terça-feira, setembro 08, 2015

O que Obama e o ISIS têm em comum.








O que Obama e o ISIS têm em comum.


Meu Califado por uma hashtag.


por Daniel Greenfield






Às vezes, Obama parece muito mais preocupado com a presença do ISIS na mídia social do que sobre suas dezenas de milhares de combatentes abrindo caminho através da Síria e do Iraque. Ainda não existe uma estratégia para derrotar o Estado Islâmico no campo de batalha, em lugar disso o governo centrou-se sobre uma estratégia de mídia social.

O componente mais perigoso de ISIS não está online, mas é seu componente mais perigoso para Obama. Uma administração que funciona em função da mídia social e da percepção pública está muito mais preocupado com o que diz o ISIS on line do que o número de pessoas que escraviza, violações e massacres no Iraque e na Síria.

Uma das coisas que torna o ISIS muito diferente de outros grupos terroristas islâmicos é como ele é bom para alcançar os americanos com a sua propaganda. Isso torna seu recrutamento de muçulmanos nos Estados Unidos mais eficaz, mas também significa que o governo não é capaz de empurrar a guerra pra dentro do armário.

A desastrosa onda afegã de Obama custou milhares de vidas americanas sem jamais vencer o Taliban. Mas poucos americanos têm qualquer idéia de que alguma coisa deu errado por causa de um apagão de mídia e uma incapacidade dos republicanos de fazer da guerra um problema. O ataque ilegal de Obama na Líbia levou a Al Qaeda e a Irmandade Muçulmana a tomarem cidades inteiras. Mas a maioria dos americanos não tem a menor idéia de que isso aconteceu.

O ISIS, no entanto, é realmente grande em publicidade. É tão bom para promover os seus mais recentes crimes como qualquer estúdio de Hollywood. Ignorá-lo não é uma opção. Obama tentou e culminou no genocídio Yazidi.

Sua estratégia de combate ao ISIS une todas as suas estratégias fracassadas de sempre. Há os ataques aéreos seletivos visando os líderes do ISIS. Ele está tentando manter junta a velha coalizão da Líbia para ataques aéreos, enquanto espera que outros países façam mais uma vez a maior parte do trabalho pesado. Há mais esforços para montar uma coalizão de milícias muçulmanas. Nenhuma dessas estratégias pode funcionar nem vai funcionar.

A coalizão internacional depende da Turquia, por vezes aliado do ISIS, que esta muito mais interessado em matar os curdos que combatem o ISIS, que lutar contra o grupo terrorista. As milícias muçulmanas que ele está apoiando ou trabalham com a Al Qaeda e ISIS ou trabalham para o Irã. E os ataques seletivos com drones são mais úteis para parar um grupo terrorista em fuga do que um país em expansão que conquista territórios e controla cidades.

O fracasso por si só não iria incomodar Obama. Cada conflito com ele à frente transcorreu desastrosamente. Mas seus fracassos não são mais privados. Eles não estão limitados a debates prolixos nas partes mais densas dos jornais.

Obama não pode fugir do ISIS da maneira como ele tem feito em todos os outros desastres no Oriente Médio. E ele não pode derrotá-lo sem autorizar bombardeios com alto número de vítimas civis ou forças terrestres. Mas ele não está mesmo é disposto a bombardear os campos de treinamento do ISIS, muito menos alvos óbvios, assim ganhar a guerra está fora de questão.

Bater duro no ISIS ou levar tropas de terra de volta ao Iraque para extensas batalhas armadas iria manchar o que ele vê como seu legado progressista da política externa. Isso o deixa com muito poucas opções.

Mentir sobre ISIS tem sido uma estratégia coerente da administração e as últimas revelações sobre os relatórios de inteligência que foram manipuladas para fazer parecer que o ISIS era mais fraco e a campanha contra ele estava trabalhando para se ajustar a esse padrão. Mas as mentiras também foram inúteis. Como Benghazi, os documentos manipulados não fazem diferença quando há fotos gráficas e vídeos de outro ataque que todos podem ver.

Mas isso se encaixa na estratégia maior de Obama de deixar o tempo se esgotar e fazer do ISIS um problema dos outros. A ilusão de progresso, embora falsa e fraca, é melhor do que nada. Obama está apostando que ele ganhando tempo com o público com alegações enganosas, o progresso está sendo obtido em um esforço de uma guerra longa.

Mas para fugir disso, ele tem que fazer algo sobre a máquina de publicidade do Estado islâmico.

Obama e o califa do Estado Islâmico se espelham um no outro. Ambos acreditam em uma estratégia "de Avanço" que esmaga tudo através da janela de Overton violando todas e quaisquer regras do jogo. Os inimigos devem ser destruídos e a quebra de regras deve ser normalizada triunfalmente como o único caminho para a causa ganhar. Lealdade é comprometer-se pessoalmente com o líder e até mesmo pequenos desvios por aliados são impiedosamente castigado.

Ambos também se destacam em propaganda de mídias sociais. Obama e o Califa são radicais de meia idade cercados por equipes cheias de millenials (2) para quem a mídia social é uma segunda natureza. Ambos os lados têm construído uma estratégia de radicalização que está focada em transformar uma base estreita e fervorosamente entusiástica forçando todo mundo a aceitar seus triunfos ou lutar para se envolver em resistência de última hora.

A base de Obama, entretanto, limita-se a violentos distúrbios. Não decapita pessoas diante das câmeras.

O Califa al-Baghdadi tem feito pelo terrorismo islâmico o que Obama fez para a política de esquerda. Ele pegou uma infra-estrutura decrépita, a modernizou e tornou-a da moda. O Califa de ISIS é para Osama bin Laden como Obama é para Bernie Sanders. De certa forma ele é gêmeo de Obama e é por isso que Obama está perdendo para ele.

Obama não está lutando contra um bando de relíquias barbudas em uma caverna em algum lugar. Seu homólogo compartilha grande parte de sua visão de mundo. Obama e o Califa ambos acreditam que as guerras são vencidas usando a publicidade para criar a ilusão de uma vitória inevitável. Ambos construíram máquinas de publicidade poderosas que usam a força coletiva para distribuição de sua propaganda a voluntários para fazê-la parecer como uma mensagem de base autêntica.

Mas é o ISIS que tem o momentum. Obama sempre entendeu que fazer alguma coisa é mais poderoso do que não fazer nada. É por isso que ele tem batido os republicanos tantas vezes. Mas, no Iraque e na Síria, é o ISIS que está se movendo agressivamente para a frente enquanto Obama se esforça para criar a aparência de ação.

Enquanto Obama não parece disposto a alienar os muçulmanos e à esquerda, o Estado islâmico não tem essas preocupações.

Obama não pode levar a guerra ao ISIS. O ISIS, no entanto, não tem dificuldade em recrutar muçulmanos neste país para trazer a guerra para os americanos. Ele não faz isso apenas com discursos ou a escritura islâmica, mas com memes, hashtags e gráficos que ignoram a mídia para tornar a mensagem clara para o público americano.

Tudo isso é típico de como Obama iria empreender uma campanha contra os republicanos. E ele não tem defesa contra isso porque o impulso está do lado do Estado islâmico. Sua hashtag guerra é defensiva. Assim, não é de admirar que seus próprios analistas admitam que ele está mesmo perdendo a guerra da mídia social contra o ISIS.

O governo tem pressionado o Twitter para encerrar as contas do ISIS e prendendo propagandistas do ISIS porque não pode competir com eles. Está menos preocupado com o terrorismo do que com a capacidade do ISIS para bater e repetidamente lembrar aos americanos que a guerra ainda não acabou.

A capacidade de Obama para fazer avançar a sua agenda de política externa, incluindo o acordo nuclear com o Irã, o fechamento de Guantánamo e um Estado palestino, depende de evitar que os americanos percebam que ISIS está vencendo a guerra. Toda vez que o ISIS lembra aos americanos que está ganhando, a sua credibilidade e competência dão outro golpe.

É por isso que Obama está muito mais focado em tirar o ISIS da mídia social do que em vencer suas forças. Obama deixou o ISIS tomar cidades iraquianas. Ele poderia estar disposto a deixar o Califa ter seu Califado com suas escravas sexuais e pilhas de cadáveres se apenas ele deixar Obama manter seus memes e hashtags de tendências.


(1) A Janela de Overton – Ou: Como fazer a opinião pública se deslocar de um ponto para outro ignorando o mérito das questões (Reinaldo Azevedo) Joseph P. Overton (4 January 1960 – 30 June 2003) era um Vice Presidente Senior do Mackinac Center for Public Policy. Conhecido pela concepção da idéia conhecida como Janela de Overton. Morreu na noite de 2ª feira de 30 de junho de 2003 em consequência de lesões na queda de um ultraleve.
(2) Geração Y, é a geração das pessoas que nasceram após os anos 80, são as pessoas conhecidas também por serem chamadas de geração do milênio ou geração da Internet, que surgiu exatamente por essa época.


Tradução: William Uchoa


Publicado na Front Page Magazine

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