quinta-feira, outubro 25, 2012

Palestinos Reescrevendo a História.











por Deborah Srour 

Hanan Ashrawi com Arafat


Em setembro deste ano, o Ministro do Exterior de Israel, junto com o Congresso Mundial Judaico e o Ministério dos Assuntos de Aposentadoria decidiram aumentar sua campanha para conscientizar o público e os meios diplomáticos do sofrimento dos refugiados judeus e exigir dos países muçulmanos uma compensação justa para estes judeus e seus descendentes. Imediatamente após a notícia sair na mídia israelense, a representante palestina Hanan Ashrawi publicou uma “gema” que não só distorceu a lógica, mas negou a história e desconsiderou as leis internacionais que regem o tratamento dos refugiados.

Segundo Ashrawi, os judeus que vieram para Israel de países árabes nunca foram refugiados. Eles teriam deixado suas casas voluntariamente sob pressão de grupos sionistas e da Agência Judaica. Ela disse que é uma decepção e ilusório falar que “judeus que imigraram para seu suposto lar nacional, sejam refugiados!”. A sua lógica é que se Israel é o lar nacional judaico, então judeus não podem ser refugiados. São emigrantes que retornaram – seja voluntariamente ou por uma decisão política.

Há um consenso entre os pesquisadores que mais de 850 mil judeus de países árabes fugiram deixando bilhões de dólares em propriedades e negócios para trás. A grande maioria por terem sofrido perseguições após o estabelecimento do Estado de Israel em 1948. É muito interessante que este é o número que os palestinos hoje reclamam terem se tornado refugiados na mesma época, apesar de estudos aprofundados dos censos feitos pelos britânicos não colocarem este número acima de 400 mil.

Ashrawi então decidiu diferenciar os refugiados judeus dos refugiados palestinos dizendo que gangues sionistas “forçaram palestinos a abandonarem terras que lhes pertenciam há milhares de anos enquanto os judeus partiram voluntariamente”.

Historicamente sempre houveram judeus na Terra Santa, por menor que fosse a comunidade. Os chamados “palestinos”, por outro lado, nem tanto. Mark Twain visitou esta terra em 1867 e a descreveu desolada de população. Mas em 1878, depois de ser expulsa dos Balcãs pela Austro-Hungria, a Turquia decidiu doar terras, isenção de impostos e de serviço militar, a muçulmanos refugiados da Bósnia e Herzegovina na Palestina. A região foi então populada por muçulmanos da Bósnia, Albânia, da Russia e outras regiões da Europa.

E para terminar, como ela reivindica o direito de retorno de palestinos a Israel própria, ela disse que espera que os judeus possam voltar aos países de onde saíram pois antes de terem o direito a compensação monetária, refugiados, de acordo com ela, devem retornar aos seus países de origem.

A definição estabelecida pela Convenção sobre Refugiados de 1951 das Nações Unidas, diz claramente que um refugiado é alguém que “devido a um receio fundado de ser perseguido por razões de raça, religião, nacionalidade, afiliação a um grupo social ou partido político, está fora de seu país de nacionalidade por não poder contar com a proteção das autoridades daquele país”.

Pela “lógica” de Ashrawi, então, os 20 milhões de muçulmanos e hindus que fugiram da Índia e Paquistão, não seriam refugiados, já que cada grupo acabou indo para o que é hoje, seu lar nacional. É claro que judeus que fugiram dos países árabes são refugiados porque se encaixam nesta definição. E é claro que eles não irão querer sair de um país que os acolheu para voltar a estes países árabes aonde com certeza serão perseguidos.

A história prova que estados árabes expulsaram, intimidaram ou tomaram suas comunidades judaicas como reféns durante os anos 40 e 50 e além. Ela também mostra que, contrariamente ao que disse Ashrawi – que todos os cidadãos sofreram baixo às ditaduras de países árabes – só os judeus foram alvos de violência anos antes do Estado de Israel existir.

Os judeus no Iraque sofreram um pogrom em 1941 por forças pró-nazistas que causou a morte de centenas de judeus em Bagdad. Uma leva de leis anti-judaicas chegou ao ápice em abril de 1950. Em menos de um ano, a violência e vandalismo contra os judeus os convenceram a emigrar e em 1951 a quase totalidade dos 130 mil judeus havia partido. Por lei, todos os bens destes judeus foram confiscados. Essa é a emigração de uma comunidade de 2.500 anos que Ashrawi chama de “voluntária”.

A comunidade egípcia, da qual eu faço parte, datava da Alta Idade Média, e também não teve que esperar pela criação do Estado de Israel para sofrer violência e perseguições. O movimento “Egito Jovem” de Ahmed Hussein atacou o bairro judaico em novembro de 1945 queimando sinagogas, lar dos velhos e hospitais. Com a criação de Israel, os bairros judaicos foram bombardeados e os judeus atacados nas ruas. Em 1950 um terço da comunidade, já tinha partido.

Esta sequencia de pogrom, perseguição, expropriação e fuga se repetiu na Síria e Líbia criando mais 50 mil refugiados. No Yemen, um pogrom em Aden em dezembro de 1947 causou a morte de 82 judeus. Vandalismo e saques de propriedades de judeus se seguiram em 1948. O resultado é que quase a totalidade desta comunidade milenária de 43 mil judeus – decidiu, de acordo com Ashrawi, emigrar voluntariamente. E por que Ashrawi se teria arriscado a fazer declarações tão desonestas, arrogantes e falsas a respeito dos refugiados judeus?

Porque o objetivo principal dos palestinos continua a ser a anulação do Estado de Israel e sua a intenção e incluir na agenda de negociações futuras uma compensação para os judeus refugiados é alarmante. Desde a Segunda Guerra mundial, o sofrimento dos refugiados judeus tem sido aliviado por relocação permanente em vez de repatriação. A compensação monetária sempre foi um item desta relocação.

Os palestinos não aceitam relocar seus refugiados e os têm mantido em campos nos últimos 64 anos vivendo às custas da caridade do ocidente. Apesar dos árabes darem um suporte vocal muito grande aos refugiados palestinos eles não contribuem monetariamente. E se tiverem que pagar pelos bens destruídos ou confiscados de suas antigas comunidades judaicas como parte de um acordo de paz com os palestinos, esta situação poderá mudar abruptamente – e daí o alarme.

Mas o fato é que não podemos admitir mais uma tentativa palestina de reescrever a história. Uma história cheia de mentiras, fabricações e declarações que desafiam a lógica para justificar direitos injustificáveis para um povo que simplesmente não o é.

Fonte: Pletz


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