por Ronaldo Gomlevsky
Trezentos mil nas ruas do Brasil. Para um país de duzentos milhões de habitantes, um protesto multifacetado, ainda sem liderança aparente que pretende chamar a atenção da cidadania, através de gente de todas as camadas sociais, funcionais e estudantis que se reúne e marcha nas ruas de nossas grandes capitais, pode parecer, em números absolutos, um movimento com apoio restrito.
A verdade é que não está sendo assim. No Rio de Janeiro, famílias inteiras e estudantes se dirigiram ao centro da cidade, mais especificamente, à porta da Igreja da Candelária, para em marcha pacífica, ganhar a Avenida Rio Branco e, após atravessá-la, desembocar pacificamente, na Cinelândia. O motivo do protesto está mais do que claro. Gastos públicos excessivos, falta de investimentos em saúde, educação e saneamento básico, política econômica do governo em cheque, corrupção e tantas outras mazelas já há muito conhecidas deste nosso Brasil varonil.
Sucede que em movimentos de massa, não só gente do bem e com boas intenções, participa.
Com uma enorme cauda vista nesta cidade, apenas uma vez, protestando nas ruas, na época das Diretas Já, esta imensa e moderna anaconda formada por seres humanos, na sua esmagadora maioria bem intencionados, no desenrolar de sua passagem, se dividiu em duas cabeças, no meio do caminho.
Enquanto a cabeça do bem continuava sua trajetória, a segunda cabeça, com um número surpreendente de mais de quinhentos criminosos, resolveu se dirigir até a porta da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, onde todos os atos de depredação e vandalismo foram realizados. Desde a utilização de coquetéis Molotov que não são confeccionados na hora e sim com antecedência, até a depredação da sede política do Estado que é a nossa casa de leis, passando por incêndios provocados criminosamente, em carros estacionados nas imediações e arrastados para a porta do Palácio Tiradentes, até roubo de bancos em seus caixas eletrônicos, invasão e roubo de casas comerciais nas ruas próximas e agressões que beiraram tentativas de homicídio contra elementos da PM, lançados às feras e ao deus dará, sem reforço policial e sem a menor condição de enfrentar os bandidos que os atacavam e que lá se encontravam com o propósito deliberado de bater, quebrar, assaltar e violentar.
Fico me perguntando o que devem estar sentindo os meus dois filhos que foram protestar pacificamente e se depararam com aparentes companheiros de protesto que na verdade, não estavam lá para reclamar e sim para perenizar a criminalidade que os estudantes querem combater.
O país está perplexo. A cidadania aturdida, os homens de bem, embasbacados, mas os vagabundos e os marginais, exultantes.
Mais uma vez, na história do mundo, meia dúzia se aproveita de milhares para implantar o terror, o ódio e a cizânia.
A mim, não enganam, na Alemanha de Weimar, o nazismo mostrou sua cara, da forma absolutamente equivalente ao que ontem presenciamos.
Aos líderes estudantis brasileiros cabe a denúncia de quem são estes canalhas. Se não querem trilhar este caminho que expulsem do seu meio, os criminosos de plantão, sob pena de verem seu movimento ser também roubado e suas bandeiras jogadas ao chão.
Só nos falta aparecer um Adolf Hitler tupiniquim para liderar um movimento que insiste em não apresentar lideranças. Falta liderança clara, falta expelir os vagabundos e falta elencar as motivações reais dos protestos. Caso não fique tudo muito claro, a vaca irá para o brejo, como aparentemente já está indo.
Ronaldo Gomlevsky é Editor Geral da Revista MENORAH
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