigado, exceto as histéricas que viraram feministas) que podíamos cantar “é pica, é pica, é pica” para tentar zoar nossos amigos héteros. E, aos 12 anos, gordinhos, com 1,50 m e comendo Trakinas enquanto jogávamos Sonic no Mega Drive, gritávamos para o amiguinho: “Eu comi sua mãe!”. Nem sonhava em passar por nossa cabeça que alguém pudesse estar de tcheca-tcheca-la-butcheca de verdade, com quem quer que fosse.


Fonte: sensoincomum.org
(*)
(*)Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs" (ed. Record). No Twitter: @flaviomorgen


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terça-feira, novembro 28, 2017

A Bandeira de um Pais







por Floriano Pesaro(*).



Há alguns dias, o mundo presenciou um ato que mancha a história milenar dos esportes.

Sempre acreditamos que todas as competições esportivas ficavam acima dos conflitos políticos e das diferentes nacionalidades. Os milhares e milhares de praticantes, em qualquer que fosse o evento, deveriam respeitar seus adversários e tratar todos com a deferência que qualquer atleta merece.

No mês de outubro, assistimos um dos pontos mais baixos da comunidade esportiva. Em uma competição acontecida em Abu Dhabi, Tal Flicker, um judoca israelense, ganhou a medalha de ouro. Na hora de subir ao pódio, pasmem, a organização do evento se recusou a estender no mastro a bandeira de Israel e a tocar Hatikva, o hino nacional do país. 

Tal Flicker, o campeão israelense, então, na hora da medalha, cantou desafiadoramente e sozinho, o hino de sua nação.

Felizmente, a notícia deste desrespeito correu o mundo através de todos os tipos de mídia, seja nos jornais impressos, nos sites de notícia, no universo das redes sociais, todos se manifestaram, de uma forma ou de outra, o repúdio a este ato, totalmente em desacordo com a prática e a história desportiva.

Já, antes desta ofensa para com Israel, durante os Jogos Olímpicos no Brasil, um judoca egípcio se recusou a cumprimentar seu adversário israelense que o havia derrotado.

Estas manifestações de ódio fazem parte de um contexto mais amplo, a demonização do estado judeu.

Pode haver alguma dúvida de que Israel é o país mais vilipendiado do mundo hoje? Nenhuma outra nação engendra tanto desprezo, seja medido em polegadas de coluna de jornal, protestos de rua ou pixels de computador. O único aspecto do ódio mais perturbador do que a sua onipresença virulenta é a falta de proporção com os erros reais (e alegados) de Israel. A Coréia do Norte funciona como um vasto gulag, o presidente da Síria, Bashar al-Assad, derrama armas químicas em crianças e os irmãos Castro governam despoticamente a ilha cubana por cinco décadas, mas nenhum desses regimes ditatoriais desperta a fúria dirigida ao estado democrático judaico. A maioria dos europeus, de acordo com pesquisas, considera este pequeno país de oito milhões de pessoas como a maior ameaça para a paz mundial. Um soldado israelense dispara uma bala de borracha na Cisjordânia e isso irá gerar multidões venenosas em cidades ao redor do globo; as forças armadas paramilitares iranianas assassinam manifestantes pacíficos em plena luz do dia e o mundo emite apenas um protesto.

Por que Israel é fruto deste ódio tão desmesurado?

A resposta fácil é o antissemitismo e, embora o ódio aos judeus certamente contribua para gerar hostilidade a Israel, esta não pode ser a única explicação. Conhecemos isso porque Israel, desde a sua fundação em 1948, tem sido um estado judeu, e ainda assim seu status como vilão do mundo só foi conquistado décadas mais tarde.

Grande parte do motivo da mudança nas atitudes do mundo pode ser atribuída a uma transformação básica na ótica do conflito no Oriente Médio. Quando Israel declarou sua independência em 14 de maio de 1948, fez isso como uma nação incipiente de sobreviventes do Holocausto e pioneiros agrários isolados, cercados por exércitos árabes hostis com a intenção de terminar o que os nazistas começaram. Nestas circunstâncias, não é difícil entender por que Israel ganhou a admiração de tantas pessoas em todo o mundo durante os primeiros anos de sua existência precária.

Momento Histórico:Barbra Streisand
interpreta o hino e conversa com
Golda Meir 


Israel aceitou o Plano de Partição das Nações Unidas para a Palestina, que dividiria o território do mandato britânico entre árabes e judeus e colocaria Jerusalém sob uma forma de fiscalização internacional. Os árabes o rejeitaram, escolhendo a guerra contra o compromisso. Quando Israel ganhou essa guerra, também ganhou a admiração de grande parte do mundo (não árabe e não muçulmano). Aqui estava uma pequena nação, uma jovem democracia, defendendo-se contra a agressão que tinha como objetivo aniquilar o país. Diante de tais desafios, Israel, nos meados do século XX, era facilmente identificável como David batalhando por sua própria sobrevivência contra o Golias árabe.

A narrativa, no entanto, começou a mudar após a Guerra dos Seis Dias de 1967. Em meio à defesa contra outra tentativa árabe de destruí-lo, Israel conquistou parte da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, territórios que tinham, até aquela época, sido ilegalmente ocupados pela Jordânia e pelo Egito, respectivamente. Ambas as parcelas de terra eram povoadas de árabes, muitos das quais haviam fugido do Mandato da Palestina - por sua própria vontade ou por serem expulsas de suas casas pelas tropas israelenses - em 1948.

Agora, o conflito poderia ser reformulado e Israel não era mais o pequeno país contra o vasto mundo árabe, mas era Israel poderoso contra os palestinos ocupados e apátridas (que começariam a abraçar uma denominação "palestina" distinta, em oposição à identidade nacional árabe). Em resumo, a luta de Israel para existir ao lado de seus vizinhos em paz passou de ser conhecida de conflito árabe-israelense (em que Israel era inegavelmente David) para o conflito israelo-palestino (em que seus inimigos começaram a afirmar que o estado judaico era na verdade Golias).

Assim, todas as vozes esquerdopatas, que viam os palestinos como o povo oprimido, passaram a perceber Israel como país dominante e agressivo.

Com esse apoio generalizado ao povo palestino, esta percepção tendenciosa do estado judeu gerou este ódio desmedido contra o país sionista e reacendeu o antissemitismo no mundo.

Como a mídia abraça sempre as visões esquerdistas, esse ódio se disseminou mundo afora.

Israel, os israelenses e, por consequência o povo judeu, começaram a ser atingidos por esta visão distorcida da história.

Assim, mesmo os eventos desportivos, que deveriam estar acima de qualquer ato político, tornaram-se arenas para manifestações de ódio. A nobreza dos esportes foi contaminada indelevelmente.

Entretanto, o mundo judaico pode contar com seu povo, que cria cidadãos como Tal Flicker, que orgulhosamente defende sua pátria no ato solitário de cantar o hino de Israel.


É cedo para sabermos se esta atitude de Abu Dhabi vai se repetir ou se podemos esperar que o mundo perceba o perigo de contaminar o mundo esportivo com ações que representem o oposto de tudo que o esporte acredita.

Porém, hoje, queremos cumprimentar este judoca que se colocou acima desta ofensa e levou seu hino para o pódio.

Kol HaKavod, Flicker.



(*)Floriano Pesaro
Secretário de Estado de Desenvolvimento Social
Deputado Federal

segunda-feira, novembro 27, 2017

Ideologia de Gênero matando a infância e reputações



Psicóloga cristã é ameaçada de morte por falar contra ideologia de gênero.

por Jarbas Aragão(*)



Marisa Lobo diz que enfrentar a ideologia de gênero com ciência requer coragem

A psicóloga Marisa Lobo, conhecida por ser uma das maiores defensoras da “terapia de reversão da orientação sexual” de gays e lésbicas, foi convidada para fazer uma palestra na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Parte da programação do “I Ciclo de Estudos sobre Corpo Humano, Filosofia e Sociedade: Reflexões sobre aborto, drogas e gênero”, a presença de Marisa acabou provocando a ira de ativistas LGBT. Pelas redes sociais, ela vem recebendo muitas ameaças, inclusive de morte. O caso, segundo a coordenação do evento, é levado à sério e já foram tomadas as medidas legais.

Programado para acontecer dia 7 de dezembro no Auditório das Aves no Centro de Biociências (CB), a palestra da psicóloga foi transferida para outro local. A Divisão de Segurança Patrimonial da Universidade afirmou em memorando que “poderá ter dificuldades para garantir a segurança na referida manifestação após vistoria técnica, que constatou a grande diversidade de acessos, que poderá gerar dificuldade em necessidade suplementar de controle”.

A palestra da psicóloga cristã também gerou uma série de desistências por parte dos palestrantes. O organizador do evento, Bento Abreu, anunciou que o Conselho do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) emitiu uma nota de repúdio à discussão sobre uma terapia conhecida - erroneamente - como “cura gay” na Universidade. O documento segue com as assinaturas do Consec e de outros órgãos signatários.

Livro de Marisa Lobo. Veja Resenha 


Abreu lamentou a reação. “O que deveria ser um ciclo de palestras com proposta de debate pacifico se tornou uma situação extremamente delicada. As pessoas tentaram de toda forma fazer que o evento fosse cancelado. Estamos lutando contra centros, estudantes e professores que fogem do debate acadêmico”.

Procurada pelo Gospel Prime, Marisa Lobo afirmou que “É lamentável que os que mais dizem defender a democracia, que dizem lutar contra a opressão e a ditadura de opinião, sejam os que mais perseguem o contraditório e, portanto, a democracia. É exatamente assim que o marxismo e a esquerda trabalha, ameaçando, desfilando ódio com ameaças de morte”.

Mesmo assim, ela não irá cancelar sua palestra: “Não tenho medo, não vou desistir de ocupar este espaço que me foi dado por alunos e professores conservadores que estão lutando pela ciência, que estão cansados da esquizofrenia coletiva que está gerando está ditadura ideológica de gênero. Eles estão com medo do meu discurso? Sabe por quê? Porque é científico e não impositivo nem proselitismo”.

A psicóloga diz que as ameaças são causadas por uma questão ideológica, não científica: “A ciência está ao meu lado, não podemos mais aceitar sermos pautados pelo que uma minoria de acadêmicos querem como sociedade. Direitos humanos é para todos, não uma bandeira ideológica das minorias contra as maiorias. Enfrentar a ideologia de gênero com ciência requer coragem e bom senso. Eu tenho os dois”.

Recentemente, na Universidade Federal da Bahia, militantes de esquerda fizeram protestos agressivos contra um evento de conservadores. Além de agressões, havia cartazes pedindo “morte aos cristãos”.



Confusão ocorreu por causa da exibição do documentário
 “O Jardim das Aflições”, sobre Olavo de Carvalho na
Univ.Federal da Bahia

(*)Jarbas Aragão é jornalista de noticiasgospelprime.como.br

sábado, novembro 25, 2017

O terror do comunismo: 100 anos e 100 milhões de vidas




por João Luiz Mauad(*).




O que compartilho abaixo é o testemunho pungente de uma jovem estudante de Harvard, filha de imigrantes que fugiram da desgraça comunista do Leste Europeu, que não se conforma com o fato de ver tantos dos seus colegas, ainda hoje, vivamente empolgados com aquela ideologia assassina de triste memória.



Em 1988, meu pai, então com vinte e seis anos, saltou de um trem no meio da Hungria, com nada além de uma mochila de roupas nas costas. Nos dois anos seguintes, ele fugiu de um opressivo regime comunista romeno, que o mataria se lhe pusessem as mãos.

Meu pai fugiu de um governo que bateu, torturou e lavou o cérebro de seus cidadãos. Um amigo seu de infância desapareceu depois de rabiscar um insulto sobre o ditador na parede do banheiro da escola. Seus vizinhos morreram de fome por conta de rações de alimentos destinadas a combater a “obesidade”. À medida que a população diminuía, as mulheres eram enviadas ao hospital todos os meses para garantir que engravidassem.

A jornada de fuga do meu pai finalmente levou-o aos Estados Unidos. Ele se mudou para o Centro-Oeste e se casou com uma mulher romena que partiu para a América no momento em que o regime entrou em colapso. Hoje, meus pais são médicos no Kansas. Suas duas filhas foram para Harvard. Eles tiveram sorte.

Cerca de 100 milhões de pessoas morreram nas mãos da ideologia da qual meus pais escaparam. Elas não podem contar suas histórias. Nós devemos a eles reconhecer que essa ideologia não é uma moda passageira, e que suas vítimas não são uma piada.

O mês passado marcou os 100 anos da revolução bolchevique, embora a cultura da faculdade lhe dê exatamente a impressão oposta. As representações do comunismo no campus pintam a ideologia como revolucionária ou idealista, em oposição à sua violência autoritária. Em vez de aprofundar a nossa compreensão do mundo, a experiência da faculdade nos ensina a reduzir uma das ideologias mais destrutivas da história humana a uma narrativa unidimensional satanizada.

Caminhe ao redor do campus, e é provável que você veja Che Guevara em algumas camisas e botões. Piadas secundaristas declaram que ele é secundário em “ideologia e implementação comunistas”. O novo Clube esquerdista no campus busca “uma perspectiva moderna” sobre Marx e Lenin para “aliviar o estigma em torno do conceito de esquerdismo”. Um autor lamenta nessas páginas que é muito difícil encontrar comunistas por aqui. Para muitos estudantes, endossar o comunismo é uma maneira legal de se queixar do mundo.

Depois de passar quatro anos em um campus saturado de memes marxistas e piadas sobre as revoluções comunistas, meus colegas de classe se formam com a impressão de que o comunismo representa uma crítica ao status quo, em vez de uma filosofia empiricamente violenta que destruiu milhões de vidas.

As estatísticas mostram que os jovens americanos são realmente inconscientes do passado angustiante do comunismo. De acordo com uma pesquisa YouGov, apenas metade dos millenials acreditam que o comunismo foi um problema, enquanto cerca de um terço acreditam que o presidente George W. Bush matou mais pessoas do que o líder soviético Joseph Stalin – que matou 20 milhões. Se você perguntar aos millenials quantas pessoas o comunismo matou, 75% irão subavaliar.

Talvez antes de brincar sobre revoluções comunistas, devemos lembrar que a polícia secreta de Stalin torturou “traidores” em prisões secretas, enfiando agulhas sob suas unhas ou batendo até que seus ossos se quebrassem. Lênin tirou comida dos pobres, causando fome na União Soviética que induziu as mães desesperadas a comerem seus próprios filhos, e camponeses a desenterrar cadáveres por comida. Em todos os países em que o comunismo foi tentado, resultou em massacres, fome e terror.

O comunismo não pode ser separado da opressão; na verdade, depende disso. Na sociedade comunista, o coletivo é supremo. A autonomia pessoal é inexistente. Os seres humanos são simplesmente engrenagens em uma máquina encarregada de produzir utopia; eles não têm valor próprio.

Muitos na minha geração borram a realidade do comunismo com a ilusão da utopia. Nunca tive esse luxo. Minha compreensão do comunismo foi personalizada; Eu pude ver seu impacto duradouro nos rostos dos membros da minha família, contando histórias de seu passado. Minha perspectiva em relação à ideologia é radicalmente diferente porque conheço as pessoas que sobreviveram; Meus parentes continuam a se perguntar sobre seus amigos que morreram.

As histórias de sobreviventes pintam uma imagem mais vívida do comunismo do que os livros texto que meus colegas de classe leram. Embora possamos nunca entender completamente todas as atrocidades que ocorreram sob os regimes comunistas, podemos tentar desesperadamente garantir que o mundo nunca repita seus erros. Para esse fim, devemos contar as histórias dos sobreviventes e lutar contra a banalização do passado sangrento do comunismo.

Meu pai deixou seus pais, amigos e vizinhos na esperança de encontrar a liberdade. Conheço sua história porque esta é minha herança; Você agora conhece sua história porque eu tenho uma voz. Cem milhões de outras pessoas foram silenciadas.

Cem anos depois, não esqueçamos a história das vítimas que não têm voz porque não sobreviveram para escrever suas histórias. Mais importante ainda: não tenhamos a tentação de repeti-lo.

(*)Laura M. Nicolae, 20 anos, é aluna de Matemática Aplicada em Winthrop House – Harvard.

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João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

sexta-feira, novembro 24, 2017

10 dicas para economizar (de verdade) na Black Friday




por Marcelo Faria(*).


Chegamos à Black Friday de 2017. O pior da crise econômica já passou e aos poucos o Brasil tem saído do lamaçal, o que deve significar mais vendas durante a data. Entretanto, como evitar cair em uma Black Fraude e perder dinheiro?
O ILISP reuniu algumas dicas para realmente economizar na Black Friday. Confira.


1. Utilize um agregador de ofertas para pesquisar (e cupons de desconto para deixar o preço ainda menor)

O produto que você deseja pode não estar nos sites que você conhece. Portanto, é importante utilizar um agregador de ofertas para conhecer descontos dados em diversas lojas.

Recomendamos o Cupom de Desconto porque ele reúne diversas ofertas da Black Friday (com direito a busca por ofertas, no lado esquerdo do site) e possui cupons de desconto que você pode utilizar para deixar o preço da compra ainda menor.


2. Cuidado com os golpes

Golpes não são raros na Black Friday: sites falsos, produtos que não existem, e-mails com ofertas “imperdíveis” e outras formas de enganar compradores costumam ser utilizadas. Portanto, sempre confira o nome do site: veja se o “www.nomedosite.com.br” está correto, sem letras de outros alfabetos, números ou palavras que façam alusão a outra marca.


Site falso tenta se passar pelo site do Magazine Luiza: note o endereço diferente 






Garantiu que não é um site falso? Agora ateste a confiabilidade da loja verificando as reclamações no Reclame Aqui: se forem muitas ou não foram resolvidas satisfatoriamente, evite a loja. Checar as páginas da loja nas redes sociais em busca de avaliações e reclamações também é recomendável.

Por exemplo, o site jumbomagazine.com.br atrai vítimas do Brasil inteiro com promoções absurdas como “Samsung Galaxy J7 Dual Chip de R$ 499,90 por R$ 189,90”. No Reclame Aqui, a empresa possui 21 reclamações e a maioria afirma que pagou e não recebeu.





Proteja também o seu lado da compra: use antivírus, entre diretamente no site (sem abrir e-mails) e garanta que ele possui um certificado de segurança (um “cadeado”, geralmente próximo ao endereço do site no navegador) para que a transação seja realizada em ambiente seguro.


3. Não ignore as empresas menores

Apesar dos grandes varejistas investirem fortemente em propaganda para levar compradores às suas lojas durante o período de descontos, são suas matrizes que definem os preços. Já nas lojas locais ou especializadas acontece exatamente o contrário: elas têm poder de decisão e normalmente oferecem condições melhores. Por isso, após checar a confiabilidade da loja usando a dica anterior, a compra em uma empresa menor pode compensar.

Mesmo nos sites maiores, a empresa responsável pela venda pode ser outra – são os chamados marketplaces, onde um site maior (Amazon, com direito a cupons) disponibiliza a plataforma para outra empresa, geralmente menor, efetuar a venda. Se este for o caso da oferta que você observou, a informação “vendido e entregue por” terá um nome diferente do site em que você se encontra. É neste momento que você sabe a empresa realmente responsável pelo produto: a loja principal ou uma empresa parceira.


4. Evite pagar a “metade do dobro”

Um dos golpes mais comuns na Black Friday é a famosa “metade do dobro”: lojas que aumentam os preços dias antes da promoção apenas para dar um “desconto” que faça o preço retornar ao original.

Comparando o preço da oferta com o de outras lojas, é possível verificar se o preço não é “metade do dobro” e assim aproveitar somente as ofertas que possuem desconto real.


5. Tenha em mente quais produtos têm maiores descontos

Os produtos com valores mais altos costumam oferecer maior economia. Lembre-se: um desconto de 5% sobre um smartphone de R$ 2.000,00 (ou seja, 100 reais de desconto) é superior a um desconto de 20% em um jogo de 100 reais (20 reais de desconto).

Este é um período que vale a pena para trocar móveis não planejados, por exemplo. Sofás, racks e outros móveis costumam ter bons descontos em lojas grandes como Etna, Tok & Stok, Mobly, Americanas, Magazine Luiza, Submarino (com cupons), etc.

Livros e eletrônicos também costumam apresentar bons descontos, mas não são os produtos com maiores percentuais: roupas chegam a preços 70% menores, enquanto móveis, alimentos e bebidas chegam a custar 50% menos na data.

Lembre-se: evite as ofertas que destoam muito da média do mercado. Se uma televisão custa 2 mil reais , quem a “vende” por 500 reais certamente é um golpista.


6. Efetue a compra rapidamente

Identificou uma boa oferta de um produto que você realmente deseja comprar, em um site confiável e que não seja um golpe? Compre o quanto antes. As promoções mais agressivas geralmente têm estoques limitados.

Deixar a compra para depois pode te deixar sem desconto.


7. Tire cópias das telas durante a compra

Erros durante o processo como a cobrança de um valor maior do que o prometido ou o não recebimento do produto podem acontecer. Por isto, o ideal é salvar as imagens das etapas de compra no site para ter provas, se forem necessárias. É importante salvar também os e-mails de confirmação e de prazo de entrega enviados pelo site.

Caso você seja vítima de um erro, tente negociar amigavelmente com a loja a solução do problema. Se ele não for resolvido, usar as redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter) e sites de reclamações como Reclame Aqui costuma resolver a questão mais rapidamente do que o estado (Procon, Senacon, justiça). Afinal, as empresas não querem perder outros clientes que possam ver as reclamações públicas.


8. Cuidado com os fretes abusivos

Outro golpe que costuma transformar as ofertas em Black Fraude é o frete abusivo.

Por exemplo, no site do Submarino (o qual também funciona como marketplace para outras lojas venderem os seus produtos), ao finalizar a compra, há fretes abusivos: a capa para celular de R$ 8,99 tem frete de R$ 450,00 na loja Mega Korai, enquanto o micro-ondas Electrolux de R$ 259,00 tem frete de R$560,36 na Lojas Bemol.





Micro-ondas com 560 reais de frete? É GÓPI!



Fique atento também ao tempo de entrega do produto. Geralmente, na Black Friday este período é mais demorado (20 a 30 dias úteis) do que o normal. Se você deseja comprar algo para o Natal, é melhor fazer as contas antes de concluir a aquisição.


9. Pague com cartão de crédito
Nas compras pela Internet, o meio de pagamento mais seguro é o cartão de crédito, dado que permite o estorno da transação se houver qualquer problema na compra. Aliás, se um site oferecer apenas boleto bancário como forma de pagamento, fuja: a chance de ser um golpe é muito grande.
Entretanto, tome cuidado para evitar exageros no uso: de acordo com a pesquisa mensal da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), os juros do cartão de crédito podem chegar a 326% ao ano.


10. Não perca a “guerra das batatas” e outras ofertas físicas

Ganhou destaque esta semana a “guerra das batatas”. Primeiro, o McDonald’s anunciou que oferecerá um refil de batatas nesta sexta-feira. Em resposta, o Burger King anunciou um balde de batatas na compra de um combo. O Giraffas resolveu ir além e dará batatas fritas na loja do shopping Cidade São Paulo, em São Paulo-SP. Por fim, o KFC não deixará os clientes “só na batata”: na compra de um balde de frango, o comprador leva outro nas lojas dos estados de Rio de Janeiro e São Paulo.

Outras redes de lojas físicas também podem oferecer descontos no dia: aproveite para checar as redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter) das lojas que mais te agradam em busca de descontos.

E boas compras!


(*)Marcelo Farias é editor de ilisp.org

quinta-feira, novembro 23, 2017

Igrejas devem pagar impostos?




por Ricardo Bordin(*).



O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que vinha procurando uma aproximação com os segmentos evangélicos como estratégia de campanha a presidente, voltou atrás em um de seus posicionamentos. Nesta quinta-feira (16), Doria sancionou a Lei 16.575/17, que instituiu mudanças na cobrança de Imposto Sobre Serviços (ISS), e acabou vetando uma emenda que garantia isenção a templos.

“Não faz sentido: as igrejas podem e devem pagar impostos também. Nós precisamos ter critério na cidade e esse foi o objetivo do veto a esse tema. E as igrejas compreendem também, tanto as igrejas católicas quanto as evangélicas, todas elas. Eu não vejo nenhum tipo de conflito nessa relação e nessa interpretação”, minimizou.

Então vejamos: a imunidade tributária dos templos religiosos está disposta no artigo 150, Inciso VI, alínea “b” da Constituição Federal de 1988, o qual prevê que é vedado às pessoas políticas instituírem impostos sobre templos de qualquer culto no que se refere aos seus patrimônio, renda e serviços vinculados a suas finalidades essenciais.

Tal tratamento diferenciado constitui uma extensão da garantia de liberdade de crença, contida no inciso VI do artigo 5º da Carta Magna, segundo o qual é assegurado no Brasil o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias – proteção esta que se materializa, no caso, na forma da referida intributabilidade.

Como decorrência direta desta prerrogativa especial, estarão isentos de pagamento do IPTU, por exemplo, os imóveis registrados em nome de uma instituição religiosa qualquer, desde que sejam eles utilizados para a consecução de suas finalidades essenciais.

Neste sentido, prédios que pertençam a uma Igreja, mas que não estejam equipados com as instalações ou pertenças adequadas a sua atividade-fim, ou que não sejam utilizados efetivamente no culto ou prática religiosa, estarão excluídos da imunidade em estudo.

Conforme a mesma lógica, o conceito de entidade de cunho religioso pode eventualmente ser estendido, para efeito de concessão de imunidade tributária, até mesmo a instituições educacionais, de auxílio e caridade às pessoas carentes, de disseminação de campanhas de apoio às causas humanitárias, de manutenção de institutos de assistência social e científica – como hospitais, asilos, cemitérios, creches, núcleos de atendimento e apoio psicológicos, colégios, universidades, gráficas, entre outros.

Por fim, não decorrerão impostos sobre os rendimentos, investimentos ou aplicações provenientes da atividade religiosa, uma vez que seja provado serem reutilizados em prol de sua continuidade e expansão, dentro de seus preceitos fundamentais e suas finalidades essenciais.

Pois bem. Todos os trechos acima destacados em negrito dizem muito sobre questão trazida ao debate por João Dória, e que em dois tópicos podemos resumir:

  • 1) A imunidade dos templos de qualquer culto prevista na Constituição Federal refere-se tão somente à cobrança de impostos, e não dos tributos em geral, conforme muito bem argumentou a equipe de assessoria do prefeito paulista na justificativa para o veto – muito embora ele tenha se expressado mal em seu discurso.

Entenda-se: impostos são uma espécie do gênero tributos, os quais ainda abrangem taxas e “contribuições de melhoria” diversas. Ou seja, qualquer tributo da espécie imposto não pode ser cobrado de templos religiosos, regra essa que não se aplica aos demais tributos de qualquer natureza.

Os impostos, a saber, não estão ligados a uma contraprestação estatal direta ao pagador, e geralmente incidem sobre o patrimônio, a renda e o consumo – como o IPTU, por exemplo; taxas, tarifas e contribuições de melhoria, a seu turno, são vinculadas a uma contraprestação direta do Estado – como, por exemplo, recolhimento de lixo, fornecimento de água e luz ou emissão de documentos de um veículo. As instituições religiosas estão imunes aqueles, mas sujeitas a estes. 

A administração pública até pode, levando em conta a conveniência e a oportunidade, conceder isenção total de tributos a determinados entes, como costuma proceder quando quer atrair empresas que buscam localidades para a instalação de parques fabris. Mas em um cenário de no qual até mesmo os serviços de streaming, como Netflix e Spotfy, passarão a pagar ISS, ficaria difícil justificar tal medida em relação às Igrejas.

  • 2) A imunidade tributária dos templos religiosos é de natureza subjetiva, e não objetiva. Quer dizer, ela só se aplica enquanto sua função for facilitar a persecução dos objetivos dos cultos e religiões. 

É importante enfatizar tal aspecto da imunidade tributária em comento pelo fato de que se costuma alegar, a boca pequena, que boa parte do dinheiro doado por fiéis seria desviado para causas menos nobres – ou, no mínimo, para atividades e fins diversos daqueles que o legislador constitucional tinha em mente quando resolveu beneficiar as instituições religiosas – e que, por isso, seria justificável dar fim a este tratamento diferenciado.

Ora, ainda que saíssem todo dia nos jornais notícias dando conta de que pastores, imãs, pais de santo ou padres embolsaram e mandaram para a Suíça dinheiro proveniente de dízimos e demais contribuições voluntárias, permanece em vigor o princípio da presunção de inocência das demais instituições congêneres.

Ou seja, os templos presumem-se não imorais, e cabe ao Estado provar que o são para que possa fazer, então, incidir os devidos impostos. Não há que se generalizar todas as Igrejas, mas sim investigar aquelas que apresentem indícios de fraudes, a fim de comprovar sua inaptidão para a imunidade tributária. 

Assim não fosse, será que todos os institutos de pesquisa sobre o liberalismo econômico do país, caso restasse comprovado que alguns deles direcionaram doações para outras finalidades que não aquelas descritas em seus estatutos, deveriam ter sua natureza de instituições sem fins lucrativos desconsiderada, e passarem a pagar impostos como qualquer pessoa jurídica, com todos arcando com as consequências dos erros de alguns? Não, né?

Da mesma forma, todas as demais fundações e entidades abrangidas por qualquer espécie de isenção fiscal são, a princípio, merecedoras de tal benefício, até que se prove o contrário e se altere seu status, cobrando-se o montante devido retroativamente e impondo-se as sanções legais.

A título de comparação, está para ser votada no Congresso Nacional medida que permite a volta dos bingos e cassinos ao Brasil. Será que aquela velha justificativa para sua proibição, segundo a qual muitas destas casas eram utilizadas para lavagem de recursos de origem ilícita, deve ser aplicada a empresas deste ramo indiscriminadamente, vetando por completo os jogos de azar não controlados pelo Estado no país?

Se algumas Igrejas, inegavelmente, também serviram para lavagem de dinheiro, os Picciani, no Rio de Janeiro, o faziam comprando bois; o ex-governador Sérgio Cabral adquiria joias; e dizem até que um ex-presidente por aí limpava suas propinas fazendo palestras. Seria cabível, portanto, impor sanções tributárias a todas as criações de gado, joalherias e auditórios do Brasil? Para refletir…

E para registro: desejar que Igrejas paguem impostos pelo simples fato de que os demais cidadãos e empreendedores estão assustados de saber que o impostômetro está quase vencendo a barreira dos dois trilhões de Reais na presente data, equivale a pleitear que o Uber seja sobretaxado ao invés de requerer que a vida dos taxistas seja facilitada. Ou seja, o ideal é reivindicar redução de tributos para todos, e não arroxo fiscal para os outros

Feitas estas observações relativas à legislação tributária, é bom deixar claro que boa parte daqueles que apoiam a cobrança de impostos de templos religiosos o fazem por pura aversão às religiões em si, isto é, questionam a própria validade de concederem-se tais benefícios.

Ora, gostemos ou não de rezar, há que se reconhecer que inúmeras pessoas abandonam vícios e recuperam seus empregos e sua capacidade de viver por influência de cultos religiosos; que incontáveis marginais deixaram a vida à margem da lei após passarem a seguir os ditames da Bíblia – fato facilmente observável em presídios, onde o pastor entra para tentar recuperar o bandido e o ativista do PSOL para dizer que ele matou foi pouco e que ele é uma vítima da desigualdade; que a bancada evangélica constitui, na atualidade, a única barreira no parlamento à aprovação de leis absurdas, como a que criminaliza “homofobia” e a que permite cirurgias de mutilação de genitália em crianças de doze anos sem autorização dos pais.

Ou seja, os templos religiosos, se não produzem bens e serviços para a sociedade, ajudam a estabelecer a ordem e a paz, sem a qual não há desenvolvimento econômico.

Querem brigar pelo fim de uma imunidade tributária totalmente injusta? Então lutem para que PARTIDOS POLÍTICOS paguem imposto. Sim, os malandros são imunes também, e ainda aprovam fundos com o SEU dinheiro para bancar suas eleições. E você batendo boca com seu amigo crente…..tsc, tsc, tsc…


(*)Ricardo Bordin - Atua como Auditor-Fiscal do Trabalho, e no exercício da profissão constatou que, ao contrário do que poderia imaginar o senso comum, os verdadeiros exploradores da população humilde NÃO são os empreendedores. Formado na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) como Profissional do Tráfego Aéreo e Bacharel em Letras Português/Inglês pela UFPR.