quinta-feira, junho 20, 2013

Um país embasbacado.







Um país embasbacado.
por Ronaldo Gomlevsky





Trezentos mil nas ruas do Brasil. Para um país de duzentos milhões de habitantes, um protesto multifacetado, ainda sem liderança aparente que pretende chamar a atenção da cidadania, através de gente de todas as camadas sociais, funcionais e estudantis que se reúne e marcha nas ruas de nossas grandes capitais, pode parecer, em números absolutos, um movimento com apoio restrito.

A verdade é que não está sendo assim. No Rio de Janeiro, famílias inteiras e estudantes se dirigiram ao centro da cidade, mais especificamente, à porta da Igreja da Candelária, para em marcha pacífica, ganhar a Avenida Rio Branco e, após atravessá-la, desembocar pacificamente, na Cinelândia. O motivo do protesto está mais do que claro. Gastos públicos excessivos, falta de investimentos em saúde, educação e saneamento básico, política econômica do governo em cheque, corrupção e tantas outras mazelas já há muito conhecidas deste nosso Brasil varonil.

Sucede que em movimentos de massa, não só gente do bem e com boas intenções, participa.

Com uma enorme cauda vista nesta cidade, apenas uma vez, protestando nas ruas, na época das Diretas Já, esta imensa e moderna anaconda formada por seres humanos, na sua esmagadora maioria bem intencionados, no desenrolar de sua passagem, se dividiu em duas cabeças, no meio do caminho.

Enquanto a cabeça do bem continuava sua trajetória, a segunda cabeça, com um número surpreendente de mais de quinhentos criminosos, resolveu se dirigir até a porta da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, onde todos os atos de depredação e vandalismo foram realizados. Desde a utilização de coquetéis Molotov que não são confeccionados na hora e sim com antecedência, até a depredação da sede política do Estado que é a nossa casa de leis, passando por incêndios provocados criminosamente, em carros estacionados nas imediações e arrastados para a porta do Palácio Tiradentes, até roubo de bancos em seus caixas eletrônicos, invasão e roubo de casas comerciais nas ruas próximas e agressões que beiraram tentativas de homicídio contra elementos da PM, lançados às feras e ao deus dará, sem reforço policial e sem a menor condição de enfrentar os bandidos que os atacavam e que lá se encontravam com o propósito deliberado de bater, quebrar, assaltar e violentar.

Fico me perguntando o que devem estar sentindo os meus dois filhos que foram protestar pacificamente e se depararam com aparentes companheiros de protesto que na verdade, não estavam lá para reclamar e sim para perenizar a criminalidade que os estudantes querem combater.

O país está perplexo. A cidadania aturdida, os homens de bem, embasbacados, mas os vagabundos e os marginais, exultantes.
Mais uma vez, na história do mundo, meia dúzia se aproveita de milhares para implantar o terror, o ódio e a cizânia.
A mim, não enganam, na Alemanha de Weimar, o nazismo mostrou sua cara, da forma absolutamente equivalente ao que ontem presenciamos.

Aos líderes estudantis brasileiros cabe a denúncia de quem são estes canalhas. Se não querem trilhar este caminho que expulsem do seu meio, os criminosos de plantão, sob pena de verem seu movimento ser também roubado e suas bandeiras jogadas ao chão.

Só nos falta aparecer um Adolf Hitler tupiniquim para liderar um movimento que insiste em não apresentar lideranças. Falta liderança clara, falta expelir os vagabundos e falta elencar as motivações reais dos protestos. Caso não fique tudo muito claro, a vaca irá para o brejo, como aparentemente já está indo.

Ronaldo Gomlevsky é Editor Geral da Revista MENORAH

Nenhum comentário: