por Camila Hochmuller Abadie
A mãe, ao menosprezar o seu papel, fez eco ao clamores do mundo e "empurrou" a filha para os braços das feministas. Casos assim multiplicam-se diariamente, para a tristeza e vergonha das famílias cristãs.
Para mim, que sou nascida em família esquerdista, ex-amiga de companheiros esquerdistas, ex-aluna de professores esquerdistas, uma vez transposta a linha da fidelidade estúpida, não é difícil concluir que o esquerdismo brasileiro não é, na maioria dos casos, o resultado de uma adesão consciente, racional e voluntária a um corpo teórico pretensamente mais verdadeiro, mas, antes, o fruto de uma lealdade inconsciente, emocional e quase involuntária a um grupo que justifica e legitima o ressentimento, a inveja, o coitadismo e o desejo de vingança de seus pares sobre o demais, estes tidos como seus algozes, opressores e rivais. Claro, nem todos são tão infantis assim: os que não o são, em geral, são os que lucram realmente sobre o infantilismo dos primeiros.
Hoje mesmo verifiquei, pela milésima vez, na prática, o que procurei dizer acima. Tive acesso ao texto de uma garota dita cristã que pretendia explicar os motivos de sua adesão ao feminismo: nada mais do que uma sucessão de mágoas com sua mãe, as quais, segundo ela, eram provas definitivas do "machismo" ocidental.
A julgar pelo relato, a mãe da referida moça não possuía, ela mesma, compreensão da importância do seu papel enquanto esposa, mãe e dona de casa. Sempre que possível, poupava a filha de quaisquer envolvimentos com os afazeres domésticos, incentivando-a a buscar, por meio dos estudos, "uma vida melhor". Apesar de poupada, no entanto, a garota ressentia-se da "injustiça" materna que, em lugar de solicitar igualmente filhas e filhos, voltava-se sempre para as moças em busca de ajuda. Ou seja, o feminismo da garota, assim como o da maioria das moças, encontra seu fundamento no mal resolvido relacionamento com sua mãe e tem seu respaldo nas disseminadas campanhas midiáticas.
Ao que pude perceber, não deve constar entre as ambições de tal mãe a transformação de sua filha em uma militante feminista, porém, ao ignorar a importância e, de certo modo, menosprezar o seu papel, ela fez eco ao clamores do mundo e "empurrou" a filha para os braços das feministas. Casos assim multiplicam-se diariamente, para a tristeza e vergonha das famílias cristãs.
De fato, vivemos tempos difíceis nos quais nós e nossos filhos somos pressionados por todos os lados pelas mais sórdidas ideologias, mesmo dentro da igreja. Todavia, nada nos autoriza a abraçarmos a resignação como se não houvesse o que pudéssemos fazer. Em meu curso, o De volta ao lar, mostro como é fundamental descobrirmos, antes do mais, as raízes de nossas opiniões e posturas acerca da vida familiar, compreendendo, então, a origem de nossos sentimentos de incapacidade, inadequação e frustração; em seguida, é preciso empreender um esforço vigoroso pela formação de uma nova mentalidade e de uma nova postura; por último, é essencial que saibamos não só viver e gerir nossa realidade familiar de uma maneira realmente cristã, mas é absolutamente indispensável que saibamos COMUNICAR essa nova mentalidade e essa nova postura aos nossos filhos, defendendo os valores nos quais acreditamos e guiando os pequenos pelo caminho da preservação da família, do respeito à hierarquia familiar e da valorização das especificidades de cada papel exercido em seu seio.
Em resumo, enquanto não compreendermos a centralidade de nossa presença no coração do nosso lar, e enquanto não soubermos transmitir tal compreensão aos nossos filhos, com toda a alegria, convicção e vigor que lhe convém, continuaremos tornando-os alvos fáceis de ideologias como a feminista, que outra finalidade não possui além de destruir os lares e perverter o feminino.
Camila Hochmüller Abadie é mãe, esposa e mestre em filosofia. Edita o blog Encontrando Alegria.
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