sexta-feira, fevereiro 17, 2017

Você é a favor da restrição à imigração? E o caso do Líbano?








por Adolfo Sashida(*)



Os livros texto de economia são unânimes em afirmar que migração é bom para o crescimento econômico. Tecnicalidades deixadas de lado, o fato é que uma política de liberdade total para migração é equivalente a uma abertura econômica completa e unilateral. Em outras palavras, os manuais de economia são contrários a restrições impostas ao fluxo migratório internacional. Claro que isso não quer dizer que todos ganham com a entrada de estrangeiros, certamente alguns grupos ou regiões tem perdas, mas quer dizer apenas que os ganhos que a migração traz para a sociedade como um todo compensam as perdas localizadas.

O exemplo mais óbvio de uma política migratória bem sucedida são os Estados Unidos – e sua política migratória extremamente benevolente dos séculos XVIII, XIX, e boa parte do século XX. É inegável que boa parte da riqueza, e do desenvolvimento econômico americano, foi gerada por migrantes de outras nacionalidades que encontraram nos Estados Unidos um ambiente favorável e aberto a migração.

Um exemplo menos conhecido é o caso do Líbano. Poucos sabem, mas o Líbano era um dos países mais prósperos do Oriente Médio até o começo da década de 1970. A prosperidade lá era tal que o Líbano era chamado de “Suíça do Oriente”, e sua capital Beirute era conhecida por ser a “Paris do Oriente Médio”. A guerra civil no Líbano (1975-90) acabou com toda essa prosperidade. A guerra começou por causa dos conflitos entre cristãos e muçulmanos. A criação de acampamentos palestinos no sul do Líbano em 1970, com o consequente aumento da imigração palestina, fortaleceu a posição muçulmana, e o Líbano deixou de ser um país majoritariamente cristão. A política migratória do Líbano, que facilitou a entrada massiva de muçulmanos, é comumente apontada como a causa da guerra civil que levou a ruína desse país.

Qual será então a grande diferença entre EUA e Líbano? Ambos tiveram uma política favorável a migração. Mas enquanto os EUA se beneficiaram da migração, o Líbano foi destruído por uma guerra civil gerada pelo influxo de migrantes. Em minha modesta opinião, o problema todo refere-se ao migrante aceitar ou não se submeter as regras e a cultura do país para onde migra.

Talvez o fluxo de migrantes atuais, muitos refugiados de zonas de conflito, sejam em sua maioria pessoas que tem dificuldade de interagir com uma cultura onde a mulher é tratada em pé de igualdade com o homem, se isso for verdade é necessário limitar tal tipo de migração. Todo migrante deve entender seis regras básicas do mundo ocidental:

a) a mulher não é submissa ao homem; 
b) a homossexualidade não é punida e nem discriminada pela lei; 
c) uma mulher que usa maquiagem, mostra o rosto, ou usa saia não é uma prostituta; 
d) é o migrante que deve se adequar ao país, e não o contrário; 
e) a lei que vigora é a Constituição; e 
f) existe uma clara separação entre os poderes executivo, legislativo e judiciário (a autoridade religiosa não é um poder e nem tem força de lei). 

Se temos dúvidas que os migrantes serão capazes de respeitar esses seis postulados básicos, então o bom senso recomenda restringir a migração.



(*)Adolfo Sachsida

Doutor em Economia (UnB) e Pós-Doutor (University of Alabama) orientado pelo Prof. Walter Enders. Lecionou economia na University of Texas - Pan American e foi consultor short-term do Banco Mundial para Angola. Atualmente é pesquisador do IPEA. Publicou vários artigos nacional e internacionalmente, sendo de acordo com Faria et al. (2007) um dos pesquisadores brasileiros mais produtivos na área de economia.
Fonte: Instituto Liberal

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