quarta-feira, dezembro 25, 2013

A Folha de São Paulo, incitando o ódio.



















A Folha de São Paulo, que muitos chamam de filial do Granma , escolheu uma data significativa, para incitar o ódio num artigo falacioso, relembrando Julius Streicher do jornal alemão Der Sturmer da década de 30:







Um muro no caminho de Maria


Folha refaz trajeto que a Virgem teria percorrido antes do nascimento de Jesus, hoje cheio de barreiras

DIOGO BERCITO ENVIADO ESPECIAL A BELÉM (CISJORDÂNIA)

Crianças árabes posam, em Nazaré, para uma fotografia. Nas cabeças inquietas, um chapéu em forma de árvore natalina. Elas aproveitam o dia para passear pelo cenário que a tradição cristã atribui à infância de Jesus.

Mas a reportagem não as segue pelas ruelas pelas quais caminham cantando. A Folha está em Nazaré para fazer o caminho bíblico entre essa cidade e Belém. É o trajeto que a tradição estabelece para Maria, antes de Cristo nascer.

Mas Maria, se decidisse fazer a viagem atualmente, teria de lidar com os desafios contemporâneos, distintos daqueles da Antiguidade. Hoje, essa estrada inclui controles militares e um caminho que, em tempos de ocupação da Cisjordânia, é em todo volátil e imprevisível.

O trajeto tem cerca de 160 quilômetros pela estrada que vai por fora dos territórios palestinos, em Israel, tomando menos de duas horas. Mas a reportagem leva, por dentro da Cisjordânia, todo o dia para repetir esse difícil caminho, entre viagens e entrevistas.

O ditado, entre palestinos, diz que Jesus teria nascido no muro que separa Israel da Cisjordânia. Cartões natalinos mostram reis magos impedidos de ir à manjedoura.



PARTIDA

A viagem começa no tradicional mercado de artesanato de Nazaré. Mercadores reclamam da falta de organização e de divulgação, que fazem desta importante cidade histórica um destino turístico pouco visitado.

"No ano passado, a Prefeitura pagou pela viagem e pela acomodação", diz Margo Zeidan, que vende "tatriz", bordados palestinos. "Eles deveriam organizar melhor o Natal, para que essa não seja minha última participação."

A Maria inventada pela reportagem segue, depois de comprar um xale com detalhes de flores, para a periferia de Nazaré, onde toma uma xícara de chá com hortelã no restaurante Nostalgia.

A árvore de Natal, ali, é decorada com os nomes de vilarejos palestinos destruídos desde 1948, a data da criação do Estado de Israel.

"Se Maria viajasse hoje de Nazaré a Belém, ela veria os problemas pelos quais passamos", diz Sami Nsir, dono do estabelecimento. "Ela iria se sentir mal ao ver que as pessoas não se importam com a causa palestina."

Dali, a reportagem toma a estrada rumo a Belém. No trajeto, o carro é flanqueado pelas montanhas do vale de Marj Ibn Amr, inesperadamente verde após a neve.

ORIENTAÇÃO

Maria talvez se perdesse por ali. Não há placas indicando a cidade palestina de Jenin, assim como não há transporte público regular.

Ela também correria o risco de ter de encerrar sua viagem. O carro encontra o posto de controle de Gilboa fechado. Em contato com as Forças de Defesa de Israel, a reportagem descobre que o acesso de veículos está impedido devido a um embate entre Exército e palestinos.

A alternativa é contornar a Cisjordânia e procurar uma entrada aberta. A Folha chega a Rihan, também fechada, exceto para colonos. Mas, com a identificação de imprensa, indisponível a Maria, os portões são abertos, após 15 minutos de negociação.

A Maria fictícia chega então à cidade de Nablus.

Lá, o padre Johny Abu Khalil, do patriarcado latino, reclama: "Estou de saco cheio das permissões natalinas".

Sua paróquia tem 220 católicos. Todo ano, ele negocia com a administração israelense para que possam viajar a Jerusalém para o Natal.

"Israel quer que Jerusalém vire um museu e que a Igreja do Santo Sepulcro, onde Jesus morreu, seja a melhor discoteca do país", reclama.

Khalil não acredita que Maria tentaria ir a Belém hoje. Para ele, ela se contentaria com Jerusalém, se obtivesse uma permissão de viagem.

Na estrada para Jerusalém, o Sol se põe contra o carro, enquanto o rádio toca clássicos libaneses dos anos 80. Há um controle militar na saída de Nablus e outro na entrada de Jerusalém. Palestinos mostram os documentos e as autorizações aos soldados.

MURO

A entrada em Belém é feita pelo muro que separa Israel da Cisjordânia, hoje um mural para pichações e grafites, incluindo clássicos do britânico Banksy, como o que mostra uma garota revistando um soldado israelense.

A barreira fez murchar a loja de Claire Anastas, que vende artesanato diante da parede de concreto. Turistas desistiram de vir, afirma.

"Se Maria entrasse aqui, talvez não conseguisse sair", diz. Ela vende presépios com um muro no meio, em protesto.

O trajeto está quase no fim. A pé, teria levado dez dias. George Rashmawi, que organiza o caminho para peregrinos, afirma que é necessário desviar de assentamentos na Cisjordânia para evitar problemas com as autoridades israelenses. "A viagem fica mais longa", afirma.

Em uma loja diante da Igreja da Natividade, onde se crê que Jesus nasceu, Nadia Hazbun reclama do muro.

"É difícil para os turistas passar pelo muro, então eles não vêm. Na Europa, viajam pelo continente sem passaporte. Aqui, precisam passar pelas barreiras militares."

Ela dá de presente ao repórter um cartão natalino. Um papai Noel dando uma voadora na muralha que separa Israel da Cisjordânia.

"Maria nunca viria de Nazaré até Belém", diz. "Ela se recusaria a ver nosso povo em campos de refugiados."

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