Relembrar o Holocausto: Um Compromisso Universal.
Por Rafael Eldad, embaixador de Israel no Brasil
Em 2005 a Assembléia Geral da ONU designou o dia 27 de janeiro como o dia internacional para lembrar as vítimas do Holocausto, em que um terço do povo judeu foi assassinado pelo genocídio nazista. A data foi escolhida por marcar o aniversário de libertação do campo de extermínio Auschwitz-Birkenau, o maior do terror nazista, onde mais de 1,5 milhão de seres humanos foram dizimados.
Desde então não honramos apenas a memória de seis milhões de pessoas inocentes: homens, mulheres e crianças, cuja única culpa era de ter nascido judeus, mas também rejeitamos a negação do Holocausto e condenamos a discriminação e violência embasada na religião, etnia ou qualquer ato de violência por puro preconceito.
O compromisso de conservar a memória destas atrocidades não é uma tarefa somente do povo judeu, mas também é tarefa indispensável a todo ser humano. O Holocausto foi a manifestação extrema de antissemitismo brutal. Ainda hoje, infelizmente, enfrentamos mais manifestações sutis de ódio aos judeus, não menos perigosas, como o antissemitismo disfarçado de antissionismo, e a mais nova forma: um movimento para negar o direito do povo judeu de ter seu próprio Estado soberano. Mas no Estado de Israel, mesmo após o Holocausto, conseguimos o que quase nenhum povo conseguiu em tão pouco tempo: resgatar nossa identidade e história, criar um Estado Democrático, levantar uma nação.
Neste domingo (29), em Salvador, será realizada a cerimônia pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Sentimo-nos honrados em podermos relembrar dos nossos irmãos em uma cidade muito similar a Israel: de diversidade cultural, étnica e religiosa. É um dia de união de todos os povos ao redor do mundo, em um esforço para garantir que os horrores do passado nunca mais façam parte da história da humanidade. Como disse Mário Quintana: “O passado não reconhece o seu lugar; está sempre presente”. Devemos relembrar o passado, devemos relembrar o Holocausto, pois somente assim o mundo evitará cometer os mesmos erros no futuro. Somente assim conseguiremos criar um mundo melhor.
Holocausto e fundamentalismo no século 21
Por Claudio Lottenberg
As palavras genocídio e fundamentalismo compõem uma trágica e deletéria combinação.
Ao longo da história da humanidade, ideias de superioridade racial e de desprezo à diversidade funcionaram como combustível de tragédias inomináveis.
O Holocausto, a morte de 6 milhões de judeus pelo nazismo na Segunda Guerra Mundial, entre os quais mais de um milhão de crianças, escancarou o paroxismo da bestialidade humana.
Neste 27 de janeiro, marcamos o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, instituído pela ONU em 2005.
Refletimos também, neste momento, sobre outros processos sistemáticos de extermínio, responsáveis por impor a barbárie a diversos povos.
Alguns exemplos: os armênios, vitimados por otomanos no começo do século passado; cambojanos, eliminados pelo regime sanguinário do Khmer Vermelho nos anos 1970; bósnios muçulmanos, exterminados nas guerras dos Balcãs; tutsis e hutus massacrados em Ruanda em 1994; e, em pleno século 21, sudaneses assassinados cruelmente na região de Darfur.
A lista de genocídios perpetrados em nome de ideologias odiosas, infelizmente, ainda é mais extensa. E é possível constatar que essas tragédias continuam a macular a história da humanidade, apesar das lições impostas pelo passado.
A pergunta inevitável, portanto, refere-se a como evitar a repetição desses episódios vis.
Acreditamos firmemente na necessidade de avançar em duas frentes: democracia e educação. Quanto mais mecanismos democráticos existirem, mais protegidos estarão os direitos civis e mais isoladas ficarão as forças políticas que pisoteiam a liberdade.
Quanto mais educação existir, mais será disseminado o respeito à diversidade, assim como mais fortes serão as raízes do repúdio ao fundamentalismo.
No entanto, ideologias totalitárias insistem em sobreviver.
A Primavera Árabe começou como uma lufada alvissareira de ventos democratizantes. Hoje, grupos fundamentalistas se aproveitam do vácuo criado com o fim do velho regime e, antes que a democracia possa se instalar, um processo que demanda tempo, ameaçam impor regimes descolados da ideia de construção de um Oriente Médio em paz e harmonia.
O governo fundamentalista do Irã, responsável por perseguições brutais e sistemáticas a minorias religiosas, étnicas e sexuais, permanece como uma ameaça global. Seu líder, Mahmoud Ahmadinejad, além de intensificar os chamados de seus antecessores pela destruição do Estado de Israel, avança em suas ambições nucleares. E, em uma aberração inaceitável para o mundo civilizado, nega o Holocausto.
De nosso país, acompanhamos com preocupação o cenário do Oriente Médio e de Israel, terra ancestral que é, para nós, referência cultural e religiosa.
Em respeito à memória de milhões de judeus exterminados no Holocausto e em respeito à memória de vítimas de genocídios em toda a história da humanidade, rechaçamos as ideologias totalitárias, como a do governo iraniano e a dos seus aliados Hamas e Hizbollah.
E homenageamos a construção de democracias, como no Brasil e em Israel, que são exemplos vivos de nações baseadas no respeito às liberdades individuais e religiosas. É assim que conseguiremos evitar a repetição de genocídios.
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