“Fora Dilma”, “fora Lula” e “fora PT” não bastam.
por Ricardo Alfaya Saravia.
E eis que após sete meses de governo, parcelamento de salários de funcionários públicos, protestos, paralisações e ameaças, sobretudo de aparelhos sindicais, o atual governo do Rio Grande do Sul, eleito em repúdio ao governo petista anterior, apresentou uma proposta genial para consertar a ruína causada pelos administradores petistas: Aumentar impostos! Uma proposta genuinamente... petista!
Enquanto o vigarista neobolchevique Tarso Genro e a esquerdalha, a esquerda canalha, que acabaram de arruinar as finanças do Rio Grande do Sul, debochavam da falta de soluções por parte do governo que os sucedeu, os eleitores de José Ivo Sartori (PMDB), desorientados, passivos, nem pensaram em reagir contra a proposta de aumento da extorsão tributária apresentada pelo governo que elegeram. E assim terminaram trocando seis por meia dúzia. Assegurando a continuidade do jeito petista de governar, enquanto o PT estiver oficialmente fora do governo e ao mesmo tempo pavimentando o caminho para sua volta ao governo oficial.
Entenda-se jeito petista de governar como basicamente: deficiência nos serviços essenciais do estado, decorrente da dissipação dos recursos públicos em assistencialismo populista, privilégios corporativos estatais, beneficialismos previdenciários insustentáveis e déficits públicos sistemáticos. Impostos extorsivos e discriminatórios. Aparelhamento e inchaço da máquina estatal. Intervencionismo, despotismo burocrático, expansionismo de crédito sem lastro, chinelagem administrativa, falcatruas contábeis, corrupção institucionalizada e degradação sociocultural generalizada. Este modelo petista verte do padrão de estado e governo esquerdistas mundo a fora: concentração de poder e riqueza nas mãos dos agentes do estado, opressão das liberdades individuais, avassalamento da iniciativa privada e obstinação em burlar por decreto a realidade, a natureza humana, leis inexoráveis da economia e princípios elementares da boa administração pública. Sempre em nome de “justiça social”, inclusão, etc.
A proposta de aumento de impostos mostrou que o atual governo, em vez de enfrentar tudo isso, pretende manter a estrutura. Não apenas por ser muito mais fácil achacar impostos dos contribuintes vassalos que enfrentar as corporações estatais, onde se encontram os verdadeiros donos do poder, mas também porque o governo Sartori, predominantemente esquerdista da cúpula à base, não concebe formas de governar ou modelos de estado fora do padrão esquerdista. A passividade dos contribuintes ante mais um achaque estatal mostrou que a população, perdida entre a alienação e o esquerdismo consciente ou inconsciente, tampouco consegue imaginar um outro estado possível.
Desalojar o PT do governo e manter o jeito petista de governar é mudar para que as coisas fiquem como estão. É como tomar uma fortaleza, trocar os uniformes dos combatentes inimigos e mantê-los no comando. O PT é apenas a organização intelectual-político-criminosa que viabilizou a ascensão da esquerda neocomunista ao poder oficial, servindo como uniforme de camuflagem. Um uniforme cheio de simbolismo, mas que pode ser descartado de acordo com a conveniência. O que importa para ideólogos e agentes esquerdistas é comandar, independente do uniforme. Na verdade, em algumas situações é mesmo muito melhor comandar usando uniformes dos adversários. O próprio Lula teria admitido isso, ao avaliar que “do jeito que as coisas estão, seria melhor que o Aécio tivesse ganhado a eleição”.
A grande maioria da população do “estado mais politizado do país” (risos), incluindo intelectuais, jornalistas e doutos formadores de opinião, não consegue perceber sequer as táticas ostensivas do PT, muito menos as estratégias mais ardilosas do jogo político no qual é manobrada.
Como não sou intelectual, jornalista ou douto formador de opinião, na última eleição cheguei à conclusão de que ainda não era o melhor momento para tirar o PT do comando dos executivos do Rio Grande do Sul e do Brasil.... A bomba-relógio que petistas e aliados fabricaram sem desarmador, estava prestes a explodir e precisava explodir nas mãos deles próprios. Eles precisavam colher o que semearam. Além do mais, nem Sartori nem Aécio pareciam ter intenção ou força para promover as reformas estruturais que o Rio Grande do Sul e o Brasil necessitam. Aécio, pelo menos demonstrara coragem nos debates com Dilma, mas Sartori fora de uma covardia repulsiva diante de Tarso Genro e era óbvio que se não tivera coragem nem para contra-atacar um vigarista político que arruinara o Rio Grande do Sul, muito menos teria para atacar os problemas estruturais do estado. Concluí então que, nesse contexto, seria melhor manter o PT nos governos estadual e federal, mas aumentar as bancadas de oposição nos legislativos.
Bastaram alguns meses de reeleição do PT no governo federal e de substituição no governo do Rio Grande do Sul, para comprovar isso. Enquanto no resto do Brasil a população desiludida se voltou contra Dilma, Lula e o PT, aqui no “politizadíssimo” (mais risos) Rio Grande do Sul, em meio à ruina financeiro-administrativa deixada pelo governo petista, à fúria de corporações estatais diante da possibilidade de precisarem se adequar a um limite de espoliação tributária e à perplexidade passiva dos contribuintes vassalos, eis que o governo eleito para rechaçar o PT, apresentou mais do mesmo como única saída para a ruína causada pelo PT.... Mais jeito petista de governar!
Pior que o achaque tributário proposto como única alternativa, foi a mensagem passada de que não existe outra forma de governar, que é impossível mudar a estrutura estatal vigente e que não existe outro modelo de estado a estabelecer. Pior que a mensagem passada pelo governo Sartori, foi a conivência generalizada no jornalismo formador de opinião da grande mídia, que se encarregou de ocultar da população a alternativa de mudar a estrutura estatal parasita, incompetente, corrupta e opressora que aí está.
No jornalismo independente, praticado apenas na Internet, se destacaram os combativos jornalistas Gilberto Simões Pires, Políbio Braga e Vitor Vieira, que através de seus blogs, ousaram posicionar-se contra o aumento de impostos e esclarecer a respeito da necessidade de reformas estruturais no estado. Vitor Vieira chegou a publicar uma lista detalhada com 29 medidas concretas (privatizações, extinções de privilégios corporativos, etc.) que proporcionariam saneamento financeiro, aumento de arrecadação e eficiência sem aumentar impostos.
Embora tudo indicasse que o achaque seria aprovado na Assembleia Legislativa, eu e uns poucos amigos resolvemos fazer um protesto público, por mais inócuo e quixotesco que fosse. Como adversidade adicional tínhamos o contexto de vivermos em uma decadente cidade do interior do Rio Grande do Sul, que de tão politizada é governada pelo PT há 15 anos e onde a mentalidade é tão avançada que, entre outras peculiaridades, foi proibido asfaltar avenidas ainda pavimentadas com pedra lascada irregular, construir edifícios com mais de cinco andares e abrir supermercados aos domingos.
Realizamos nosso protesto com a satisfação de quem se afasta da enganosa zona de conforto onde se mantém a massa submissa e a sensação de quem combate um incêndio florestal jogando baldes de água. Num domingo à tarde, nos dirigimos aos prédios das secretarias de fazenda estadual e municipal, com faixas e cartazes. Distribuímos um manifesto e um panfleto com uma relação de medidas que deveriam ser tomadas para sanear as finanças estaduais, sem aumento de impostos. Nos cartazes, que foram afixados nas fachadas dos órgãos arrecadadores estadual e municipal, mensagens claras como: “Em vez de aumentar impostos diminuam privilégios no setor público“, “em vez de aumentar impostos diminuam a corrupção”, “em vez de aumentar impostos diminuam o estado”, “o maior explorador do povo é o estado”, “Aumentar impostos é o jeito petista de governar”, “parasitas estatais, chega de achacar os contribuintes”, etc.
Entre demonstrações de alienação predominante, tímidas simpatias e alguns apoios por parte da população achacada, quem mais parece ter entendido nossa mensagem foram os agentes estatais que, pelo que se soube, lepidamente removeram os cartazes no início do expediente na manhã seguinte.
Dias depois, como previsto, o governo Sartori conseguiu aprovar seu aumento de impostos, para manter o modelo de estado parasita, ineficiente, corrupto e opressor, padrão esquerdista. De quebra, Sartori e aliados ainda proporcionaram palco para a esquerdalha se apresentar cinicamente contra o aumento de impostos e como “alternativa” a si própria. Enquanto entre a população decepcionada ganharam força as opiniões de que “não tem jeito”, “políticos são todos iguais, “isso nunca vai mudar”, e “não há o que fazer”.
A experiência de falsa mudança no Rio Grande do Sul serve de alerta para o resto do Brasil: Não adianta tirar Lula, Dilma e o PT do governo, se os sucessores derem continuidade ao jeito petista de governar. O governo petista e seu modelo estatal precisam cair juntos. O governo já está desmoronando, mas sua estrutura estatal ainda se escora em interesses de beneficiários privilegiados e apaniguados, na passividade comodista e sobretudo na falta de entendimento da população.
Se por um lado, nunca antes tantos brasileiros identificaram o PT como uma organização político-criminosa da qual precisam se livrar, por outro, poucos percebem que por trás dessa organização político-criminosa há uma ideologia, centrada em um modelo de estado em uma forma de governar, que está para o PT assim como um combatente está para um uniforme e é ela que precisa ser combatida, independente do uniforme que use.
Antes de defenestrar Dilma, Lula e o PT, ainda há trabalho a fazer... É preciso esclarecer à população que quem está arruinando o Brasil não são apenas Dilma, Lula, o PT e os petralhas, mas sobretudo uma visão socioeconômica radicalmente tacanha, um modelo de estado opressor e uma forma de governar canalha, que podemos chamar de mentalidade esquerdalha.
“Fora Tarso” e “fora PT”, não bastaram no Rio Grande do Sul. “Fora Lula”, “fora Dilma” e “fora PT” não bastam para o Brasil.
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