sábado, março 18, 2006

REPÚBLICA DOS BACANAIS





por Adriana Vandoni, economista
Somos todos palhaços nas mãos dos suspeitos do PT. Nunca vi tanta sujeira e manobra para ocultar provas de crimes e para calar os que têm por direito falar. O STF se superou e se colocou em uma posição desconfortável mais uma vez, ao conceder uma liminar solicitada pelo PT interrompendo o depoimento do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, um humilde caseiro que trabalhou na casa alugada por ex-assessores do ministro Antonio Palocci (Fazenda), conhecida como a República Ribeirão Preto.No decorrer do depoimento, antes da decisão do STF chegar às mãos do presidente da CPI, senador Efraim Moraes, os petistas, aqueles encarregados do jogo sujo do partido, argumentavam que a CPI poderia se transformar num "big brother" e chamar "atenção para questões que não têm nada a ver com temas republicanos".Nada republicanos são os que estão envolvidos em roubo, chantagem e assassinatos. Nada republicano é a repartição de dinheiro de origem desconhecida, em bacanais freqüentados por gente de todo tipo, onde, ao que tudo indica, as prostitutas eram as de comportamento mais honesto. No depoimento, o caseiro disse que presenciou a entrega de um envelope de dinheiro para Ademirson Ariosvaldo da Silva, assessor especial de Palocci. Segundo ele, o envelope foi entregue no estacionamento do Ministério da Fazenda. Ademirson atua como secretário particular do ministro.Nada republicano é o caseiro dizer que no outro dia das festinhas, das quais os comparsas do Ministro da Fazenda participavam, ele tinha por função limpar a casa e que recolhia preservativos e envelopes vazios de viagra. Não duvido que o digníssimo Ministro tenha feito uso do remedinho azul. Que o digam os brasileiros, cidadãos passivos nessa “relação”.Vergonha e sujeira!Este governo do PT se assemelha a um filme de pornochanchada. Popularesco, de baixíssima qualidade conceitual, formal e cultural. Expõe o Brasil a cenas de nudez, de sexo explícito e diálogos que mesclam pornofonia e humor, suspeitas de assassinatos e perseguições, tudo documentado e muitas vezes tramado, em camas de prostitutas. As coitadas das prostitutas, segundo relato da agenciadora Jeany Mary Corner, eram usadas até como mulas na distribuição de dinheiro que ninguém sabe de onde veio, mas sabemos para onde iam. Iam para as contas dos inocentes parlamentares, inocentados por falta de provas.Enquanto durou o depoimento do caseiro, o Senador Alvaro Dias passou slides, do tipo book de delegacias de polícia, com fotos de alguns amigos da República brasileira. Achei tão bonitinho quando o caseiro Nildo viu a foto do Vladimir Poleto e disse: “Ah, esse é meu patrãozinho!”, “é quem pagava tudo”. E quando surgiu no telão a foto do ilustre Ministro Palocci, ele disse: “Esse é o chefe”, ele viu Palocci "umas dez ou vinte vezes" na casa, mas afirmou que o “chefe” não participava dos bacanais. É, a julgar pelo não esclarecido assassinato de Celso Daniel, a julgar pela sinistra morte do legista que declarou que Celso Daniel fora torturado e de tantas outras mortes que se sucederam, este rapaz corre risco de morte. Da mesma forma que corre risco de morte o bicheiro Comendador Arcanjo que tem muito a contar sobre o escândalo de Santo André e a morte do ex-prefeito. Se algo acontecer com um dos dois, estamos literalmente sob comando de uma perigosa máfia.A mídia nacional não pode se calar a pretexto de resguardar a imagem desta ou daquela autoridade. São pessoas que optaram pela vida pública, que exercem cargos públicos e vivem do dinheiro público. Nós pagamos essa gente, temos o direito de saber o que eles fazem do nosso dinheiro e inclusive se o utilizam em bacanais. Ou terei que concordar com o colunista da Veja, Diogo Mainardi quando diz que existe no Brasil uma omertà, código de silêncio da máfia italiana. A imprensa não pode se submeter às orgias com dinheiro público, não pode se tornar conivente com crimes, e desvios de conduta absurdos dos homens públicos, do contrário, ficará refém da mentira ou de meias-verdades, e a sociedade tem direito à verdade, pura e transparente. Essa é a obrigação da imprensa. Felizmente ainda nos restam indivíduos como o caseiro Nildo que, com toda sua humildade e sabendo dos riscos de vida que corre, teve a coragem de ir lá para contar tudo e detalhar como funcionava a República dos Bacanais. Uma pena o STF o calar.
Adriana Vandoni é economista, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas/RJ e articulista de A Gazeta. Blog: www.argumento.bigblogger.com.br

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