Por Janaina Lage (janaina.lage@oglobo.com.br)
Diga-me com que ditadores anda |
RIO - Para Emilio Palacio, ex-editorialista do "El Universo" e um dos quatro condenados nesta quinta-feira por injúria ao presidente Rafael Correa, a pressão internacional pode evitar o fim do jornal. Palacio, que vive hoje nos Estados Unidos após pedir asilo político, avalia que a ação do presidente está instituindo a autocensura na imprensa equatoriana.
Como recebeu a decisão?
EMILIO PALACIO: Estou esgotado. Recebi com tristeza, mas sem surpresa. A Corte Nacional de Justiça foi renovada há pouco tempo por Correa, e praticamente todos os membros foram substituídos por outros escolhidos pelo presidente. Correa entra, então, na Justiça e pede uma multa de US$ 40 milhões.
Isso representa o fim do "El Universo"?
PALACIO: O patrimônio total do "El Universo" é de US$ 30 milhões. O que os Pérez terão que fazer? Pegar a chave do "El Universo", entregar e dizer: "Aqui está o jornal". É isso o que Correa quer. Mas, de outro lado, a solidariedade internacional tem sido impressionante. Não descarto que essa pressão sobre Correa faça com que haja algum retrocesso. Não em relação a mim porque ele já decidiu que tem de me destruir, mas tomara que isso permita salvar o jornal. Se a manifestação internacional continuar, talvez isso seja possível.
Para Correa, a decisão é histórica. O que ela significa para a imprensa do país?
PALACIO: Ele tem razão em dizer que é uma decisão histórica. Não conheço outro presidente que peça US$ 40 milhões para seu patrimônio pessoal por um processo contra um jornalista que o criticou por sua ação no governo. Os presidentes mais corruptos roubavam dinheiro, mas não faziam essa palhaçada. Isso está criando uma autocensura extremamente perigosa. Se você fosse jornalista no Equador, com filhos para criar e alguém mandasse escrever sobre alguma irregularidade de um ministro, poderia preferir escrever sobre outra coisa para não ter problemas.
A liberdade de expressão corre risco?
PALACIO: A liberdade de expressão está em perigo em diversos países, inclusive em governos democráticos que dizem respeitá-la, mas somente a toleram.
A interferência de Correa contra a imprensa pode levar o país a uma ditadura?
PALACIO: Ele quer um regime totalitário. Na pior das ditaduras, sempre há um pequeníssimo espaço para crítica porque as ditaduras sabem que é preciso uma válvula de escape. Nos governos totalitários, não. Há somente um partido, dono de todos os meios de comunicação. É o que está começando agora.
Palácio, definitivamente não é bobo e não quis pedir asilo aqui na provávelfutura ditadura:
Panamá, 16 fev (EFE).- O presidente panamenho, Ricardo Martinelli, concedeu nesta quinta-feira asilo diplomático ao diretor do jornal equatoriano "El Universo", Carlos Pérez, condenado pela Justiça desse país a três anos de prisão e ao pagamento de US$ 40 milhões por conta de supostas injúrias ao presidente do Equador, Rafael Correa.
Uma fonte da Chancelaria panamenha confirmou à agência Efe que Martinelli outorgou o asilo para Carlos Pérez, que junto de seus irmãos Nicolás e César e do jornalista Emilio Palacio, foram acusados de injúrias por Correa.
O asilo diplomático permite a um Estado oferecer proteção a uma pessoa perseguida na sede de sua legação diplomática em outro Estado, segundo a definição jurídica.
"Acabo de dar asilo ao jornalista do jornal 'El Universo' Carlos Pérez Barriga, que foi multado com 3 anos de prisão e 40 milhões de multa no Equador", escreveu o líder panamenho em sua conta de Twitter.
Na última quarta-feira, a máxima corte do Equador ratificou a condenação a três anos de prisão e ao pagamento de US$ 40 milhões aos irmãos Pérez e ao ex-editor Emilio Palacio.
O caso contra os donos do jornal equatoriano e contra Palacio começou quando este último, em 2011, afirmou em uma coluna publicada pelo "El Universo" que Correa poderia ser acusado de "cometer crimes contra a humanidade por haver ordenado fogo à vontade" contra um hospital cheio de civis durante uma revolta policial no final de setembro de 2010.
Os irmãos Pérez se encontram nos Estados Unidos, da mesma forma que Palacio, que pediu asilo nesse país.
Fonte: Uol
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