domingo, outubro 02, 2016

Rosh Hashana e o Perdão.









Rosh Hashana e o Perdão.
por Floriano Pesaro





Chega mais uma vez o tempo das Festas, das Grandes Festas, Rosh Hashaná e Iom Kipur. Nossos rituais são incríveis. Antes mesmo de começar a celebrar estas datas tão primordiais para nosso povo, no mês precedente, Elul, nós treinamos e ouvimos o shofar diariamente. O som do shofar é o despertar de nossa alma.

Assim, como para qualquer evento importante, nós nos preparamos, no mês de Elul, nós praticamos uma das maiores reflexões de nossas vidas, ano a ano. Vamos buscando a purificação de nossas almas através de um conceito genial que nossa tradição nos aconselha. Fazemos Cheshbon hanefesh, a contabilidade da alma.

Esta possibilidade de sermos lembrados, pelo som do shofar, de que devemos repassar nossos atos e verificar onde erramos, onde perdemos o controle, onde brigamos, mesmo que tivéssemos motivos, onde nos esquecemos da justiça social, onde nos escondemos de nossas responsabilidades é uma tradição de uma profundidade ímpar.

Numa olimpíada temos que treinar e treinar para chegar numa data e desempenharmos o melhor do que temos para dar. Nas Grandes Festas, temos a possibilidade de treinar para chegarmos às Grandes Festas com o espírito adequado para uma época de alegria e reflexão tão intensas.

A partir daí, trabalhamos a importância do perdão.

O perdão é um conceito que, em nosso tempo, tem sido estudado pelas maiores instituições do mundo. Esta característica milenar de nosso povo de perdoar e buscar ciclicamente o perdão, chega a esta era moderna como uma necessidade global intrínseca para cada ser humano.

A Universidade de Harvard tem dado cursos sobre a importância do perdão. Podemos pedir perdão para Deus, para nós mesmos e para outras pessoas. Entretanto devemos entender também a suma importância, principalmente, de perdoar. O perdão nos liberta do peso do ressentimento. Efetivamente, talvez não possamos esquecer, mas podemos perdoar. O perdão concebido ou recebido é libertador. Começar um Novo Ano perdoando e pedindo perdão, após termos passado um mês percebendo quais foram as nossas ações que desencadearam estas circunstâncias, é de uma imensa riqueza moral.

O sentimento de termos ponderado sobre nossos desacertos, sobre nossa capacidade do perdão, sobre a capacidade de planejarmos um ano mais justo e consciente nos traz mais preparados para receber um Ano Novo com mais alegria e compromisso.

Chegamos a Rosh Hashaná com a convicção e a esperança de que teremos uma relação mais honesta com nós mesmos e com o Divino. Passaremos a buscar mais retidão e consideraremos o outro e o mundo com mais misericórdia.

Sairemos da sinagoga depois de nossas preces e da linda mesa de comidas características da data, onde estarão nossa família e nossos amigos, com uma alegria maior, com um entendimento interno de nós mesmos, com o propósito honesto de sermos pessoas melhores neste ano que chega.

Le Shaná Tová Ticateivu ve tichateimu!

(*)Floriano Pesaro é deputado federal e Secretário de Estado de Desenvolvimento Social

do Governo do Estado de São Paulo

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